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Estória na íntegra do Paulo e da Marisa

Posted by Nanda Cris on 18 de setembro de 2011 20:58 in ,
Participei de um fórum uma vez que tinha desafios. Alguém nos dava 5 palavras, e a gente tinha que criar uma estória com elas.
Criei o primeiro conto, que ficou com um final em aberto. Minha principal incentivadora (Sra. Paty Deuner) me desafiou a maioria das vezes, me dando 5 palavras para eu continuar o conto. Também contei com a ajuda do Kbeça, Day Mah, Eragocris e Baltazar.E assim consegui finalizar tudo em 7 partes. Para quem tiver paciência de ler, não é porque fui eu que escrevi não, mas gostei bem dessa estória. Rs.



x.x.x.x.x.x    Parte 1    x.x.x.x.x.x


Palavras: amor - bastidores - alma - esperança - choro

Dizem que chorar não leva ninguém a lugar nenhum. Que o certo é ser forte, manter-se calma e sempre no comando. O difícil nessa teoria toda é domar minha alma naturalmente rebelde e convencê-la a fazer algo diferente do que ela realmente deseja. Estou engolfando em tristeza e minhas lágrimas são uma demonstração de que, apesar da aparente frieza com que encaro a vida, eu tenho sentimentos. O choro me limpa por dentro, enquanto penso na minha vida.
Olhando para o meu passado, chego a conclusão de que o orfanato é ruim. Mas, e daí? Sempre vivi nele, então não é como se já tivesse tido uma vida feliz antes da sombra negra do abandono instalar-se na minha vida. Não conseguia me lembrar de um momento de felicidade real em todos os meus 17 anos de vida. Eram sempre pancadas, xingamentos, frio, fome e amizades perdidas. Todos eram adotados, menos eu. Até aquele dia. A temida manhã do meu aniversário de 18 anos havia chegado com um tempo nublado e chuvoso que refletiam meu estado de espírito. A esperança tinha acabado de me abandonar e eu me sentia uma casca vazia, empacotando minhas parcas coisas em uma mochila rasgada que haviam me dado de "presente de aniversário", mas que estava num estado tão decrépto que mais parecia destinada ao lixo. "Mais um pontinho no quesito humilhação", penso, com armagura. Ainda estava me lamentando quando percebi que alguém estava se esgueirando sorrateiramente até mim. Fiquei alerta e não me movi. Seria a inspetora para deixar uma última mancha roxa, como um presente de despedida? Ou a menina grandona do quarto ao lado a fim de denegrír-me uma última vez? Várias outras perspectivas passaram rapidamente pela sua mente, nenhuma boa. Minhas mãos tremiam um pouco enquanto eu esperava. E foi então que ouvi a inspetora, com seu tom normal de escárnio na voz:
- Tem um homem aí querendo vê-la.
Não consigo acreditar que alguém esteja me procurando no meu último dia ali, mas devo admitir que isto reacendeu as brasas quase mortas da minha esperança. Será que, enfim, eu teria uma vida? Será que alguém decidiu me adotar, finalmente? Mas estava com 18 anos, pelo amor de Deus, quem adotaria alguém tão velho? Afastando as dúvidas e vestindo novamente a máscara da indiferença, segui a inspetora sem fazer comentário algum. A sala de visitas nunca pareceu tão longe, minha mente girava num turbilhão. Infinitas perguntas sem resposta. Já estava quase deixando-a para trás e correndo até o desconhecido, quando finalmente chegamos. A sala estava vazia, com excessão de um homem que olhava pela janela. Suas costas me lembravam alguém, mas não conseguia saber quem era. Torci para que ele virasse logo, para que eu pudesse olhar sua fisionomia. E ele, como se lesse meus pensamentos, virou e me encarou. Senti as pernas amolecendo, o coração disparando e a boca ficando seca. Sonhava com aquele homem desde que podia me lembrar. Ele era meu amigo, meu amante, meu protetor. Era o responsável pelos únicos momentos felizes de toda a sua vida, por causa ele ansiava a noite e o sono. E lá estava ele, olhando me com aqueles olhos amorosos como se também me conhecesse. Quando falou, sua voz não demonstrava nada do que conseguia ler em sua expressão:
- A senhora poderia nos deixar a sós? Tenho coisas a acertar com Marisa.
A inspetora grunhiu algo e saiu, batendo a porta. Claro que ela também estava curiosa e decepcionada por não saber mais daquele estranho acontecimento. Mas não era hora de pensar na inspetora. Foquei no homem. Gaguejando, falei:
- Paulo?
Ele abriu um sorriso iluminado que chegava até os seus olhos. Deu alguns passos a parou a minha frente, esticando as mãos para tocar as minhas.
- Temia que você não lembrasse de mim, meu amor.
Ao ouvir ele falando com tanta intimidade, estremeci. Era como no sonho, mas desta vez eu estava completamente acordada, disso eu tinha certeza. Murmurei:
- Lembro de cada sonho que tive com você, mas não entendo...
Ele me cortou, acariciando gentilmente meu rosto e sussurando:
- Há muito o que ser explicado e eu o farei em breve, pode ter certeza. Apenas tenha em mente que, mesmo estando nos bastidores, nunca deixei você desamparada. Tudo o que aconteceu em sua vida tem uma explicação mas esta não é a hora e nem aqui é o momento de discutirmos isso.
Concordei com a cabeça porque não sabia o que mais poderia fazer naquela situação. Eu confiava em Paulo com cada fibra do meu ser. Estava encarando-o, sem saber como proceder quando ele falou:
- Você virá comigo?
Se eu iria com ele? Que espécie de pergunta era essa? Eu era dele, esse sentimento era a única certeza em toda a minha vida. Não sei como eu podia confiar cegamente em alguém tão misterioso, mas ser prudente não tinha me ajudado muito até então. Decidi arriscar.
- Pode apostar que sim - falei veemente, também sussurando.
Sorrindo novamente, ele segurou minha mão e se encaminhou para a porta.
- Então vamos embora logo, quanto mais rápido formos, menor chance de sermos seguidos.
Seguidos? Mas eu sabia que este não era o momento para perguntas. Apenas comentei, enquanto caminhávamos para a saída:
- Mas a minha mochila...
- Para onde nós vamos, Marisa, você terá tudo o que desejar. Não precisa de uma mochila rasgada e meia dúzia de trapos velhos.
Concordei pois meu coração sentia que ele dizia a verdade.

