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Passeio de ônibus e observação comportamental urbana

Posted by Kbeça on 30 de setembro de 2014 14:22 in , ,
Oi! Eu sou o Kbeça. :)

Estava passando por aqui e decidi compartilhar com você, sim você que está lendo, minha experiência cotidiana e minha impressão sobre o evento.

Antes de mais nada, necessito de uma explicação para que você entenda e se situe:
Eu sou do Rio de Janeiro, capital, e aqui há muitos anos foi implantado um sistema de cobrança de passagem através de um cartão e um leitor eletrônico. O leitor é integrado a roleta e um comando do motorista. 

Por quê isso? Porque existem vários tipos de cartões, mas separados em duas categorias. 


  

 
A primeira é autônoma, não precisa da ação do motorista para liberar a roleta. Ou seja, você passa o cartão no leitor, ele verifica se o cartão possui saldo, e libera a roleta. 


A segunda é dependente da ação do motorista para liberar a roleta. Este é utilizado por idosos, portadores de necessidades especiais e estudantes da rede pública de ensino. Você passa o cartão no leitor, ele reconhece o seu cartão, emite um sinal, o motorista libera a roleta e você passa. E ainda existe o dinheiro. Você dá o dinheiro para o motorista, ele libera roleta e você passa. Parece que eu estou sendo redundante com esse negócio de "Libera e passa", mas você entenderá.

Todas as vezes eu pego um ônibus, eu entro, cumprimento o motorista, passo o meu cartão no leitor, que é autônomo, a roleta é liberada e eu passo tranquilamente. E agora vem o quê eu queria compartilhar com você, querido visitante. Você deve estar se perguntando: como você sabe que a roleta foi liberada, prezado Kbeça? Magia? Adivinhação? O Cosmos? Não meu amigo. Acontece que no leitor de cartões existe um visor que além de lhe informar data, hora e seu saldo, ele ainda apresenta a mensagem "PASSE", informando que você pode PASSAR. Olha que modernidade. Além disso, a roleta emite um "clic" informando que ela foi liberada. Pois bem.

Me alegra a vida ficar assistindo as atitudes esdrúxulas das outras pessoas. Assim como deve alegra-las assistir as minhas. Claro. Porque não existe nada melhor na vida que assistir e comentar a vida alheia. Vide reality shows à fora.

Após a minha passagem pela roleta eu fico assistindo os passageiros que entram e pagam em dinheiro. Eles entram, alguns educados, outros guardando a educação para a visita do Grão-Duque da Polinésia, dão o dinheiro ao motorista e... correm para  roleta e começam a encoxa-la, em um rito frenético e animalesco. O coitado do motorista nem bem olhou para a própria mão, para ver o valor largado, e a criatura já tá lá no ritual do acasalamento solitário com a pobre, vermelha e esguia roletinha. Coitada. Literalmente. E quando eles estão quase chegando ao clímax, visto que alguns se empolgam e começam a gritar "Ô motorista", "Vamô, porra", "Liberaê" e o meu favorito "Vai, vai", ainda não sei se eles gritam para o motorista, para a roleta, ou para eles mesmos, mas seja como for, o motorista libera a roleta e eles passam fulos da vida, xingando e com caras de zangados. Também, quem gosta de ter o ato interrompido? Logo na hora que tava bom o motorista decide liberar a passagem? Sacanagem isso aí, pô!

O ponto é: por que não entregar o dinheiro, ficar parado olhando para o visor do leitor de cartões e, assim que a senha mágica "PASSE" aparecer, caminhar para a roleta e gira-la? Tá com medo que o coleguinha de trás dê um triplo mortal carpado e role a roleta no seu lugar? Juro que se alguém fizesse isso comigo, eu pagava a passagem e ainda aplaudia.

O melhor é que agora existem alguns ônibus com duas roletas: uma para cartões autônomos e outra para cartões dependentes e dinheiro. Vamos chama-las de roletas A e D. Imagina a cena: só um lugar vago. João na roleta A e Maria na roleta D. Ambos olham para o único lugar vago, se entreolham e correm. Maria dá um peixinho por baixo de D, enquanto João salta com graça sobre A. No meio do corredor vão se cotovelando* até chegarem ao acento. Vence quem chegar primeiro. Depois os outros passageiros aplaudem, como manda a boa educação, e votam no "Estilo", "Velocidade" e "Performance" da conquista do acento. A premiação será televisionada para todo o país. Não se preocupe.

* Se você veio atrás do asterísco, é porque eu escrevi "cotovelando", e eu não sei se é "acotovelando" ou "cotovelando". Usei a lógica que eu possuo um cotovelo e no mesmo caso de soco, que fica socando, e não assocando**, escrevi dessa forma. E sim, estou com preguiça de procurar no Google. Sim, eu podia estar procurando no Google, eu podria estar comendo, eu podia estar dormindo, mas não. Estou aqui escrevendo.

** Se fosse assocando, os meninos da bandeira colorida, poderiam chegar para uns valentões e falar "Aí otário. Eu vou te assocar todo". Isso seria ótimo. O camarada não saberia se é uma ameaça (socar todo), uma cantada (assoprar todo), ou um fetiche esquisito (açucarar todo). Imagina a cara do sujeito?***

*** Impressionante a sua curiosidade. Só vim aqui para saber se você ia ler. :D
Mas, para não te deixar sem nada, fica o link para o site oficial do RioCard demonstrando o funcionamento de pagamento de passagem usando o cartão e o leitor.

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