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Desafio de Aniversário do Blog - Patydeuner
O desafio de aniversário do blog consiste em escrever um texto baseado em um livro que gostamos muito. Então escolhi o livro “As Crônicas de Gelo e Fogo – A Guerra dos Tronos” de George R. R. Martin.
CERSEI LANNISTER
EDDARD STARK
Acordou tão vazia quanto às florestas geladas do norte. Avaliou a escuridão ao seu redor e supôs que dormira o suficiente para que a noite caísse. Há um tempo atrás percorreu aqueles corredores durante uma caçada ao gato de uma orelha só. Era dia e a escuridão não era tão densa. Não que houvessem janelas ou algo parecido, mas seus olhos podiam perceber, assim como seu coração. Sentiu o vento rodopiar a sua volta e teve certeza do lugar onde estava. No topo do grande poço negro que parecia mergulhar nas profundezas da terra. Era um poço muito largo, e em suas paredes haviam laminas de pedras que sobressaíam como degraus. Fora ali que ouvira dois homens conspirarem a morte de seu pai enquanto escalavam as pardes do poço.
“- Se uma Mão pode morrer, por que não uma segunda?”
Estremeceu lembrando-se das palavras que ouvira naquele dia e que agora faziam parte da sua dolorosa realidade.
O rei Joffrei Baratheon coroado após a morte de seu pai Robert Baratheon era um bastardo sem direito ao trono, mas sua mãe Cersei conseguiu subjugar a todos numa conspiração mais do que odiosa. Quando seu pai pronunciou a verdade do relacionamento incestuoso da rainha Cersei , ela declarou-o um traidor da coroa. Lord Eddard Stark morreu honrando sua casa e seus princípios, mas essa honra não o traria de volta. Ela tinha que vingar-se por ele.
Suspirou várias vezes recobrando a determinação e, firmando o agarre de sua mão sobre Agulha, continuou sua caminhada pelo corredor sem janelas, afastando-se daquele poço profundo e de suas lembranças.
Quando encontrou a pesada porta de carvalho com ferragens gastas e ruídas, seu coração se acelerou e o suor nervoso escorreu por sua nuca. Essa era a entrada. Quando forçou o ombro sobre ela ouviu um ruído seco vindo do outro lado e estagnou, não ousando nem respirar. “Silenciosa como uma sombra, disse a si mesma, leve como uma pena”. Os ensinamentos de Syrio Forel, seu instrutor, vinham o tempo todo em sua mente, e eram muito mais do que úteis agora. Eram fundamentais. Parecia que uma porta havia sido aberta e logo vozes inquietas tornaram-se nítidas aos seus ouvidos.
- Achem a garota seus inúteis! Arya é uma Stark e igualmente uma traidora.
- A viram perto do rosal ao entardecer e depois não se teve mais notícias.
- Bom, não quero saber. Quero-a até o raiar do dia.
A resposta dos homens foi quase um resmungo e portanto indecifrável. Logo os passos dos cavaleiros foram vindo em sua direção e o medo rasgou sua mente como navalha. “O medo golpeia mais profundamente que as espadas”. Se viu recitando e concentrando sua atenção em Agulha que agora estava firmemente empunhada esperando que a porta fosse aberta. Mas não aconteceu. Passaram direto e muito tempo depois os passos e as vozes desapareceram.
Esperou o que pareceu ser uma eternidade para tentar abrir a porta novamente, e quando o fez o ruído foi tão alto que parecia poder acordar a Fortaleza inteira. Escorregou para dentro e encontrou-se no grande átrio principal. Era um salão sombrio mas luxuosamente decorado com tapeçarias que mostravam vívidas cenas de caça e peças de aço que outrora foram usados em batalhas. Poucos archotes estavam acesos naquela hora e as sombras projetadas lhe causavam arrepios. Foi atravessando o salão em passadas curtas e atentas. A sombra de um enorme manequim de cavaleiro atravessou seu caminho, e num giro rápido postou-se em ataque com o agarre firme em Agulha. “Rápida como uma corsa”. Mas era só um manequim , e tentou recompor-se do susto. “Calma como águas paradas”. Agora já estava perto, muito perto de sua vingança, e nem mesmo o medo iria desviá-la do seu objetivo. Quando chegou diante da pesada porta dos aposentos de Cersei suspirou medindo suas chances do ataque ser bem sucedido. O elemento surpresa ela já tinha, agora precisava ser rápida e forte. Girou a aldabra devagar e entrou.
