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Desafio de Halloween - by Sammy Freitas

Posted by Unknown on 21 de novembro de 2013 06:00 in , , , ,
Como as meninas já disseram antes, este ano rolou um amigo-oculto de Halloween. Cada uma dava 5 palavras para a coleguinha e o esquema ficou assim:

Sammy tirou Nanda - Texto da Nanda 
           Palavras: profissional, atenuar, cenoura, doninha, indeciso
Patty tirou Marcinha - Texto da Marcinha 
           Palavras: trambiqueira, jumento, algar, vassoura, ora-pro-nobis
Marcinha tirou Patty (aguardando resposta ao desafio!)
Nanda tirou Sammy (meu texto abaixo!!!)

A Nanda, muito gentilmente me deu duas opções. A versão hard e a versão light. Como eu sou metida, resolvi usar TODAS as palavras das duas versões...

Versão Hard
Bumerangue - Esmalte - Monalisa - Facebook - Aliciador

Versão  Light
Árvore - Lixo - Azul - Nublado - Rápido


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"Era meia noite e a lua continuava oculta naquele céu levemente NUBLADO.
Um pio agourento quebrou o silêncio quando Lucas levantou os olhos do texto e balançou a cabeça desanimado...

Achou que o texto estava ficando comum demais e entrou no FACEBOOK. na esperança de encontrar alguma inspiração.

Passou os olhos por alguns textos e lá, tudo era engraçado ou beirava o ridículo. Nada digno de uma história de terror para ser publicada na Amazon.

Foi quando tirando sua atenção da janela, tocou o telefone e uma voz num tom entre animada e desesperada, gritou com ele:

- Lucas, preciso de sua ajuda! Só você poderá ser o herói que irá me salvar! 

Suspirando levemente, ele perguntou para a irmã que cismava em ligar nas horas mais impróprias!

- Qual é o grande problema dessa vez, Berê?  

- Meu carro pifou! E eu simplesmente PRECISO ir à Festa à Fantasia que está rolando naquela Casa de Festas no Alto da Boa Vista... Ahhh vai, irmãozinho! Você não vai me deixar na mão, não é? Aposto que não está fazendo nada de interessante! Por favorzinho.... Estamos todos nos fantasiando de personagens de filmes de terror! Você com essa cara de maluco, pode ser "O ALICIADOR¹" daquele filme do Donato Carrisi! Podemos pegar braços de borracha na sala de teatro da minha escola e você penduraria todos no pescoço....



Caramba! Ela falava sem parar! Quando ela foi tomar fôlego, aproveitou para responder: 

- Não, obrigado! Desta eu passo! Não estou muito interessado em participar d uma festa estranha, com gente esquisita. Mas já que é "tão importante" para você, eu te dou uma carona. Acho bom arrumar alguém para te trazer de volta, porque não tenho a menor intenção de levantar no meio da madrugada para te buscar.

Lucas desligou o telefone antes de ouvir algum protesto e pegou seu casaco pendurado na cadeira - as noites no Alto da Boa Vista costumam ser bem frias! Dirigiu bem RÁPIDO pela cidade e chegou na casa dos pais em exatos treze minutos.

Xingou mentalmente quando percebeu que sua irmã não estava na porta esperando. Não tinha a menor vontade de encarar seu pai e entabular uma conversa amena. Puxou o telefone do bolso e discou o número de Berenice.

- Você NÃO ESTÁ na porta!

- Ahhh mas é que você não me deu tempo de terminar de me arrumar! - fechou o vidrinho de ESMALTE preto e olhou encantada para as mãos - Lulu, você vai AMAR minhas unhas!

- Pode parando de bate-papo e vindo. Você tem 5 minutos antes que eu desista de te dar uma carona e vá embora!

Berenice largou o esmalte e quase desligou a TV, quando uma coisa chamou sua atenção... MONALISA estava se entregando para Tufão na novela Avenida Brasil.

- Ai meu Deus! - exclamou a jovem - Finalmente esse casal se acertou! Não vejo a hora de saber o que vai acontecer com a Carminha! - desligou a TV e olhou para a fantasia. Sabia que estava perfeita. 

Passou correndo pela sala e deu um beijo leve na testa do pai. Ao bater a porta de casa ainda ouviu sua voz:

- Divirta-se e CUIDADO!