x.x.x.x.x.x    Parte 2    x.x.x.x.x.x


Palavras: confidencial - papiro - juventude - indulgente - mezanino

A viagem até o casarão tinha sido, no mínimo, estranha. Primeiro pelo transporte. Para quem nunca nem tinha saído do orfanato, começar logo com uma limousine era, no mínimo, amedrontador. Segundo porque Paulo não havia trocado uma palavra comigo, mantendo-se concentrado em seu IPhone, com o cenho franzido todo o tempo. Não quis interrompê-lo, mas estava me sentindo estranha sentada naqueles bancos de couro, totalmente relegada a segundo plano. Depois de uma viagem bem longa vendo muito verde e bois pela janela, chegamos a uma propriedade imensa, totalmente isolada, cercada de muros altíssimos e com equipamento de segurança em cada metro quadrado. Parecia um quartel general. Assim que saltamos do carro, Paulo me deu um beijo distraído na testa e me pediu para acompanhar a senhora que estava a minha frente, sorrindo simpaticamente. Sem escolha a segui, mas fiquei acompanhando de rabo de olho o que Paulo estava fazendo. Ele parecia dar ordens a 4 homens que vestiam ternos pretos. Deviam ser seguranças, mas não conseguia ver nenhuma arma à vista. Não pude continuar acompanhando o desenrolar dos fatos no jardim porque a esta altura já me encontrava dentro da casa. Parei e olhei a minha volta, sem disfarçar o assombro. Parecia que eu estava em outro século. Não conseguia parar de reparar em tudo, quando ouvi chamarem meu nome. Era a senhora que estava me acompanhando, que me olhava de forma indulgente enquanto comentava:

- Não se sinta mal, todos ficam petrificados a primeira vez que entram na mansão.

Abaixei os olhos, sentindo uma súbita timidez. Comentei:

- Desculpe-me, mas nunca vi lugar tão bonito.
- Ora, não há necessidade para pedir desculpas. Vamos ver seu quarto? É o cômodo mais bonito de toda a casa. O senhor Paulo chamou os decoradores mais renomados para que nada desagradasse a senhora.
- Por favor, me chame de Marisa. Não há necessidade de ser formal comigo.

A senhora respondeu, parecendo feliz pelo meu comentário:

- Só se a senhora me chamar de Olga.
- Trato feito - respondi.

Sorrimos e subimos as escadas até o segundo andar da casa. Passamos por umas três portas antes de pararmos em frente à quarta. Olga a abriu e eu entrei, reparando em tudo. Todo o quarto era em tons de verde, minha cor favorita. Andei até o centro do cômodo e sentei na cama de dossel. Como era confortável! Tão diferente do catre que tinha no orfanato. Não cansava de correr os olhos pelo quarto, tentando gravar na mente todos os detalhes. A penteadeira cheia de produtos de beleza, algo que nunca pensei que um dia possuiria. A cortina com desenhos em tons de verde, lindíssima, que balançava com a brisa que vinha lá de fora. Uma cômoda que eu não precisava olhar para saber que estaria cheia de roupas como Paulo havia me prometido. Reparei que existiam 3 portas além daquela pela qual entrei. Fiquei curiosa e perguntei a Olga:

- O que são essas 3 portas?
- A mais para a direita é o seu banheiro. Senhor Paulo achou que você ficaria mais bem instalada em uma suíte. A do meio é o seu closet, caso exista algo lá do qual não goste, basta me informar que será substituído por algo mais a seu gosto. A da esquerda é... - neste momento Olga corou e eu me perguntei o porque, até ouvir o resto de sua frase - ... uma ligação direta ao quarto do senhor Paulo.

