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BATATA QUENTE 1 - Texto Completo.

Posted by PatyDeuner on 5 de fevereiro de 2013 07:00 in , , , ,
Chegamos ao fim de mais um Batata Quente, e queria agradecer muito às meninas que participaram. Acho que, no final das contas, foi uma ótima experiência. Compilei todas as partes em um post só, e a parte final que apresento agora fica justamente no final do post.
                                                              O Cedro de Ouro 













 


1ª PARTE - Patydeuner

O galpão fedia a urina e mofo. Finas partículas de luz passavam pelos vidros quebrados mas não chegavam ao chão, tornando muito difícil ver o que tinha a sua frente. Apenas vultos de montes de ferro retorcido e enferrujado serviam de alguma proteção ao seu corpo. Estava com o agarre firme em sua pistola mas o suor a fazia vacilar.
Mais cedo, naquele mesmo dia, estava em um bar tomando seu maravilhoso gin com tônica. Aquela era sua recompensa após um longo dia de trabalho. Infelizmente não pode curtir aquele momento por muito tempo, seu olhar treinado acabou detectando o suspeito. Saiu atrás dele às pressas mas sentiu seus reflexos falharem. Ela realmente não estava bem para iniciar uma perseguição, e mesmo assim aqui estava ela, neste galpão fedorento, suando frio e com a visão ainda mais turva do que estava no início da caçada. Seus movimentos eramcada vez mais lentos.
Viu de relance o cara sair detrás de um carro desmontado e correr na direção oposta.. Por reflexo levantou-se de seu esconderijo e arrastou-se atrás dele. Já não conseguia mais do que arrastar-se.
- Pare ou eu atiro! - Seu grito saiu mais como um grasno sufocado, e como percebeu que ele não iria parar, atirou.
Inacreditavelmente o tiro foi certeiro, e o suspeito estatelou-se no chão com um baque surdo.
Reuniu suas últimas forças para chegar até o corpo debruçado sobre montes de lixo. O cheiro se sangue recém derramado revirou-lhe o estômago já agitado desde sua saída do bar. Quando virou o corpo para cima, seu rosto foi revelado.
-Deus não! Você não!
Foi a última coisa que conseguiu dizer antes de perder a consciência. Nesse mesmo instante seu bip vibrou em seu bolso. E ficou vibrando incansavelmente sem resposta durante várias horas.


2ª PARTE - Nanda

Ela sentia as mãos tremendo incontrolavelmente. Joana não era assim, ao contrário, era sempre a filha exemplar. Nunca deixava de informar onde estava. Mas já faz horas que ela não dava uma notícia. Mandou outro bip a ela. Nada.
Rita, sua outra filha, caminhava de um lado para o outro da sala, não contribuindo em nada para acalmá-la. Em sua mão, o celular e o telefone sem fio da casa. Intercalava os dois em ligações frenéticas. Mas ninguém parecia ter visto Joana.
Sentiu uma lágrima escorrer, solitária. Sabia que a decisão de sua filha se tornar policial não poderia terminar bem, mas quem podia dissuadir Joana de algo que se dispunha a fazer? Ela sempre fora assim, desde pequena.

- Rita, minha filha, não teve nenhum sucesso aí?
- Não, mamãe. Cláudia a viu no bar, por volta das 18:30h, mas não sabe dizer quando saiu. Tirando ela, é como se Joana tivesse sido tragada pela terra. Ninguém a viu, ninguém sabe de nada.
- Meu Deus, primeiro Rodolfo e agora Joana...
- Mamãe, não diga tolices. Papai morreu em serviço, é verdade, mas não temos porque pensar que Joana teve o mesmo fim. Ela pode estar por aí namorando, não pode?
- Sua irmã nunca me preocuparia assim, sem motivos. Ela ligaria para avisar.

Neste momento, a conversa foi interrompida pela campainha. Rita levantou-se de um pulo e saiu correndo para atender a porta, enquanto gritava, por sobre o ombro, para a mãe:

- Viu, mamãe? Deve ser a Joana. Aposto que perdeu a chave entre um amasso e outro!

Rita ainda ria de sua própria piada quando abriu a porta. O riso morreu em sua garganta. Não havia ninguém ali. Que piada sem graça era essa? Deu um passo para fora, tentando enxergar melhor os arredores. Parou ao pisar em algo. Ao olhar para baixo, encontrou a bolsa de Joana com um envelope ao lado. Em uma caligrafia tremida estava escrito o nome de sua mãe. Aquilo não estava cheirando bem.

