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Resenha "Dom Casmurro" - Maio - Desafio Literário 2013

Posted by Nanda Cris on 8 de junho de 2013 06:00 in , ,
Com este livro, confesso, me senti de volta à escola, quando eu tinha 4 livros para ler de autores nacionais, um por bimestre, para depois fazer uma prova para a matéria de Literatura.

OK, vamos espantar o cheiro de naftalina que está impregnando o ar, e vamos ao que interessa!!!

O Desafio Literário 2013 propôs para esse mês um romance psicológico e eu escolhi Dom Casmurro para essa empreitada.


Vamos à sinopse:

Publicado originalmente em 1899, o livro conta a história de Bentinho e Capitu, desde o namoro infantil até o casamento atormentado pelo ciúme e pela dúvida que virou polêmica literária: Capitu traiu o marido com o melhor amigo dele, Escobar? Os fatos são narrados por Bentinho, que relembra, já velho, episódios de sua vida. 

É difícil resenhar um livro que o mundo inteiro já parece ter lido, menos esta que vos escreve. Mas, quem está na chuva é para se molhar, então, vamos lá!

O livro é super fácil de ler, primeiro por ter poucas páginas, segundo porque não tem um português rebuscado. Não sei se é porque a edição que eu peguei era uma adaptação de Hildebrando A. de André (só vi isso depois que eu já tinha comprado) ou se realmente o original é assim, mas flui muito fácil. Li em 3 horas e com interrupções!

Como a sinopse já conta tudo sobre o livro e não há muito mais a ser dito, proponho um jogo para você, leitor: você acha que Capitu traiu ou não Bentinho? Responda nos comentários o que você acha e o porque dessa impressão. Agora eu vou dizer o que acho (se isso vai influenciar na sua resposta, por favor, não leia o que escrevo abaixo. Comente primeiro e só depois volte aqui para ler o que escrevo, ok?)

Realmente eu acho que o autor deixou várias pistas pelo livro para que nós pudéssemos desvendar o mistério. Para mim, Capitu era realmente muito maquinadora, calculista e fria. Mas, em nenhum momento, era desleal. Ela sabia guardar seus sentimentos, sabia como manipular para conseguir o que queria. Disso tivemos muitas provas ao longo do livro. Mas nunca tivemos nenhuma de traição por parte dela. Tudo o que  parecia traição, poderia ser interpretado como gestos normais. Mas, toldados pelo ciúme doentio de Bentinho, tudo ganhava ares de infidelidade.

Então temos: 

  • Um rapaz extremamente inseguro, imaginativo e ciumento. Bentinho mesmo admitiu que proibiu Capitu de ir aos bailes com os braços de fora pois todos do salão paravam para vê-la. Podiam até mesmo serem lindos os braços, mas vamos combinar né? Todos os caras do salão ficarem de quatro por braços? Todos? Só podia ser o ciúme falando. Ele também admitiu, em outro ponto do livro, que Capitu não podia falar com homem nenhum, velho ou moço, que ele surtava. Sinceramente? Comigo esse Bentinho não tinha chance nenhuma, que cara inseguro!
  • Uma moça muito bonita, faceira e misteriosa. Nunca se podia dizer com 100% de certeza o que ela estava pensando e que chamava muita atenção pela beleza. Ou seja, o terror personificado para homens inseguros.
  • O filho de Capitu e Bentinho ser a cara de Escobar. Aqui, para mim, está a maior pista que Machado de Assis deixou para nós. Nunca num livro bom algum fato é exposto sem motivo. E eu considero Dom Casmurro um livro bom. Qual o sentido de Gurgel (pai de Sancha, melhor amiga de Capitu) comentar com Bentinho que Capitu era uma cópia fiel de sua falecida esposa? O mesmo rosto e o mesmo temperamento? E Bentinho concordou olhando o retrato da esposa de Gurgel. Ou seja, elas deviam ser idênticas mesmo! Mas, elas não tinham parentesco nenhum, era apenas uma coincidência. Ou seja, o mesmo poderia acontecer com o filho de Capitu e Bentinho, ele poderia ser a cara de Escobar, mesmo não tendo nenhum traço do seu DNA.
  • Capitu sempre tão esperta e dissimulada, foi a primeira a alertar Bentinho da semelhança física entre o filho deles e Escobar. Se ela tivesse algo a esconder nunca iria falar algo neste sentido, para deixá-lo alerta sobre o fato.
Esses são os principais pontos que eu gostaria de ressaltar para embasar minha teoria de que Capitu foi injustiçada ao ser segregada na Suíça, sem nada ter feito. Para mim, Capitu era inocente e amou Bentinho até a morte. Um inseguro e infeliz homem que não soube aproveitar o amor que estava bem ali diante dele.

Terminei esse livro com uma grande sensação de tristeza. De vidas desperdiçadas. A obra faz pensar. Suspeitas não são fatos. Será que vale a pena desperdiçar tudo por algo falho?



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HUMOR: A cadeia da informação

Posted by Unknown on 7 de junho de 2013 06:00 in , , ,

A piada é antiga, mas não deixa de ser boa!!!
 

De: Diretor-Presidente.
Para: Gerente.


Na próxima sexta-feira, às 17:00H, o cometa Halley estará nesta área.

Trata-se de um evento que ocorre a cada 78 anos. Assim, por favor, reúnam os funcionários no pátio da fábrica, todos usando capacete de segurança, quando explicarei o fenômeno a eles.

