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Desafio Muito Desafiante by Marcinha

Posted by Marcinha on 11 de outubro de 2013 06:00 in , , , , , ,
Olá, retalhenses e leitores!
Nossa Paty bolou um "desafio muito desafiante" para nós todas. Nele, partiríamos de um mesmo início, para desenvolver uma aventura pessoal, cada uma ao seu modo. Eis aqui de onde partimos:

“Uma viagem inesperada de trabalho foi requisitada, e você só teve tempo de juntar algumas coisas pessoais e seu inseparável livro, que nos últimos dias ocupava não só grande parte do seu tempo quanto também de sua mente. Era uma viagem curta para uma cidade do interior, então você não precisou se preocupar com aparências, e deixou-se relaxar sobre a poltrona reclinável enquanto absorvia com avidez a escrita inteligente e sedutora da autora. Quando se deu conta do tempo, o sol já se recolhia no horizonte traçando linhas alaranjadas sobre o verde da paisagem, e sua mente viajou por aquelas imagens... e de repente tudo ficou escuro. Você só sentiu uma forte fisgada na nuca e o som brusco de uma freada.”

Me apaguei à idéia do livro, e quis homenagear uma autora da qual sou fã; tive a pretenção mergulhar em seu universo e contar minha história permeada em sua magia. Quis exalar a atmosfera, os sentimentos, os dilemas, a sensualidade e a visão que encantam em seus muitos volumes publicados. Espero ter conseguido.

 Viagem Sombria


Depois de tanta correria, finalmente havia me acomodado na poltrona do ônibus de viagem. Jogara uns poucos pertences dentro de uma mochila; minha agenda, meus celulares, o livro que venho devorando nos últimos dias. Pretendia ficar fora apenas dois dias, o que seria mais do que suficiente para fazer o orçamento da personalização de três carros antigos de um único dono, em Paraty. A insistência do homem, seu entusiasmo por ter conhecido meu trabalho e a enorme bonificação em dinheiro que me oferecera apenas pela minha visita e orçamento me fizeram largar tudo e viajar.

Recostei-me na poltrona do ônibus assim que pegamos a estrada, e abri meu livro mais uma vez. Mergulhei nas sedutoras páginas de Anne Rice, com sua visão poética e melancólica do mundo dos vampiros. Que imaginação ela possui, e que sensibilidade! Seres sobrenaturais com dilemas totalmente humanos. Me fundi mais uma vez ao segundo volume das Crônicas Vampirescas, esquecendo do mundo ao meu redor.

A medida que a luz do dia baixava, tornou-se impossível continuar a leitura. Aproveitei o quanto pude e, em dado momento, abracei-me ao livro e passei a observar a paisagem. O céu exibia o belo azul profundo que antecipa a noite e havia pouquíssimo movimento naquele trecho da estrada, o que permitia que a cantoria das aves permeasse tudo à volta. Muitos e muitos metros para trás e para a frente do ônibus só havia estrada e mata nativa. Apenas a natureza, intocada, gigantesca... e um ônibus intruso, cruzando uma solitária pista de asfalto, como única marca de civilização naquele trecho selvagem entre a serra e o mar.

De repente, ouvi um barulho seco, como metal partido, e uma freada. Senti uma forte fisgada na nuca e a escuridão desceu sobre mim como um véu. Nem mesmo compreendi o que acontecia.

Em dado momento, abri os olhos, pesadamente, tentando me situar. Sentia-me como se tivesse acordado de uma longa noite de sono. Estava escuro. Entre as árvores pude ver as estrelas no céu, bem a minha frente. Deduzi que estava deitada no chão; mexi os braços, tateei o chão molhado, a terra e as folhas caídas formando uma espécie de lama. Tentei me levantar, não consegui. Tentei novamente erguer meu corpo, me apoiando no cotovelos. Dor. Todo o meu corpo doía horrivelmente. Respirei fundo e desisti por um instante, tentando recobrar as forças. Comecei a ouvir os gemidos dos outros passageiros. Um acidente. Um acidente bem feio pelo jeito. Comecei a entrar em pânico, me sentia fraca, e não conseguia mais respirar com naturalidade. Meus olhos se encheram dágua.
 
Então eu o vi. Caminhou em minha direção, um homem vestido de cinza escuro, e se agachou ao meu lado. Não exibia ferimento algum, nem me lembrava de tê-lo visto antes no ônibus. Achei que vira o acidente e viera ajudar. Ele me olhou fundo nos olhos e toda a dor que eu sentia saiu da minha mente. Ele tinha olhos azuis que pareciam cintilar em tons de violeta, e cabelos loiros densos e cacheados que tocavam seus ombros. Fiquei imaginando se aquele belo anjo viera me buscar.

- De certa forma, sim, vim buscar você. - ele me respondeu, como se lesse claramente meu pensamento - É sua única chance, Márcia. Não há tempo.

- Tempo? O que houve? - indaguei, confusa.

- Você perdeu muito sangue. E não há socorro a não ser a quilômetros daqui. Não há tempo para você.

- Não! - protestei, e me ergui nos cotovelos com minhas últimas forças.

