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Passeio de ônibus e observação comportamental urbana
Oi! Eu sou o Kbeça. :)
Estava
passando por aqui e decidi compartilhar com você, sim você que está
lendo, minha experiência cotidiana e minha impressão sobre o evento.
Antes de mais nada, necessito de uma explicação para que você entenda e se situe:
Eu
sou do Rio de Janeiro, capital, e aqui há muitos anos foi implantado um
sistema de cobrança de passagem através de um cartão e um leitor
eletrônico. O leitor é integrado a roleta e um comando do motorista.
Por
quê isso? Porque existem vários tipos de cartões, mas separados em duas
categorias.
A primeira é autônoma, não precisa da ação do motorista
para liberar a roleta. Ou seja, você passa o cartão no leitor, ele
verifica se o cartão possui saldo, e libera a roleta.
A segunda é
dependente da ação do motorista para liberar a roleta. Este é utilizado
por idosos, portadores de necessidades especiais e estudantes da rede
pública de ensino. Você passa o cartão no leitor, ele reconhece o seu
cartão, emite um sinal, o motorista libera a roleta e você passa. E
ainda existe o dinheiro. Você dá o dinheiro para o motorista, ele libera
roleta e você passa. Parece que eu estou sendo redundante com esse
negócio de "Libera e passa", mas você entenderá.
Todas
as vezes eu pego um ônibus, eu entro, cumprimento o motorista, passo o
meu cartão no leitor, que é autônomo, a roleta é liberada e eu passo
tranquilamente. E agora vem o quê eu queria compartilhar com você,
querido visitante. Você deve estar se perguntando: como você sabe que a
roleta foi liberada, prezado Kbeça? Magia? Adivinhação? O Cosmos? Não
meu amigo. Acontece que no leitor de cartões existe um visor que além de
lhe informar data, hora e seu saldo, ele ainda apresenta a mensagem
"PASSE", informando que você pode PASSAR. Olha que modernidade. Além
disso, a roleta emite um "clic" informando que ela foi liberada. Pois
bem.
Me alegra a vida ficar assistindo as
atitudes esdrúxulas das outras pessoas. Assim como deve alegra-las
assistir as minhas. Claro. Porque não existe nada melhor na vida que
assistir e comentar a vida alheia. Vide reality shows à fora.
Após
a minha passagem pela roleta eu fico assistindo os passageiros que
entram e pagam em dinheiro. Eles entram, alguns educados, outros
guardando a educação para a visita do Grão-Duque da Polinésia, dão o
dinheiro ao motorista e... correm para roleta e começam a encoxa-la, em
um rito frenético e animalesco. O coitado do motorista nem bem olhou
para a própria mão, para ver o valor largado, e a criatura já tá lá no
ritual do acasalamento solitário com a pobre, vermelha e esguia
roletinha. Coitada. Literalmente. E quando eles estão quase chegando ao
clímax, visto que alguns se empolgam e começam a gritar "Ô motorista",
"Vamô, porra", "Liberaê" e o meu favorito "Vai, vai", ainda não sei se
eles gritam para o motorista, para a roleta, ou para eles mesmos, mas
seja como for, o motorista libera a roleta e eles passam fulos da vida,
xingando e com caras de zangados. Também, quem gosta de ter o ato
interrompido? Logo na hora que tava bom o motorista decide liberar a
passagem? Sacanagem isso aí, pô!
O ponto é: por
que não entregar o dinheiro, ficar parado olhando para o visor do
leitor de cartões e, assim que a senha mágica "PASSE" aparecer, caminhar
para a roleta e gira-la? Tá com medo que o coleguinha de trás dê um
triplo mortal carpado e role a roleta no seu lugar? Juro que se alguém
fizesse isso comigo, eu pagava a passagem e ainda aplaudia.
O
melhor é que agora existem alguns ônibus com duas roletas: uma para
cartões autônomos e outra para cartões dependentes e dinheiro. Vamos
chama-las de roletas A e D. Imagina a cena: só um lugar vago. João na
roleta A e Maria na roleta D. Ambos olham para o único lugar vago, se
entreolham e correm. Maria dá um peixinho por baixo de D, enquanto João
salta com graça sobre A. No meio do corredor vão se cotovelando* até
chegarem ao acento. Vence quem chegar primeiro. Depois os outros
passageiros aplaudem, como manda a boa educação, e votam no "Estilo",
"Velocidade" e "Performance" da conquista do acento. A premiação será
televisionada para todo o país. Não se preocupe.
*
Se você veio atrás do asterísco, é porque eu escrevi "cotovelando", e
eu não sei se é "acotovelando" ou "cotovelando". Usei a lógica que eu
possuo um cotovelo e no mesmo caso de soco, que fica socando, e não
assocando**, escrevi dessa forma. E sim, estou com preguiça de procurar
no Google. Sim, eu podia estar procurando no Google, eu podria estar
comendo, eu podia estar dormindo, mas não. Estou aqui escrevendo.
**
Se fosse assocando, os meninos da bandeira colorida, poderiam chegar
para uns valentões e falar "Aí otário. Eu vou te assocar todo". Isso
seria ótimo. O camarada não saberia se é uma ameaça (socar todo), uma
cantada (assoprar todo), ou um fetiche esquisito (açucarar todo).
Imagina a cara do sujeito?***
*** Impressionante a sua curiosidade. Só vim aqui para saber se você ia ler. :D
Mas, para não te deixar sem nada, fica o link para o site oficial do RioCard demonstrando o funcionamento de pagamento de passagem usando o cartão e o leitor.
Mas, para não te deixar sem nada, fica o link para o site oficial do RioCard demonstrando o funcionamento de pagamento de passagem usando o cartão e o leitor.
