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[Resenha] Proibido by sammyfreitas

Posted by Unknown on 23 de novembro de 2014 01:56 in , , , , , , ,


SINOPSE:
Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis. Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes. Eles são irmão e irmã. Mas será que o mundo receberá de braços abertos aqueles que ousaram violar um de seus mais arraigados tabus? E você, receberia? Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.


Minhas impressões:
Esse foi um dos livros mais difíceis que li este ano. Quando li a resenha da Manuh Hitz no Blog "Ler para divertir", fiquei interessada na história. E aí, li a sinopse e a curiosidade aumentou muito. Mas, eu não tinha o livro em papel e sempre fico adiando para ler no Kindle. Até que um amigo ganhou o livro no sorteio do Skoob e me emprestou. 

No momento que comecei a leitura, eu já sabia que aconteceria o incesto. A sinopse já falava sobre isso, então era um spoiler gratuito. A questão toda era só como, onde, quando e sob quais circunstâncias. Mantive minha mente aberta e fiquei esperando a bomba... 

O livro foi escrito em primeira pessoa alternando entre Lochan e Maya. Temos uma narração simples e informal, bem parecido com os nossos pensamentos que não são bem lineares. Eu me senti dentro da cabeça dos dois o tempo todo. E nessa narrativa, o amor entre eles cresce, eles finalmente começam a entender o sentimento que tem e o incesto fica como pano de fundo. E ele não é falado e nem pensado. Na verdade, ele meio que some, mas você sabe que está lá. Sofri muito com Lochan, e chorei muito com Maya. 

Se formos buscar o mote da história, vemos que desde muito pequenos eles se consideravam alma gêmeas, melhores amigos, companheiros inseparáveis. Até que chega o momento em que eles crescem e se tornam adolescentes. O pai os abandonou e a mãe  cada vez mais ausente, faz com que Lochan e Maya se tornem os pais dos irmãos menores. E vivendo como pais, quase como um casal com uma cumplicidade única, o que eles menos queriam e esperavam, acabou acontecendo. Apaixonaram-se um pelo outro. Mas eles resistem. Reprimem e negam os sentimentos. Até que um dia, eles não conseguem mais esconder o que está acontecendo entre eles.

Eles foram os personagens mais altruístas que já encontrei em minhas leituras. A preocupação maior deles, sempre foi manter todos os irmãos juntos. Eles se anulavam para cuidar dos irmãos. Mentiam e faziam mil malabarismos para evitar que os assistentes sociais batessem à porta para enviar os irmãos a lares adotivos. 

Confesso, que torci para que eles largassem tudo de mão dessem o grito de independência. E sei lá... torcia para um final feliz, onde eles mudassem de cidade, estado, país, o que fosse, mas que se tornassem a família que queriam ser.


Embora a escrita nos faça torcer pelos dois , Tabitha mostra o tempo todo as implicações e nos questiona o tempo todo o certo e o errado, fica nos fazendo pensar seriamente no que o ato de ficar juntos poderia acarretar não só para suas vidas, mas principalmente para a vida de seus irmãos. 

E então, conhecendo os sentimentos límpidos e extremamente inocentes dos nossos protagonistas, é quase impossível se manter com os conceitos impostos pela sociedade, lei ou religião.

Eu ficava o tempo todo me perguntando que será que teria acontecido isso tudo se a família fosse estável. Só conseguia sentir meu peito apertado de angústia e vontade de bater naquela mãe irresponsável. Ficava pensando em como as famílias desintegradas pelo abandono ou por vício traziam consequências tão complicadas.

Mas preciso confessar que o final do livro, foi devastador. Impactante. Surpreendente. Eu já imaginava o final, por isso, quando a autora manipulou o enredo trazendo um desfecho perturbador. É impossível não se emocionar ao ler Proibido. Toda a emoção vivida por Lochan, Maya e até mesmos os vislumbres dos irmãos, pulava das páginas e me dava tapas e mais tapas de reflexão.

Quando terminei o livro, fiquei parada por mais de meia hora, sem conseguir me mexer, com as lágrimas escorrendo dos meus olhos.