Finalmente percebi a mim mesma. Estava presa nas ferragens do ônibus, com ele tombado de lado na mata, cobrindo metade do meu corpo. A lama na qual eu estava deitada era meu próprio sangue.

- Lhe darei a vida eterna, se você desejar. - ele me disse - Será sempre bela e sedutora como é agora, e me terá para sempre ao seu lado. Apenas peça. Peça para ser como eu.

Desatei a rir. Bela e sedutora, eu? Sim, claro, ainda mais imersa em uma poça de sangue, eu deveria estar um tesão. Eu não conseguia parar de rir, e já começava a me engasgar e cuspir sangue.

- Você quer ser como eu? Me responda agora! - exasperou-se o belo loiro agachado ao meu lado.

- E o que você é? - indaguei, em desafio; coisas impossíveis se passavam na minha mente.

- Você sabe, e sabe quem eu sou. Diga. - ele me observou, severo - Diga!

- Lestat... o vampiro. - respondi, desistido de enfrentá-lo; eu estava a ponto de desfalecer.

- Boa menina. - ele pareceu aliviado - Diga que me quer, como eu a quero. Diga que quer ficar comigo. É a única saída pra você. Diga, agora.

Pensei em meu marido. Pensei em nossa convivência, cheia de harmonia e amor nos últimos tempos. Pensei em nossos planos, na vida boa que teríamos juntos depois que todos os problemas que juntos enfrentávamos fossem resolvidos. Pensei em todas as nossas conversas, todos os sonhos, todas as metas. Tudo o que significávamos um para o outro. Meu companheiro, "eu e ele contra o mundo", ele me disse sempre. Pensei que ficaria com ele para o resto da vida. Mas agora eu estava morrendo.

Pensei na minha irmã, e em todas as vezes que ela disse que me amava, e eu sabia que era verdade. Pensei em mamãe, a mãe do meu marido, que me acolheu no coração como se eu fosse filha dela. Pensei nas minhas amigas de blog, e como elas nunca saberiam que pensei nelas nessa hora, inclusive naquela que não está mais no blog, mas está sempre nos meus pensamentos. Pensei em mais algumas pouquíssimas pessoas que habitam meu coração. Nunca mais as veria. Eu estava morrendo.

- Vai se entregar ao pó, sem lutar? - exasperou-se novamente - Você pode viver! Pode viver por mais tempo e mais intensamente do que viveria em dez vidas mortais! Apenas me diga que quer! Diga, agora!

- Lestat... eu quero. - respondi com dificuldade.

Ele me envolveu em seu abraço, com urgência. Senti a perfuração da garganta, como a espetadela de duas agulhas. Então a paz... um bem estar indescritível se apossou do meu corpo, como um êxtase, como se eu pudesse tocar o paraíso se apenas esticasse os dedos. Agarrado a mim ele sugava o pouco que havia restado do meu sangue, levando-me a fronteira da morte, onde nossos corações rufavam juntos como tambores em meus ouvidos.

Afastou-se de mim bruscamente, como se o fato de se obrigar a me soltar fosse doloroso para ele. Então rasgou a própria garganta com uma unha, e tornou a me abraçar, oferecendo-me o sangue que vertia do corte.

- Beba. - ele ordenou; sua voz era pura sensualidade.

Colei os lábios em seu pescoço, e o suguei como em um beijo selvagem. Sentia o sangue quente e espesso descer-me a garganta, matando a sede que me ressequia. Bebi dele longamente, sentindo a pele lisa do pescoço, os cachos loiros a roçar-me o rosto, o cheiro da sua pele, que me lembrava amêndoas. O sangue doce que me alimentava e preenchia toda a minha existência, dava sentido a tudo, e eu poderia beber dele eternamente. Tudo que eu fui, tudo que senti, tudo o que almejei ia se apagando em mim rapidamente. Se havia Paraíso ou Inferno, o que era ou não pecado, se as Grandes Leis foram realmente ditadas por Deus, nada disso me importava. Não havia mais nada em minha mente que não fosse aquele anjo negro que me oferecera uma nova existência na hora de minha morte. Sentia seus músculos me apertarem contra si, com a paixão dos sobrenaturais, fundido-nos, como se fôssemos um só. Então ele me afastou suavemente.

- Já chega. - ele disse.

Soltei um profundo gemido quando ele se afastou. Olhei as estrelas novamente, quando me prostrei no chão, exausta e saciada. Eram luzes fulgurantes, que pulsavam cada uma a seu ritmo, e eu compreendia que elas compunham uma sinfonia a medida que piscavam entre si. O vento acariciou meu rosto como mãos de fadas, e agitou as folhas nas copas das árvores com uma graça e perfeição que eu jamais vira. As árvores pareciam dançar lentamente, como amantes a meia-luz.

- Oh... então isto é o Dom Negro? - sussurrei - Tudo... é belo... demais...

- Sim, minha criança. É meu presente para você.

- Quero me levantar. - afirmei - Estou presa. Me ajude.

- Mova o ônibus, Márcia. Você tem força para isso.

Lembro-me de ter sorrido. Sim, eu tinha força para isso e muito mais. Ergui a carcaça retorcida do ônibus sobre o meu corpo e o empurrei para o lado. Pus-me de pé.