Entrou no carro do irmão e deu um sorriso: 

- E então? Vamos??

Sem responder nada, Lucas girou a chave do carro e seguiu depressa pela Conde de Bonfim, na esperança de não pegar nenhum trânsito e voltar cedo para casa... Tamborilava os dedos pelo volante enquanto Berenice contava histórias de terror e falava de lendas urbanas com tons sinistros sem parar.

Tentando fazê-la se calar um pouco, ele disse: 

- E então, irmã... Qual é a dessa festa? Tem alguém interessante por lá ou é apenas mais uma festa à fantasia? E essa sua roupa? Não faço idéia do que você está fantasiada - nunca vi ninguém de branco numa festa de Halloween!

- Poxa!! - magoada - Eu me empenhei tanto em parecer com a Noiva Cadáver! Você nunca viu esse filme? É uma animação do Tim Burton!

- Não gosto muito de desenhos... por isso não conheço. 

Lucas diminuiu a velocidade pois seu velho Ka 1.0 gemia na subida e nas curvas. No painel uma luz começou a piscar insistentemente. Percebeu - tardiamente - que não tinha gasolina suficiente para completar a viagem. Pensou em descer em ponto morto, mas ficou com medo de não conseguir controlar o carro. Quando o carro parou, já estava nas imediações da Floresta da Tijuca, conseguia ver ao longe, a curva que levava lá. Resolveu falar antes que sua irmã perguntasse o motivo da parada. Do lado de fora, uma escuridão assustadora envolvia o carrinho e uma bruma leve levantava do lago à sua frente. 

- Berê... Acabou a gasolina. Vou ter que arrumar ajuda - talvez um ou dois litros de gasolina sejam suficientes. Vou subir essa estrada porque ali em cima, próximo à Floresta, parece ter uma festa - fica mais fácil pedir ajuda. Não quer subir comigo?

- Caramba, Lulu, é típico de você esquecer das coisas, mas botar gasolina devia ser o básico né? Vou esperar aqui bem aqui, tá brincando que vou subir esse pedação de estrada!

- É perigoso ficar sozinha. Aqui tem muitos bandidos. 

- Ah... fica tranquilo! Pode deixar que eu tranco as portas do carro, vou deixar a luz acesa e ficar ouvindo música enquanto você não volta!

- Ok, se é assim que prefere. Aposto que vou e volto bem rápido mesmo. Você com esse salto, seria mesmo incapaz de me seguir! - ato contínuo, ele tirou a chave da ignição e o chaveiro com um enorme são bernardo balançou na direção dela. 

Lucas seguiu para a traseira do carro e localizou uma garrafa vazia de coca-cola e um pedaço de mangueira. Bateu a porta da mala e começou a subir a estrada.

No começo, Berenice não percebeu o tempo passar, entretida que estava na música. Mas quando o rádio começou a falhar e ela percebeu que a bateria do carro estava indo para o saco, olhou para o relógio e percebeu que havia passado muito mais de uma hora. 

Tentou olhar pela janela fechada, na escuridão, mas não conseguia enxergar nada. Desligou o rádio para poder pelo menos manter a luz interna do carro acesa. Pegou o celular e tentou ligar para o irmão, mas o Alto da Boa Vista era praticamente o triângulo das bermudas dos sinais de celulares. Seus celulares de duas operadoras diferentes, mantinham-se incólumes, buscando incessantemente um sinal que não chegaria a eles.

Pensou em abrir a porta e sair do carro, mas tinha tanto medo de estar num lugar deserto e no escuro, que desistiu. A cada cinco minutos, olhava o relógio e procurava entre as sombras das árvores, seu irmão.

Cansada de esperar, resolveu sair do carro. Manteve a porta aberta e olhou discretamente para fora. Resolveu que devia sair do carro e procurar o irmão ou tentar descer a estrada. A primeira coisa em que pensou foi tentar encontrar alguma coisa na mala do carro que pudesse servir de proteção. 

Apertou a alavanca abaixo do volante e saiu do carro, atenta a qualquer ruído estranho. Levantou a porta da mala quando ouviu um farfalhar de folhas e passos no asfalto. Aliviada, chamou:

- Lucas? É você? Eu já estava preocupada...