Senti meu rosto ficando quente e virei-o para o outro lado, com a esperança de que Olga não visse o quanto essa última informação havia me afetado. E foi então que reparei o criado mudo. Em cima dele havia apenas 2 coisas, mas ambas chamaram minha atenção instantaneamente. Uma foto minha com Paulo em uma colina. Peguei o porta-retrato para reparar melhor na fotografia. Estávamos abraçados, ele com uma blusa branca por baixo de uma casaca Inglesa, calças de casimira e botas de montaria. Já eu, trajava um vestido de musseline verde claro fluído, com uma fita amarrada logo abaixo dos seios, que terminava em um rebuscado laço nas costas num tom mais forte de verde. Para completar, meu cabelo estava solto, voando com a força do vento. Nós nos olhávamos nos olhos enquanto ríamos de uma piada interna. Eu me lembrava daquele sonho. Tinha acontecido no dia em que fiz 15 anos. Recoloquei o porta-retrato no lugar e peguei o papiro que estava ao lado com delicadeza, pois ele parecia que ia se desfazer assim que eu o tocasse. Isto não aconteceu, então eu pude ler o que estava nele.

"Querida,
Espero que tenha gostado do seu quarto.
Estou no mezanino lhe aguardando. Quando estiver descansada e refeita da viagem, venha me procurar. Pergunte a Olga onde fica.
Com amor,
P."

Ainda com o frágil papel em mãos, levantei os olhos procurando por Olga. Não queria me refazer, queria respostas. Mas Olga, infelizmente, havia se retirado sem fazer nenhum ruído. Droga, como eu iria encontrá-la ou ao Paulo sem me perder naquele monte de portas?
Resolvi seguir o conselho, tomar um banho, espiar o closet e, quem sabe?, ter a sorte de Olga voltar com algo para comer. Não ingeria nada há horas, estava faminta! Já me encaminhava para o banheiro quando escutei uma tímida batida na porta. Voltei, torcendo para que fosse Olga. Abri a porta e me deparei com um senhor muito assustado, que me empurrou para dentro do quarto, entrou e fechou a porta com a chave. Já estava preparada para começar a gritar, chutar, ou fazer qualquer coisa para me defender, quando ele falou tão baixo, que mal pude ouvir:

-Não vim te fazer mal, estou aqui para te alertar.

Minha boca estava tão seca, que nem sei como consegui articular algo para dizer.

-Alertar?
-Sim, ouça-me bem pois o que vou dizer agora é confidencial e só poderei falar uma vez. Então, não perca nenhum detalhe, pois tudo é importante.

Acenei com a cabeça que sim, e agucei os ouvidos. Ele continuou:

-Nem tudo o que parece ser aqui, é. Muito é ilusão. Sua juventude não te permite ver, mas eu já vi essa estória muitas e muitas vezes.

Abaixando ainda mais a voz, ele continuou:

-Paulo é um...

Mas ele não completou a frase. Arregalou os olhos e colocou a mão na altura do coração. Sua expressão se contorceu como se estivesse sentindo muita dor. Caiu sobre os joelhos e logo em seguida para o chão. Tomei seu pulso. Estava morto.

x.x.x.x.x.x    Parte 3    x.x.x.x.x.x


Palavras: recital - gargalhada - malhado - formato - taberneira

Retirei a mão rapidamente e dei um pulo pra trás. Meu Deus do céu, o homem estava morto. Olhei em volta, sem saber direito o que fazer. Ok, isso era muito estranho. Eu precisava de ajuda! Abri a porta e sai correndo sem nem pensar. Mas parei no alto da escadaria. Não era muita coincidência que ele estivesse querendo revelar algo sobre Paulo, algum segredo pelo que parecia, e ter morrido exatamente nesta hora? Isso estava cheirando a retaliação e se Paulo podia fazer isso com esse homem, imagina o que não faria comigo? Mas como eu iria conseguir fugir de um lugar que mal conhecia e tão seguro como aquele? Não havia esperança para mim. Era o fim. Um final trágico para uma vida desgraçada. Até que era esperado. Já estava sentindo as lágrimas vindo, mas estava lutando fortemente contra este impulso. Se eu ia morrer, ia ser sem chorar. Estava entretida da minha luta interna e não percebi que se aproximavam. Senti uma mão no meu ombro, dei um salto para trás, levantando o olhar assustada. Era Paulo. Não sabia o que fazer, então esperei tentando esconder as mãos que tremiam no bolso do jeans. Ele sorriu e comentou:

- Você parece nervosa. Algo errado?

Acalme-se, acalme-se - Eu repetia para mim mesma em looping. Tentando parecer o mais normal possível, soltei uma gargalhada que eu torcia para que tivesse saído descontraída e logo em seguida respondi:

- Estava tentando achar o mezanino sozinha, mas fiquei com medo de me perder por aí. Estava pensando em uma saída quando você chegou tão sorrateiramente que me assustou.

Ele continuou sorrindo e comentou, enquanto acariciava meu braço com a ponta dos dedos:

- Desculpe, querida. Vim para te dar um presente e fazer um convite.

Olhei-o intrigada. Por um momento esquecida da ameaça viva que ele poderia ser. Ele continuou:

- O convite é para um recital seguido de um banquete, esta noite na casa de Madame Dot. Você me daria a honra de sua companhia?