Olhei para mim mesma, no reflexo de uma das janelas do veículo. Eu havia emagrecido e ostentava um corpo volumoso e torneado, e parecia completamente saudável. Meus cabelos à altura da cintura haviam se cacheado por completo, como sempre foram antes do alisamento. E, sobretudo, o detalhe que mais me seduziu: eu possuía presas. Duas presas agudas e vampirescas assumiram o lugar dos meus caninos mortais. Eu parecia mais selvagem do que nunca.

- Quero caçar com você, Lestat... como li em seu relato, no livro. Aliás, nunca pensei que tudo o que estava escrito fosse verdade, que "O Vampiro Lestat" fosse realmente um livro de memórias. Afinal, então... quem é Anne Rice?

- Minha "ghostwriter". - ele afirmou, com um sorriso travesso.

- Ah, Lestat de Lioncourt... sempre vivendo entre humanos. - brinquei.

- Interagindo entre humanos, sim, minha bela, mas somente isto. Não é possível viver entre eles, ou me apegar tanto a eles quanto eu precisaria. Sou um monstro e, mais cedo ou mais tarde, essa verdade acaba prevalecendo. Preciso de amor de minha própria espécie.

- Ainda não conseguiu isso, não é? - indaguei me aproximando dele, acariciando sua face branca e perfeita como uma escultura de mármore - Magnus, Gabrielle, Armand, Louis... até mesmo Claudia... foram amados por você, mas não conseguiram amar você como precisava.

O anjo loiro baixou a cabeça, pensativo. Ergui seu rosto gentilmente, com ambas as mãos, e beijei os lábios do meu amante eterno.

- Eu o amarei, Lestat. Tenho em mim a mesma ânsia desesperada por amor. Sei exatamente como se sente. Por isso sei que posso amá-lo como você deseja.

Lestat me olhou nos olhos, como se conversasse com a minha alma. Havia amor, gratidão, desejo, cumplicidade e uma promessa eterna naquele olhar azul que iluminava o rosto do meu anjo das trevas. Ele acariciou meu rosto e me disse mentalmente "dois anjos da morte, juntos para sempre".

Então ele me conduziu pela mão, e saltamos para dentro da mata, quase voando. Estávamos indo caçar pela primeira vez juntos. Tomaríamos uma vida juntos, eliminaríamos alguém da face da terra hoje, como faríamos noite após noite para todo o sempre. E eu escolheria minhas vítimas como Lestat sempre o fizera, entre os criminosos, os sem caráter, os malfeitores, os traidores, os desonrados. Sorri de lado, satisfazendo-me antecipadamente com a minha escolha. Eu sabia exatamente quem morreria esta noite.




 


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DESAFIO MUITO DESAFIANTE - by Sammy Freitas

Posted by Unknown on 10 de outubro de 2013 06:00 in , , , ,
Foi-nos proposto um desafio pela nossa querida Paty Deuner conforme você pode conferir aqui.

“Uma viagem inesperada de trabalho foi requisitada, e você só teve tempo de juntar algumas coisas pessoais e seu inseparável livro, que nos últimos dias ocupava não só grande parte do seu tempo quanto também de sua mente. Era uma viagem curta para uma cidade do interior, então você não precisou se preocupar com aparências, e deixou-se relaxar sobre a poltrona reclinável enquanto absorvia com avidez a escrita inteligente e sedutora da autora. Quando se deu conta do tempo, o sol já se recolhia no horizonte traçando linhas alaranjadas sobre o verde da paisagem, e sua mente viajou por aquelas imagens... e de repente tudo ficou escuro. Você só sentiu uma forte fisgada na nuca e o som brusco de uma freada.”



Quando meu chefe me chamou na sala no fim da tarde eu já desconfiava que alguma coisa tinha acontecido. Adorava quando tinha que viajar a trabalho, mas dessa vez eu estava tão cansada, que meu desagrado ficou estampado no meu rosto. Nem mesmo quando me foi prometida uma folga meu rosto se abriu. 

Paciência... desde que eu tinha ganhado o kit babaca júnior composto por celular e laptop da empresa, eu sabia que as chamadas fora de hora e as viagens seriam constantes. 

Olhei para o ônibus desalentada. Quatro horas de viagem apenas para conferir se as gigantescas engrenagens da usina de pelotagem haviam chegado com as medidas conforme nossas especificações. Milhões de dólares investidos, portanto, qualquer erro era fatal.

Acomodei-me na poltrona esticando os pés cansados. Minhas exigências foram claras: Só viajaria de semi-leito e bem confortável... Observei o rapaz na poltrona-leito ao lado da minha e ele parecia uma biblioteca ambulante. À sua volta, uns doze livros e ele parecia em dúvida sobre qual ler primeiro. 

Abri minha mochila sorrindo e peguei o item mais importante. Estava lendo "O livro do amanhã" da Cecelia Ahern. Estava amando a história! Imagina que barato um livro com o poder de te contar o que vai acontecer no dia seguinte! Era o segundo livro que eu desejava este ano. O primeiro era o Death Note. Pois é... eu não era tão boazinha assim... 

