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Minha apresentação e meu desafio

Posted by Marcinha on 29 de setembro de 2011 00:59 in , ,


Olá, pessoas! Todos já devem ter me visto comentando por aqui, mas ainda não me apresentei devidamente. Aproveito esta oportunidade, mas serei breve.

Meu nome é Márcia, mas todos me chamam de Marcinha, e eu confesso que adoro isso. Sou irmã da Nanda (que costumo dizer que é minha gêmea que nasceu com onze anos de atraso) e cunhada do Kbeça. Tenho 38 anos, sou casada, ouço rock pesado, desenho, pinto, monto carrinhos, faço mecânica, jogo WOW, leio e escrevo. Ah, sim, quando sobra tempo eu durmo, rss.

Me senti muito bem vinda neste blog, e me sinto honrada com a oportunidade de participar. Acho maravilhosa a idéia de compartilharmos nossos textos aqui e, como comentei com a Nanda, o blog ficou tão informal e acolhedor, que as vezes nos vejo como se estivéssemos reunidos à volta de uma mesa, lendo nossos textos uns para os outros, como colegas que moram em uma república estudantil. Tudo está simplesmente genial.

E, tendo me apresentado, agora publico a resposta ao desafio que a Nanda me fez com a imagem abaixo. Espero que gostem!

Estou aberta a todos os comentários para que eu possa aprimorar meu estilo, certo, gente? O que vocês não gostarem, acharem estranho, ou incomodar o gosto estético de vocês de alguma forma, me falem, OK? Obrigada!


Criador e criatura




As folhas na copa da árvore farfalharam levemente quando ela saltou para galho mais baixo. Possuía leveza e agilidade semelhantes às de qualquer outra elfa, embora fosse uma mestiça. Na verdade, só fizera algum ruído ao pousar porque o alforje que trazia às costas estava pesado com tantas ferramentas.

Athrielle observou os arredores; então saltou para o solo. Estava sozinha, cercada apenas da natureza que sempre a renovava. Queria novamente ter um tempo só para si, precisava disso agora mais do que nunca. Por isso estava ali naquela manhã, para retomar o trabalho que abandonara tempos atrás.

Athrielle, à priemira vista, era simplesmente uma elfa, apesar de ser um pouco mais baixa e ter braços mais robustos do que seria comum para ela. Essa segunda característica se devia ao amor pela arte que aprendera com seu pai, Anthorn, um anão extremamente habilidoso quando o assunto era escultura. Seu pai era renomado entre os anões, tendo dedicado toda a sua vida a entalhar galerias, escadas, salões, colunas e abóbadas, tornando os subterrâneos de sua terra dignos de serem habitados pelos reis de sua raça.

Entretanto, Athrielle havia aprimorado a arte de seu pai, desenvolvendo sua escultura segundo o gosto estético e delicado que herdara da mãe, Larielle, a elfa que pintara os retratos de tantos reis, dentre eles o rei anão. Foi nessa época que o amor pelas artes uniu o artesão e a pintora, e assim nasceu Athrielle.

Todas essas lembranças passavam pela mente da elfa, que pousara no chão seu alforje, e começava a retirar dele suas ferramentas. Ela olhou para a rocha solitária que havia no centro da clareira onde se encontrava; seu trabalho inacabado, abandonado. Havia deixado aquele lugar havia tanto tempo que a rocha estava esverdeada pelo musgo, quase sufocada pelas plantas que creceram ao seu redor. Athrielle respirou fundo, enquanto afastava de sua mente o motivo que a distanciara de seu trabalho meses atrás. Não queria se lembrar de voz dele, do calor, das promessas, das palavras que, agora ela sabia, foram irresponsáveis e vazias. Um lágrima teimosa lhe rolou pela face, e ela a secou rapidamente com as costas da mão que segurava o cinzel, e passou os logos cabelos azulados por trás das orelhas pontudas.

Tendo suas ferramentas nas mãos, a elfa contornou a rocha que não via já há algum tempo, até que parou, sobressaltada. Ouvira nitidamente uma voz grave se dirigir a ela.

- Quem está aí? - repetiu a voz, que parecia estar bem à sua frente.

