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Os 6 Passos da Criação

Posted by PatyDeuner on 18 de junho de 2012 11:39 in
Navegando pela net achei um artigo muito interessante e elucidativo para aperfeiçoarmos nosso blog e nossos textos. A partir dele gostaria de ter uma opinião dos nossos colaboradores para melhorarmos a performance do nosso trabalho aqui no blog.


O livro Desvendando os Quadrinhos, de Scott McCloud, ajuda a entender não só as HQs como as artes em geral. Bem como qualquer outra atividade que exija criação. É um dos livros mais bacanas que já li, todo escrito em quadrinhos.
No capítulo 7, McCloud apresenta os 6 passos da criação:
  1. Ideia/Objetivo
  2. Forma
  3. Idioma
  4. Estrutura
  5. Habilidade
  6. Superfície
A ordem é essa. Mas, na prática, ela se dá ao contrário. Os novatos em uma atividade – seja ela os quadrinhos, seja ela um blog, cinema ou literatura – partem da superfície para o cerne, para o interior.
Por isso, às vezes temos a impressão de ver um produto artístico fabuloso na superfície, porém oco. Oco em diversos sentidos.
Então, vamos ver, a partir de agora todos os seis passos apresentados pelo autor, mas ao contrário.
  • Superfície - valores de produção, acabamento. Os aspectos mais aparentes na primeira exposição superficial da obra.
  • Habilidade - construir a obra, usar de habilidade, conhecimento prático, invenção, realizar o trabalho
  • Estrutura - juntar tudo. O que incluir. O que excluir. Como arranjar, como compor o trabalho.
  • Idioma - a escola da arte, o vocabulário de estilos ou gestos, ou assuntos, o gênero ao qual a obra pertence.
  • Forma - a forma que o trabalho assume: um livro, um desenho a giz, uma cadeira, uma canção, uma escultura, um gibi, um blog?
  • Idéia/objetivo – os impulsos, as idéias, as emoções, as filosofias, os objetivos da obra.
Claro que as coisas não acontecem necessariamente nesta ordem, mas elas estão organizadas do item mais externo para o mais interno.
Vejamos o que diz McCloud:
Em todas as artes, é a Superfície que as pessoas apreciam com mais facilidade, como uma maçã escolhida por sua casca brilhante.
O artista do momento de que o fã mais gosta, às vezes parece melhor do que os antigos, que tiveram as idéias, mas estavam menos interessados na superfície.
Só que, quando mordemos aquela maçã brilhante… vazia.

Maçã

Como funciona

Um jovem leitor de blogs está acompanhando os feeds de um de seus blogueiros favoritos quanto têm a idéia:
- Vou ser editor de blog quando crescer.
Ele já tem suas idéias e escolheu os blogs como forma de expressão.
Mas ele ainda não sabe que tipo de blog quer fazer. Por isso, o mais provável é que ele comece a estudar e a imitar o estilo de outros editores já conhecidos.
Ele mostra o seu blog para seus amigos e todos adoram.
Mas quando ele cria coragem e deixa um comentário no blog de um profissional, convidando-o para conhecer o seu trabalho de iniciante, tem uma surpresa.
O profissional, que se dignou a visitar o blog dele, observa várias coisas a melhorar caso o rapaz queira seguir na carreira. De gramática, links, títulos, aspecto gráfico e melhorias para mecanismos de busca até ao modo como ele dialoga com seus leitores, passando por inúmeras outras minúcias.
O rapaz continua a estudar e se aperfeiçoar nesses assuntos por alguns meses, mas o estalo não acontece. Ele pára na superfície e desiste.

A saga continua

Em algum outro lugar do planeta, uma garota ultrapassa a superfície e passa a entender as partes mecânicas, de programação e textuais.
Depois de muito estudar ela ultrapassa a superfície e ganha a habilidade para fazer um bom blog. As coisas funcionam como devem funcionar e talvez a essa altura ela já tenha um número razoável de leitores e, se for o caso, terá aprendido a remunerar o seu blog pagando pelo menos a hospedagem.
Porém, ao mostrar o trabalho a um profissional, ele demonstrará que, de fato, ela tem a habilidade para criar e manter um blog. Mas ainda não enxerga o que há por trás disso. As estruturas que fazem com que um blog funcione e que estão para além da programação, do texto e da capacidade de remuneração.
Pode ser que ela decida ficar por aí, feliz por fazer parte do mundo dos blogs.