As luzes do ônibus piscaram duas vezes e apagaram. Tudo ficou escuro e o motorista deu uma freada e tanto e parou. Abriu a porta da frente no exato momento em que eu lia entretida um trecho do livro: "Oi mãe, sou eu. Saí de casa num ônibus cheio de livros e um rapaz simpático vai me levar até a cidade. Voltarei em algumas horas. No caso de eu não voltar, ele se chama Marcus Sandhurst, tem um metro e oitenta de altura, cabelos pretos, olhos azuis..."¹

Sorri diante da leitura da cena quando observei um casal subindo no ônibus. A menina falava ao celular e olhava o rapaz e suas palavras, faziam coro com o livro: "tem um metro e oitenta de altura, cabelos pretos, olhos azuis... Tatuagens?"

O rapaz levantou a camisa e ela continuou falando...

Abri e fechei a boca três vezes... comparei o que estava escrito no livro com o que acontecia na minha frente. Olhei para o rapaz que lia Stonehenge à minha direita e ao senhor que roncava ruidosamente à minha esquerda. Ninguém parecia perceber que o que estava acontecendo já estava escrito.

Fiquei em dúvida se "assistia" a cena que acontecia na minha frente ou se prosseguia a leitura. Optei por permitir que o livro se transformasse num filme na minha frente e sorri com Tamara e Marcus "viajando" para o México através da leitura dos livros cujas lombadas começara a sobressair no bagageiro. Quase levantei para "participar" da história, mas me mantive como mera expectadora. Estava achando o máximo a encenação! Fiquei me perguntando se não seria uma brincadeira do meu namorado ator, que não só sabia de minha paixão por livros como brincou com o título do meu livro... Recordei das palavras dele pela manhã...

- "O livro do amanhã"? Ruivinha, você estava lendo ontem, logo, esse livro é "O livro de Hoje"! e Amanhã, ele deverá se chamar: "O livro do Ontem"!

Lembrava perfeitamente da hora que joguei uma almofada nele e nos beijamos. Livros são maravilhosos, mas a vida real é ainda melhor. Por isso eu tinha optado por largar temporariamente o livro e assistir ao casal na minha frente... 

Depois de quase uma hora, as luzes piscaram novamente e o ônibus parou. Tamara segurava um livro grosso, com capa de couro e uma pequena fechadura quando ouvimos um grito:

- Tamara! Volte para nós, criança!²

A jovem gritou:

- Eu vou voltar. Só saí há uma hora!

Foi então que o momento mágico aconteceu. Aquele momento em que a ficção toca levemente a realidade. Tamara olhou nos meus olhos como se soubesse que eu realmente estivesse ali. Ela estendeu o livro e sussurrou:

- Guarde-o para mim... Minha tia não pode vê-lo... - ela aproximou-se e empurrou o livro para dentro da minha manta. 

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, ela correu e desceu do ônibus. Sumiu com a mesma velocidade que surgiu. O ônibus iniciou novamente sua marcha e eu levantei a manta devagar, temendo que tudo tivesse sido fruto de minha imaginação.

Não tinha nenhum livro dentro da manta. Até levantei, olhei em volta, procurei no vão das poltronas, pelo chão... Mas realmente não o achei. Suspirei novamente. Delírios de uma apaixonada por livros, só podia ter sido isso...

Desci em Itabira e peguei minha mochila ultra pesada. Um carro me aguardava para me levar ao hotel. Conversei com o motorista, mas sem tirar Tamara da cabeça. Teria sido um sonho??

Registrei-me e subi para tomar um banho. Quando abri minha mochila... uma surpresa...

Um livro de capa grossa de couro. Sentei atordoada na cama quando vi a pequena fechadura. 

Estava curiosa, mas ao mesmo tempo, eu tinha medo de abrir o livro. A curiosidade venceu... Peguei o chaveiro e fui testante se alguma de minhas chaves ajudaria a abrir. A menorzinha encaixou no fecho. Olhei assustada. Não lembrava desta chave no chaveiro...

Abri o livro e sorri encantada. Desta vez, Theo, meu namorado realmente tinha caprichado na surpresa. Tamara tinha sido mesmo apenas fruto do meu sonho e imaginação delirante, porque dentro do livro, havia algo que eu jamais ia imaginar...




Um anel e um bilhete: "Casa comigo?"






¹ Pág. 78 - O livro do amanhã
² Pág. 86 - O livro do amanhã








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Desafio da Paty - By Nanda Cris

Posted by Nanda Cris on 9 de outubro de 2013 06:00 in ,
Oi gente!

Nos foi dado um início de texto e a tínhamos que continuar daí, embasando a história no que foi apresentado... O texto é este aqui:

“Uma viagem inesperada de trabalho foi requisitada, e você só teve tempo de juntar algumas coisas pessoais e seu inseparável livro, que nos últimos dias ocupava não só grande parte do seu tempo quanto também de sua mente. Era uma viagem curta para uma cidade do interior, então você não precisou se preocupar com aparências, e deixou-se relaxar sobre a poltrona reclinável enquanto absorvia com avidez a escrita inteligente e sedutora da autora. Quando se deu conta do tempo, o sol já se recolhia no horizonte traçando linhas alaranjadas sobre o verde da paisagem, e sua mente viajou por aquelas imagens... e de repente tudo ficou escuro. Você só sentiu uma forte fisgada na nuca e o som brusco de uma freada.”

Vamos ver o que minha mente produziu?



Eu me ajeito na poltrona reclinável do ônibus da melhor forma possível e olho a paisagem correndo pela janela. Suspiro, enquanto penso:

- Meu chefe sempre arruma essas viagens inesperadas que acabavam caindo em mim. Só porque não tenho filhos. Mas sou casada, ora bolas! Meu marido já esta farto dessas viagens, essa é a verdade. Isso pode ser enquadrado como uma espécie de preconceito do meu chefe, não?! Será que posso processá-lo? Afinal, eu tenho direito a chegar em casa cedo, tenho direito a ter um fim de semana inteiro sem reuniões ou jantares ou seja lá o que for. Oras!

Prendi o cabelo em um coque frouxo, coisa que sempre faço quando estou sem saber como agir. Minhas mãos abrem a bolsa, sem eu nem notar o que estão fazendo. Vejo o laptop mas me recuso a trabalhar durante a viagem de uma hora.

- Eu vou relaxar, isso sim. - pensei com convicção.

Peguei o meu exemplar de Cidade das Almas Perdidas e abri onde o marcador estava. Em alguns instantes eu já estava mergulhada no universo de Nephilins, Vampiros, Lobisomens, Fadas e um amor tão forte que eu nunca julguei ser possível existir. Me perdi naquele mundo e só saí dele quando percebi que estava difícil de enxergar as páginas. O sol já estava se pondo, então a luminosidade estava escassa. Fechei o livro e o abracei, como se o estivesse acalentando. Passei a mão pela capa enquanto deixava os olhos vagarem para o exterior do ônibus. Lá fora tudo era rural, verde e gado. Fiquei imersa em pensamentos sobre a paisagem e logo vaguei para o universo do livro, tentando achar uma forma de salvar Jace do controle de Sebastian. Estava completamente focada na resolução deste problema quando senti uma súbita freada e uma fisgada na nuca. Não houve tempo para nenhuma reação, simplesmente desmaiei.

Acordei desorientada e sem saber onde estava. Olhei em volta, um lindo quarto de menina, todo rosa e babados. Sentei-me na cama e senti uma forte dor de cabeça. O que estaria acontecendo? Sentia a boca seca. Olhei em volta e notei uma jarra com água em cima de uma penteadeira no canto direito. Encaminhei-me para lá e olhei distraidamente meu reflexo no espelho. Fiquei chocada com o que vi. Ainda era a mesma Fernanda, mas uma Fernanda bem mais nova, de uns 12 anos talvez. Levei a mão a boca e o reflexo fez o mesmo.

- Não, isso é impossível - pensei enquanto recuava e o reflexo repetia a minha retirada. Olhei para baixo. Pés pequenos, pernas gorduchas. Olhei para minhas mãos. Unhas ruídas, de criança. Sem esmalte! Jesus, que maldição era aquela?

Me encaminhei para a porta do quarto e girei a maçaneta. Ela rodou, mas a porta não abriu. Trancada. Corri para a janela, mas ela tinha grades. Eu podia ver apenas que estava no terceiro andar, que a propriedade era imensa e que não tinha ninguém a vista, apenas 2 dobermans enormes com cara de poucos amigos. Fui pisando duro até a porta, resoluta. Comecei a esmurrar, meus pequenos braços fazendo bastante força para alcançar a maior quantidade de barulho possível. Não sei quanto tempo se passou, horas, minutos, segundos... era difícil precisar. Ninguém apareceu. Encostei a testa na porta e comecei a xingar todos os nomes que eu conhecia e outros que eu inventei. Gritei e excomunguei até cansar. Então sentei, abracei as pernas com os braços e chorei como não chorava há muito tempo. Após um tempo, cansada e desesperada dormi. E sonhei.

Eu não podia acreditar. estava de volta ao ônibus, pessoas me perguntando se eu estava bem, parecia que eu tinha desmaiado após a freada brusca que o ônibus deu porque um filhote de tamanduá tinha cruzado a estrada. Olhei meu livro no chão, a capa amassada, e o recolhi rapidamente antes que fosse pisoteado pelas pessoas que estavam querendo me ajudar. Elas não entendiam que dançar sapateado em cima da capa mais linda do universo não ia me ajudar em nada, mas achei melhor não falar isso, eu poderia acabar sendo taxada de louca, não é? Ao me abaixar, senti uma pressão na nuca e passei a mão para verificar os estragos sofridos. Senti um leve desconforto, mas de resto, estava tudo bem. Não havia sangue, calombo, nada. Estranho. Após afirmar mil vezes que estava bem, ser atendida por um médico que viajava no mesmo ônibus e já estar com o início de uma enxaqueca, todos me deixaram em paz e o ônibus prosseguiu viagem. Ainda íamos ter uns 20 minutos de viagem. Achei que uma soneca não iria cair mal e talvez até passasse minha dor de cabeça. Reclinei ainda mais a poltrona, fechei os olhos e resvalei para o mundo dos sonhos.

Acordei e senti que estava abraçando minhas pernas. Olhei em volta, o mesmo quarto de menina. Eu voltei a ter 12 anos. Ok, isso estava realmente ficando cansativo. Que diabos era aquilo?! Levantei-me a fim de explorar o quarto mas ele estava todo vazio. As gavetas da penteadeira, a cômoda, o armário. Tudo sem nada. A frustração estava me sufocando, eu parecia que ia explodir. Sentei na cama e olhei fixamente para a jarra de água. Não sei bem como fiz, mas a água começou a flutuar, acima da jarra, e eu fiquei olhando impressionada para aquilo. A porta se escancarou neste momento e eu me desconcentrei, fazendo a água ensopar todo o carpete do quarto perto da penteadeira. Um velho bem enrugado estava me olhando fixamente.

- Quem é você? - perguntei tentando fingir bravura.
- Sou seu futuro mestre. O último dobrador de água existente.
- Dobrador?
- Sim, eu sei manipular a água e vou te ensinar a fazer como eu.
- E porque eu iria querer aprender isso? Porque tenho 12 anos novamente? Que lugar é esse?
- Você tem muitas perguntas, é melhor eu me sentar. - O velho aproximou-se da cama e sentou-se com um solavanco de colchão. - Quando você fez 10 anos, seu poder aflorou. Sua mãe tentou te ensinar, mas ela era uma dobradora de ar, não sabia muito sobre dobrar água. Seu poder saiu de controle e ela procurou os Xintas, assim como fez com a sua irmã quando ela era mais nova.
- Minha irmã?
- Sim, ela é uma dobradora de fogo e sua mãe também não conseguiu controlá-la por muito tempo.
- Mas nunca vi minha irmã fazer nada de anormal... 
- Não porque você era muito pequena para se lembrar. E ela perdeu as lembranças desse dom, assim como você também.
- Quem são os Xintas?
- É uma organização ilegal que tem como finalidade transferir o dom, de alguém que não o queira para alguém que queira.
- Mas eu quero o meu dom!
- Sim, mas quem escolheu por você na época foi a sua mãe. Ficamos sabendo ha pouco tempo que não foi você quem escolheu abrir mão. E isso é algo inadmissível para nós nós da Protector. Por isso estamos aqui para te oferecer o dom de volta, pois achamos que você já é senhora de si o suficiente para decidir.

Eu só o encarei, tentando assimilar os fatos. Ele prosseguiu:

- Você está na sede da Protector e está com 12 anos porque é o único modo que temos de reverter o que os Xintas fizeram ilegalmente. Retornamos você no tempo para antes do roubo do poder. Se você quiser ser treinada, ficará conosco e sua vida seguirá daqui, dos 12 anos em diante.
- Mas e o Kbeça? Eu tenho 12 e ele tem 13 agora, nós nunca vamos nos conhecer? Casar? Ter o Snoopy e a Ciça?
- Quem pode prever o futuro, Fernanda? Você pode ficar com o certo, com sua vidinha, ou pode se tornar uma dobradora de água e ajudar a manter este mundo pacífico. Em 2015 eclodirá uma guerra, estamos trazendo todos que podemos para o nosso lado, a fim de vencermos. Se perdermos, os humanos perecerão.
- Mas porque eu sou tão importante assim? Minha irmã, dobradora de fogo, não seria mais útil?
- Primeiro que ela não aceitou se juntar à nós e não quis nos dizer o porquê. Segundo que você esquece de uma questão básica biológica, o sangue é líquido. Você pode dobrar o sangue... e explodir inimigos num piscar de olhos.

Olhei para ele, atônita. Eu poderia ser treinada por 20 anos e salvar o mundo ou poderia voltar para meu marido, cachorros, mãe e sogra e esperar os acontecimentos. Talvez essa guerra nem acontecesse. Como ele mesmo havia dito, "quem pode prever o futuro?"

Levantei os ombros, ajeitei a coluna, me aprumando. Lembrei do sorriso do Kbeça, do modo como a gente se completa e como não posso imaginar minha vida sem ele. Encarei o velho e afirmei:

- Sua oferta é tentadora, mas não poderei aceitar. Sou egoísta. De que me adianta salvar o mundo se será um lugar em que corro o risco de nunca encontrar o amor da minha vida? Até porque ele ama uma programadora de sistemas apaixonada por esmaltes e livros. Talvez não vá gostar de uma dobradora de água mega-poderosa.

O velho me encarou chocado.

- Como você pode desperdiçar seu talento, deixar todo o nosso planeta em perigo por causa do Anderson?
- Não é pelo Anderson, é por mim. E pelo amor que eu sinto por ele. Não quero abrir mão disso e não vou. Me devolva a minha vida.

Comecei a escutar uma música bem baixinho e foi aumentando aos poucos. O quarto e o velho começaram a se dissipar a minha volta e foi ficando tudo escuro. Senti um leve vibrar no meu bolso. Estiquei a mão e senti que era o meu celular. Levei-o ao ouvido, meio sonolenta ainda.

- Alô?
- Nanda, você está aonde? Ainda não chegou na cidadezinha?
- Oi Kbeça... Kbeça! - acordei de súbito, me aprumando na cadeira e abrindo um sorriso imenso. Estava de volta ao ônibus. - Que bom estar falando com você, mô! Que saudades!
- Nanda, eu te levei na rodoviária há 50 minutos, já está com saudades?
- Mor, te amo, estou sempre com saudades de você!
- Nanda, você está bem? O que te deu para estar tão romântica assim?
- Não é nada mor, eu só descobri que o amor que sinto por você é muito maior do que qualquer amor de ficção, não consigo imaginar viver sem você.
- Nhá, também te amo. Termina logo essa reunião boba e vem pra casa, vou te esperar pra jantar.
- Está bem mor, mas sem pisar na jaca, hem? Vamos comer algo light.
- Ok, beijo.
- Beijo, mor.

Desliguei o telefone e olhei para a plataforma. Havíamos chegado. Não sei se foi sonho ou se realmente aconteceu tudo o que eu vi. Em 2015 vou descobrir, mas espero que de mãos dadas com o meu amor.






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DESAFIO MUITO DESAFIANTE - PatyDeuner

Posted by Unknown on 8 de outubro de 2013 10:21 in , , , ,
Essa é a minha reposta ao desafio que foi proposto para todas as meninas Retalhenses.
DESAFIO MUITO DESAFIANTE.