- Quem deseja saber? - retorquiu a elfa, com cautela.

- Athrielle? Athrielle?! Por Apolo! É você, de volta? - indagou a voz, masculina e grave, como um trovão à distância.

- Sim, esse é meu nome... - respondeu a elfa, voltando a caminhar em torno da rocha; não podia acreditar no que estava passando em sua mente naquele momento.

Entretanto, era verdade. A elfa parou com assombro, frente a face esculpida da rocha onde trabalhara tempos atrás. O rosto que ela escuspira estava vivo, e a encarava com uma expressão de desalento que ela jamais esqueceria por toda a sua longa vida. O rosto de pedra possuía um olhar de puro abandono quando indagou:

- Porque me deixou, Athrielle? Eu... senti a sua falta.

Ela abriu e fechou a boca diversas vezes antes de conseguir articular uma palavra. Deixou suas ferramentas caírem ao chão, enquanto se aproximava da rocha fria, que exibia um rosto tão vivo, e tão sentido.

- Me perdoe. - disse a elfa, enquanto se aproximava a ponto de tocar o rosto de pedra com as palmas das mãos. - Me perdoe, eu não sabia... eu não sabia que estava vivo. Como? Quando ganhou vida? Da útima vez que estive aqui, você... - ela pensou por um momento, incerta de que aquilo era real - você era apenas rocha, que eu trabalhei e esculpi. Como?

A elfa encarou o rosto de pedra entre suas mãos. A rocha estava fria e úmida, mas a expressão havia mudado. A boca que ela esculpira com tanto cuidado, emoldurada por um espesso bigode que lembrava os anões, curvava-se lentamente em um sorriso amistoso. Os olhos profundos, de aparência sábia, estavam agora amorosos e embevecidos enquanto se fixavam nela. Ela observou a barba e os cabelos que havia deixado inacabados, a faixa que esculpira para adornar a testa de seu herói.

Ela havia planejado aquela escultura com tanto cuidado, simplesmente para depois se esquecer dela. Ela olhou o rosto de pedra nos olhos, então ele lhe disse.

- Da última vez que esteve aqui, Athrielle, você trabalhou divinamente. Você se lembra?

- Eu... - ela fez uma pausa, revivendo aqueles momentos - eu trabalhei por horas, sem descanso. Estava entusiasmada, estava tão satisfeita com a forma que seu rosto estava tomando, com a maneira como você me parecia belo, honrado, confiável. - ela deu um meio sorriso, encabulada - Então eu me senti só, lembrando que não havia niguém para quem mostrar o meu trabalho. E foi então... - ela se calou, deixando a frase em suspenso.

- E foi então que você chorou até adormecer. E adormeceu recostada em mim, enquanto desejava com todas as suas forças ter alguém em sua vida, alguém para amar, alguém com quem compartilhar, a quem cofidenciar tudo o que sufoca nos recantos de sua alma...

- Mas... - ela titubeou, confusa - mas, quando saí daqui, naquele dia... foi que conheci.... - ela segurou a respiração por um momento, não queria pronunciar aquele nome - eu pensei que ele fosse a resposta aos meus anseios.

- Nunca foi, minha amada. - disse o rosto de pedra; não demonstrava ciúme, apenas compreensão - Seu companheiro estava ao seu lado, sempre esteve. Você apenas não o via. Seu trabalho, e seu entusiasmo pelo seu trabalho, permitiram a você entrar em contato com o seu eterno companheiro. Eu senti a sua dor, todo o seu amor, a sua esperança e o seu desespero. Então eu despertei, abri os olhos para este mundo, só pra ter você. Mas você não estava mais aqui.

Athrielle ainda segurava entre as mãos o rosto de pedra, enquanto as lágrimas rolavam sem parar. Ele a olhava ainda mais amorosamente ao vê-la chorar, sabendo que aquele era um choro bom, um choro de reencontro, não de despedida.

- Mas agora você está aqui, amada. É tudo o que me importa. - afirmou ele.

- Mas, você... - ela parou, tentando escolher as palavra; não queria magoá-lo - você está... incompleto. Esculpi seu rosto e nada mais... como poderemos...