Eu queria gritar que sim, pois esta era a minha chance de escapar. Mas contive-me. Mostrei apenas leve entusiasmo:

- Eu adoraria.

Ele ficou exultante. Sorrindo, continuou a falar:

- Que ótimo, então vamos ao meu quarto pois seu presente está lá.

Ok, porque ele me faria um convite para mais tarde se iria me matar ali e agora? Eu precisava relaxar. Se ele realmente queria a minha morte, era a longo prazo. Preciso apenas me manter tranquila, desempenhar bem meu papel e fugir naquela noite.
Caminhamos lado a lado de mãos dadas até a terceira porta do corredor. Ele abriu-a e fez uma uma mesura para que eu entrasse. Me encaminhei para dentro do quarto e escutei um ganido bem baixinho. Olhei em direção ao barulho. Havia uma caixa em um formato retangular com um lindo filhote de beaglee dentro, todo malhado de preto, caramelo e branco. Ele era tão bonitinho. Peguei-o no colo, já pensando em mil nomes diferentes. Foi então que ele me abraçou e murmurou ao meu ouvido:

- Que bom que gostou do filhote. Ele é um pedido de desculpas antecipado.

Gelei. Eu estava errada sobre o recital. Seria ali e agora, na frente do cachorrinho. Que espécie de sádico era aquele homem? Balbuciei:

- Não entendi...
- Eu explico: não posso fugir da ida à casa de Madame Dot esta noite. E como não quero ter que enfrentá-la sozinho, estou arrastando-a para esta cilada comigo.

Relaxei um pouco.

- Não entendo, o que tem Madame Dot demais?
- Ela é uma taberneira.

Não pude deixar de fazer uma piada, mesmo estando tão tensa:

- Ela tem uma taberna, por acaso?
- Não, querida Marisa, estou falando figurativamente. Ela é uma mulher muito grosseira.

Suspirei. Ela poderia ser malcriada o quanto quisesse, mas era a minha saída segura daquela confusão toda que estava a minha vida. Ele então se dirigiu para a porta que fazia a comunicação entre os nossos quartos e a abriu. Fiquei olhando-o chocada. Se ele visse o corpo, eu estava perdida. Nem havia conseguido pensar ainda no que fazer com o homem. Ele não me deu tempo de nenhuma reação, entrou no meu quarto enquanto falava por sobre o ombro:

- Venha, traga o filhote para cá.

Segui-o, a cabeça a mil. E quando entrei no meu quarto, parei estupefada. O corpo havia sumido.

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Palavras: origami - ladeira - quentinha - sapato - estranho

Sentei-me na primeira poltrona que vi, antes que as pernas não me sustentassem mais. Senti o filhote se contorcendo nas minhas mãos. Estava apertando-o tanto, que foi uma milagre não ter quebrado nenhum dos seus frágeis ossos. Coloquei-o no chão e ele se foi, titubeando, até o lugar onde alguns minutos atrás estava o corpo. Cheirou, cheirou. Parecia estar farejando algo. E eu não sabia o que pensar. Será que eu imaginei aquilo tudo? Não, não era possível. Tudo estava ficando cada vez mais confuso. Quando eu ia começar meu interrogatório, sem dar chance a Paulo de fugir com respostas dúbias, bateram na porta. Não achei que teria condições de caminhar até lá, mas por sorte, ele adiantou-se e foi receber seja lá quem fosse que estava ali para atrapalhar meus planos. Era Olga. Ela carregava uma enorme bandeja prata, abarrotada de alimentos. Colocou-a na mesinha próxima a minha poltrona e falou, destampando uma recipiente que continha um caldo com um cheiro maravilhoso:

- Trouxe uma sopa bem quentinha para você. Além disso temos algumas frutas, pão e suco. Optei por algo pouco substancioso, porque daqui há pouco você irá até Madame Dot e é melhor não perder o banquete!

Agradeci brevemente e ataquei a sopa. Meu estômago estava ansioso demais para que eu conseguisse manter o mínimo da etiqueta. Quando finalmente me senti saciada, percebi que Paulo tinha aproveitado minha distração para se esgueirar e ir embora. Perfeito, mais uma vez ele me escapava pelas mãos. Pelo menos Olga ainda estava ali.

- Olga, o que você acha do Paulo?
Ela, sem titubear, como um cão de guarda bem treinado, saiu em defesa do patrão:
- É uma pessoa excelente, o Sr Paulo. Ótimo patrão, sempre muito generoso.

Vendo que daquela conversa eu não iria conseguir muita coisa, resolvi mudar de assunto:

- Quanto tempo ainda tenho até o banquete?
- Acho que umas duas horas, Marisa. Eu se fosse você ia logo tomar um banho para começar a se arrumar. Há muitos vestidos para escolher, além disso, tem as jóias, o sapato, a bolsa, a maquiagem...

Surtei. Roupas a escolher? Maquiagem? Eu nunca havia passado nem um batom! Envergonhada, comentei:

- Olga, você poderia me ajudar? Eu não sei direito como combinar as peças ou como me maquiar.
- Querida, sei que isso tudo é estranho para você, mas não há o que temer. Eu te ajudarei.

