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O fim...

Posted by Olhos Celestes on 9 de outubro de 2011 11:59 in ,

Depois de um tempo sumida, cá estou eu respondendo ao meu desafio das frases:

Gostaria de começar tudo de novo.

Cale-se! Você não tem nenhum direito aqui!

Vamos fazer um acordo.

Haviam dezenas de flores espalhadas pelo quarto

Tudo ficou escuro

Estava andando pela rua, era o comecinho da noite, mas o dia ainda estava claro. Eu estava voltando do serviço, aquele trabalho chato que me sustentava... estava pensando no que escrever quando chegasse em casa. Não me sentia muito bem, estava vaminhando em direção ao lugar marcado em que eu sempre encontrava meu marido, e voltávamos para casa juntos, mas nesse dia em especial eu andava lentamente, tudo girava, desfocava, comecei a suar frio e de repente tudo ficou escuro.

Não me recordo de nada entre esse meio tempo, não lembro onde já estava quando tudo desapareceu, mas acordei na minha casa, olhei ao redor, haviam dezenas de flores espalhadas pelo quarto. Achei que eu ainda dormia e fiquei apenas observando, tentando me convencer de que estava acordada. Procurei com os olhos pelo meu amor, não o vi. Senti um cheiro forte de comida e meu estômago respondeu com um ronco, mas não me alterei, continuei ali, deitada, observando aquelas flores. O que ele estava aprontando pra mim?

Depois de mais alguns minutos a porta do quarto se abriu lentamente. Com um sorriso no rosto esperei meu amado entrar trazendo, obviamente, a comida que estava preparando pra mim. Mas para o meu espanto quem entrou foi Johni, o meu cunhado. Meu sorriso desapareceu e um olhar de espanto e perpexidade tomou-me.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntei, quase gritando, e sentei na cama. Como ele tinha conseguido a chave da nossa casa? E onde estava meu marido? O que estava havendo?

Ele me lançou um olhar atrevido e cheio de malicia, o que me deixou com mais medo.

- Vamos fazer um acordo...

- Do que você está falando? Johni, cadê o meu marido?

- Ele... digamos, sofreu um acidende, e agora você só tem a mim para cuidar de você. – Eu estremeci e meus olhos marejaram, ele continuou – O acordo é simples: você dorme comigo todas as noites e eu deixo você ficar com a casa e com toda a mordomia que eu puder te dar! Pode apostar que é muito mais do que o traste do meu irmão te dava.

- Cale-se! Você não tem nenhum direito aqui! Essa casa é minha, seu desgraçado... onde está o pai do meu filho?! – comecei a chorar, desesperada.

- Ow minha flor, não chore, veja só tudo que fiz pra você... – ele apontou para as flores e se aproximou para tocar o meu rosto.

Indignada eu dei um soco na cara dele, eu não tinha muita força, é claro, mas ele ficou assutado com o meu movimento e se afastou um pouco, o necessário para eu levantar e correr para o armário onde meu marido guardava a arma. Ele me olhou perplexo demais para ter alguma reação, eu apenas perguntei mais uma vez:

- Onde está o meu marido? – a frase saiu entre dentes e quase inaudível devido as lágrimas, mas clara o bastante para ele entender.

- Está no bosque lá atrás, amarrado em uma árvore, você pode ir lá ver que é verdade, mas se acalme, por favor minha flor!

Não acreditei em uma palavra do que ele disse, ou pelo menos eu não quis ouvir. Eu amava o meu marido mais do que tudo nesse mundo, mas nem tinha certeza que o filho que eu estava esperando era dele ou do Johni, que havia me pego a força e me estuprado duas vezes. Eu firaca calada para meu marido não matasse o príprio irmão por conta disso, o que eu sabia que aconteceria, e em todo caso eu acreditava que o filho era do meu amor. Mas agora, tudo isso que ele estava fazendo comigo, eu não ia deixar barato, mais uma vez, eu mesma faria o trabalho. Em um segundo eu ouvi o tiro, vi seus olhos arregalarem, vi o baque da arma caindo no chão e ele caindo ensanguentado na minha frente, ainda tentando pedir ajuda.

Foi tudo tão rápido, mas quando dei por mim ele ainda estava vivo e se debatendo no chão. Juntei a arma, atirei de novo, virei-me e não olhei pra trás. Sai correndo da casa e fui até o bosque, procurar pelo meu amor, a arma na mão, os olhos ardendo de tanto chorar, a cabeça explodindo, e tudo passava por mim como num filme.

Encontrei-o, conforme Johni me disse, amarrado em uma árvore não muito longe da casa, esfaqueado e sem vida. Agarrei-o, chorei, chorei. Não me lembro de muito mais o que aconteceu, meu desespero só aumentando. Só me recordo do som das sirenes chegando perto da casa. Acordei do meu transe, a arma ainda em minha mão, meu amor na minha frente sem vida, mas eu sentia a vida dentro de mim, aquele feto. Mas de que adiantava? Ele não tinha pai, sua mãe era uma assassina e ele nasceria na cadeia. Jamais essa foi a vida que sonhei pro meu primeiro filho.

Gostaria de começar tudo de novo. Ergui a arma lentamente, coloquei firme contra a minha cabeça, mais um tiro e tudo escureceu outra vez.


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5 comentários:

  1. Putz! Que estória triste!
    Cunhado filhodiumaégua.
    Mas ela não ia pra cadeia, ia ser legítima defesa, já que o marido tinha morrido antes, ela podia dizer que fez isso pra se defender!
    Pobre bebê, pagou o pato sem ter nada haver com isso...

    :(

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  2. Pois é, mas leva em conta que na hora do desespero ela não sabia o que fazer. Ela não levou em conta que talvez não fosse presa, mas sim as tragédias que ja tinham acontecido... :(

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  3. Muito bem Olhos! As frases encaixaram direitinho e o texto ficou muito bacana.Um pouco triste mas legal.Gostaria que ela tivesse sobrevivido com seu filhote no final, mas enfim, nem todas as histórias têm final feliz não é?
    bjs

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  4. Wooow....
    Wooooooww....
    Tô um pouco em choque ainda, muita emoção, muita coisa acontecendo muito rapido, rss...
    Sim, voltando do transe e fechando a boca, muito bem escrito seu texto, e as frases realmente se ecaixaram de modo bem natural, parabens ;)

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  5. Ufa! Ufa! Vou ali fora pegar um ar e volto...
    Ufa! Que, que é isso Olhos.
    Literariamente, é um ótimo texto, mas eu sou do time da Paty e prefiro os com finais felizes. :D

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