Ao longe, percebeu uma sombra que sobressaía à sombra de uma ÁRVORE. Era muito maior que seu irmão mirrado. Olhou rapidamente para a mala do carro, procurando uma chave de roda ou pé de cabra, mas a única coisa que encontrou foram os pedaços de um BUMERANGUE AZUL velho.

Bateu a mala e correu de volta para dentro do carro. Fechou o trinco com o coração batendo a mil, quando finalmente o viu.

O homem era enorme. Estava descabelado e sujo. Seu rosto macilento e descarnado arrepiou todos os pelos de sua nuca. Ele tinha barbas longas e desgrenhadas. Seus olhos reluziam a raiva de um tigre engaiolado. Sua camisa branca e amassada estava imunda. Suas mãos pingavam sangue fresco de uma faca de caça. A outra mão mantinha-se escondida atrás das costas.

Berenice estava apavorada com a imagem na sua frente. Viu o homem aproximar-se lentamente do carro quando percebeu que sujeira que revestia a camisa não era apenas sangue. Pareciam pedaços de pele e entranhas.

Pensou rapidamente se deveria sair do carro e correr gritando e pedindo ajuda ou se deveria ficar na segurança do veículo. 

Resolveu ficar no veículo, porque antes que pudesse mudar de idéia, o homem bateu com as palmas das mãos na sua janela. 

Olhou para o homem que sorria com dentes amarelos e abria a calça passando a língua sobre os lábios. Estava cada vez mais assustada, porém agradecia ao fato de estar trancada no carro, protegida do homem pelos vidros.

Foi nesse instante, que ele levantou cuidadosamente a mão que mostrava o óculos quebrados de seu irmão e uma chave de carro com um São Bernardo pendurado. 

Ele enfiou a chave na fechadura e puxou Berenice com força para fora. A última coisa ouvida foi um grito assustador dado pela jovem.








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 ¹ "O Aliciador", livro de Donato Carrisi transformado em filme. Na história, o criminologista Goran Gavila e a equipe de homicídios enfrentam um caso perturbador: seis braços direitos de meninas entre 9 e 13 anos são desenterrados em um bosque. Cinco das crianças identificadas haviam desaparecido na última semana. Conforme os cadáveres emergem, as esperanças de que a sexta menina esteja viva provocam uma corrida contra o tempo, mas, em vez de levarem a equipe ao culpado, as pistas revelam-se parte de um plano friamente arquitetado pela mente cruel e brilhante do assassino, que parece estar sempre um passo à frente.
Quem tiver curiosidade de ler o livro: http://www.skoob.com.br/livro/64977


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4 comentários:

  1. Caraca, que sinistro. Na última puxada do texto eu arregalei os olhinhos, e finalmente meu queixo caiu.
    Adorei o final... vc fica com aquela expressão de ca-ra-io!
    Mas bem... ela não gostava de lendas urbanas? toooma! rss (Márcia, a sádica)
    Curti o texto, Sammoka ^^

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    1. Marcinha, fiquei com medo de vocês não gostarem porque eu fugi ao tema sobrenatural, mas halloween/terror não se limita a coisas sobrenaturais não é? Minha mãe sempre dizia: "Medo de fantasma? Eu tenho mesmo é medo dos vivos..."

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  2. Pobre Berê, se ferrou.
    Eu gostei do texto, achei o começo um pouco confuso porque vc tentou colocar as palavras e parecia que tinham dados sobrando, profusão de palavras, sabe como é? Mas do meio pra lá o texto fluiu legal!

    Só não entendi essa parte aqui:
    Fique aqui por um instante enquanto subo essa estrada (Lucas)
    (...)
    Você que suba sozinho... Vou esperar aqui! (Berê)

    Ele mandou ela ficar, ela respondeu que não ia subir... mas não era exatamente o que ele tinha falado?

    E quanto a não ter tema sobrenatural... o meu foi um texto de comédia! Quem sou eu para falar algo? kkkk.

    Beijos.

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    1. É verdade, Nanda... o problema é que eu tinha uma idéia inicial para o texto e mudei completamente depois de uma parte. E acabei esquecendo de ajeitar a parte inicial.
      Tem razão, ele manda ela ficar, dãaaaa Vou corrigir isso!
      Obrigada pelos comentários!

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