Se estiver chovendo, não poderemos ver o raro espetáculo a olho nu.

Sendo assim, todos deverão se dirigir ao refeitório, onde será exibido um documentário sobre o cometa Halley.
 
*              *              *              *              *              *              *
De: Gerente.
Para: Supervisor.


Por ordem do Diretor-Presidente, na sexta-feira, às 17:00H, o cometa Halley vai aparecer sobre a fábrica.

Se chover, reúna os funcionários, todos com capacete de segurança, e os encaminhem ao refeitório, onde o raro fenômeno terá lugar, o que acontece a cada 78 anos, a olho nu.
*              *              *              *              *              *              *

De: Supervisor.
Para: Chefe de Produção.


A convite do nosso querido diretor, na sexta-feira às 17:00H, o cientista Halley, 78 anos, vai aparecer nu no refeitório da fábrica usando capacete, pois vai ser apresentado um filme sobre o problema da chuva na segurança.

O diretor levará a demonstração para o pátio da fábrica.
*              *              *              *              *              *              *

De: Chefe de Produção.
Para: Mestre.

Na sexta-feira, às 17:00H, o diretor, pela primeira vez em 78 anos, vai aparecer no refeitório da fábrica para filmar o Halley nu, o cientista famoso e sua equipe.

Todo mundo deve estar lá de capacete, pois vai ser apresentado um show sobre segurança na chuva. O diretor levará a banda para o pátio da fábrica.
*              *              *              *              *              *              *

De: Mestre.
Para: Funcionário.

Todo mundo nu, sem exceção, deve estar com os seguranças no pátio na próxima sexta-feira, às 17:00H, pois o Diretor e o senhor Halley, guitarrista famoso, estarão lá para mostrar o raro filme "Dançando na Chuva".

Caso comece a chover, é para ir para o refeitório de capacete na mesma hora. O show será lá, o que ocorre a cada 78 anos.


*              *              *              *              *              *              *

E, finalmente, no Quadro de Avisos:

Na sexta-feira o presidente fará 78 anos, e liberou geral para a festa, às 17:00H no refeitório. Vão estar lá Bill Halley e Seus Cometas.

Todo mundo deve estar nu e de capacete, porque a banda é muito louca e o rock vai rolar solto no pátio, mesmo com chuva. 

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Um Kindle para chamar de meu....

Posted by Unknown on 6 de junho de 2013 06:00 in , , , ,
Sempre gostei de novidades tecnológicas. Embora fosse a mais dura da galera, nunca pude ter a maioria dos itens de primeira geração, eu sempre sabia o que era cool... O que era in e o que era out em se tratando de itens eletrônicos, é claro... Lia avidamente a revista Info e todas as publicações que tivessem cd-rons com centenas de programas para lá de inúteis...

Ainda lembro dos tempos em que eu era a sensação no Curso Técnico de Informática, carregando em uma dúzia de disquetes 3.1/2 coloridos, jogos como "Lotus" (corrida), Elifoot (técnico de futebol) e o velho descanso de tela do Johny Castaway... 

Eu sou da era do velho XT com monitor verde (o meu era âmbar - laranja!!!)... Passei pelo 486 DX2-66... Lembro de ter comprado meu monitor vendendo meus tickets-refeição por meses à fio! 

Enquanto as patricinhas da minha escola e até mesmo as do próprio Curso Técnico em Processamento de Dados desfilavam com Nikes e Reeboks cor-de-rosa, tinham festas de 15 anos e iam para a Disney, eu seguia na minha incansável (e nerd) luta de aprimorar meu computador... 

Por isso, mesmo todas nós termos nos formado como técnicas em informática, eu fui a que ficou mais próxima à área de informática e exatas. Minhas melhores amigas seguiram para áreas de saúde e humanas... Veterinárias, médicas, psicólogas... e anos depois, continuei sempre sendo a primeira a citar coisas novas...

Sabia configurar vídeos cassetes (OMG!!!!), usar dois para copiar fitas... por Deus que não havia ninguém na minha turma que acertasse mexer nos aparelhos de primeira... Cansei de chegar nos lugares e resolver problemas super simples (para mim!)... E meus amigos: "Puxa... eu juro que não estava funcionando! O Computador parece que te conhece... é só você chegar e não dá erro... tudo voltava sutilmente a funcionar...

Fui a primeira a ter um notebook... Importado... Sueco o bichinho... Custei a compreendê-lo. Sem manual, ele me deu muito trabalho nas configurações...

Também fui a primeira a comprar o que elas chamavam de "celular de dedo" - o iPhone... Parcelado a perder de vista... Eu tinha visão de que era algo que faria muito sucesso, mas não tinha a grana para comprar tudo no pau e menos ainda para viajar do exterior e trazer...

Com o tempo, fui ficando mais velha e menos atenta às novidades de plantão. Ainda assim, andava no meu radar um leitor de livros digitais. Embora apaixonada pela leitura (minha biblioteca atual possui mais de 1.100 livros em papel!!!), nunca achei que um e-Reader me conquistaria.

Ledo engano. A idéia foi amadurecendo e depois de muitas pesquisas e comparações entre o Kobo e o Kindle, para mim, só era financeiramente viável, a compra de um Kobo Mini... E embora a Paty, tenha falado um pouco sobre o Calibre* aqui, não chegou a fazer uma comparação entre os modelos**.