3ª PARTE - Patydeuner

Sentiu um gosto amargo e químico na garganta quando tentou sem sucesso umedecer a língua seca. O corpo todo doía e a cabeça latejava. Quando abriu os olhos agradeceu a escuridão, e por um momento pensou estar em sua cama, curando mais uma de suas tão corriqueiras ressacas. Absorveu o cheiro forte de urina seca e a realidade veio à tona junto com as memórias do que tinha acontecido. Levantou-se rápido apalpando os quadris freneticamente a procura de sua arma, mas a vertigem não deixou que se pusesse de pé. Caída no chão, pode contemplar suas mãos sujas de sangue seco, iluminada pelo brilho fraco de luz que vinha por debaixo da porta, e quando seus olhos focaram a abertura, viu que alguém estava parado lá, do outro lado, e nesse mesmo instante ouviu o rangido do trinco sendo aberto.
A luz cegou-a por alguns momentos enquanto tentava identificar a sombra do homem, e quando ouviu sua voz não teve mais dúvidas do que estava por vir.
-Bom dia doce irmãzinha! Dormiu bem?
A raiva lhe deu forças para sentar e encarar aquele homem desprezível.
- Sinto muito querida pelas acomodações tão humildes, mas é tão difícil achar boas casas pra se alugar hoje em dia, você sabe...
- O que você quer Thomas? - Ela gritou interrompendo o monólogo, e ouviu sua risada seca e rancorosa.
-Ah Jojo! Sempre tão impaciente! Papai não iria aprovar essa ansiedade. Ele era um homem muito metódico e perspicaz não é mesmo? Lembro-me como se fosse hoje, de uma frase que ele vivia repetindo para você.
“Nunca deixe as emoções te dominarem querida. Elas invariavelmente vão acabar com você.”
- Era assim mesmo não era? Bem, pelo jeito você nunca conseguiu seguir esse conselho. Eu, ao contrário, absorvi cada uma de suas palavras. Passei anos esperando a minha vez de ser o primeiro. Fui humilhado, rejeitado e castigado por aquele idiota pretensioso, mas, fui tolerante.
- Thomas, você sabe que não foi bem assim. Ele só quis transformá-lo em um homem honesto e decente. Mas você nunca escutou!
Ele agora rangia os dentes, e seus olhos faiscavam enquanto falava entre os dentes.
- Eu implorei a ajuda dele! Me humilhei pedindo seu perdão! E o que ele fez? Me pôs na cadeia! Aquele idiota mercenário!
Aproveitando o descontrole emocional de Thomas, ela juntou todas as forças que ainda lhe restavam e pulou em seu pescoço, jogando-o no chão. Ela era consideravelmente mais forte e conseguiu imobilizá-lo enquanto esmagava seu pescoço sem piedade.
- Ainda...quer...ver sua...mãezinha? – Ele conseguiu sussurrar com o pouco ar que lhe entrava nos pulmões.
Aquilo a fez soltá-lo imediatamente como se suas mãos pegassem fogo. Assustada demais para perguntar o que ele havia feito à sua mãe, ela apenas balbuciou.
- Você não teria coragem de...
Esfregando o pescoço ainda com as marcas dos dedos dela, ele falou em voz baixa, com o semblante verdadeiramente cruel e os olhos ardendo em fúria.
- Joana...Agora você realmente conseguiu me irritar! Você acha que eu não teria coragem? É sua mãe, não minha. Ela sempre me tratou como o verdadeiro bastardo que sou, assim como nosso querido paizinho. Vou lhe dizer apenas uma vez. Eu quero aquele septo de ouro, custe o que custar. Aquele velho morreu sem me dizer onde o escondeu. Ah! Mas acabou por achar o fim que merecia!
-Deus. Foi você não foi? Matou o nosso pai!
- Não me venha com essa choradeira Joana! Aquele septo é meu e ele não quis me devolver! É culpa dele ter morrido daquele jeito! Agora escute bem. Nesse exato momento sua mãezinha deve estar enlouquecida procurando esse septo para salvar você. Meus homens vão vigiar cada passo dela, e tem ordens extremas de fazer o que precisar ser feito. Então, não tente nenhuma gracinha.
As lágrimas brotaram em seus olhos sem convite. Ouviu o baque surdo da porta de ferro trancando-a de volta na escuridão. Jogou seu corpo frouxo sobre o colchão duro e chorou. Seu pai nunca a deixava chorar. Chorar era para os fracos. A última vez que chorou foi sobre o túmulo dele. Mas então, como daquela última vez, deixou que as emoções a dominassem.