Tem que ter estrutura

Há coisas que não se ensinam nos livros ou em sites da internet e só se aprende com a observação e com o andamento da criação e da leitura – num sentido amplo da palavra.
Um outro jovem editor pode acabar descobrindo que seu blogueiro favorito era, na verdade, uma versão diluída de outro mais antigo e menos refinado.
Logo, ele passará a ver além das técnicas mecânicas (edição de texto e imagens, programação e SEO) e passará a ver além. A estrutura por trás da estrutura que torna aquele cara bom.

Além e além

Mas é possível ir mais longe. Depois que se atinge esse ponto, um outro autor poderá descobrir que há diversas pessoas que, como ele, perceberam o funcionamento íntimo de seu meio de expressão. No caso, estamos falando de blogs.
O que esse autor quer é desenvolver uma voz própria, uma identidade: um idioma.
Então ele poderá começar a criar novas maneiras de mostrar “as mesmas velhas coisas” e desenvolve técnicas inovadoras, passando a se livrar das antigas.
Creio que não é preciso dizer que falar sobre as mesmas velhas coisas de maneiras inovadoras cria aspectos novos sobre antigos assuntos, ajuda a encontrar soluções para antigos problemas, faz o mundo andar. Às vezes não é suficiente mudar o ângulo de abordagem. Às vezes é preciso mudar o olho.

Jardim dos caminhos que se bifurcam

Então um outro blogueiro descobriu uma linguagem própria. Algo que faz com que os iniciantes passem a imitá-lo de alguma maneira, muito embora só consigam chegar à superfície. Porém, em sua opinião algo está sendo esquecido.
Ele precisa agora optar por dois caminhos.
  • forma ou
  • idéia
A pergunta consiste no seguinte: através do meu trabalho quero dizer algo sobre o mundo ou dizer sobre meu trabalho em si?
Ao escolher a formaescolhe-se o trabalho em si. O autor se torna um explorador, abrindo caminhos para outros que queiram usar esse tipo de forma como meio de expressão. Para ele, as idéias são a substância, o pretexto para expressar a sua forma.
Ao escolher a idéia, o trabalho vira a ferramenta do que ele gostaria de dizer: ele tem uma idéia e teria que expressá-la, não importa usando o quê. Música, literatura, blogs, moda gastronomia, seja lá que forma cada uma desses trabalhos assumam.
Mas, obviamente, a opção entre idéias e forma não são permanentes. E não são abolutas não importa em que trabalho. Pode-se observar a prevalência da forma em alguns momentos e das idéias em outros.

Conclusão

Este texto é uma mera adaptação de uma parte do livro de McCloud e recomendo que o comprem. É muito divertido e instrutivo.
Então, deixo com você a conclusão do quadrinista, muito embora ele vá ainda além nesse capítulo que expus:
Qualquer artista que cria uma obra, em qualquer meio, vai seguir esses seis passos, mesmo sem perceber.
Todas as obras começam com um objetivo, todas têm uma forma, pertencem a um idioma, possuem estrutura e têm uma superfície.
A ordem desses seis aspectos é inata. Os ossos de um dinossauro podem ser descobertos em qualquer ordem, mas, quando reunidos, se encaixam num lugar.
Considerei que, apesar do texto ser dirigido especificamente aos quadrinhos, ele se aplique não só a eles e não só a qualquer arte, mas a qualquer trabalho que exija de seu executor uma boa dose de criatividade.
Fonte: Livros e Afins por Alessandro Martins



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Um comentário:

  1. Paty, achei esse texto muito legal, mas algo meio "por alto".
    Acho que ainda estamos na superfície, pincelando muito pouco em habilidade. Mas, não consegui entender como podemos nos aprofundar nos passos descritos no texto.
    Infelizmente, vou ser sincera, tenho um monte de texto para ler pro trabalho e não leio... não vou te enganar dizendo que vou comprar o livro Desvendando os Quadrinhos, de Scott McCloud, não vou.
    Mas, me diga, o que vc entendeu, sobre o que quer discutir... vamos lá! Sou toda ouvidos e adoro novas idéias e desafios!
    Beijo procê!

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