Mas.... sabe... até que rolou uma discussão leve e comparação entre os e-Readers entre nós , as autoras do blog. Nanda, sempre prática, falou sobre ler no tablet. Denize já mandou de cara que ler no computador é um saco (e eu concordo plenamente!!!!). Por fim, depois de pesquisas, o Kobo era unanimidade.

Mas, não rolou o Kobo. Minha irmã, numa viagem para o exterior não o achou e trouxe o Kindle. 

Antes mesmo dele chegar, eu já lia sem parar o manual com mais de 300 páginas! Já tinha me cadastrado na Amazon brasileira e baixava as versões gratuitas de ebooks disponibilizados na Amazon.com (muitas vezes, na ânsia de encontrar um livro free, nem percebia que o mesmo estava em inglês, espanhol, francês... Baixava cópias digitais dos livros que já tenho em papel, versões alternativas, traduzidas por fãs... cadastrava metadados... tudo para poder receber meu Kindle.

E ele chegou no último sábado. Presente de aniversário adiantado (o meu é na semana que vem!) Foi paixão a primeira vista. Trocamos olhares, passei meus dedos com carinho em seu corpo leve... Transportei alguns arquivos e baixei minhas compras da Amazon. Quanta praticidade! Quanta leveza!

A tela não cansa, parece que você está REALMENTE lendo papel. Os meus e-Books nunca substituirão os meus livros de papel, isso é fato. Gosto de pegar no livro, sentir seu cheiro, folhear... Gosto de passar o mão pelas capas atuais, sentir suas texturas na ponta dos meus dedos... cheirar o livro, sentir o papel, e até mesmo o peso do livro em si.

Mas pense bem... Eu já tive problemas absurdos de coluna por andar feito uma tartaruga ninja, livros enormes e pesados... (como a Guerra dos Tronos, por exemplo...) Fora que alguns livros são até difíceis de segurar para ler, escorregam com tamanhos enormes ou pequenos demais...

E aí, nesse momento, eu chamo o Kindle de meu louro e penso na sua praticidade. Para começar que o Kindle é leve. Muito leve mesmo. Sua bateria dura horrores. Mais de um mês, mesmo se esquecer o bicho ligado nos três primeiros dias como eu... 

O Kindle, com sua tecnologia ink-Pearl, faz com que realmente pareça um livro. Ainda não descobri todas as suas funcionalidades, porque estou encantada em conseguir ler livros que antes jamais conseguiria carregar... 

Também já achei em formato digital, livros, que muitas vezes não achamos mais nem mesmo nos sebos... 

No entanto, a coisa mais interessante que eu achei no aparelho, na verdade, é algo meio desesperador para a maioria das pessoas...

Veja bem, pegamos um livro, já sabendo quantas páginas tem. E isso, pode ser uma benção ou uma maldição. Você pode desistir ou desanimar se vir um livro de 500/600 páginas. Mas... O Kindle é espertinho! Ele não te fala quantas páginas o arquivo tem. Isso é bem desesperador (embora ele tenha na verdade um "medidor de porcentagem do livro lido"). 

Isso me fascinou. Me fez redescobrir um mundo novo de leituras ao toque de um dedo. Você não sabe de que página veio nem para qual vai. Só sabe que tem 73% do livro concluído...

Ler no computador é cansativo. O brilho da tela incomoda, muitas vezes o arquivo vem desconfigurado e aí acabamos nos perdendo, cansando rápido e as vezes até mesmo desistindo dos livros digitais... Mas no Kindle não. Ele tem uma tecnologia que faz com que o livro digital pareça mesmo um livro de papel. 

Sabe... embora eu ainda não possa sacar o Kindle da bolsa em qualquer lugar Nem na minha imaginação mais fértil, consegui realizar esta cena... Trem do RJ lotado e euzinha sacando meu Kindle para ler? Muito primeiro mundo né? Só que não... Prefiro não arriscar... Puxo o velho livro de papel e deixo o Kindle para a espera nos consultórios médicos... (Li 6% de  um livro hoje, só na espera da dentista!)

Nossa afinidade é tanta, que eu quase posso dizer que o Kindle se tornou uma extensão do meu corpo. Leio, faço anotações, envio para o Facebook e twitter os trechos e minhas considerações... 

Leio com prazer, sem deadline, sem saber quantas páginas faltam para o capítulo ou o livro terminarem. Apenas pelo prazer da leitura...  

Minhas amigas, já sabem que tenho uma novidade para lhes mostrar... E então eu dou um sorriso leve pensando que mais uma vez, estou dando um pequeno passo para a humanidade, porém um GRANDE passo para o futuro...



* * *

*Calibre - programa conversor e leitor de arquivos de formatos digitais e organizador de suas bibliotecas de ebooks.

**Quem quiser ver um comparativo entre os modelos, poderá clicar aqui e ler um pouco mais sobre as facilidades do universo tecnológico dos e-Readers...

***Não pude resistir e tirei algumas fotos do meu Kindle e postei aqui para vocês o conhecerem!!!




 

 



















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Dicionário de Palavrões!?!

Posted by PatyDeuner on 5 de junho de 2013 06:00 in , , , , ,
Navegando pela net essa semana, deparei com o lançamento de um dicionário no mínimo curioso, cuja primeira edição com 10.000 exemplares lançada no início de maio, teve um sucesso inusitado de vendas, esgotando-se em menos de um mês. É o “Pequeno Dicionário de Palavrões”, publicado pelo linguista francês Gilles Guilleron.
                                         
O linguista deixa claro que sua intenção é mostrar como uma linguagem essencialmente oral, que não é ensinada nas escolas nem utilizada na vida social, é transmitida entre gerações e consegue manter sua vitalidade, apesar de ser algo "subterrâneo e marginal, que geralmente exprime tabus, como o sexo". Em sua avaliação, os palavrões têm a "virtude de aliviar o estresse e a agressividade" e representam uma "prova de evolução das relações sociais".