4ª PARTE - Denize

— Rita, quem era? – Perguntou a mãe se aproximando da porta, e percebeu que a filha estava paralisada fitando um envelope em suas mãos. Chegando mais perto pôde ler seu nome nele e viu também a bolsa de Joana no chão, pegou, todos os pertences da filha estavam lá, intactos.
— Filha, que brincadeira é essa?
— Eu... eu não sei mãe. – Rita, trêmula, lhe entregou o envelope e as duas entraram. Marta abriu o envelope, temendo o que pudesse haver nele, e pra seu desespero ele só continha uma folha amassada com um recado e um endereço:
“Marta querida, se você deseja ver sua filhinha novamente venha agora mesmo a este endereço: Rua dos Salgueiros, 530. É indispensável que você venha sozinha, ou a Joana vai sofrer as consequências, e não comente sobre isso com NINGUÉM.”
Marta olhou para Rita com os olhos cheios de lágrimas, agora tremia muito mais.
— O que estava escrito mãe? O que aconteceu com Joana?! – Rita sentiu que ia perder o equilíbrio.
Mas Marta não respondeu, apenas pegou a bolsa de Joana e também a sua e sai em disparada para a rua.
— Não me siga! – Gritou para a filha que vinha logo atrás.

O taxi a deixou na frente de um barracão abandonado, Marta checou o endereço, era ali mesmo. Tremeu de frio, a noite já ia alta e o vento era gelado. Depois de observar todo o lugar notou uma porta entreaberta. Quando abriu-a e entrou sentiu um cheiro de bolor que a enjoou, mas a sensação durou só alguns instantes, pois foi substituída pelo pavor quando sentiu uma mão gelada a segurar pelo braço.
— Thomas... – Ela deixou escapar como um suspiro quando viu quem a estava segurando.

— Vamos lá queridinha irmã... – Thomas abriu a porta e Joana protegeu os olhos com a mão contra a luz que vinha dela, já não sabia a quanto tempo estava ali naquele quarto mofado e escuro.
— Eu não vou te dizer nada. – Disse entre dentes. – Não vou te ajudar, seu monstro! Deve estar blefando. – Riu, sentia a fome e o cansaço já prejudicando seu estado mental.
— Vejamos se não...
Thomas pegou-a pelo cabelo e a ergueu, arrastando-a para fora do quarto, em direção a luz, que ela agora via que vinha de janelas no alto de um enorme barracão sujo, onde estavam. Mas algo a fez paralisar e nem Thomas puxando pelo seu cabelo a fez ter alguma reação.
— Mãe...? – Ela sufocou.
Marta a olhou com suplica e ao mesmo tempo alivio por ver sua filha tão querida viva. Estava amarrada em um pé direito de ferro que sustentava o barracão, aparentemente exausta, com um olho roxo e vários arranhões pelo rosto e braços.
— Então irmãzinha... – Thomas segurou-a pelo braço e a apertou, machucando-a. Joana gemeu, com os olhos já cheios de lágrimas. – Comece a dizer tudo que sabe se não quiser assistir de camarote a sua mãezinha apanhando.