E Olga realmente cumpriu sua promessa com esmero, eu parecia uma princesa com meu vestido. Ele era de um tecido verde água belíssimo, que marcava minhas curvas sem ser nem um pouco vulgar. Meus cabelos estavam presos em uma trança embutida, com pequenos diamantes entrelaçados entre as mechas. Sabia que não passaria vergonha pela minha aparência na festa, mas o que me preocupava eram os sapatos. Altíssimos. Como me equilibraria neles? E, principalmente, como fugiria com eles?

- Olga, estou preocupada com a altura dos sapatos, não era melhor colocar um mais baixo?
- Claro que não, Marisa. Você está perfeita com eles. Até porque, daqui é direto para Madame Dot, você não terá que subir nenhuma ladeira à pé, no máximo, andar em tapetes vermelhos e bem planos.

Concordei e, após me certificar que Olga cuidaria do filhote para mim, desci, para encontrar Paulo. Já estava atrasada. Nunca demorei tanto para me arrumar. Mas também nunca havia ficado tão bonita. Ao vê-lo soltei uma exclamação de surpresa. Ele era belo, mas com aquele smoking eu tinha dificuldade para me lembrar porque eu queria fugir dele. Ele se aproximou acariciando meu rosto, enquanto com a outra mão me entregava uma flor de origami. Ele falou:

- Não gosto de flores naturais, elas murcham. Prefiro flores que eu mesmo fiz e que vão durar para sempre.

Nossos olhares se encontraram e eu me perdi neles completamente esquecida de tudo, menos dele e desse momento que estávamos vivendo. Ele me beijou levemente nos lábios e, quando se afastou, sussurou em meu ouvido:

- Você será a mulher mais bela que existirá no salão de Madame Dot esta noite.

Sorri feliz. Não me importava que eu fosse fugir dele dali há um par de horas ou se eu fosse ficar, para me arriscar. Naquele momento o que realmente tinha algum valor para mim era que eu me sentia amada.

x.x.x.x.x.x    Parte 5    x.x.x.x.x.x


Palavras: papel - descarte - lâmina - enfurecer - centrífuga

Ao adentrar os portões de Madame Dot, fiquei impressionada. A propriedade era ainda mais imponente que a de Paulo. E ainda mais bem vigiada. Não haveria a menor possibilidade de escapar sem ser notada. Se não é possível vencê-los, junte-se a eles. Todo o meu temor estava em cima de conjecturas. Eu estava sendo dramática. Hoje à noite, ao retornar à mansão confrontaria Paulo. Sem chance de escapatórias fortuitas.
Adentramos o iluminado salão e muitos se aproximaram para cumprimentar Paulo. Eu fiquei ali, sem conseguir me entrosar. Peguei uma taça de champagne de um garçom que passava e comecei a bebericá-la. Percebi que um homem me encarava. Nunca o havia visto antes mas encarei-o sem pudores. Mal me reconheci, é impressionante a coragem que o álcool nos dá. Mas eu sentia uma familiaridade inexplicável com ele. Fiquei tentando me lembrar de onde poderia conhecê-lo. Ele, então, fez um gesto para que eu o seguisse, se virou e saiu do salão para uma varanda próxima. Olhei para Paulo, mas ele nem parecia se lembrar de mim. Conjecturei que isso poderia enfurecer um pouco ele, mas aquilo era uma festa não? Eu deveria me divertir. E a curiosidade era tamanha que quando dei por mim, já estava na varanda ao lado do desconhecido. Ele nem me olhou quando comentou:

- Não sabia que você estava com Paulo.

Achei estranho toda aquela intimidade, ele falava como se já me conhecesse. A gente não deveria estar falando sobre o tempo ou algo neutro assim?

- Como?

Ele se virou para me encarar.

- Não sabia que o Paulo já havia te encontrado. Mas eu devia imaginar que ele ia manter segredo até contar a Madame Dot.
- Eu deveria estar entendendo o que você está me contando ou isso é apenas alguma espécie de charada?

Acho que ele não gostou muito do meu sarcasmo. Imprensou-me de encontro a sacada enquanto falava:

- Não descarte tão rapidamente as palavras de um amigo. - Pude sentir seu hálito de uísque. Ele puxou algo do bolso, era uma pequena adaga com alguns símbolos que não consegui identificar talhados na lâmina. Apesar do tamanho, continuava sendo mortal se inserida no lugar certo. Me encolhi. - Pegue. Neste casarão é sempre bom estar armado.

Peguei a adaga, o que mais poderia fazer? Ele me soltou um pouco e eu pude voltar a respirar normalmente. Estava guardando-a na bolsa quando meu mais novo amigo voou para trás. Era Paulo que havia, não sei como, me descoberto ali e tinha vindo me resgatar. Agradeci aos Céus pois aquele homem estava me deixando apavorada. Escutei Paulo ameaçando-o, mas não pude entender as palavras. Comecei a tremer incontrolavelmente, a cabeça girava loucamente como uma centrífuga. Eu nunca tinha desmaiado, mas imaginava que seria assim a sensação. Senti a escuridão se aproximando e resvalei para o chão.

