3

Inimigos Noturnos (Parte 2)

Posted by Nanda Cris on 17 de novembro de 2011 22:58 in ,
Como a brincadeira de desafios deu uma "esfriada" por aqui, pedi para o Kbeça me dar 5 frases para eu continuar a saga dos zumbis... (sim, sou metida assim mesmo, rsrs)
E as frases foram:

“O quê nós faremos agora?”
“É difícil pensar com dor...”
“Há! Nem fudendo que eu vou passar por aí!”
“Corra! Corra! Mais rápido!”
“Sério? Você realmente acredita nisso? Tâmos fudidos!”

O link do texto 1 está aqui (para quem pegou o bonde andando).

E agora, finalmente, o texto!

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx


Ray olhava petrificado para Forrest. Ele sabia racionalmente que precisava sair correndo, mas suas pernas não pareciam muito dispostas a serem racionais. Neste exato momento, Anna começou a se mexer. Que péssima hora para recobrar a consciência... Enquanto a apertava ainda mais forte percebeu que a criatura estendia a mão em sua direção e silvava algo que lembrava muito o seu nome. Isso o tirou da apatia. Girou sobre os calcanhares e já ia sair correndo em disparada quando a coisa segurou seu ombro. O frio daquela mão atravessava o tecido da camisa e chegava até sua pele. Deu-lhe um safanão e correu. A adrenalina no seu sangue fez com que corresse mais rápido do que qualquer atleta, mesmo carregando Anna. Tentava se manter sempre nas sombras, sem parar nem um minuto sua jornada. Quando o ar queimava seus pulmões e a dor nas pernas parecia insuportável, parou e olhou em volta. Estava em uma espécie de conjunto habitacional abandonado. Todas as casas eram iguais. Escolheu uma aleatoriamente. Sacou a pistola e se encaminhou até a porta, sempre espreitando os arredores. Não precisou arrombar a porta, o antigo morador, na ânsia de fugir, deixou-a entreaberta. Ao entrar sentiu cheiro de mofo misturado com comida estragada. Não se importou. Acomodou Anna no sofá. Ela estava com os olhos abertos, mas parecia drogada, sem demonstrar que conseguia entender algo que estava ocorrendo ao seu redor. Voltou e trancou a porta. Nunca se sabe. Fez uma rápida varredura na casa, e, não encontrando nenhuma ameaça, voltou ao sofá e sentou-se com Anna. Mirou seus olhos desfocados e falou:
-O quê nós faremos agora?
Não teve resposta. Mas também não esperava nenhuma. Estava com sorte até agora, não encontrando nenhum zumbi pelo caminho. Mas até quando sua sorte duraria? Será que Forrest estava no seu encalço? Estremeceu.
Lembrou-se de como aquilo tudo começou. Pessoas sumindo durante a noite, ninguém tinha pistas do que estava acontecendo. Até o dia em que todos eles voltaram em bando, e tinham fome. Quem ficasse em seu caminho era trucidado sem pena. Alguns eram poupados, mas até hoje essa lógica não estava muito clara na cabeça de Ray. Não que esses fossem mantidos com vida, eles só não eram reduzidos a ossos mordiscados. Eram transformados em outros zumbis, e assim o bando aumentava, aumentava... Viu sua família e a de Anna serem trucidadas. Lágrimas marejaram seu olhos ao lembrar de sua mãe gritando para ele: Corra! Corra! Mais rápido! Nunca esqueceria o pânico em seu rosto. Tinha sido a última vez que escutara sua voz. Logo em seguida ela fora capturada por um bando de 7 ou 8 criaturas que se serviram dela vorazmente. Ray ainda tentou voltar e lutar. Morreria pela sua mãe. Mas Anna o impedira, puxando-o e implorando. Não podia deixá-la sozinha no mundo com aqueles seres doentios, ela só podia contar com ele agora. E foi por isso, e só por isso, que ele fugiu sem olhar para trás. Por Anna. E não havia sido sempre assim desde que a conhecera? Faria tudo por ela. Mesmo que sua alma tivesse morrido junto com sua mãe, ele ainda teria o seu corpo para protegê-la dos perigos noturnos.
A fuga era um borrão na mente de Ray. Ele só lembrava que chovia muito e que quando os músculos não respondiam mais, pararam. Nesse exato momento ainda faltavam horas até o nascer do sol e eles não teriam mais condição de se defender graças a fadiga que percorria seus corpos. Correr e lutar não era mais uma opção. O melhor era se esconder. Olhando desesperadamente em volta não encontrava nenhum lugar que parecesse seguro. Abaixou a cabeça, derrotado e notou um bueiro. Eles poderiam fugir pelo esgoto! Contou seu plano à Anna que rapidamente recuou, retrucando:
-Há! Nem fudendo que eu vou passar por aí!
-Anna, não temos opção! O cheiro do esgoto camuflará nosso odor e quando o sol nascer, a gente procura um abrigo melhor.
-Sério? Você realmente acredita nisso? Tâmos fudidos! Eles são mais espertos do que parecem. Deve ter um bando patrulhando os esgotos!
E foi nesse momento que um zumbi solitário apareceu como que por mágica e agarrou Anna, arrastando-a para as sombras. Ray pegou uma lata de lixo que estava próxima e jogou-a no zumbi, que cambaleou, mas não soltou sua presa. Anna seria o jantar e esse pensamento era como um forte energético para Ray. Agarrou um dos braços da criatura com tanta força, que ele se soltou em sua mão. Jogou-o longe. Que nojento! O zumbi então empurrou Anna para um canto e partiu para cima de Ray, sua força era sobrenatural sobrepujando o fato de ter apenas um braço. Colocou aquela mão gélida envolta do pescoço de Ray e apertou, apertou com vontade enquanto batia a cabeça dele na parede. Ele tentava lutar, mas sabia que seu esforço era em vão. Desarmado ele seria o prato principal e Anna a sobremesa. Já estava fazendo uma oração pela alma de ambos quando ouviu um barulho de tiro e a cabeça do zumbi se desfez bem na sua frente. Caiu no chão arquejando e viu Forrest se aproximando, usando a espingarda de caça do seu pai. Ouviu-o dizer:
-Eles estão levando a Anna, tem alguma idéia?
Ray respondeu devagar, cada parte do seu ser doía:
-Oh, Deus... É difícil pensar com dor...
Forrest então falou:
-Fique aqui, vou procurá-la.
E foi assim que perdeu sua amada. Forrest afirmou não ter conseguido encontrá-la apesar de ter procurado muito por todo o perímetro. Seu amigo então voltara para sua casa que, graças ao seu pai militar, era praticamente um forte de guerra, totalmente segura e gradeada. Mas Ray se recusou a acompanhá-lo. Nunca desistiria de Anna, ficaria ali fora procurando e procurando, até encontrá-la. Seu primeiro pensamento ao acordar era encontrá-la e o último era uma promessa para o dia seguinte. Nunca desistir, nunca desanimar. E sua esperança foi recompensada, quando encontrou um bilhete onde estava escondido, dizendo que ela ainda vivia e onde estava. Agora, olhando para Anna, se perguntava quem poderia ter escrito o bilhete e o que tinha feito com ela para que terminasse num porta malas de um carro catatônica como estava. E além dessas perguntas que sufocavam sua alma ainda tinha outra: o que fazer sem Forrest? Ele era sua esperança de calmaria para Anna. Suspirou. Olhou novamente para ela. Seus lábios estavam roxos e ela estava terrivelmente branca e gelada. Decidiu começar a agir ou ficaria louco. Devanear sobre os porques ou sobre o futuro não ia tirá-los daquela encrenca. Foi ao banheiro e descobriu que a água quente ainda estava funcionando. Botou a banheira para encher e retornou a sala para pegar Anna, que não esboçou nenhuma reação quando ele pegou-a no colo e levou-a até o banheiro. Colocaria ela na banheira quente, assim tinha esperança dela recobrar alguma cor. Mas antes de molhá-la, resolveu tirar suas roupas. Enquanto ela tomasse banho, poderia lavá-las para que ela se sentisse mais confortável. Quando tirou sua blusa parou, estupefado. Havia uma mordida em seu ombro esquerdo com uma cara péssima. E se ela tinha sido mordida, tinha 99% de chance de também ter virado uma das criaturas. O que ele ia fazer agora?

|
Gostou?

3 comentários:

  1. Hum... por que será que ela está assim? Por que será que ela estava no porta malas? Sera que Forrest irá persegui-los? Quantos mistérios!
    Não perca o próximo capítulo de Inimigos Noturnos!! kkkkkkkkkkkkkkk
    Muito bom. Show de bola.

    ResponderExcluir
  2. Show de bola! Hj reparei uma coisa... eu li o texto todo com a testa franzida, com uma expressão de ai meu deus, ai meu deus... kkkkkkkkk....

    ResponderExcluir
  3. Nandinha querida, agora você tá ferrada! Com uma história boa dessas eu vou querer uma continuação beeeeeem longa.
    Adoro mistério e suspense!
    A Ana vai virar mesmo um zumbi?
    E o Forrest, é amigo ou inimigo?
    Quem ajudou e salvou a Ana colocando-a no carro?
    Pelo número de perguntas sem respostas acho que mais uns 3 capítulos tá bom.
    ADOREI!

    ResponderExcluir

Comenta aê!

Copyright © 2009 Retalhos Assimétricos All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive.