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Um sonho de Natal.
Posted by PatyDeuner
on
4 de janeiro de 2012
12:39
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Respondendo ao Desafio de Natal da Nanda (muuuuito atrasado), uma história simples para mostrar que todos nós temos sonhos, mas que nem sempre sabemos defini-los.
Esta é a imagem que a Nanda me enviou.
Eu realmente não tinha muito tempo para pensar na correria
de fim de ano. O Hotel Napoleon de Paris sempre fica agitadíssimo nessa época,
e eu como gerente das camareiras, tenho todo o meu tempo dedicado ao bem estar
dos hóspedes. Então, o que sobra para mim, são noites solitárias em meu
minúsculo apartamento. Mas acho que isso é uma coisa boa no final das contas.
Tenho 56 anos, nunca fui casada e nem tive filhos, e minha querida mãe já se
foi a um bom tempo. Minha vida é meu trabalho, meus amigos são os fiéis
hóspedes do hotel, minha família são meus colegas de trabalho e meu sonho de
natal é...bem, provavelmente é sempre o mesmo: que tudo saia em
perfeita ordem nos agitados dias de fim de ano no Hotel Napoleon. Pelo menos
essa foi a resposta que dei ao Sr. Quent, um antigo hóspede que todos os anos
passa a noite de Natal na badaladíssima festa do Napoleon, e por quem tenho um
forte apreço. Nesse dia, ele muito educadamente perguntou-me se eu tinha um
sonho de Natal, e enrugou as brancas sobrancelhas com um olhar pensativo por
baixo de seus delicados óculos, aparentemente não muito satisfeito com a minha
resposta.
Um pequeno sorriso saiu de meus lábios lembrando da
expressão carinhosa do Sr. Quent, enquanto eu observava o coral de natal em
seus últimos ensaios antes da grande noite. O salão de baile estava
luxuosamente decorado com pesadas cortinas de veludo vermelho. Mesas cobertas
de linho branco rodeavam todo o ambiente, com um suntuoso arranjo de rosas e velas vermelhas salpicadas de dourado em seu centro. Eu sempre me deliciava com a
beleza estonteante das noites de Natal do Napoleon. Acho que foi essa expressão
maravilhada em meu rosto que chamou a atenção do Sr. Quent e levou-o a fazer a
pergunta do sonho de Natal. De qualquer forma, essa pergunta não era de todo
surpreendente, pois o Sr. Quent sempre foi um homem muito educado e gentil.
Sendo viúvo e solitário já há muitos anos, ele sempre procurava o aconchego das
noites de Natal do Napoleon, para confraternizar com os amigos.
Depois de conferir o impecável trabalho das camareiras e ter
dado os últimos retoques em cada quarto, fui direto para as instalações das
camareiras, para me trocar e enfim descansar um pouco. Restavam poucas horas
para o grande baile, mas minhas funções acabavam por aqui, e meu vazio
apartamento me esperava para uma merecida noite de descanso.
Assim que abri a porta, minhas divagações foram
interrompidas por Beth, uma das camareiras, gritando a plenos pulmões.
- Anne! Veja o que chegou pra você!
Uma imensa caixa branca com um laço vermelho estava sobre
minha escrivaninha. Confusa, fui até ela e peguei o cartão que acompanhava a
caixa. Fiquei acariciando o cartão entre os dedos, receosa de abrir. Ninguém
nunca havia me dado um presente, muito menos um tão grande assim.
- Vamos Anne, abra! Estou curiosíssima!
Suspirei algumas vezes, tomando coragem, e abri o cartão.
“Querida Anne,
Esteja pronta no saguão do hotel às 20:00h.
Ass. Papai Noel”
Larguei o cartão e abri a caixa, que revelou um lindo
vestido de festa. O mais lindo que eu já havia visto, e que jamais imaginei
vestir.
- Isso só pode ser uma brincadeira! Eu disse sentindo-me
muito inquieta para pensar direito.
- Não Anne. Parece que você tem um admirador secreto. Ou será
que não é tão secreto assim?
Rolei os olhos para as insinuações de Beth. Ela era uma
sonhadora romântica. Ao contrário de mim.
Bom, de qualquer maneira eu decidi que o melhor era
desvendar esse mistério, e me preparar para o encontro com meu suposto Papai
Noel.
Às 20:00h em ponto eu cheguei ao saguão, maquiada e vestida
naquele deslumbrante vestido. Meu coração pulava no peito e minhas mãos
tremiam. Todos os meus colegas da recepção me olhavam com espanto parecendo muito
atônitos para dizerem alguma coisa. Meu desconforto só aumentou à medida que eu
escaneava o enorme saguão e ninguém se revelava vindo ao meu encontro. Comecei
a andar em círculos, muito nervosa para ficar parada, quando escutei meu nome
ser sussurrado.
- Anne, você está encantadora.
Virei-me lentamente, com o pulso acelerado, já reconhecendo
a voz do meu encontro inesperado. O Sr. Quent exibia um sorriso encantador,
enquanto estendia suas delicadas mãos para mim.
- Hoje Anne, você é minha convidada para o baile de Natal.
Você será a minha rainha.
Fiquei tão emocionada que não consegui dizer nada, e lágrimas
inconscientes embaçaram meus olhos.
Quando entrei naquele salão exuberante, realmente me senti
uma rainha e abracei cada momento como se fosse o último. Eu acho que no final
eu percebi que realmente eu tinha um sonho de Natal, e estava realizando ao
lado do único homem sensível o suficiente para perceber o que nem mesmo eu
percebi. Que todos nós temos sonhos, mas para defini-lo é preciso olhar com os
olhos da alma e do coração.

2 comentários:
Lindo, lindo.
ResponderExcluirEu não teria pensado numa estória melhor... (confesso que ao olhar para essa figura não consegui pensar em nada, rs).
Claro que na minha cabeça a estória continua e Anne e Sr Quent casaram-se e passaram todos os outros Natais de sua vida indo ao Napoleon! ;-)
Paty, só tenho uma coisa para te dizer, parafraseando a Nanda: Nházis!
ResponderExcluirComenta aê!