Acordei em uma cama desconhecida, com Paulo sentado do meu lado. Ele secava o suor da minha testa com um lenço de papel e sorriu ao me ver abrir os olhos. Seu rosto transmitia amor e preocupação na mesma medida. Tentei me sentar, mas tudo girou novamente. Permaneci deitada.

- O que?
- No orfanato não serviam champanhe com regularidade, não é?

Sorri debilmente e falei:

- Deveria ter ficado só na água mineral. E sem gás, pra não ter possibilidade de erro.

Ele concordou com a cabeça e me perguntou:

- O que o Arnaldo estava falando com você?

Fomos interrompidos pela entrada intempestiva de uma mulher extremamente bela. Encarei-a encantada até que ela abriu a boca:

- Marisa, achei que você já tinha aprendido algo sobre o Arnaldo depois de tantas experiências desagradáveis. Mas, pelo que vejo, você não parece ter assimilado nada, como sempre. Menina burra.

Encarei Paulo que parecia desconfortável com a presença da mulher. Abri a boca para perguntar quem ela era, mas não tive tempo de articular a frase, ela continuou esbravejando:

- Paulo, tire essa menina estúpida daqui e explique para ela o que tem que ser explicado. Mas não tudo, apenas o essencial. Você sabe as consequências se você falar demais, não sabe? - sem esperar resposta, encaminhou-se para a porta pisando firme - Não tolero desentendimentos entre meus empregados porcausa de um rabo de saia.
Quando ela se retirou batendo a porta dramaticamente ele comentou:

- Não sei se deu para perceber, mas esta é Madame Dot.

x.x.x.x.x.x    Parte 6    x.x.x.x.x.x


Palavras: alma - manga - cacofonia - fantasma - carruagem

Paulo me carregou no colo até a limousine. Percebi que a cacofonia do salão amainou quando passamos, mas pouco me importei. Ao entrarmos no carro minha cabeça ainda girava um pouco, então encostei-a no ombro de Paulo, sentindo a manga de seu smoking em minha bochecha enquanto recebia seus afagos nos meus cabelos. O carinho somado ao balançar do carro e o cheiro confortador de Paulo acabaram me ninando e dormi a viagem inteira de volta.
Acordei quando Paulo me colocava na cama. Pestanejei sem entender direito onde estava, e olhei-o meio perdida. Ele tirava meus sapatos e quando percebeu que eu estava acordada comentou:

- Gostaria de conversar agora ou amanhã de manhã, quando estiver mais recuperada?

Sentei devagar e o mundo não girou. Talvez um pouco. Mas eu não podia esperar mais. Falei numa voz que, eu esperava, fosse decidida:

- Agora, se for possível.

Ele colocou então os sapatos no chão e sentou-se ao meu lado na cama, tomando o cuidado de não me tocar, e me perguntei o porque. Mantive-me calada. Queria deixar que ele me mostrasse o que lhe ia na alma, sem pressões.

- Marisa, você lembra dos sonhos que teve comigo, não lembra?
- Sim, lembro de todos - respondi sem nem pestanejar.
- Então, cada um desses sonhos são lembranças de outras vidas, momentos que já tivemos em suas outras encarnações.

Olhei-o chocada. Outras vidas? Do que ele estava falando? Ele era tipo um fantasma que me perseguia ou algo assim? Me encolhi, sem saber o que pensar.

- Mas eu estou lhe assustando e não explicando. Mas entenda bem, eu não posso lhe explicar tudo, como a própria Madame Dot frisou, pois as consequências serão catastróficas para nós dois. Então, você terá que se contentar com o que eu posso explicar.

Meneei a cabeça, concordando. Nos meus olhos, um brilho de curiosidade.

- A primeira vez que lhe vi foi no século XVI, você estava em uma carruagem com sua mãe, que estava muito adoentada. Estavam indo para o casamento do Rei. Sua beleza me deixou estupefado e eu soube que nunca mais conseguiria viver sem a sua luz por perto. Me esqueci que Madame Dot havia me mandado para buscar sua mãe. Persegui você por todo o casamento, relegando completamente meu trabalho à segundo plano. Conversar, tocar em você só me deixou mais confiante de que meu futuro sem a sua presença seria como meu passado havia sido, negro, frio e solitário. Quando minha patroa soube de minha falha, arrancou você da minha vida, Marisa, como uma erva daninha para que esta perda servisse como uma lição, assim, segundo ela, eu nunca mais me distrairia novamente. Mas, o amor havia me mudado e, desde então, ao longo dos séculos tenho lhe procurado. Madame Dot, vendo-me persistir em lhe cortejar e extremamente enfurecida com minha desobediência, lançou uma maldição sobre nós. Sempre conseguimos viver alguns momentos de amor, mas a maldição sempre nos separa.
- Maldição?
- Sim, mas, por favor, não me peça mais detalhes. Não posso falar sobre isso com você, apenas aguçaria ainda mais sua curiosidade. Apenas aceite meu amor e minha devoção.