- Termine seu trabalho. - ele determinou, e sua expressão agora era séria e decidida.

- Mas você está vivo! Como irei cinzelar você sem que sinta?! - ela indagou, sobressaltada.

- Eu aguento. - afirmou, ainda mais sério e com a voz ainda mais grave.

- Não. - ela negou com a cabeça, horrorizada. - Não vou torturá-lo dessa forma.

- Irá me torturar se me negar a minha existência ao seu lado, Athrielle. De que me vale estar vivo e ficar preso aqui, sem poder caminhar pelo mundo ao seu lado? A menos que... - então ele a encarou, tomado por dúvidas - A menos que você ainda o ame, e não me queira.

- Se você ganhou vida através dos meus pensamentos, dos meus anseios, você é tudo o que mais quero e que preciso. - afirmou ela, com ternura.

- Então termine sua obra, minha amada. Por nós dois.

A elfa recuou um momento, para recolher as ferramentas que deixara no chão. Então retornou para junto dele e perguntou:

- Por que nome devo chamá-lo?

- Ainda não tenho nome, - retorquiu ele - mas posso afirmar que me sentirei honrado quando minha criadora me der um.

Athrielle sorriu para ele, para aquele rosto que a deixava tão à vontade, e a fazia se sentir amada e acolhida. Então a elfa respirou fundo e, erguendo as ferramentas, disse:

- Está bem, Pethrus, vamos começar. Temos muito trabalho pela frente.

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9 comentários:

  1. Bem, primeiro, vamos a correção ortográfica. Nenhum erro de português, apenas erros de digitação...

    "Athrielle, à priemira vista, era simplesmente uma elfa" - primeira.

    "quase sufocada pelas plantas que creceram ao seu redor" - cresceram

    "e passou os logos cabelos azulados" - longos

    "um olhar de puro abando quando indagou:" - abandono

    "você era apenas rocha, que eu trebalhei e esculpi" - trabalhei

    "Ela obeservou a barba e os cabelos" - observou

    "Então eu desepertei, abri os olhos para este mundo" - despertei

    "ela parou, tentando escolher as palavra;" - palavras

    Segundo: UAU!!! Mana, na boa, vc arrasou. Amei a estória. Só achei que:

    a) ficou muito no ar o que aconteceu com o outro cara. Porque ficar tantos meses afastada dali? Tava com dor de cotovelo esse tempo todo? Sei lá, acho que vc podia ter desenvolvido um pouquinho mais essa parte. Mas, ficar subentendido não matou sua estória, porque dá pra gente bolar porque ela não voltou. Mas é que eu gosto de coisas meio "preto-no-branco", kkkk.
    b) vc sabe que eu só penso bobagem né? Fiquei imaginando a hora que ela fosse esculpir ele da cintura pra baixo. Tá, eu sei que é uma licensa poética, mas que fiquei curiosa com essa parte, ahhhh, fiquei, kkkkkkkkkkkkkkkk.

    Agora sem zuação. Tu tem o dom maninha. Realmente amei o texto, me prendeu e foi muito bem escrito. Parecia que eu estava lendo um livro de contos de algum autor renomado. Parabéns. Vc é meu orgulho! =]

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  2. Woooooooow, muito obrigada, Nanda! Sim, faltou também eu dizer que eu AMEI essa imagem que vc escolheu assim que a vi pela primeira vez!

    Sim agora as criticas: Nossa, eu realmente digito pior do que eu pensava e reviso ainda pior do que digito, rss... eu revisei esse texto N vezes e ainda passou isso tudo! Meol deols.... Valeu, vou ficar mais atenta!

    Sim, sobre "o outro", é uma história meio longa, rss... mas o fato é que ele apareceu na vida dela como um milagre, e ela se apaixonou perdidamente por ele e se entergou a ele de corpo e alma, mas meses depois ele sumiu da vida dela como ela não significasse nada. Ela amargou a dor de cotovelo alguns dias apenas, até decidir voltar ao trabalho, para manter a mente ocupada. Resumidamente é isso :)

    Agora, kkkkk, só você mesma, Nanda! Enfim, claro que ela ira esculpir tudo em detalhes, não esqueçamos que "O David" de Michelangelo tem os pelos pubianos cacheados!

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  3. Marcinha do céu! Que texto é esse?
    Tinha que postar uma foto minha de boca aberta enquanto lia sua história rsrsrs. Pra mim não tem nada de errado, tava tudo perfeito. É claro que eu não sou especialista como a Nanda, e é sempre bom escutar seus conselhos.
    E adorei o nome da elfa "Athrielle", muito lindo. Tem algum significado?
    No mais estou esperando ansiosa outro texto seu Marcinha.
    Sinto-me honrada em fazer parte desse blog de artistas!

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  4. Oi, Paty! Nossa, obrigada! Esse é o charme desse blog, temos talentos distintos, e vamos nos ensinando e nos completando uns aos outros. Eu adorei o texto do seu desafio também, sobre aquela praia de pedras (aliás a Nanda caprichou nas imagens!)
    Bem o nome da elfa não tem um significado, mas surgiu do seginte: nomeei o pai Anthorn em homenagem a Aleijadinho, que era Antônio... para as elfas queria um nome bem feminino, e adoro Gabrielle (da Xena), então Athrielle é uma fusão (um pouco forçada, admito) de Anthorn e Larielle. Também adorei o nome no final das contas ;)
    Por último, se está cuiriosa por mais textos meus, Paty... desafie-me! Confesso que tô doida por outra peleja! kkkkk

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  5. Ih, ficou viciada em desafios, e agora? kkkk.
    Por falar em desafios, gente, bolei 1, vê o que vcs acham...

    Tem o desafio das 5 palavras, certo?
    Pensei em bolar o desafio das 5 frases. Ia ser um desafio com "d" maiúsculo, difícil pracarai. Mas acho que podia ser bem divertido.
    Seria assim, a gente bola as 5 frases (algo pequeno, que seja meio genérico):
    "Oh, meu Deus!"
    "O sol nascendo era lindo."
    "Que frio danado estava fazendo."
    "As crianças riam, felizes."
    "Biscoitos amanteigados são os melhores"
    E a pessoa tinha que juntar tudo em um texto:

    Oh, meu Deus! O sol nascendo era lindo. Olhava embevecida o horizonte, quando escutou som de gargalhadas. Olhou para o lado e viu que as crianças riam, felizes. Corriam para lá e para cá. Não entendia como poderiam não estar agasalhados. Que frio danado estava fazendo! Olhou na bolsa e encontrou algumas balas. Chamou-os. As crianças cercaram-na e ela ofereceu uma bala a cada um. Percebeu que uma das crianças vinha mais devagar que as outras. Ele tinha uma perna mais curta do que a outra e por isso, mancava. Apiedou-se e procurou mais balas na bolsa. Não tinha mais nenhuma. Quando o pequeno se aproximou dela, com os olhos cumpridos para o que ela poderia tirar da bolsa, ela falou, como que se desculpando:
    "As balas acabaram, só tenho esse biscoito."
    Não tem problema não, tia. Biscoitos amanteigados são os melhores!

    Deu pra entender mais ou menos?
    O que vcs acharam? Muito ruim?

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  6. Vixe, cumadre, ocê qué matá nóis? kkkkkkkk, mas é uma idéia e tanto hein! Podemos trabalhar com os dois tipos, 5 palvras e 5 frases, e vamos variando...
    Agora você vê só! Eu que tô viciada né? Pra explicar a idéia acriatura "se auto desafiou-se a si mesma", bolou as frases, fez o texto, brincou sozinha, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...
    Mas deu pra entender sua idéia sim, e achei maneira, vamos ver a opinião dos outros ;)

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  7. Hahaha, ninguém me desafia, então eu bólo um desafio, me desafio e escrevo o texto. só faltou comentar o quanto tinha sido legal o que eu tinha escrito, kkkkkkkkkkkkkk.

    Zuações à parte, legal que gostou! Vamos esperar o resto da galera se manifestar!

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  8. Seja bem vinda, cunhada.
    Muito bonito o seu texto.
    Pethrus é bastante cativante.
    :D

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  9. Muito prazer, Marcia!
    um super beijo em você.

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