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Eita esse amor!

Posted by Olhos Celestes on 18 de janeiro de 2012 22:40 in
Respondendo ao desafio, continuação daquela história e fim do mistério, não consegui pensar em nada diferente, espero mesmo que gostem.





Depois de passarmos o resto do dia juntos e de uma noite maravilhosa, aquele ar misterioso continuava no ar. Admito que só cochilei a noite toda, não pequei no sono pesado com medo que ele sumisse outra vez, mas isso não aconteceu. O problema é que isso só me deixou mais nervosa, e pela manhã eu PRECISAVA saber o que estava acontecendo. Não deu em outra, tentei durante o café:
- Agora vai me contar o que aconteceu?
Ele parou de mastigar e desviou o olhar de mim, encarando o pão a sua frente. Alguns segundos, nada de resposta.
- Meu amor, me diga, você sabe que pode me contar tudo. – eu insisti.
- Acontece... – ele continou encarando o pão – que você não pode saber o que eu fiz.
Aquilo fez meu coração congelar, medo, não por mim, mas por ele. O que ele fez? O que ele seria capaz de fazer? Foi por dinheiro afinal?
- Para de brincar comigo, fala logo o que você fez! Foi por dinheiro? – Eu não ia desistir e isso estava me irritando a um ponto que eu não pensei que chegaria.
- Não, é, eu não posso... – Ele sentia a irritação em minha voz, em tudo a nossa volta, pareceu confuso, mas estava disposto a não dizer nada. Estava muito estranho, muito diferente do meu amado.
Estourei.
- Não pode? Não quer? Pare de palhaçada seu infeliz! Seja lá oque você fez, você sabe que pode me contar, você tem que me contar, como vou continuar confiando em você?
- Não vou falar nada! – Ele gritou em resposta, ele nunca havia gritado comigo.
Lágrimas começaram a escorrer instantaneamente pelo meu rosto.
- Saia da minha casa! – Eu resmunguei – Saia daqui agora!
Ele não pensou duas vezes, parecia tão surpreso quanto eu, mas não percebi isso na hora, foi só depois que ele saiu pela porta, muito tempo depois, quando eu consegui parar de chorar, que percebi que talvez ele estivesse se metido em coisa séria, talvez estivesse com um problema sério e eu não estava ajudando. Foi meu coração que disse isso, minha mente estava tentando ser racional e me dizendo que era pra eu ter cuidado e não me envolver mais com ele.
Impossível, dois anos juntos parecem um nada, mas pra quem ama do jeito que nos amamos é tempo suficiente pra nos conhecermos muito mais do que um casal que está junto a 50 anos e não se ama de verdade. Alguma coisa séria tinha acontecido e ele precisava de ajuda, ele voltou pra mim e eu o enchotei, eu tinha que fazer algo. Meu coração totalmente irracional me fez sair correndo sem pensar em mais nada, eu tinha que achá-lo. Não pensei em ligar para o celular dele na hora, não pensei em nada.
Andei bastante, andei pelo bairro todo, não vi o tempo passar, já era tarde e eu estava cansada e sem comer, não fazia ideia de onde ele poderia estar, mas procurei em cada canto, menos no parque, claro, o parque! Fui até o parque, agora mais calma, comecei a procurá-lo por lá, ouvindo o som dos passaros e o vento nas árvores.
O encontrei, com uma dor no coração que me atingiu quanto o vi ali, sentado naquele banco, a cabeça baixa entre as mãos, chorando. Me aproximei dele devagar, não queria brigar de novo, ele estava chorando desesperado.
- Meu amor... – falei baixinho.
Ele me encarou, o rosto miudo de tanto chorar, sua expressão não era de alívio nem de dor, era pensativa.
- Você tem toda a razão, - ele disse, a voz embaçada – você precisa saber, de tudo.
- Eu preciso, - afirmei com cuidado – pra poder te ajudar...
- Não, não, não tem ajuda...
Meu coração batia forte, quase parei de respirar, eu precisava saber mas tinha medo do que ele iria me dizer. E ele foi falando:
- Eu não sou... quer dizer, não era humano. – parei de vez de respirar, ele enlouqueceu ou...? – Nós andamos por ai, andamos pela Terra o tempo todo, mas não convivemos com ninguém, ninguém nos nota de fato porque não trabalhamos em lugar nenhum, não moramos em lugar nenhum, não falamos com ninguém, só mais um na multidão...
- Você está me dizendo que é, ou era, oque? – Perguntei de vez, assim que consegui respirar de novo, os olhos arregaladíssimos.