Nos abraçamos e assim ficamos, cada qual com seus pensamentos. Resolvi concordar em nada perguntar, por hora. Tenho certeza que Madame Dot não teria tantas reservas em me revelar a verdade. Amanhã mesmo darei um jeito de ir até sua propriedade.

x.x.x.x.x.x    Parte 7    x.x.x.x.x.x


Palavras: amargura - derradeiro - soneto - plena - felicidade

Acordei nas primeiras horas da manhã. Procurei Paulo com o olhar, mas não havia mais ninguém no quarto. Foquei o travesseiro ao meu lado e então vi um bilhete com uma única echeveria sobre ele. Sorri. Echeveria? Só o Paulo mesmo! No bilhete havia um belo soneto, um poema de 14 versos descrevendo com riqueza de sentimentos a noite que tivemos e as outras que teríamos. Suspirei. Constatei que estava completamente apaixonada. Melhor agir logo, antes que eu perdesse a coragem. Me arrumei e fui procurar Olga. A cozinha já se encontrava em plena atividade, o que era muito bom, pois eu estava com muita fome. Enquanto comia algumas torradas fresquinhas com geléia de amora fui tentando tirar informações da governanta:

- Olga, preciso de um carro para visitar uma pessoa. Como eu faço?
- Já falou com o Senhor Paulo sobre isso, Marisa?

Ela estava sempre em prontidão, era impressionante! Cheguei à conclusão que o melhor era sair pela tangente:

- Ele foi dormir muito tarde, não queria incomodá-lo. Até porque eu não iria longe... eu queria ir na propriedade de Madame Dot, esqueci um anel meu lá, e queria pegá-lo sem falar nada com Paulo, acho que ele não iria gostar da minha distração...

Ela olhou-me em dúvida, mas respondeu:

- Bem, ok, vá lá fora e fale com Ronaldo. Veja se ele pode levá-la até lá.

Terminei minha refeição e, seguindo as especificações de Olga, me encaminhei pra garagem. Lá encontrei um homem alto, ruivo e altamente musculoso lustrando a limousine. Perguntei:

- Ronaldo?
- Pois não, senhora Marisa?
- Você poderia, por favor, me levar até Madame Dot?
- Claro senhora.

O percurso foi feito sem maiores contratempos. Ao tocar a campainha, fui recebida por uma senhora loira e muito carrancuda, que nem se deu ao trabalho de me cumprimentar. Olhou-me de cima a baixo, fechou ainda mais o semblante e resmungou com um sotaque alemão:

- O que quer?
- Gostaria de falar com Madame Dot.
- Há! Como se Madame recebesse cada mendigo que passa na rua. Vá embora pelo mesmo caminho que veio, ela não a receberá. - as últimas palavras foram ditas um pouco antes da senhora fechar a porta na minha cara. Que ótimo. Percorri o jardim com os olhos procurando por Ronaldo. Minha batalha ali estava perdida, eu precisava pensar em outro método de obter a verdade. Foi quando meus olhos se depararam com Arnaldo, que vinha pelo jardim caminhando de forma displicente na minha direção. Apalpei automaticamente minha bolsinha de mão e senti o contorno da adaga que ele mesmo havia me dado ontem. Respirei aliviada. Se eu precisava me defender de alguém, com certeza era dele. Mas, eu precisava me arriscar por um tempo, porque eu poderia obter deste encontro algumas respostas.
Quando ele finalmente parou à minha frente, seu sorriso era de pura felicidade, senti-me até mal por estar planejando esfaqueá-lo, na pior das hipóteses.

- Marisa, não achei que fossemos nos ver tão cedo! Que surpresa agradável!
- Pois é, vim perguntar algumas coisas para Madame Dot, mas ela não pôde me receber...
- Ela é assim mesmo, não se sinta ofendida. Ela não recebe ninguém a quem não tenha mandado chamar.
- Entendo, será que você poderia me tirar algumas dúvidas?
- Ora, claro que sim. Como te disse anteriormente, sou seu amigo. Vamos caminhar pelos jardins.

Começamos um passeio em meio às flores. Madame Dot realmente possuía um belo jardim. Foco, Marisa! Me repreendi, estava divagando. Precisava de respostas e me afastar o mais rápido que pudesse de Arnaldo. Era isso que meus instintos diziam e eu não iria contradizê-los. Puxei papo:

- Então, Arnaldo... Eu já sei como conheci o Paulo, mas não consigo me lembrar de onde nos conhecemos.

Uma amargura tomou conta de sua voz, quando me respondeu:

- Eu era o seu prometido na época. Iríamos nos casar em menos de 1 mês quando Paulo entrou na sua vida e te tirou o juízo. Você rompeu comigo e fugiu com ele. E só o que conseguiu com isso foi perecer nas mãos de Madame Dot.
- Se você me amava, porque começou a trabalhar para ela? Não entendo, Paulo já era seu empregado, mas você...

Ele interrompeu-me, enfurecido:

- Eu fui tirar satisfações com ela e graças a isso, virei seu servo! Como punição pela minha empáfia! Mas não me importei. Assim, estaria aqui em todas as suas vidas para te chamar à razão e te mostrar que o Paulo não é o que parece ser! - Ele estava ficando cada vez mais exaltado - Você acha que ele é um amor, não acha? Um anjo imaculado. Pois você sabia que foi ele que matou Timóteo? O senhor que foi te avisar sobre ele no seu primeiro dia na mansão? - ele me segurou pelos ombros e me sacudiu - O que você acha disso?