É claro que muitos devem ter visto essa reportagem publicada em maio desse ano, mas queria compartilhar aqui no blog para podermos realmente pensar sobre o assunto. Como pode um tema sobre “palavrão” ser transformado em livro e ser um sucesso editorial? 
Em minha opinião a resposta é muito simples: falar palavrão é humano, faz parte da nossa sociedade há séculos e sua pronúncia só vem a confirmar nossa humanidade.
 O palavrão pode ser sutil e brando, ou obsceno e grosseiro, variando de acordo com lugar, pessoa ou acontecimento. Acredito que nem os mais puritanos passaram pelo mundo sem ao menos pronunciar um palavrão, mesmo que de teor mais brando, como por exemplo, “merda”, que embora não seja exatamente uma palavra obscena, não deixa de ser ofensiva à pessoa ou coisa que lhe é direcionada. Mas no geral os palavrões são realmente grosseiros e possuem relação direta com  sexo. Agora, vamos combinar,  xingar com palavrões resume toda uma lista de coisas que você gostaria de dizer naquela hora...e o alívio é imediato!

Eu pergunto pra vocês: o palavrão é imoral e é contra todos os códigos de educação da sociedade?
 Eu diria que sim, na minha humilde opinião. Mas há também o lado positivo. Xingar um palavrão sempre alivia nosso stress, desinibe nossas tensões e ameniza a agressividade. E podemos dizer que nos tornamos bem mais civilizados depois de um desabafo com palavrões.

Jorge Amado já fez a seguinte consideração sobre o palavrão:

“Considero que o chamado palavrão é uma palavra igual a todas as demais, que por uma circunstância qualquer tornou-se maldita; no fundo uma palavra vítima de preconceito.”

O conceito de palavrão é muito mais complexo do se imagina. O que realmente definiria uma palavra como palavrão? As opiniões podem ser muito contraditórias.

Voltemos à “merda” (nesse caso lhe pareceu ser um palavrão?).

Na frase: “Ele só faz merda.”, podemos tirar duas interpretações:ou ele é muito ruim nas coisas que faz (que teria o sentido pejorativo), ou ele faz o que todos nós fazemos... não é mesmo? Aliás, a palavra (ou palavrão) “merda”, é a mais rica da língua portuguesa, pois pode ter vários significados em várias situações diferentes. Por exemplo:

“Onde fica essa merda?” – Estamos falando de uma posição geográfica...

“Ele está na merda.” – É a afirmação da situação financeira de alguém.

“Puta merda!” – Pode ser tanto uma interjeição de espanto quanto de admiração.

É como nosso adorado Luiz Fernando Veríssimo fala na sua crônica "O direito ao Palavrão":

“Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua.”

Mas lembrem-se: há momentos e lugares em que arroubos descontrolados de palavreado obsceno podem te deixar em maus lençóis ou transformar você em um completo babaca mal quisto. Portanto...vê se não fala muita merda!

Se mais alguém quiser debater esse assunto, argumentar o que foi dito ou acrescentar suas opiniões, deixe seu comentário nesse post que adorarei interagir  sobre o tema.

Só tenho uma última coisa a dizer. Se esse dicionário fosse dos palavrões brasileiros (precisaríamos de misericórdia!) eu com certeza compraria.
E você?

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Resultado da Promoção @mor

Posted by Nanda Cris on 4 de junho de 2013 10:56 in
Apenas para formalizar, pois o resultado foi postado no Face na segunda-feira, nossa ganhadora foi a Luciane Souza!

Parabéns Luciane! Não deixe de nos contactar!



E vocês já estão sabendo da próxima promoção? Sorteio do livro O Poderoso Chefão! Não deixe essa oportunidade passar, eu já li e é muito bom!

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[Resenha] Como se livrar de um vampiro apaixonado - Beth Fantaskey

Posted by Nanda Cris on 06:00 in ,
Peguei este livro em troca no Skoob, mas não estava levando muita fé. Tanto é que consegui o livro em novembro de 2012 e não li até agora. Mas eu terminei de ler o livro do mês para o Desafio Literário 2013 e ainda faltavam 5 dias para terminar o mês. Precisava de um livro rápido de ler, optei por "Como se livrar de um vampiro apaixonado" e não me arrependi. Gostei muito.



Vamos à sinopse!

Casar-se com um vampiro certamente não estava nos planos de Jessica Packwood para seu último ano escolar. Mas quando um novo aluno esquisitão (e muito gato) chamado Lucius Vladescu aparece do nada, dizendo que Jessica pertence à realeza vampírica e está prometida em casamento a ele, futuro líder do clã mais poderoso dos vampiros, ela é obrigada a rever seus conceitos. Se a garota ainda nem beijou na boca, como pode sequer pensar em um compromisso eterno? Armada com uma autoconfiança recém-adquirida, Jessica passa por uma transformação drástica de adolescente nerd americana para princesa vampira europeia nessa sátira cheia de reviravoltas e surpresas.

O livro é um típico chick lit e as românticas de plantão vão gostar. Os ingredientes de sucesso estão todos lá.

