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Batata quente 2 - Parte 10

Posted by Nanda Cris on 5 de janeiro de 2013 07:30 in , ,
O começo dessa saga, você encontra aqui:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Parte 7
Parte 8
Parte 9

E agora, sem mais delongas... a estória!



Suzanne tinha certeza que não iria sobreviver mais por muito tempo. Sentia a consciência resvalar e pensava que aquilo seria uma benção. O fim da dor, era tudo o que ela queria.

Górgon caiu em meio aos vampiros, esmagando na queda os que ainda não tinham chegado perto de Susanne. Ainda assim, sobraram muitos, e alguns já tinham poderes, graças ao sangue da Deusa, não seria possível derrotá-los apenas na força física. A gárgula então concentrou-se no seu poder e emitiu uma forte luz azulada que congelou todos os vampiros no recinto. Cristopher o encarou estupefado. Não fazia idéia que eles dominavam a magia! Mas logo afastou este pensamento e correu para Suzanne, ela estava muito pálida, com vários ferimentos no corpo e desmaiada. Acomodou-a nos braços e aguardou instruções. Górgon estava arrancado as cabeças dos vampiros congelados com os dentes.
- Está divertido aí, chefe?
- Não me venha com ironias, filhote. - Górgon disse depois de cuspir mais uma cabeça - Estou tentando decepar todos os que beberam do sangue da Deusa. Assim eles não vão conseguir nos perseguir, nem passar a informação adiante.
- Certo. - Cristopher respondeu, constrangido.
- E você deveria me ajudar. Essa magia só dura uns cinco minutos, logo eles vão acordar e vão atacá-la novamente, até a drenagem total. Temos que nos livrar de todos.
Cristopher rapidamente depositou Susanne em um canto e começou a atacar, o tempo era precioso.

Como era bom sentir ar puro durante um vôo sem perseguições. Sentir Suzanne em seus braços, segura. Aquilo sim era vida. Lendo sua mente, Górgon vociferou:
-Não cante vitória antes do tempo, criança. Ainda tem o primeiro vampiro que provou o sangue da Deusa. Ele ainda está solto por aí.
-É verdade, havia me esquecido dele.
-O seu problema é esse, meu rapaz: memória curta.
Cristopher resolveu engolir a ofensa, ele a merecia. Apertou Suzanne um pouco mais nos braços. Quase a perdera e por culpa total e exclusivamente sua. Burro!
Ao chegarem no teto da Catedral de Notre Dame, encaminharam-se diretamente até uma parede que não parecia ter nada demais. Cristopher não entendeu o porque, mas achou melhor ficar calado. De qualquer forma, logo saberia o que estavam fazendo.

Górgon aproximou-se da parede e viu que o portal começava a se destacar com uma luz muito forte, quase cegante. Sem hesitar, tocou o centro da porta e ela se afastou, abrindo caminho para que seu corpanzil pudesse entrar naquele mundo paralelo. Fez um gesto para que Cristopher o seguisse e entrou, sem olhar para trás.
Ao adentrar, foi recebido por seu mestre, que o saudou e comentou:
- Ouvi murmúrios sobre o seu retorno, studento*. Vejo que voltou acompanhado. O que houve com a Diinon**?
- O filhote a deixou ser capturada.
Cristopher deu um passo à frente, tentando se fazer notar e falou:
- Desculpe por isso, eu...
- Não interrompa-nos. - o mestre o cortou - Você poderá falar quando for solicitada sua opinião. Prossiga Górgon.
- Consegui salvá-la e matei os vampiros que haviam provado seu sangue ou que sabiam sobre o poder dele. Mas ainda há um solto, o primeiro.
- E o que você pretente fazer?
- Trouxe-a para que o senhor a curasse. E, quando ela despertar, tocarei sua mente para tentar rastrear o fugitivo.
- Certo, mas a transformação não poderá mais ser protelada.
- Sim, mas esta missão acho melhor deixar a cargo do senhor.
- Como queira. Infano***, traga-me a Diinon.
Cristopher aproximou-se e parou a apenas um braço de distância. Não sabia direito o que fazer, então ficou apenas parado, aguardando o desenrolar dos fatos, com Suzanne nos braços, ainda desacordada.
O mestre estendeu os braços e fez surgir uma luz ainda mais azul que a emitida por Górgon. Ela envolveu o corpo de Suzanne, que começou a se reconstituir, perante os seus olhos. As faces ganharam um rosado saudável e ela parecia que nunca tinha sido atacada. Suspirou aliviado. Ela sairia dessa. Foi com o coração transbordando de felicidade que viu-a abrir os olhos tão logo a luz cessou.
- Cristopher? O que houve?
- É uma longa estória, Mon Bijou****. O que você precisa saber é que todos os vampiros estão mortos, você está segura.
- Não minta para a Deusa, fedelho. - Górgon bufou - Bote-a no chão, precisamos conversar.
Suzanne, já do chão, encarou-o, assustada. Sussurrou:
- Cristopher, quem é ele?
- É meu mestre, escute-o pois ele precisa de um favor seu. Realmente nem todos os vampiros morreram, la unua está solto por aí, como a profecia previu.
- La unua?
- O primeiro, na nossa língua nativa, mon amour*****. Fale com ele.
- Ok. - Suzanne parecia assustada, mas decidida. Aproximou-se de Górgon e escondeu as mãos que tremiam atrás do corpo. - Prazer, senhor. Em que posso ajudar?
- Preciso tocar sua mente, Deusa. Mas não se preocupe, não doerá.
- Sinta-se a vontade.
Ela sentiu uma presença dentro de sua cabeça, mas não chegava a ser desconfortável. Depois de alguns momentos, a conexão se findou e ela sentiu apenas uma leve enxaqueca.
- Consegui localizá-lo. Ele sabe onde estamos e está vindo para cá. Não passará pelo portal, é claro, a magia antiga não permitirá. Mas podemos surpreendê-lo no telhado.
- O tempo é curto, studento. Diinon, aproxime-se, precisamos conversar. - O mestre falou e estendeu a mão, convidando-a a chegar mais perto.
Ela segurou sua mão e se aproximou. Não sentia medo daquela velha gárgula. Pena que o mesmo não podia dizer do mestre de Cristopher. Ele era tão imponente, que ela se sentia insignificante perto dele.
- Sim?
- Você é nossa Diinon, nossa Deusa. Você vive por toda a eternidade nos resguardando. Quando seu corpo, por algum motivo, se deteriora, você morre, mas não a morte que os homens conhecem. Você se apossa de um corpo humano e fica com sua mente embotada, numa espécie de hibernação. Para descansar e se fortalecer mentalmente. Nós preservamos sua integridade física até que chegue aos 18 anos, quando você já se encontra apta a exercer suas atividades de guardiã do nosso mundo.
- Eu fiz 18 há uma semana...
- Exatamente. Estávamos arrumando tudo para o seu regresso, mas os vampiros acabaram nos obrigando a apressar um pouco o processo.
- Mas, como poderei ser uma guardiã? Meu corpo não suportaria uma luta física com um vampiro... talvez nem mesmo com um humano!
- Realmente, seu corpo físico não está preparado para isso, mas segundo a profecia, apenas você tem o poder de aniquilar La unua. é para isso que você terá que passar pela transformação, quando seu cérebro se lembrará de todas as suas vidas pregressas e você retornará como nossa Deusa e guardiã.
- Transformação?
- Sim, você tem que assumir sua forma original.
- Que seria?
- Uma gárgula, é claro.


* aluno em esperanto.
** deusa em esperanto.
*** criança em esperanto.
**** minha jóia em francês.
***** meu amor em francês.

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2 comentários:

  1. BONÍSSIMO!!!
    Essa estória ficou muito boa mesmo. Aliás desde o começo a trama e os detalhes sobrenaturais foram muito criativos e diferentes do que costumamos ver em livros por ai. E agora vc surpreendeu mesmo Nanda, com dados muito bons relativos a esse mundo paralelo da Deusa. Jamais conseguiria tamanha inspiração. PARABÉNS!!!

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