Minha mente girava e eu não sabia o que dizer. Balbuciei:

- Mas como...
- Ora, tirar vidas é muito fácil para ele já que ele é um...
- Cale-se bastardo! - Era Paulo que vinha correndo pelo jardim em nossa direção - Você sabe as consequências se terminar esta frase, não sabe?
Arnaldo ria, enquanto segurava meu pulso:
- Eu achei que depois de tantos embates, você já tivesse aprendido, querido Paulo. Eu não ligo que ela morra, contanto que ela não fique com você, um maldito arauto da morte!

Senti como se algo explodisse dentro da minha cabeça. Uma dor forte espalhou-se por todo o meu corpo, mas principalmente no coração. Resvalei para o chão, enquanto Arnaldo ria ainda mais.

- Ops, desculpe-me Paulo. O segredinho escapou...

Paulo ignorou-o e correu até mim. Eu respirava com dificuldade. Ele sussurou ao meu ouvido, enquanto segurava na minha mão:

- Não se preocupe, meu amor. Na sua próxima vida, darei um jeito de ninguém lhe contar, assim você terá uma vida longa e plena comigo.

Tentei sorrir, mas a dor era muito forte. Balbuciei:

- Na minha bolsa... adaga... Arnaldo.

Vi uma luz de compreensão se acender nos olhos de Paulo. Ele pegou rapidamente a adaga e as runas brilharam. Com fúria pulou sobre Arnaldo que, pego de surpresa, não reagiu. Ele não olhava para Paulo. Apenas para a adaga e para mim. Seus lábios formaram a palavra "traição", exatamente no mesmo instante em que Paulo enfiava a arma em seu coração. Arnaldo soltou um derradeiro som de lamento e evaporou no ar, deixando para trás apenas uma leve neblina negra. Paulo voltou para junto de mim.

- Como você sabia da Adaga dos Malditos?

Eu apenas pisquei, a visão estava turva, eu o ouvia com dificuldade. Cada respiração era um tormento.

- Marisa, escute-me com atenção. Todas as vezes que a perdi foi porque Arnaldo interferiu. Graças a sua ajuda, ele não existe mais. Na sua próxima encarnação não haverá nada para nos separar, meu amor. Não demore muito para voltar, é só o que lhe peço. Eu te amo.

E sentindo uma lágrima de Paulo rolar pelo meu rosto enquanto seus lábios tocavam os meus, resvalei para o nada, ainda sentindo a promessa de Paulo ecoando nos meus ouvidos. Na próxima vida, nada nos separia.

Fim...

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6 comentários:

  1. Como já disse a você várias vezes Nanda, sua história é ótima! Mas vou registrar aqui os meus elogios para que todos saibam.
    Achei uma história muito criativa, cheia de suspense, amor e o toque do sobrenatural que eu particularmente adoro.Você escreveu de maneira leve e clara, e carregou nas emoções da nossa querida Marisa. Como você gosta de dizer ADOOOGO!!!

    P.s. Acho que você deveria escrever a próxima encarnação da Marisa. O que acha? Talvez vire um livro!

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  2. Eu concordo com a Paty.
    Gostaria que fosse um livro.

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  3. Na verdade, se realmente o livro saísse, com certeza eu ia ter que contar a proxima encarnação dela, senão o pessoal me matava! kkkk.
    Eu, pelo menos, amo finais felizes. Pro conto ficou bom esse final, algo meio lúdico. Mas pra livro, tem que ter "e viveram felizes para sempre..." =]

    PS: Paty, vc me mima com os seus elogios! rsrs.

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  4. Nanda, você é uma ótima escritora, bem que podia escrever um livro só de contos como esse ^^

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  5. Antes tarde do que nunca, finalmente vou comentar esse badalado texto! Desculpe a demora, é falta de tempo mesmo, minha rotina ta corrida...
    A história é maravilhosa, wooow! Vi bastante da nanda na Marisa, rss, achei isso bem peculiar, uma mulher de aparencia forte, que faz do sarcasmo seu aliado, mas que por dentro é uma mulher sensivel e amorosa, que btenta lidar com as mudanças súbitas dos acontecimentos. Tudo isso num texto extremamente bem conduzido, com reviravoltas repentinas que sacodem a cabeça de Marisa e a nossa! Fora a atmosfera de sonho, acho que toda mulher sonha com um Paulo, aquele ser carinhoso e compreensivo que advinha seus desejos mais profundos antes mesmo que você os formule. Genial, simplesmente, tudo. Parabéns, Nanda, acho mesmo que você deveria desenvolver suas ideias em um livro, que tanto pode ser uma unica hiostória, como uma reunião de contos. E o nome Nanda Cris acho que seria bastante vendável, rss... Beijuuuuus!

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  6. Balta, Marcinha... brigada!
    Isto fica feliz em ser útil ;-)

    Mana, demorou mas saiu esse comentário, hem? Rs. Hoje Kbeça me deu uma idéia pra um final feliz dessa saga. Ainda tô botando o tico e o teco pra funcionar... vamos ver no que vai dar...

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