  • Triângulo amoroso
    Formado por Jéssica, Lucius e Jake. Opa! Quem é esse? - você deve estar se perguntando. Pois é. Jake é o atleta bonitão da escola por quem Jéssica arrasta um bonde. Ele não tem nada na cabeça e é puro músculo, mas tem um bom coração. 
  • O ciúme
    Primeiro Lucius tem de Jake, depois Jéssica tem de Faith com Lucius. Sim, até os bonitões da realeza romena cansam em algum momento e com Lucius não foi diferente. Se Jéssica não o queria, ele foi procurar quem quisesse e lá estava Faith, primeira da fila, aguardando impacientemente uma oportunidade. E, mal sabia Lucius que esta seria sua melhor arma de sedução. A partir dessa concorrência é que Jéssica descobre que o Jake "legal" era muito pouco quando poderia ter o Lucius "passional-inesquecível-incomparável".
  • O protagonista apaixonante
    Sabe aquele cara que é gentil, mas ao mesmo tempo tem uma aura de perigo? Que faz qualquer coisa por você? Que é gato, rico e inteligente? E, pra completar tudo, ainda está caidinho pela gente? Tem protagonista melhor???
  • A promessa de virar princesa
    Que garota nunca sonhou em ser da realeza? Comandar toda uma nação vampírica que encontra a paz graça a união do seu clã (os Dragomir) com o clã de Lucius (os Vladescu).  
  • Diálogos bem escritos
    Isso foi, definitivamente, o que mais me cativou. Os diálogos são muito irônicos. Amo ironias. Elas tem o poder de me deixar mais gamada que juras de amor. Separei uma frase de Lucius para ilustrar meu ponto de vista:
    "- Você despertou meu interesse - admitiu Lucius, tocando meu ombro de novo. - E está tremendo de frio. Sou um anfitrião grosseiro, provocando-a no ar gelado, quando você não está acostumada à primavera nos Cárpatos. Vamos entrar, onde posso enfurecê-la e inspirar ódio com todo o conforto."
Preciso falar mais? Leitura fácil, leve e divertida. Recomendo! ;-)


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DICAS: Uso dos porquês

Posted by Unknown on 3 de junho de 2013 06:00 in , , , ,



 
Pois é... O uso dos porquês é uma dúvida super - ultra - mega comum. Por mais que só tenhamos 4 regrinhas, e até relativamente fáceis de aprender, sempre tem alguém para complicar a coisa e aí, dá um branco, um nervosismo e a dúvida cruel... Oh! Como eu escrevo? Qual o "por que" eu devo usar nessa situação...  

Então, vou passar dicas super simples para vocês pescarem o jeito certo de escrever...

Vamos lá:


1) Em frases interrogativas, quando é uma pergunta direta: 
POR QUE (separado e sem acento)

Ex. Por que você não gosta de mim?


2) Em resposta a uma pergunta. 
PORQUE (junto e sem acento)

Ex. Porque você é uma chata!


3) Quando está em forma de substantivo (geralmente vem um artigo antes (o, a, os, as, um, uma, uns, umas - olha o pulo do gato aí, gente!!!) 
PORQUÊ (junto e com acento)

Ex. Mas me explique o porquê disso! O que você quer dizer com chata?



4) Antes de pausa e no fim da frase (esse geralmente tem uma vírgula antes e um ponto de interrogação depois ou tem apenas o ponto de interrogação!)
POR QUÊ? (separado e com acento!

Ex.  Você quer que eu lhe diga o que é ser chata? Por quê?
 



Então, só para enfatizar, um diálogozinho usando TODOS os porquês diferentes!

Por que você entrou no blog?                     (pergunta)
Ah... porque eu queria tirar uma dúvida..     (resposta)

Mas me diga o porquê de você ter entrado! (causa/motivo)
Por quê? Porque o blog de vocês é o maior barato ;-) (o primeiro seguido de ponto de interrogação e o segundo é resposta)


E então... Resumindo tudo:

 

Agora um testezinho para saber se vocês aprenderam... As respostas estão logo abaixo, tente responder sem olhar!





Respostas do exercício:

a) por quê
b) Por que
c) Porque
d) porque
e) Por quê

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Promo 02 - Livro "O Poderoso Chefão"

Posted by Unknown on 01:57 in , ,
Já já, sai o resultado da Promo 01 e você poderá conferir o resultado aqui! 

Mas enquanto o resultado está sendo validado, que tal começar a participar da nova promoção do blog?

O segundo livro da nossa promoção é "O poderoso chefão" de Mário Puzzo. Quem nunca ouviu falar pelo menos dos filmes? (Excelente adaptação para o cinema de Coppola!!) Tá aí, uma excelente oportunidade de LER a história e comparar com aquela versão que você assistiu em vídeo!





Confira aqui a Sinopse:


O Poderoso Chefão é um romance de ficção escrito por Mario Puzo, originalmente publicado em 1969, sobre uma família de mafiosos de origem siciliana que imigra para os Estados Unidos da América. Mario Puzzo tornou-se um escritor conhecido mundialmente com este livro, seu terceiro romance. Ele faz uma biografia imaginária de um cappo da máfia nova-iorquina, desvendando o submundo do crime organizado. É a mais perfeita reconstituição da vida e dos negócios das famílias mafiosas de Nova York. Apesar de implacável, Don Vito é, essencialmente, um homem justo. Nada recusa aos seus afilhados: conselho, dinheiro, vingança, mas em troca exige respeito e amizade.

