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Outonos recicláveis
Posted by Drica Chica
on
22 de maio de 2012
16:20
in
Drica_Chica
Outono sempre vem acompanhado de cheiro de café com bolo no
fim de tarde e de vinho com sopa à noitinha. Ah, tudo fica mais gostoso! Tomar
chocolate quente antes de dormir, se maquiar sem se preocupar se vai ficar
parecendo uma personagem de filme de terror em poucas horas, colocar uma roupa
elegante e bonita e se sentir bem com ela o dia todo, ver filme e comer pipoca
embaixo do edredom, namorar... E os dias ensolarados então? Que delícia poder
caminhar sem sofrimento com o sol não te torrando e sim te esquentando, te
dando aquela sensação única de aconchego e conforto... É maravilhoso!
Foi num dia desses
de temperaturas mais baixas aqui no Rio de Janeiro, fazendo minha caminhada
vespertina que atentei para um fato que me intrigou: a quantidade de lixo
aumentou nas ruas. Parece que o tempo
ameno faz as pessoas ficarem mais em casa e além de consumirem mais alimentos
parece que se dão conta de que é necessário fazer uma faxina para deixar a casa
mais leve para o verão. E não é só lixo comum não! São principalmente
eletrônicos em geral. Estes dias, em apenas um quarteirão, me deparei com duas
TVs, um liquidificador,um aparelho de videocassete, um gabinete de PC, um monitor CRT com
teclado e um secador de cabelos junto ao lixo doméstico colocado na rua para a
colheita da Comlurb!
A princípio, é claro, julguei as pessoas por falta de
senso, educação e etc (atirem a primeira pedra quem nunca pensou assim!). Mas
depois parei para analisar a situação em si e me dei conta que tenho lixo
eletrônico em minha casa, mas que não dei fim a eles ainda porque não consegui encontrar
nenhum lugar aqui no RJ que aceitasse esse tipo de lixo. Com tantas campanhas
de conscientização do uso do meio ambiente e tal, mas nenhuma entidade ainda se
preocupou com esse tipo de lixo na minha cidade. E sabe o que é pior? As
pessoas não tem ideia do que o descarte errôneo desse tipo de lixo possa causar
ao meio em que vive. Segundo dados do Greenpeace, por ano, são produzidos até
50 milhões de toneladas desse tipo de dejeto no mundo inteiro.
A questão principal não é só o espaço ocupado
por esse lixo. O perigo é que a maior parte dos aparelhos eletrônicos usa em
sua fabricação metais tóxicos, como mercúrio, chumbo e cádmio. Quando um
computador vai para o aterro sanitário, essas substâncias reagem com as águas
da chuva e contaminam os afluentes e o solo. Mas a Dona Dalva aqui do prédio
sabe o que são metais tóxicos? O Sr. Zé que passa com seu carrinho catando lixo
para vender sabe que mercúrio não é só
aquele negocinho vermelhinho que coloca em machucado? É preciso dar educação
para essas pessoas! É claro que para uma senhora de 83 anos que só fez até o
"ginasial" e para o Senhorzinho do carrinho que mal sabe escrever seu
nome é mais complicado ensinar como se deve reciclar, mas acredito que as
mídias deveriam ser mais participativas nessa campanha educacional para o meio
ambiente.
Dona Dalva e Sr. Zé assistem “Avenida
Brasil” e todos esses folhetins que passam por aí, e porque não ser obrigatório
esse tipo de informação nesses programas que são assistidos em massa pela
população mais carente e com pouca
formação ? Isso não dá Ibope... Como educadora percebo que a massificação desse
tipo de informação é necessária para que não somente os jovens possam ter essa
consciência, mas também os mais velhos. Já vi pessoas mais velhas recriminando
as mais novas denominando-as de “eco chatas” por querer fazer a coisa certa. Já
vi professores literalmente fazendo a sala dos professores de lixão, mesmo
tendo os recipientes para jogar fora o lixo separado. Sim, professores, você entendeu
direito. Já vi mãe mandar o filho jogar o lixo pela janela do ônibus, e brigar
com mesmo por causa da sua recusa. Pois é, e você, que guarda o lixo para jogar
fora na caçamba, que leva sacolas descartáveis para o supermercado e lojas, que
reutiliza água da lavagem de roupas para lavar o quintal e a varanda, que
acumula óleo de cozinha em vasilhas para reciclagem e que enfim, guarda toda
sucata eletrônica em casa por não ter onde descartá-las, você sim é tachado
como o eco chato, acumulador e bagunceiro. Eu prefiro ser a eco chata, e
continuar a jogar a sementinha na terra arenosa, e você?
2 comentários:
Fantástico post Drica!!! Arrebentou mesmo. Esse problema não é só do RJ não, é do país inteiro, e embora seja responsabilidade do povo se educar para descartar corretamente seu lixo, é obrigação do governo orientar e dar condições reais para esses descartes. A senhorinha e o senhorzinho que não tem instrução para isso com certeza tem parentes e amigos que podem ajudá-los, desde que também tenham condições corretas para fazê-lo.
ResponderExcluirVamos entrar na campanha: "seja um eco chato"
bjs
Eu acho que falta incentivo das pessoas que podem dá-las. Por exemplo, o extinto Banco Real tinha, em todas as suas agencias, um repositório para descarte de pilha. Confesso que não sei se o Santander adotou essa prática.
ResponderExcluirA Vivo tem em todas as suas lojas 2 recipientes: um para descarte de bateria e outro para descarte de celular.
Tá, é claro que é mais fácil da gente levar para descarte uma pilha ou um celular em vez de um monitor imenso, ou então, no futuro, aquelas TVs de milhões de polegadas. Mas acho sim, que se o governo fizesse um dia do descarte de eletrônicos e os caminhões só passassem para pegar esse tipo de material, que seria reciclado separadamente e com cuidado, o mundo seria um lugar melhor, rs.
Mas, infelizmente, os políticos estão mais preocupados em roubar do que em preservar, então... já viu!
lindo post e linda foto drica. Vc demora, mas arrepia!
Beijo!
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