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A fêmea e a arte de pedir gostoso

Posted by PatyDeuner on 17 de agosto de 2012 15:35 in , , ,


Atendendo a um pedido especial de uma musa do bairro, resgato uma crônica sobre um dos atos mais bonitos de uma mulher:

Uma das maiores virtudes de uma fêmea é arte de pedir.

Como elas pedem gostoso.

Como elas são boas nisso.

Resistir, quem há de?

Um simples “posso pegar essa cadeira, moço?” vira um épico, como a cena que serviu de espoleta para esta crônica.

É o jeito de pedir, o ritmo safado da interrogação, a certeza de um “sim” estampado na covinha do sorriso.

Quantos segredos se escondem na covinha de uma mulher.

Pede que eu dou.

Pede todas as jóias da Tiffany´s, minha bonequinha de luxo!

Estou pedindo: pede!

Eu imploro, eu lhe peço todos os seus pedidos mais difíceis.

Não me pede nada simples, faz favor.

Já que vai pedir, que peça alto. Você merece.

Como é lindo uma mulher pedindo o impossível, o que não está ao alcance, o que não está dentro das nossas posses.

Podemos não ter onde cair morto, mas damos um jeito, um truque, um cheque sem fundos.

Até aqueles pedidos silenciosos, quando amarra a fitinha do Senhor do Bonfim ou de Nossa Senhora do Carmo no braço, são lindamente barulhentos.

Homem que é homem vira o gênio da lâmpada diante de uma mulher que pede o impossível.
Ah, quero o batom vermelho dos teus pedidos mais obscenos.

Quero o gloss renovado de todas as vezes que me pede para fazer um pedido, assim, quase sussurrando no ouvido: “Amor, posso te pedir uma coisa? Posso mesmo?”

Um castelo na Inglaterra?

Sim, eu dou na hora.

Que o Íbis seja campeão este ano?

Sim, eu opero o milagre.

Como no pára-choque, o que você pede chorando que não faço sorrindo?!

Pede, benzinho, pede tudo.

Que eu largue a orgia, pare de beber e me regenere???

Pede, minha nega, que o amor tudo pode, por ti cumpro as promessas de todos sambas de regeneração.

Que eu suba na pedreira Paulo Leminski e declame os mais lindos poemas de amor verdadeiro?
Só se for agora, estou indo.

Os melhores cremes da Lancôme? Vou a Paris agora, nem que seja a nado.
Eu lhe peço, me pede.

Não pede mimos baratos…

Pede ATENÇÃO!!!, essa mercadoria tão cara nos dias que correm.


Xico Sá

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Porque AMOR não tem idioma!

Posted by PatyDeuner on 15:28 in , , ,

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Batata Quente (2) - Parte 7

Posted by Olhos Celestes on 16 de agosto de 2012 11:48 in , ,

Suzane chorava sem saber o que estaria por vir, imaginava se Cristopher estaria vivo quando escurecesse novamente. E os vampiros? O que aconteceria com ela se eles a encontrassem? Passara o dia escondida na catedral, queria sair para comer alguma coisa, queria dormir um pouco, mas não podia. Seu ferimento do braço também doía, não pôde cuidar dele. Estava morrendo de medo de sair dali, do solo sagrado, e ao mesmo tempo tinha medo de ficar ali, aquele vampiro conseguira entrar em solo sagrado, e se outros viessem a conseguir também? Cristopher dissera algo sobre o seu sangue, mas Suzane não sabia se havia entendido direito.
O sol já estava baixo, se escondia por trás dos edifícios, Suzane sabia que faltava muito pouco para escurecer e tremeu com o pensamento.