E aí? Mais interessado agora? Para participar, basta seguir as regras abaixo:

1. Seguir o blog PUBLICAMENTE.

2. Curtir nossa página no Facebook! (Clique aqui)

3. Curta e Compartilhe nossa promoção no FACEBOOK em modo público! (Clique aqui!)

4.  Comente qualquer outro post do blog. Queremos comentários de conteúdo, certo? Então "Que legal", "Adorei", "Lindo blog" não contam!

5. Quer ganhar pontos extras? Comente mais posts! Limite de 5 posts no total. (Use o formulário abaixo!)

6. Quer ganhar pontos extras? Retwitte nossa promoção no Twitter.


Após fazer esses passos é só torcer!


É importante saber que:


1. O descumprimento de qualquer uma das quatro primeiras regras acima invalida automaticamente sua participação no sorteio.

2. O ganhador tem 5 dias úteis após o sorteio para enviar seus dados para sammyfreitas@gmail.com

3. O resultado do sorteio será publicado aqui e no Facebook, fique atento à data do mesmo, pois não será realizado contato individual para informar o ganhador. Para não perder a postagem, você pode cadastrar seu e-mail para receber as atualizações do blog (lado direito da página, em "Siga-me").

4. O sorteio ocorrerá através do site RANDOM.

5. Para participar, você deve ter um endereço válido de entrega no Brasil.

6. Caso o ganhador não entre em contato em até 5 dias, ou descumpra qualquer regra explicitada acima, será feito um novo sorteio.

O sorteio ocorrerá no dia 30 de junho de 2013 às 18h!

Boa sorte a todos, e parodiando Effie, "Que a sorte esteja sempre a seu favor!"






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Resposta ao desafio da imagem da leitora Bianca Santana por Marcinha

Posted by Marcinha on 2 de junho de 2013 18:54 in , ,
Olá Retalhenses e leitores... Marcinha na área, garantindo o enfoque mais polêmico desse blog ou seu dinheiro de volta!

A leitora Bianca Santana desafiou as autoras deste blog com esta muito-bem-escolhida-imagem:



Duas retalhenses ja responderam ao desafio antes de mim, como pode ser conferido aqui: resposta da Nanda Cris e resposta da Samantha Freitas.

Sendo a terceira da fila, deixo com vocês minha versão... espero que todos gostem!

(Nota: Zan'thala foi inspirada no visual de Calypso, que aparece nos filmes da série "Piratas do Caribe")

...

O Lobo do Mar

Cansado, depois de horas de caminhada sem rumo pela cidade, Jack retornou àquele local. Fazia o mesmo todos os dias, desde que a tragédia se abatera sobre sua vida.
O velho lobo do mar olhou fixamente para a flor que trazia nas mãos. Sentado em um banco de madeira, sozinho, ele a observava. À sua volta, a geada que começava a cair implacável não o faria gelar até os ossos. Sua raiva borbulhava internamente de tal forma, que o aquecia.
Aquela flor vermelha, tropical, viçosa, ainda cheia de vida... era um insulto.
Desprendeu os olhos da flor que o esbofeteava e encarou o mar à sua frente. Cinzento e tempestuoso, o mar o encarou de volta, em desafio. A espuma branca do oceano revolto sob o vento cortante do inverno. O som das ondas. O que já fora música, era agora lamento para sua alma. Uma lágrima de ódio rolou-lhe pela face queimada do frio, perdendo-se na barba grisalha.
- Maldita seja. - praguejou ele.
Lembrava-se nitidamente do que acontecera, embora lhe parecesse que isso fora há uma eternidade. Mas nem se passara tanto tempo, fazia hoje exatamente um ano.
Um ano desde que seu navio aportara na costa da África, em pleno verão. Como o capitão da imensa embarcação pesqueira, ele achou por bem liberar seus marinheiros por dois dias, para que eles se divertissem uma pouco. A vida no mar podia ser dura para os homens mais jovens, sedentos pelos afagos de uma bela mulher.
Isso nunca fora preocupação para ele. O velho lobo do mar amava apenas seu navio e seu ofício, nada mais.
É claro que ele também se divertia com frequência. Mas era apenas isso. Nenhuma mulher jamais o prenderia, nenhuma se colocaria entre Jack "Wolf" Jones e a vida feliz que levava no mar.
Mas, como diz o ditado, "jamais é tempo demais".
Na costa da África, ele conheceu Zan'thala. Seu imediato a trouxe até ele e os apresentou. "Negra, macia e doce como a jaboticaba madura", lhe dissera seu sub capitão. O cão sarnento sabia exatamente o que estava fazendo.
- Bastardo. Amotinado. Maldito seja, Henry, para todo o sempre! - rugiu entredentes.
Jack e Zan'thala se divertiram intensamente naquela noite, e nas noites que se seguiram. O lobo do mar levara até os lençóis da negra uma paixão com a qual ela nunca sonhara. Em poucos dias estava cega de amor por ele. E foi aí que a coisa deixou de ficar divertida.
Zan'thala o cobriu de agrados e atenções, tentando seduzi-lo a viver em terra com ela. Jack se negou secamente. Repetiu seu característico discurso de que uma mulher jamais o afastaria do mar.
Esse foi seu grande erro.
A mulher ficara furiosa. Estava ferida, preterida, rejeitada e tinha uma expressão que beirava a loucura. Se Zan'thala fosse apenas uma mulher comum, não seria tanto problema; ela choraria, esbravejaria e se acalmaria por fim.
Mas era uma feiticeira aborígene.
- Eu te amaldiçoo. - sibilou ela, apontando um osso ritualístico para o peito dele - Eu te proíbo de estar no mar novamente. Seu amado oceano será pra ti dor e morte, como essa paixão que queima agora no meu peito!
Ao fim dessas palavras, os olhos dela brilharam em fogo por um breve momento, e Jack soube que sua vida jamais seria a mesma.
- Desfaça isso, bruxa! - gritou o capitão, avançando sobre a mulher, apenas em tempo de ouvir Henry chegando como um tubarão branco.
- Acabou, Jack! Acabou!
Um murro certeiro no queixo apagou o velho lobo instantaneamente.