A morte de Eddard Stark, a Mão do Rei, me deixou tão irada quando li o livro que resolvi escrever uma estória que vingasse a morte dele.
Palavras que devem ser usadas no texto:
Beija-flor - manequim - rosal - destelhadas - afogou-se
Palavras que devem ser usadas no texto:
Beija-flor - manequim - rosal - destelhadas - afogou-se
Os personagens principais do meu texto
Arya recostou-se na parede de pedra vermelha tentando recuperar o fôlego. Resolveu esperar ali alguns instantes para clarear a cabeça que latejava de dor e cansaço. Após presenciar a decapitação de seu pai, a nova Mão do rei, ela fugiu no meio da multidão atordoada e enlouquecida. Duas vezes sentiu uma pesada mão agarrar-lhe o braço para contê-la, mas conseguiu se desvencilhar do agarre correndo o máximo que podia. “Escorregadia como uma enguia”. Pensou. Serpenteou por toda a vila rodeada pelos altos muros da Fortaleza Vermelha procurando um abrigo onde pudesse sentar e chorar sua dor, mas o risco era grande demais para ficar parada. Algumas casas estavam abandonadas, mas totalmente destelhadas, então não serviam de muita ajuda como esconderijo. Foi quando um beija-flor passou rasante sobre sua cabeça e entrou por uma das seteiras baixas que davam para os porões do castelo que teve a ideia. Não entendeu o que um pássaro desses podia querer ali, mas lembrou-se dos labirintos de pedra subterrâneos. Então se arrastou como uma cobra pela abertura e caiu de costas no chão duro e úmido batendo a cabeça tão forte que por um momento pensou que ia desmaiar. Teve que se arrastar mais um pouco antes de por-se de pé novamente devido à pancada na cabeça, mas não se deteve nem um segundo. A escuridão foi aumentando à medida que se embrenhava pelos corredores, atravessava longos salões sombrios e subia inúmeras escadas em espiral, até que se sentiu segura o suficiente para parar. Escorregou as costas pela parede fria até encontrar-se agachada segurando fortemente os joelhos de encontro ao peito e afogou-se em seu choro até secar-se por dentro sentindo sua própria vida desaparecer.
...Acordou tão vazia quanto às florestas geladas do norte. Avaliou a escuridão ao seu redor e supôs que dormira o suficiente para que a noite caísse. Há um tempo atrás percorreu aqueles corredores durante uma caçada ao gato de uma orelha só. Era dia e a escuridão não era tão densa. Não que houvessem janelas ou algo parecido, mas seus olhos podiam perceber, assim como seu coração. Sentiu o vento rodopiar a sua volta e teve certeza do lugar onde estava. No topo do grande poço negro que parecia mergulhar nas profundezas da terra. Era um poço muito largo, e em suas paredes haviam laminas de pedras que sobressaíam como degraus. Fora ali que ouvira dois homens conspirarem a morte de seu pai enquanto escalavam as pardes do poço.
“- Se uma Mão pode morrer, por que não uma segunda?”
Estremeceu lembrando-se das palavras que ouvira naquele dia e que agora faziam parte da sua dolorosa realidade.
O rei Joffrei Baratheon coroado após a morte de seu pai Robert Baratheon era um bastardo sem direito ao trono, mas sua mãe Cersei conseguiu subjugar a todos numa conspiração mais do que odiosa. Quando seu pai pronunciou a verdade do relacionamento incestuoso da rainha Cersei , ela declarou-o um traidor da coroa. Lord Eddard Stark morreu honrando sua casa e seus princípios, mas essa honra não o traria de volta. Ela tinha que vingar-se por ele.
Suspirou várias vezes recobrando a determinação e, firmando o agarre de sua mão sobre Agulha, continuou sua caminhada pelo corredor sem janelas, afastando-se daquele poço profundo e de suas lembranças.
Quando encontrou a pesada porta de carvalho com ferragens gastas e ruídas, seu coração se acelerou e o suor nervoso escorreu por sua nuca. Essa era a entrada. Quando forçou o ombro sobre ela ouviu um ruído seco vindo do outro lado e estagnou, não ousando nem respirar. “Silenciosa como uma sombra, disse a si mesma, leve como uma pena”. Os ensinamentos de Syrio Forel, seu instrutor, vinham o tempo todo em sua mente, e eram muito mais do que úteis agora. Eram fundamentais. Parecia que uma porta havia sido aberta e logo vozes inquietas tornaram-se nítidas aos seus ouvidos.