Quando o ultimo raio de sol deixou de tocar o solo, Cristopher sentiu o formigamento da transformação, sua consciência voltava e quando a transformação acabou ele percebeu que o vampiro não estava mais ali.
- Mas... Como...?!
Olhou enraivecido para todos os lados, aquilo não era nada bom. Será que o sangue de Suzane era tão forte assim que o fez se levantar e fugir? Ou talvez os vampiros tivessem algum tipo de acordo com criaturas do sobrenatural que pudessem andar durante o dia?
“Não, talvez Suzane seja ainda mais importante do que eu pensava, talvez eu estivesse subestimando o poder do sangue dela.” Ele pensou enquanto corria pelo subterrâneo, temendo não encontrar Suzane na catedral.
Guiou-se pelo cheiro dela e felizmente a encontrou sentada num canto, encolhida e meio adormecida.
- Suzane... – sussurrou.
- Ow, Cristopher! – Ela ficou muito aliviada ao vê-lo e jogou-se aos seus braços, mesmo ele estando na forma horrenda e gelada de gárgula.
Cristopher sentiu o calor do corpo dela junto ao seu e tremeu com um calafrio gostoso. Devia dizer algo a ela, devia se preparar para lutar, devia pensar num lugar realmente seguro para levá-la, mas sua cabeça esvaziou-se por completo, tudo que queria era estar ali, com ela em seus braços dando-lhe aquele carinho gratuito.
Quando Suzane percebeu que o abraçava e que ele retribuía sentiu-se um pouco constrangida e se afastou, dando as costas a ele para que não visse seu rubor.
- Então... – ela disse. – Conseguiu destruir aquele vampiro que nos seguia?
- Não... – Cristopher não podia mentir, e ainda estava um pouco zonzo com o efeito daquele abraço, falava devagar. – Ele... sumiu. Não sei como.
Suzane virou-se e o olhou com terror.
- Isso quer dizer que ele pode aparecer aqui mesmo e nos pegar? E a qualquer hora?!
- Tenha calma mon amour... não deixarei que nada lhe aconteça.
Ele se transformou em humano e pousou a mão sobre o ombro de Suzane, para dar-lhe segurança. Os dois se olharam.
- Temos que cuidar desse ferimento. – Ele disse por fim, olhando para o braço de Suzane. O corte parecia estar infeccionando.
- Não é seguro sair daqui.
- De fato, mas se não cuidarmos disso pode piorar muito. Você vai ficar bem escondida aqui enquanto eu saio e consigo algo para fazer um curativo e alguma comida para você aimé.
- Não, você está louco? Eles vão te pegar, vão te matar se você for lá fora! Pelo que sabemos um deles pode ser invencível agora...
- Eu vou, não importa o que você diga. Eu preciso cuidar de você...
- Então... – Suzane suspirou. – Beba meu sangue antes de ir.
- O que? – Cristopher a olhou como se estivesse ficando louca.
Suzane pegou em sua mão e o olhou com súplica.
- Eu... Eu... Amo você... – Ela gaguejou. – Não quero que corra nenhum risco... então, se meu sangue fez aquele vampiro ficar tão forte, pode fazer você ficar ainda mais forte e invencível que ele, por favor...
Cristopher sentiu seu corpo todo tremer. Então, ela o amava também?! Milhões de coisas passaram por sua mente em um instante, até que percebeu que ela esperava ansiosa por uma resposta, com a expressão cansada, mas com um brilho mágico no olhar.

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Batata Quente (1) - Parte 4

Posted by Olhos Celestes on 15 de agosto de 2012 13:18 in , ,

— Rita, quem era? – Perguntou a mãe se aproximando da porta, e percebeu que a filha estava paralisada fitando um envelope em suas mãos. Chegando mais perto pôde ler seu nome nele e viu também a bolsa de Joana no chão, pegou, todos os pertences da filha estavam lá, intactos.
— Filha, que brincadeira é essa?
— Eu... eu não sei mãe. – Rita, trêmula, lhe entregou o envelope e as duas entraram. Marta abriu o envelope, temendo o que pudesse haver nele, e pra seu desespero ele só continha uma folha amassada com um recado e um endereço:
“Marta querida, se você deseja ver sua filhinha novamente venha agora mesmo a este endereço: Rua dos Salgueiros, 530. É indispensável que você venha sozinha, ou a Joana vai sofrer as consequências, e não comente sobre isso com NINGUÉM.”
Marta olhou para Rita com os olhos cheios de lágrimas, agora tremia muito mais.
— O que estava escrito mãe? O que aconteceu com Joana?! – Rita sentiu que ia perder o equilíbrio.
Mas Marta não respondeu, apenas pegou a bolsa de Joana e também a sua e sai em disparada para a rua.
— Não me siga! – Gritou para a filha que vinha logo atrás.

