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Respondendo o desafio da Paty - Alagaesia

Araton olhava amedrontado a ira de seu pai, que andava pelo salão de um lado para o outro, balançando a cabeça em desaprovação. Nunca o tinha visto tão exaltado. Neste momento, para seu alívio, sua mãe adentrou o salão como uma leoa que vinha defender suas crias. Postou-se atrás dele e falou, colocando a mão protetoramente sobre o ombro do filho:
- O que se passa, Eragon?
- Arya, não se meta nesta situação.
- Como não? Araton nada fez de errado!
- Me ocultar o paradeiro de Saphira me parece errado o suficiente!
- Ora, porque não se comunicou mentalmente com ela?
- Porque ela não quis! Manteve-se calada todos esses meses enquanto eu varria Alagaesia de ponta a ponta!
- Já parou para pensar que ela poderia ter um motivo?
Eragon encarou sua mulher e filho, enquanto meditava a questão. Ele e Saphira nunca haviam ficado separados. No máximo, alguns dias e assim mesmo quando era inevitável. Mas... meses? Não, algo havia de errado. Era melhor se acalmar e escutar o que Araton tinha a contar. Suspirou, aproximou-se do filho, que tremeu visivelmente ante a sua aproximação. Falou o mais calmamente que a gravidade da situação permitia.
- Araton, meu filho, onde está Saphira?
Neste momento o sol se apagou como se estivesse atrás de uma nuvem. Isso desviou a atenção do Cavaleiro, que olhou para a janela norte do castelo e viu aquele enorme olho amarelado que ele tão bem conhecia. Correu naquela direção e escancarou a janela para que Saphira pudesse pôr a cabeça para dentro do salão. Ela assim o fez e não tardou a falar:
- Pequenino, senti saudades.
- Saphira, onde estava? Estou há meses te procurando, em vão. Nem tenho conseguido governar Alagaesia como deveria.
- Me desculpe, mas eu tive um forte motivo para me afastar. Não brigue com o menino, ele apenas estava me ajudando.
- E agora você está disposta a me contar que aconteceu? - Perguntou Eragon, impaciente.
- Sim, aguarde um momento que já explico. E recolheu a cabeça, para o lado de fora, sumindo por alguns instantes. Quando voltou, um belo ovo de dragão refulgia em sua boca, como uma linda pedra polida de onix. Colocou-o amorasamente aos pés de um consternado Eragon, que balbuciava:
- Realmente não posso entender... onde você arrumou esse ovo, Saphira? Achei que os últimos estavam com Galbatorix e destes, nenhum havia sobrado após a sua deposição, graças ao incêncio que aquele louco inflingiu em seu próprio castelo.
- Esse ovo é meu, eu o gerei pequenino...
- Como?!
- Glaedr e eu tivemos um breve romance que gerou este belo fruto. Tive que me afastar para poder pensar e decidir como proceder. E cheguei a uma conclusão.
- Qual? - Eragon mal conseguia pronunciar as palavras.
- Quero mostrar meu ovo a Araton. Ele possui a coragem do pai e as habilidades da mãe. Não vejo ninguém mais digno de meu filho do que o seu filho, pequenino.
Eragon, com lágrimas nos olhos, pediu para que Araton se aproximasse. O menino foi chegando, devagar, absorvendo a beleza daquele ovo tão negro como um céu sem luar. Quanto postou-se em frente à ele, o ovo tremeu e rachou, fazendo surgir uma patinha negra com detalhes em dourado. O menino estendeu a mão e a nova pata que despontou ficou ali, emcima de sua mão, como que selando um pacto.
Os bardos até hoje, muitos e muitos séculos depois contam a estória de Araton, o Iluminado e Saedr Bjartskuklar que começou ali, naquele momento, e teve tantos feitos que superou qualquer cavaleiro já existente e gerou muitos e muitos anos de paz em Alagaesia.