Acordara no dia seguinte em um hospital, em Nova Iorque. Sua irmã fora buscá-lo de avião assim que soube de seu "súbito desmaio". Henry a avisara, e fora bastante prestativo em ajudá-la a retornar para a América levando o irmão inconsciente. Em seguida se tornou capitão do navio pesqueiro que por anos fora a vida de Jack.
Um ano depois, Henry lhe enviara aquela flor para lhe lembrar a data. Também escrevera um bilhete.
"Estão florescendo por toda a Costa aqui na África, neste calor agradável. Esta é a maior virtude de viver no mar, a liberdade de ir ao encontro de outros climas, novas terras... Mas você não sabe o que é isso há um ano, não é? Uma pena, realmente. Bem, então... aproveite a neve!
Ass: Capitão Herny Nicholson"

- Maldito... amotinado! - esbravejou Jack.


Não podia mais aguentar. Um ano fora do mar já fora demais pra ele. Não aguentaria mais tempo.
A maldição era real, bem real. Sentira seus efeitos assustadores todas as vezes que tentara enfrentá-la. Mas agora não importava mais. Nada importava.
Levantou-se do banco com o fôlego renovado. Olhou para a flor tropical pela última vez e a esmagou entre os dedos. Deixou-a cair com desprezo.
Olhou o mar bravio a sua frente, revolto sob a geada contínua. Caminhou a passos firmes. Vestido como estava, Jack entrou no mar.
A água devia estar gélida, mas ele não sentiu. Um calor intenso se apoderou dele, como das outras vezes. Continuou caminhando, cada vez mais para o fundo.
Agora sua pele ardia, estava vermelha como se o mar fosse ácido. Sentia por dentro seus órgãos queimarem, como se lava borbulhasse em seu estômago. A cabeça latejava como se fosse explodir. Passou as mãos pela testa, ele ardia em febre. A sensação de queimação continuava a se espalhar por todo o corpo, como se seu sangue fervesse nas veias. Sentia uma dor aguda nos ossos, como se carbonizassem.
"Seu amado oceano será pra ti dor e morte, como essa paixão que queima agora no meu peito." - ela dissera.
Sentindo-se sufocado pela fervura na garganta, ele não conseguia mais respirar. A dor era insuportável a esta altura, como se estivesse imerso em uma caldeira. Com um último suspiro, ele afundou a cabeça, desaparecendo no mar que tanto amava.


Três dias depois o cadáver de Jack foi encontrado, deformado pela água e obviamente semi-congelado depois de 72 horas de temperaturas baixíssimas. A polícia divulgou a causa-mortis de Jack N. Jones como hipotermia. Não poderiam estar mais longe da verdade.


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Na Segunda Caverna de Zenthor (A Guerreira e o Ogro - capítulo 3)