O taxi a deixou na frente de um barracão abandonado, Marta checou o endereço, era ali mesmo. Tremeu de frio, a noite já ia alta e o vento era gelado. Depois de observar todo o lugar notou uma porta entreaberta. Quando abriu-a e entrou sentiu um cheiro de bolor que a enjoou, mas a sensação durou só alguns instantes, pois foi substituída pelo pavor quando sentiu uma mão gelada a segurar pelo braço.
— Thomas... – Ela deixou escapar como um suspiro quando viu quem a estava segurando.

— Vamos lá queridinha irmã... – Thomas abriu a porta e Joana protegeu os olhos com a mão contra a luz que vinha dela, já não sabia a quanto tempo estava ali naquele quarto mofado e escuro.
— Eu não vou te dizer nada. – Disse entre dentes. – Não vou te ajudar, seu monstro! Deve estar blefando. – Riu, sentia a fome e o cansaço já prejudicando seu estado mental.
— Vejamos se não...
Thomas pegou-a pelo cabelo e a ergueu, arrastando-a para fora do quarto, em direção a luz, que ela agora via que vinha de janelas no alto de um enorme barracão sujo, onde estavam. Mas algo a fez paralisar e nem Thomas puxando pelo seu cabelo a fez ter alguma reação.
— Mãe...? – Ela sufocou.
Marta a olhou com suplica e ao mesmo tempo alivio por ver sua filha tão querida viva. Estava amarrada em um pé direito de ferro que sustentava o barracão, aparentemente exausta, com um olho roxo e vários arranhões pelo rosto e braços.
— Então irmãzinha... – Thomas segurou-a pelo braço e a apertou, machucando-a. Joana gemeu, com os olhos já cheios de lágrimas. – Comece a dizer tudo que sabe se não quiser assistir de camarote a sua mãezinha apanhando.

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Muito mais que uma Princesa – Laura Lee Guhrke

Posted by Unknown on 13 de agosto de 2012 06:00 in , , ,

Estou rendida.

Digo isso porque dificilmente romances me encantam. Meu gênero favorito é o suspense e terror, porém, meu tipo de livro favorito é o BEM ESCRITO.
Os romances me cansam pela mesmice, pela água com açúcar enjoativa e agora, estou absolutamente apaixonada por este romance.

Rendida!

Laura Lee Guhrke escreve MUITO bem. Sabe ambientar, sem exageros, sabe descrever cenas, roupas, pensamentos de maneira tão inteligente que o enfado passa completamente longe de todas as linhas escritas nesse livro.

De um romance proibido entre um príncipe e uma cortesã, nasce uma criança. Dessa mistura nada convencional surge Lucia, uma Italiana de temperamento muito parecido com o de nós, brasileiras: passional.

Depois de dar muito trabalho e gerado escândalos na corte, o Príncipe dá uma missão a um famoso diplomata Inglês, Ian Moore, um homem acostumado a não demonstrar sentimentos e a não se meter em confusão, a de casar sua filha com algum Lorde rico.

Água e óleo é uma boa definição para esse casal e se, num primeiro momento a estória lhe parecer clichê, como pareceu pra mim, na sinopse, leia-o quando quiser uma leitura “light” e despretensiosa. Você, como eu, vai surpreender-se.

Os diálogos são ágeis, muito inteligentes e a estória é muito bem construída.
Fiquei fã da autora e quero ler todos os outros livros possíveis que tenham sua marca.

Uma delícia de romance! Hot e sensível ao mesmo tempo.

Recomendadíssimo!