Proibido é um livro polêmico e dramático. Ler este livro me lembrou (e muito) Shakespeare e todos os romances que ele escreveu com amores proibidos e sofrimento. No fundo, talvez eu estivesse precisando de um livro assim, que me fizesse chorar e sair da minha zona de conforto. Foi ficção, mas fico me perguntando se fosse real. Se tivesse acontecido na minha família. Fiquei questionando minha torcida por algo proibido. Minha torcida por Lochan e Maya. Eu me despi de todo e qualquer preconceito que poderia ter e me coloquei no lugar deles, para tentar entender a realidade que eles viviam. 

Recomendo para quem tiver estômago para ler e a mente aberta para sentir.


Minhas quotes favoritas:

"... como fazer com que as pessoas entendam que Lochan e eu somos irmãos apenas por um erro biológico? Que nunca fomos irmãos no sentido real, mas sempre companheiros, tendo que criar uma família enquanto crescíamos? Como explicar que Lochan nunca foi apenas um irmão, mas algo muito, muito além disso - uma alma gêmea, um melhor amigo, uma parte do meu próprio ser?"   



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"No fim das contas, o que importa mesmo é o quanto você pode suportar, o quanto pode resistir. Juntos, não fazemos mal a ninguém; separados, nós definhamos."


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"Então é isso, a sensação depois de uma longa e sofrida luta – perder a batalha e finalmente enlouquecer."


Tempo: 2 dias
 Finalidade: Reflexão, compreensão
Restrição: Pessoas Preconceituosas
Princípios ativos: Tabu, Amor, Incesto Consensual

Livro: Proibido
Autor: Tabitha Suzuma
Editora: Valentina
Páginas: 304

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4 comentários:

  1. Oi, tudo bom?
    Que resenha maravilhosa! Fiquei angustiada e emocionada com a história antes mesmo de ler o livro. A forma como você narrou as características dos personagens e como tratou o livro, se despindo de preconceitos, me encantou! Se este livro já se encontrava em minha lista de futuras leituras, agora mais que nunca quero ler este livro e tirar minhas próprias conclusões! Parabéns pela resenha ^^

    Bjs!
    @PollyanaCampos
    Entre Livros e Personagens

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  2. Vc ja tinha me falado desse livro, na época não associei, mas ele é meio Lagoa Azul, rs. Enfim, brincadeiras a parte, acho que não teria estômago para ler. Não por preconceito, mas pelo excesso de angústia e sofrimento. Leio para relaxar e divertir. Nesse livro eu nunca conseguiria isso.
    Ótima resenha, como sempre. Tô gostando de ver, Sammy Maria.

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  3. Sammy, querida, que resenha maravilhosa! Emoção transbordando, sem deiar de lado a crítica bem estruturada e a refleão convidativa.
    É isso mesmo que vc falou: entramos na cabeça de Lochan e Maya. Sabemos que o amor deles é uma bomba-relógio marcando o final. Compreendemos o quanto são carentes e que amadureceram precocemente, tamanha responsabilidade que enfrentam.
    Eu tb imaginei mil saídas, fiquei com eles tentando achar um caminho, uma solução. E que final! Sabe que eu aprovo finais impactantes e que estejam à altura do drama em questão? É doloroso e arrebatador, mas foi muito bem colocado pela autora, que soube contar divinamente esta história.
    Adorei suas observações. Pontos para:
    - "eles finalmente começam a entender o sentimento que tem e o incesto fica como pano de fundo. E ele não é falado e nem pensado. Na verdade, ele meio que some, mas você sabe que está lá"
    - "como as famílias desintegradas pelo abandono ou por vício traziam consequências tão complicadas."
    Parabéns. Um livro inesquecível!

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  4. Sammy, sua resenha tá maravilhosa! Eu já estava com muita vontade de ler, agora PRECISO ler. Parece um livro sensacional, apesar de você ter dito que também é perturbador. É aquilo, a reflexão diária, de até aonde a sociedade deve interferir. Pois cada um sabe de si. O problema é em qualquer situação, costuma interferir muito.

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