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Desafio da Semana das Crianças
A Paty nos desafiou para que postássemos um texto em
homenagem à Semana das Crianças. Cada membro criaria um texto contando uma
história verdadeira de algum fato da sua infância (que se lembre ou que
contaram).
Já espremi meu cérebro, pois queria dar um testemunho meu,
das minhas lembranças, mas ele não parece querer colaborar com nenhuma estória
digna de nota da minha infância, só penso em flashs, então, vai de flashs
mesmo.
Nesta mesma viagem, estávamos na piscina que era bem
distante da pousada. Estou contando na perspectiva de uma criança de uns 7, 8
anos, então não sei se era realmente tão distante assim. Mas, enfim, o
importante é que, para mim, era bem distante. Do nada, me deu uma vontade louca
de ir ao banheiro. Pedi para mamãe para voltar pro quarto, porque eu queria
fazer cocô. Ela me disse que eu poderia fazer no banheiro das piscinas, e lá
fui eu, desesperada, pro tal banheiro. Chegando lá, era tudo tão molhado e sujo
que não pude me obrigar a usar o banheiro, voltei correndo, já trançando as
pernas e pedindo por favor, por favor, para voltarmos pro quarto. Ela falou:
vai na frente porque não vou poder acompanhar o ritmo. E lá fui eu, correndo
descalça pela rua de terra, de biquine, molhada e chorando, porque eu realmente
estava nas últimas e não estava conseguindo me segurar. No meio do caminho, sem
eu nem mesmo perceber, escapuliu. Chorei ainda mais, corri ainda mais, cheia de
vergonha, pensando que o biquine não estava cobrindo a sujeira. Cheguei na
recepção e, entre soluços, pedi a chave do quarto. Lá chegando, corri para a pia
com a parte de baixo do biquine na mão para poder lavá-la, porque estava com
muito medo da minha mãe brigar comigo. Olhei pela janela e vi ela chegando, a
cara cheia de preocupação. Eu não conseguia parar de chorar.
Me lembro de um aniversário, eu devia ter uns 3, 4 anos.
Minha avó me mostrando um saco enorme de plástico bem abarrotado de coisas
dentro. Eu perguntei o que era. Minha avó falou que eram presentes. “Tudo pra
mim?” “Sim, minha filha, tudo para você”. “Posso abrir?” “Só no final da festa”
Eu não via a hora da festa acabar.
Quando eu era pequena, usei botinha por um bom tempo para
corrigir meus pés tortos. Eu pisava para dentro. No colégio tinha um menino, o
Dudu, que eu sempre o convencia a fazer o que queria chutando ele com as minhas
botinhas. Até o dia que fui fazer isso com outro menino, o Leonardo. Ele me
bateu de volta. Eu não chorei. Mas também nunca mais bati no Dudu.
Sempre que eu chegava do colégio, minha irmã corria para o
toca-discos e botava Elvis para tocar. Eu queria ouvir Xuxa, mas nunca tinha
direito, ela sempre era mais rápida. Cresci ouvindo Elvis e Good Times 98 (um
programa de música antiga que tocava na rádio que era o favorito da mamãe).
Deve ser daí que provém meu bom gosto musical, rs.
Quando eu chegava do colégio, minha avó botava um prato de
comida com arroz, feijão, carne e algum legume. Eu comia tudo, menos o legume.
Minha irmã mais velha era responsável por me fazer comer. Ela brigava comigo,
me botava de castigo, tudo para me fazer comer o legume que eu sempre deixava
no prato. Um dia ela me fez picar sentada em frente ao prato, enquanto eu não
comesse o legume não poderia sair. Eu não comi. E demorou muito tempo até ela
me liberar, bem contrariada e, com certeza, pensando em outra estratégia.
Minha irmã me pagava para fazer uma parte das tarefas
domésticas dela. Exploração infantil total.
Um dia eu pedi uma bicicleta para o Papai Noel e quanto eu
cheguei na porta de casa (onde sempre ficavam os presentes), não tinha uma
bicicleta, mas um monte de presentes, muitos, muitos mesmo. Todos baratinhos, mas na época eu só me
importava que eram muitos! O que eu mais gostei foi um Snoopy que ensinava a
amarrar cadarço, abotoar botão... lembro dele até hoje.
Perguntei para a minha avó o que o Papai Noel comia, já que
ele era tão gordo e sempre que ia lá em casa deixar os presentes, não beliscava
nada na nossa mesa. E ela me respondeu, numa sacada de mestre, que Papai Noel
comia o cheiro da comida. Eu me senti muito importante por ter essa informação
confidencial.
Eu brincava dentro do condomínio com um monte de crianças
que também moravam lá. Todo dia eu brincava com elas. Eu sempre tinha que subir
às 18h, ou seja, quando escurecia. Mas eu não tinha relógio, então minha mãe
ficava incumbida de me chamar. Quando começava a escurecer, eu não subia mais
pra fazer xixi, nem beber água, e tentava ficar o mais quieta possível, para
ver se minha mãe esquecia de mim. Às vezes dava certo, às vezes não.
Lembro do dia em que meu pai me ensinou a soltar pipa.
Ih, são tantas lembranças... eu poderia ficar aqui falando
delas o dia todo. Devo admitir, gostei muito da minha infância. Vivi numa
família de classe média, cercada de amor, sem grandes traumas.
4 comentários:
Gostei muito Nanda, é bom saber um pouquinho de cada um aqui no blog, desse jeito parece que a gente se conhece desde criança rsrs. Posso até te imaginar pequenininha e emburrada, fitando sua irmã com uma expressão desafiadora nos olhos: "Detesto cenoura!"
ResponderExcluirTambém gostei muito amiga! ^^
ResponderExcluirEstou achando bem legal isso de dividirmos coisas marcantes de nossa infancia! Mas só tive pique para escrever a minha agora, rsrsrsrs
A melhor foi a parte "para ver se ela esquecia de mim.". ;)
ResponderExcluirSim Nanda...esse é o tipo de infância que toda criança deveria ter, com amor carinho e somente alguns sobressaltos para torná-lo mais emocionante. Essa coisa de ficar quietinha pra que ninguém lembre da gente era uma estratégia que eu usava tbm. Essa fotinho sua é muito fofa! Melindrosa?
ResponderExcluirSó conserte esse trechinho aqui:
Um dia ela me fez picar sentada em frente ao prato,..... (ficar)
É tão gostoso saber das histórias dos amigos!
Comenta aê!