M.I.B.

Pedi mais um desafio em off para o Balta e as palavras que ele me deu foram Garganta, helicóptero, musgo, façanha  e recital, segue o texto ^^

M.I.B.

Estava com o grito entalado na garganta. O que fazer? Estava totalmente atrasada, tudo dera errado, TUDO. Maldito anão que se enfiou com seu carro na frente do taxi em que eu estava, foi aí que começou tudo. Vou explicar:

Eu estava tranquila no assento de trás, ainda faltavam 40 minutos para o meu compromisso, de repente ouvi uma freada e não tive nem tempo para pensar, então senti o baque e junto veio o estrondo. Ninguém se feriu, mas o taxi ficou muito danificado. Mantive-me calma, afinal não tinha nada a ver com aquele acidente. O problema é que o anão infeliz que estava dirigindo o carro que bateu contra o taxi estava bêbado e nem mesmo tinha habilitação, um absurdo, quando percebeu o que causara ficou nervosíssimo e começou o escândalo, fazendo o meu taxista esquecer completamente de mim.

Eu não ia ficar ali plantada naquele carro, é claro. Liguei para a central de taxis para pedir outro carro e a resposta foi meio frustrante, todos os carros estavam ocupados e levaria no mínimo 20 minutos para que algum pudesse ir me pegar. Isso me irritou muito, pois desse jeito eu realmente perderia o meu compromisso. Sai do carro estupefata e cometi outra besteira, braba como estava entrei na discussão com o anão. Já havia um aglomerado de pessoas olhando o acidente, e o anão não gostou nada de ter mais uma pessoa o incriminando e tirou de dentro do seu carro um machado quase maior que ele.

O machado parecia grande demais para ele carregar, pois além de pequeno era magro, e não sei como ele conseguiu a façanha de erguer aquilo com total destreza e veio correndo para o meu lado. Houve um alvoroço geral e todos saíram correndo, o que também me frustrou muito, poxa, ninguém tentaria impedir o anão de me dar uma machadada? Bom, não esperei pra saber se alguém voltaria para me salvar, saí correndo o mais rápido que pude, e aquele anãozinho também era rápido. Não sei o que me deu na cabeça de subir pela escada de emergência de um prédio. Por sorte, tendo as pernas mais compridas que as dele, consegui subir com mais facilidade, mas quando cheguei ao topo, o que fazer? Não tinha para onde ir, apenas concreto e muito musgo nas laterais, o que me fez sentir nojo.

 Nessa hora que me deu aquela enorme vontade de gritar, gritar de ódio. Então tive que fazer aquela ligação que me salvaria. Liguei para o M.I.B.

Comecei a olhar para o céu sabendo que ela não demoraria, e quando avistei o helicóptero o anão já estava nos últimos degraus. Ela foi rápida na manobra, apenas pairou o helicóptero baixo o suficiente para eu pular para dentro dele, não daria tempo para um pouso. Agradeci a piloto, minha amiga de muitos anos do clube, e disse a ela em que direção seguir.

Só devemos chamar ajuda do M.I.B. em casos extremos, urgentes, e eu estava com uma urgência enorme: faltavam apenas 5 minutos para começar o recital de piano do meu filho, ele estava na segunda série e pela primeira vez tocaria para toda a escola, eu tinha que estar lá dando todo o apoio, e nesse compromisso nem mesmo um anão com um machado me impediria de ir.

Felizmente cheguei a tempo e a apresentação foi linda, o difícil foi explicar à diretora da escola o por quê de um helicóptero pousado no campinho. Já convidei-a muitas vezes para entrar no nosso clube, Mulheres In Black, mas ela acha isso uma bobagem. Bem, quem sai perdendo é ela, nós podemos mulheres, nós podemos tudo que acharmos que podemos, é só acreditar em nós mesmas, e é esse o intuito de nosso clube, todas ajudam todas e todas podemos!

Mulheres, a todas que quiserem sejam bem vindas ao M.I.B., quem sabe um dia você precise de amiga com um helicóptero para te salvar.

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