- Um anjo, eu era um anjo. A história é longa então vou te contar agora o que aconteceu nos últimos dias e, se você me aceitar de volta, teremos tempo pra eu te contar todo o resto.
Afirmei com a cabeça para ele seguir em frente.
- Me apaixonei por você na primeira vez que a vi, mais uma no meio da multidão, como eu, não significava nada para o resto das pessoas que andavam ali na rua, mas você tocou meu coração com um simples sorriso. Talvez você não se lembre, talvez nem tenha me notado, mas eu infringi as regras e comecei a me relacionar com pessoas próximas a você, e o resto da história de como nos conhecemos e casamos você já sabe. Sou um anjo mas, como você vê, sempre tive um corpo de humano, comia, dormia... tudo igual. Mas tinha alguns poderes, que agora como completamente humano, não tenho.
Continuei respirando com dificuldade, esperando ele continuar a falar, era tão... surreal.
- Estavam me ameaçando, os outros anjos, por eu ter violado as regras, diziam que iam destruir nossa vida, porque eu a amava, e você sabia demais. Mas na verdade você não sabia de nada e eu não poderia deixar que fizessem qualquer coisa contra você, você é tudo que tenho. Por isso fui embora, eu ia tentar pensar numa solução, mas quanto mais tempo eu passasse do seu lado mais riscos você corria. Já naquele dia mesmo eu resolvi ir para junto de Deus, conversei com ele, ele já sabia de tudo e estava de certa forma irado comigo por ter violado as regras sagradas dos anjos, mas disse também que não podia me julgar por amar. Me fez então a proposta: que eu abandonasse minha vida eterna e meus poderes como anjo se quisesse ficar com você, virasse um humano. Me deu 48 horas para pensar, apesar de eu já saber a resposta, mas ele disse que não faria de imediato, que eu teria que pensar.
- E então...? – Eu estava ansiosa. A verdade é que a história era maluca demais, mas mesmo assim em nenhum momento duvidei dele, eu estava acreditando fielmente em tudo, porque? Porque no fundo eu sempre achei que ele era um anjo, ele sempre foi bom demais pra ser real, pra ser humano, e eu via em cada gesto dele o quanto ele me amava, eu não conseguiria duvidar dele nem se eu quisesse.
- Então quando ele me chamou novamente eu disse a minha decisão. Abrir mão de ser anjo é abrir mão de muita coisa, muita coisa mesmo, e depois de uma vida toda como anjo, afinal fui anjo desde a criação do mundo, eu não tinha outra coisa a fazer, se não aceitar virar humano, e viver uma vida de humano com você.
Eu estava chorando, pasma, mas chorando e com o coração a mil.
- Nunca mais vou ser anjo, mas nada disso importa mais, nada disso importa desde que casamos, desde que descobri que você também me amava. Demorei mais uns dias ainda pra voltar porque Deus pediu assim, pediu que eu esperasse pois ele ainda tinha um presente para mim, pela minha decisão. Eu não fazia a mínima ideia do que poderia ser, mas ele me surpreendeu e, acredite, ganhei na loteria! – Ele riu, mas estava nervoso – Agora, a decisão é sua, você me aceita de volta?
Meu coração gritou: COMO É QUE NÃO?! Ele não é demais? Sem explicações, um anjo que largou tudo por mim, e é o amor da minha vida.
Não perdi meu tempo, agarrei-o e beijei-o intensamente, ele saberia qual é a resposta.

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4 comentários:

  1. Finalmente uma "Cidade dos Anjos" com final feliz! hahahahahah.

    Um anjo, lindo, fofo, sensível, e rico? OMG, Deus é sempre muito generoso, hahahahahha.

    =]

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  2. Oh ti lindo!
    Adorei Olhos, tão sensível e tão carregado de emoção! Quero um anjo também! rsrsrs
    E Nanda, você tem razão "Cidade dos Anjos" é uma história linda, mas faltou a Olhos pra escrever um final feliz.

    Adorei mesmo Olhos.
    :}

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  3. Valew gente... foi dificil pensar num final feliz caso ele não fosse um anjo ^^

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  4. Cacete, só eu estou curioso para saber qual era o presente de Deus???

    Olhos, muito bom o texto. :)

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