                         
Não foi nenhuma surpresa quando meu chefe ligou no final da tarde de quinta-feira desfiando um novelo inteiro de ordens e explicações desmedidas sobre a minha suposta capacidade de resolver os problemas do nosso cliente da cidade de Rio Acima. Sempre era a única que se submetia a ser escravizada naquela agência de publicidade. Mas eu realmente não me importava. Gosto de viajar, conhecer novos lugares, interagir com pessoas singulares. A vida pode ser muito mais emocionante quando realmente saímos da nossa zona de conforto.
Uma sacudida violenta do ônibus me tirou do estupor e a imagem de inúmeros picos de montanhas voltou ao foco da minha visão. A estrada já contornava o morro mais alto do relevo encantador das terras de Rio Acima, uma cidade histórica de Minas Gerais cujos rios e cachoeiras deslumbravam qualquer visitante. Mas a estrada de terra batida cheia de buracos e cascalhos soltos não ajudava muito na investida de se conhecer o lugar. No fundo do vale, a maria-fumaça, também chamada de “Trem das Cachoeiras” atravessava sobre uma pequena queda d’água. Eu fiquei maravilhada, fazendo uma anotação mental de voltar a Rio Acima e fazer aquele passeio turístico pelas cataratas da região.
O sol já se recolhia no horizonte traçando linhas alaranjadas sobre os morros, e resolvi voltar à leitura do meu precioso livro, antes que a escuridão chegasse. Mal abri o livro quando uma brusca freada me fez bater a cabeça na janela e minha visão ficou turva. Senti uma forte fisgada na nuca que me fez agarrar o livro junto ao peito. E não vi mais nada.
...
Acordei me sentindo tão leve que pensei que fosse um sonho. O som de água correndo por entre pedras era a única coisa que conseguia ouvir, e a primeira coisa que vi foi meu livro aberto bem ao lado do meu rosto. Levantei devagar em busca de uma referência. Não lembrava te ter ido nem chegado a lugar algum, mas algumas lembranças foram tomando forma. Foi um acidente. Levei as mãos à cabeça e senti o pano úmido que a rodeava. Mas eu não sentia dor, nem cansaço. Retirei o pano ainda sujo de sangue e passei as mãos por toda a cabeça. Não havia nenhum ferimento, e eu não sentia absolutamente nada. Fisicamente eu quero dizer, porque a sensação de leveza foi substituída por puro pânico. Onde eu estava? Como tinha parado ali? A brisa soprou mais forte e uma página do livro virou, revelando uma mancha de sangue sobre a folha amarelada do pó calcário da estrada. Peguei o livro e li a frase que jazia sob o líquido vermelho: “Você foi escolhida”. Meu coração se acelerou ainda mais, e não contive a reação de sair correndo dali. Mas antes que pudesse tomar qualquer direção, percebi que estava em um vale profundo, e a minha volta, pedras altíssimas barravam qualquer intenção de fuga. O lugar era maravilhoso. As pedras irradiavam um brilho sobrenatural e a água refletia tons de prata. A brisa suave chacoalhava copas perfeitas de árvores que sobressaíam entre as pedras. Respirei fundo e comecei a escalada que prometia ser dolorosa. Aos poucos fui pegando o ritmo e quando cheguei ao que parecia ser o topo da parede rochosa, um barulho de grossos troncos sendo quebrados assumiu a posição do meu mais novo pânico. Fiquei escondida atrás de uma fenda procurando a melhor maneira de espreitar a origem do som sem ser vista. A pouco mais de dois metros dali, já numa planície arbórea sem muitas pedras, um homem com traços visivelmente mestiços, rachava uma tora de madeira com investidas incessantes do seu machado. Fiquei petrificada, evitando até mesmo respirar para que ele não notasse minha presença. Seu cabelo preto desgrenhado batia na altura dos ombros nus, que pareciam tão fortes e maciços quanto à madeira que ele descerrava. Subitamente ele se virou na minha direção, e seus olhos negros mergulharam nos meus. Um sorriso leve e gracioso surgiu em seus lábios quando ele disse:
- Você acordou.
Eu não sabia o que fazer. Muito menos o que dizer.
- Venha conhecer seu novo lar Samantha. Você tem muito o que aprender por aqui.
Continuei muda, mas aceitei a oferta dele sem pensar duas vezes. Ele era tão lindo que parecia um sonho realizado. E o mais incrível é que de repente eu não sentia mais medo. Tanto aquele homem quanto aquele lugar pareciam o certo pra mim. Tudo ali parecia certo.
Depois de alguns minutos de caminhada silenciosa ao lado dele, cheguei às margens de um grande rio, cujas águas límpidas deixavam transparecer o fundo verde e rochoso. Então, antes que eu pudesse começar a fazer as perguntas que assolavam a minha mente, ele começou a falar, com uma voz macia e calma.
- Esse é um lugar muito especial Samantha. Poucas pessoas têm a graça de chegar até aqui. Você foi uma pessoa boa e viveu sua vida com retidão e sabedoria. Teve tantos pecados quanto qualquer ser humano, mas soube reconhecer seus erros. Ajudou a todos que passaram por seu caminho e foi humilde o bastante para viver sem ostentação. Por isso você foi escolhida.
A última frase me deixou perplexa. Era a mesma frase do meu livro, manchado de sangue. Minha cabeça começou a girar enquanto tentava assimilar tudo aquilo. Só podia ser um sonho mesmo, e a qualquer momento acordaria dentro do ônibus na cidade de Rio Acima. Finalmente tomei coragem e pronunciei minhas primeiras palavras.
- Quem é você? Que lugar é esse?
- Sou seu companheiro em sua nova vida, e esse lugar é sua morada para a vida eterna.
Ele pegou minha mão e me conduziu alguns passos para dentro da água fria, que chegou até meus joelhos. Com um movimento circular de sua mão esquerda, o espelho d’água começou a girar formando um redemoinho prateado. Aos poucos a água se estabilizou e formas humanas se formaram na superfície. Fiquei surpresa ao ver minha vida se desenrolar em flashes dos momentos mais emocionantes e surpreendentes, desde a minha infância. Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto quando percebi o que realmente estava acontecendo. O ônibus tomou forma nas imagens e meu rosto apareceu calmo e tranqüilo apreciando as montanhas. Então o momento ficou tenso. O ônibus nitidamente se descontrolou ao bater a roda dianteira em uma enorme pedra e despencou pelo desfiladeiro. Um nó se formou na minha garganta, quando mais uma vez a imagem se dissolveu e apenas meu corpo imóvel apareceu na cena, enrolado no meio de folhas úmidas e galhos retorcidos. Uma luz prateada surgiu me rodeando e aos poucos se transformou em uma forma humana. Ele me olhou com carinho me carregando no colo. Era o mesmo homem que estava ali ao meu lado.
- Você é um anjo.
Eu disse já soluçando tentando conter a emoção.
- E eu morri. Já não existo no mundo. É isso não é?
Ele afagou as costas da minha mão com o polegar e me puxou em um abraço.
- E mais do que isso Samantha. Você começou a existir agora. A vida humana é só uma passagem, tão rápida quanto uma brisa de verão. Nela o homem é provado e aprender a sabedoria da vida. São muito poucos que conquistam a dádiva da vida eterna. De todas as pessoas naquele ônibus, você foi a única escolhida. E eu sou um anjo sim. O seu anjo.
Depois de todas as emoções frustradas que me absorveram anteriormente, fui acometida de uma profunda paz. Ali, nos braços do meu anjo, pude sentir que tudo o que eu vivera até aquele momento não tinha a menor importância. Agora estava finalmente em casa para toda a eternidade.



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DICAS: Sine qua non, você sabe o que é?

Posted by Nanda Cris on 7 de outubro de 2013 06:00 in , , ,


Minha mãe é formada em Direito, então sempre solta um termo em latim aqui e ali. Achei curioso trazer algumas expressões que ela usa para vocês, um pouquinho de cultura geral.



  • Mutatis mutandis - mudando o que tem de ser mudado;
  • Dura Lex, Sed Lex - a lei é dura mas é a lei;
  • A priori - De antemão;
  • Alea jacta est - A sorte está lançada;
  • De cujus - Refere-se à pessoa falecida;
  • Probastis probandi - Mostrando todas as provas, provando o que tem que ser provado;
  • Sine die - sem data marcada, sem prazo.

Entre outras! Mas o termo que eu mais gosto é quando ela fala "Sine qua non". Você sabe o que quer dizer?

Sine qua non ou conditio sine qua non é uma expressão que originou-se do termo legal em latim que pode ser traduzido como “sem a/o qual não pode deixar de ser”.

Ou seja, a priori te digo que é sine qua non que você comente este post, mesmo que seja sine die! ;-)



Fonte: Wikipédia
          Acadêmico de Direito


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