Posted by Marcinha on 06:00 in , , , , ,
Assim que terminou a mistura que resultou em um vasilhame repleto de tinta vermelha, o ogro selou o pote colando a tampa com cera quente, para que não entornasse no caminho. Em seguida, ele tomou um alforje grande onde colocou a tinta e algumas ferramentas e, jogando-o às costas, fez sinal para que a guerreira o seguisse. Ela agarrou a espada e prendeu-a a cintura, sem parar de caminhar, acompanhando o ogro que andava a passos largos. Em vários trechos Markka teve de apressar o passo a fim de não ficar para trás, enquanto se perguntava como uma criatura pesada a ponto de fazer o chão tremer sob seus pés podia ser ágil daquela maneira.
Depois de um quarto de hora seguindo por uma trilha em meio à vegetação alta, o ogro parou e olhou atentamente a toda a volta. Depois de ter certeza que estavam sozinhos, ele afastou a densa trama de cipós e folhagens que se dependurava sobre a pedra, revelando uma rocha enorme que estava solta da parede. Ele a moveu para o lado com um pouco de esforço, revelando a entrada da caverna. Fez um sinal para que a guerreira entrasse, e selou a entrada novamente, trancando-os por dentro.
O coração de Markka acelerou um pouco, e ela roçou o braço discretamente no punho da espada, só para sentir a presença de sua arma. Respirou fundo, a fim de dissipar a apreensão que ameaçava dominá-la, e que já fazia a cabeça doer um pouco. Olhou em volta, tentando deliberadamente se distrair.
A caverna era imensa em seu interior, e modestamente iluminada por uma abertura no teto, há uma boa altura do chão. Alguns cristais dispostos estrategicamente, refletiam o sol que fluía pela abertura, propagando a luz por todo o interior. A guerreira ficou bastante admirada com a engenhosidade do ogro.
Zenthor depositou o alforje sobre uma bancada de pedra e dirigiu-se ao fundo da caverna, onde havia um grande volume oculto por uma espécie de lona, inteiramente costurada com o couro de vários animais. O ogro removeu a lona com um puxão para o alto e esta esvoaçou, revelando uma sólida carroça de madeira.
– Aí está. – disse o ogro finalmente.
Markka olhou admirada a imensa carroça a sua frente, robusta como se o ogro a tivesse projetado para suportar qualquer intempérie ou guerra. Ela encarou o ogro, e assentiu com um leve arquear de sobrancelha, então pôs-se a circundar o veículo sem nada dizer.
A carroça era alta e confortável, com dois sólidos bancos de madeira dispostos um atrás do outro, onde seis poderiam se sentar com folga. Mais atrás havia um bom espaço, notadamente um compartimento de carga. Toda a carroça era coberta com uma estrutura retrátil em madeira e couro, permitindo que o veículo pudesse ser usado com teto ou sem. Por baixo do corpo da carroça corriam dois eixos robustos que sustentavam quatro rodas de madeira maciça, com mais de um palmo de espessura, visando dar maior estabilidade. Markka se deteve quando percebeu que, nas sólidas rodas de madeira, o ogro havia entalhado em cada uma um desenho que lembravam uma grande estrela de cinco pontas.
– Qual a função do desenho nas rodas? – perguntou ela, intrigada.
– Apenas estética. – respondeu o ogro, satisfeito com o interesse dela.
E a estética não parara por aí, como a guerreira bem pode constatar. Haviam aparadores sobre cada uma das rodas, com o intuito de reter a lama desprendida com o movimento. Mas, longe de serem apenas peças funcionais de madeira, elas foram cuidadosamente esculpidas em formato côncavo, depositando-se como conchas emborcadas nas laterais, cada uma sobre sua roda.
A frente do veículo haviam dois varões robustos de madeira entalhada, entrelaçados por filetes trançados de couro. A guerreira deduziu que eram arreios para mais de um animal.
– Já possui os animais para puxá-la? – indagou a guerreira.
– Ainda não, mas pretendo adquiri-los em breve. Há alguns dias recebi a resposta de um criador do norte, dizendo que os bisantes agora já tem idade para serem negociados. Quero comprar dois machos jovens, e para isso precisarei viajar. – explicou o ogro – Não quero perder este lote, ouvi dizer que esta é a ninhada com as pernas mais robustas que ele conseguiu desde que começou a cruzar esta nova linhagem.
– Com que outro animal ele tem cruzado os bisantes comuns?
– Acho que nunca se saberá. Muitas moedas de ouro já foram gastas em cerveja de primeira, mas o velho nem assim revela seu segredo. É desse mistério que ele vive.
A guerreira assentiu, e tornou a rodear a carroça, investigando os detalhes, sentindo o relevo entalhado enquanto deslizava a mão pela superfície. O ogro a observava, satisfeito com a reação dela, sentindo-se orgulhoso em ver seu trabalho admirado.
Quando ela se voltou para falar, os olhares se encontraram e ela ficou constrangida por um breve momento. Sentia-se um pouco devassada quando a observavam daquela maneira. Respirou fundo e voltou ao que ia dizer:
– Você fez realmente um belo trabalho nessa carroça, Zenthor. – disse ela – É bastante habilidoso. Espero que os animais que irá adquirir sejam belos e robustos como o veículo que irão conduzir.
– São bizantes quase comuns, guerreira, com a típica cabeça roliça e baixa, os chifres enrolados, a pelagem comprida e espessa, só diferenciados pelas pernas troncudas. Segundo o mercador há novilhos castanhos e negros com ele e preciso me decidir sobre quais pretendo comprar, para que possa comprar o couro dos bancos  na mesma viagem. Talvez traga couro a mais para trocar toda a capota. Quero que combinem. – explicou o ogro, com naturalidade.
A guerreira sorriu discretamente. Começava a admirar o perfeccionismo do ogro.
– Por que não viaja comigo? - disse o ogro, repentinamente.
– Para que eu iria? É uma longa viagem, se bem me lembro onde os criadores do norte se estabeleceram. Além do que dois viajantes significam despesas em dobro... e problemas em dobro também.
– Pense no lado bom das coisas. – insistiu o ogro – Você poderia me ajudar a escolher os animais e o couro que melhor combinasse com a carroça; duas cabeças são melhores do que uma. Além disso...
– Mas Zenthror...
– ... preciso de um segundo cavaleiro. Como vou montar dois bisantes na viagem de volta?
Markka sabia que os bisantes poderiam seguir tanquilamente em caravana, se Zenthor apenas atrelasse o segundo animal a sua montaria. O fato é que ele insistiria até que ela concordasse com a viagem. Alguém com persistência suficiente para construir sozinho uma carroça tão rica em detalhes tinha mesmo de ser um cabeça-dura-insistente. Mas em vez de se exasperar, ela começava a achar isso um pouco engraçado.
– O que me diz? – insistiu o ogro mais uma vez – Me ajuda a trazer os bizantes na viagem de volta? Ou acha que não conseguiria montar um deles?
– Ah, sem essa hein! – ela teve de rir – Esta bem, chato. Um viagem longa, gélida e exaustiva. É. Por que não?

.....

(Nota da Autora: os seguimentos anteriores desta saga podem ser lidos nos links a seguir: Capítulo 1 e Capítulo 2 .)


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