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Batata Quente 2 (Parte 6)

Posted by Baltazar Escritor on 12 de agosto de 2012 01:15 in , , ,
A casa na Rue de Bièvre com a Quai de La Tournelle, antes de ela acabar na Quai de Montebello, começou a gemer com o barulho de garras arranhando a madeira das taubilhas do telhado. Pela janela Suzane pode ver, horrorizada, uma criatura de asas membranadas e corpo que parecia misto de humano com morcego, a criatura devia ter a altura de un enfant, não mais que um metro e meio. Parecia sedenta e possessa, Cristopher assumiu a forma de gárgula enquanto o vampiro quebrava o vidro da janela e se precipitava para o interior da casa.
Ele se interpôs no caminho do vampiro e com um golpe rápido de sua asa decapitou-o, fazendo com que o corpo sem cabeça tombasse inofensivo no chão e começasse a metamorfose da regressão, que é quando um ser transformado que morreu volta à forma humana. Suzane abafou um grito, mas não teve tempo para outros acessos emocionais. Cristopher a abraçou e pulou de costas na janela por onde o vampiro entrara. Ela achou que cairiam com tudo no jardim, mas ele mal tocou o chão, subiu reto como um foguete, depois planou em direção à Pont de I'Archevêché.
Suzane pôde ouvir o bater de várias asas os seguindo, mas nem o medo e nem o ângulo em que estava a deixaram olhar pra trás. Ela também ouvia a respiração pesada ressoando no corpo forte de Cristopher, não parecia ser de pedra, mas ela podia sentir a frieza que brotava dali. Algo definitivamente aterrador. Ele dava voltas no ar para despistar o inimigo e ela perdeu a conta de quantas vezes cruzaram o Sena. Cristopher queria voar novamente para a proteção de Notre Dame, mas os vampiros cortavam a sua fuga.
— Estão tentando me afastar do solo sagrado — sua voz parecia metálica e oca — tem alguma idéia de onde podemos ir? Está quase amanhecendo e eu não poderei protegê-la.
— Eu lembro da Nany Cher'Franches comentando sobre as catacumbas com nossas outras colegas de trabalho lá no La Bouteille D'Or, enquanto tomavamos café, deve ter uma entrada debaixo de uma das pontes ligadas à Ile de la Cité.
— E...
— As catacumbas serviam originalmente como cemitério.
— Cemitério é solo sagrado — os dois falaram juntos.
— Então poderemos entrar na catedral pelas catacumbas sem sair de solo sagrado — Suzane completou sua idéia.
Essa conversa distraiu Cristopher e ele não conseguiu desviar quando um vampiro entrou na sua frente e eles se chocaram.
Uma das garras da criatura arranhou o braço de Suzane, fazendo-a berrar de dor, como se aquilo a queimasse. O vampiro levou a garra até a boca e lambeu o sangue. Cristopher já tinha se recuperado do esbarrão quando um bando de vampiros alcançou o primeiro, pareceram tomá-lo por líder, pois deixaram este ir na vanguarda.
A visão não deixaria os barqueiros que estavam preparando seus flutuantes para os turistas dormirem sossegados pro resto da vida, uma gárgula carregando uma moça por baixo da Pont Petit. Ele planava quase rente à água, procurando a entrada entre os sustentáculos das pontes, até que viu um túnel gradeado abaixo da Pont Saint-Louis e parou se agarrando às grades e despedaçando-as com as garras. Os vampiros, levados pelo impulso do voo, demoram o suficiente para ele empurrar Suzane pela abertura e seguir atrás dela. Eles já estavam nas catacumbas, os vampiros estacaram fora da grade, mesmo com o grande buraco nesta feito por Cristopher, como se ela os amedrontasse. Porém um deles seguiu em frente, deixando os outros do lado de fora. Cristopher tinha abaixado a guarda, achando estar seguro, e o vampiro o atacou pelas costas. Eles rolaram pelo chão das catacumbas engalfinhados em uma briga de presas e garras. O vampiro parecia tão forte quanto o gárgula, tentando atingir sua jugular enquanto este lhe rasgava as asas.
— Ele... Ele... Ele entrou em solo sagrado — gemia Suzane. — Como isso é possível?
Ela sentiu um ardor no braço arranhado e se deu conta, antes mesmo de Cristopher falar.
— Ele provou o seu sangue Suzane, fuja.
Eles estavam em solo sagrado e estava amanhecendo, Cristopher acabara de arrancar uma asa do vampiro quando começo a virar estátua, então apertou forte o pescoço de seu antagonista e ambos se petrificaram por completo. Suzane desabou no chão, exausta.

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