- Achem a garota seus inúteis! Arya é uma Stark e igualmente uma traidora.
- A viram perto do rosal ao entardecer e depois não se teve mais notícias.
- Bom, não quero saber. Quero-a até o raiar do dia.
A resposta dos homens foi quase um resmungo e portanto indecifrável. Logo os passos dos cavaleiros foram vindo em sua direção e o medo rasgou sua mente como navalha. “O medo golpeia mais profundamente que as espadas”. Se viu recitando e concentrando sua atenção em Agulha que agora estava firmemente empunhada esperando que a porta fosse aberta. Mas não aconteceu. Passaram direto e muito tempo depois os passos e as vozes desapareceram.
Esperou o que pareceu ser uma eternidade para tentar abrir a porta novamente, e quando o fez o ruído foi tão alto que parecia poder acordar a Fortaleza inteira. Escorregou para dentro e encontrou-se no grande átrio principal. Era um salão sombrio mas luxuosamente decorado com tapeçarias que mostravam vívidas cenas de caça e peças de aço que outrora foram usados em batalhas. Poucos archotes estavam acesos naquela hora e as sombras projetadas lhe causavam arrepios. Foi atravessando o salão em passadas curtas e atentas. A sombra de um enorme manequim de cavaleiro atravessou seu caminho, e num giro rápido postou-se em ataque com o agarre firme em Agulha. “Rápida como uma corsa”. Mas era só um manequim , e tentou recompor-se do susto. “Calma como águas paradas”. Agora já estava perto, muito perto de sua vingança, e nem mesmo o medo iria desviá-la do seu objetivo. Quando chegou diante da pesada porta dos aposentos de Cersei suspirou medindo suas chances do ataque ser bem sucedido. O elemento surpresa ela já tinha, agora precisava ser rápida e forte. Girou a aldabra devagar e entrou.
Cersei estava apoiada no parapeito da janela olhando para a escuridão lá fora totalmente abstraída do que estava por acontecer. Arya aproximou-se determinada e confiante, com a raiva rasgando seu coração já em pedaços e se anunciou.
- Rainha Cersei, com a sua licença. Vim trazer uma mensagem com os cumprimentos de meu pai.
Cersei girou deparando-se com ela, e um sorriso torto de desagrado surgiu em sua face. Antes mesmo que conseguisse pronunciar o que beirava em seus lábios, Arya atacou afundando o aço valiriano em seu peito com a força de um cavaleiro de batalha.
Os olhos de Cersei esbugalharam de incredulidade diante da espada cravada em seu peito, e numa última torção do aço, Arya finalizou dizendo.
- Ele manda dizer que a espera no inferno.
- Rainha Cersei, com a sua licença. Vim trazer uma mensagem com os cumprimentos de meu pai.
Cersei girou deparando-se com ela, e um sorriso torto de desagrado surgiu em sua face. Antes mesmo que conseguisse pronunciar o que beirava em seus lábios, Arya atacou afundando o aço valiriano em seu peito com a força de um cavaleiro de batalha.
Os olhos de Cersei esbugalharam de incredulidade diante da espada cravada em seu peito, e numa última torção do aço, Arya finalizou dizendo.
- Ele manda dizer que a espera no inferno.
Ps.: Alguns significados:
- Seteira = Abertura estreita nos muros das fortificações por onde se disparam setas, ou, no meu caso, frestas para dar luz e ar a um aposento.
- Agulha = É o nome que Arya escolheu para a espada que Jon Snow (seu irmão bastardo) lhe deu. É uma espada fina e leve, forjada em aço valiriano especialmente para ela.
- Aldabra = Peça de ferro normalmente em forma oval colocada em portas e/ou janelas.
- Aço Valiriano = É um metal mágico inventado na Valíria e é usado para fazer armas de incomparável qualidade. As laminas de Aço Valiriano são mais leves, mais fortes e mais afiadas que as melhores armas de aço normal. Faz parte somente do mundo criado por George R. R. Martin. nas Crônicas de Gelo e Fogo.
