Apenas um desabafo num momento de fraqueza...

Estava aqui olhando as fotos que estão no meu celular e meus olhos se encheram d'água e eu cheguei à seguinte conclusão melancólica: tem horas que se o tempo parasse e nunca mais andasse isto seria de fato uma bênção e não uma catástrofe...

Quando meu carro andava mais do que quebrava...

Quando a Ciça era uma cachorra de 12 anos extremamente saudável...

Quando a minha avó andava, ria, brincava, dava opinião e minha mãe era uma pessoa feliz....

Quando meu pai ainda era vivo e falava: "Camagada, aqui que é aqui?"...

Agradeço a Deus pela saúde da minha mãe, da minha sogra, da minha irmã, do meu marido e do Snoopy. Agradeço mesmo de coração. Mas a minha família está envelhecendo e saindo de perto de mim, e isso está me assustando.

Não tenho como refrear isso e estou com medo, muito medo.

Por mim, congelava agora. Sem novas baixas. É tudo muito triste e vendo essas fotos, eu finalmente achei lágrimas pra chorar. 

Choro por mim, choro pelo Anderson, pois vamos ficar velhos e loucos juntos e sozinhos. 

Choro pela Ciça que é tão boazinha, sempre foi uma excelente cachorra, dócil, meiga, amiga e que sente dor todo dia. 

Choro pela minha avó que sempre foi boa com os outros, sempre solícita, simpática e com um sorriso no rosto e hoje não é nem uma sombra do que foi e sofre, pois a mente acha que o corpo pode fazer coisas que ele não pode fazer mais.

Choro pelo meu pai que não está mais aqui pra me chamar de filhona e me abraçar, me fazendo rir de alguma piada sem graça. Eu varro a saudade pra baixo do tapete todo santo dia, evitando lembrar. Mas tem horas que ela aparece sem ser chamada e nessas horas eu sinto as minhas pernas fraquejarem.

Choro pela minha mãe que está quebrada, arrasada e destruída. Choro porque ela também vai envelhecer e me deixar.

Choro pela minha sogra que também vai acabar partindo.

Choro pelo Snoopy que está com 11 anos e pode durar mais 11 anos ou 11 dias.

Choro pela minha irmã que é 11 anos mais velha do que eu e partilha do mesmo destino que o meu. Sem filhos, sem família.

Choro e choro, porque o que mais posso fazer além de chorar?

Não há como nadar contra a maré, o negócio é boiar e esperar que no final de tudo não tenha uma cachoeira e sim um belo lago.

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