5ª PARTE - Nanda

- Você não faria isso. – Joana sussurra, mais com esperança do que com autoridade na voz.
Thomas, com um sorriso de escárnio no rosto, aproxima-se de Martha a fim de dar-lhe um forte tapa no rosto. – Este é por você sempre me tratar como bastardo. E este... – outro tapa – é por sua filhinha estúpida ter duvidado de mim.
Joana olhava, impotente, o sangue escorrendo do rosto de sua mãe. Tudo isso por causa do maldito cedro. Sua vontade era jogá-lo no fundo do Tietê pois ele sempre havia sido fonte de discórdia. Mas, mesmo com a morte do avô, seu pai havia se mantido irredutível. O cedro era legado da família, responsabilidade de todos. Deveríamos protegê-lo, ou algo terrível ocorreria. Nunca haviam lhe contado que catástrofe se abateria sobre o mundo, mas essa estória parecia tão surreal perto do drama familiar que se desenrolava à sua frente que ela só conseguia pensar em trair o segredo.
- Thomas... eu conto... conto onde o cedro está. – ela balbuciou, tentando lutar contra a sensação de desmaio que estava dominando seu corpo.
- Não Joana! Não faça isso!
- Mamãe, não temos escolha...
- Já não era sem tempo. – Thomas disse, se aproximando. – Onde está?
- Onde mais? No mausoléu do vovô!
-Aquele velho idiota ainda detém o poder, mesmo reduzido a pó? Inacreditável. Mas foi uma boa escolha, eu nunca pensaria em vasculhar um túmulo. – Dizendo isto, Thomas aproximou-se de Joana e arrastou-a para um furgão negro meio escondido entre peças de carros empilhadas. Saíram em disparada, cantando pneu.
-Mamãe.. vc vai deixa-la para trás?
-Óbvio, como saberei se você não está blefando? Esta é a minha garantia.
Seguiram em silêncio até o destino. Ao chegar, encaminharam-se direto ao mausoléu. Joana apontou com um dedo trêmulo onde jazia o caixão de seu avô.
-Está aí.
-Dentro, no túmulo?
-É.
-Você abre. Eu já não gostava deste velho vivo, morto é que eu vou gostar menos ainda. – Thomas disse enquanto empurrava Joana em direção ao túmulo.
Ela caiu, batendo com tudo na parede. Viu estrelas enquanto escorregava até o chão, apenas para receber um forte chute nas costelas. Estava difícil se concentrar e manter o foco.
-Vamos logo que eu não tenho o dia todo. – Thomas resmungou, enquanto sentava no túmulo de sua avó e a esperava levantar novamente. Com toda a força que ainda possuía, ela levantou-se e arrastou a tampa, deixando-a cair aos pés dele. Debruçou-se sobre o túmulo aberto e violou o caixão do seu avô. Sem olhar, voltou-se e vomitou a um canto. Nem sabia que ainda tinha algo no estômago para sair.
Ouviu Thomas se aproximar, mas não se virou. Ouviu sua risada sarcástica.
-Ora, ora. Tão reluzente quanto eu me lembrava.
Joana não pode aguentar de curiosidade, olhou por cima do ombro a tempo de ver Thomas se inclinando sobre a tumba e tocando o cedro. Uma forte luz iluminou toda a câmara mortuária neste exato instante. Joana ficou cega por alguns instantes e quando conseguiu enxergar novamente, mal pode acreditar no que seus olhos viram.

6ª PARTE - Denize

Não houve nenhum som, o tempo pareceu parar enquanto Joana vislumbrava aquela luz que quase a cegava transpassar pelo corpo de Thomas. Já não sabia se a luz vinha do cetro ou dele, mas emanava de um jeito assustador. Lentamente, como se aquilo tivesse durado uma eternidade, ela viu Thomas crescer, ele pareceu ficar mais alto, mais forte, como se estivesse se transformando num monstro pior do que já era, um monstro muito além do seu potencial de maldade humana.
Thomas levantou o cetro, apontando-o para o céu, e gargalhou, uma gargalhada sinistra, ecoada, amedrontadora. Tudo não durou mais de um minuto, mas pelo poder que o cetro tem a quem o vê, pareceu uma eternidade. Um tremor involuntário tomou conta do corpo de Joana, agora ela começava a perceber o motivo pelo qual deveria proteger aquele cetro com sua própria vida, percebeu o poder que ele tinha e como poderia causar a destruição do mundo inteiro se caísse em mãos erradas.
Thomas olhou para Joana, percebendo que ela o observava. A luz já havia enfraquecido, mas não o poder que agora ele detinha, seus olhos estavam furiosos e cheios de maldade, Joana percebeu traços vermelhos neles. Ele riu mais uma vez, parecia louco, e com um leve movimento do cetro em direção à ela criou uma rajada de vento extremamente forte e cortante, que a jogou a três metros de distância, ela bateu de costas em uma câmara mortuária, perdendo a consciência.
Thomas saiu andando sem olhar para trás, um meio sorriso alucinado na face, segurando o cetro bem forte, seus passos pareciam de um rinoceronte, sua mente começava a planejar por onde começaria a dominar o mundo.
Joana acordou em um quarto de hospital, ainda amedrontada tentou se levantar e sentiu fisgadas de dor por todo o corpo, só então percebendo que estava ligada a um aparelho que media seus batimentos cardíacos e ao soro. Percebendo que ela acordou um enfermeiro entrou no quarto.
— É bom que não se mexa muito moça, ou vai piorar. Está sedada mas ainda pode sentir um pouquinho de dor, as fraturas foram muito sérias.
— Fraturas? – Joana sussurrou, assustada.
— Pois é, quebrou três costelas e teve duas fraturas na perna esquerda, precisou de cirurgia e vai passar por mais umas duas pelo menos. Além de ter um dedo da mão quebrado e vários hematomas. Afinal o que aconteceu com você? O guarda do cemitério que te deixou aqui não soube explicar o que houve.
— Eu preciso sair daqui. Eu preciso detê-lo! — Joana começou a tentar se levantar, gritando.
— Moça, não, você não pode... — O enfermeiro segurou-a na cama Ouvindo a gritaria outra enfermeira entrou correndo no quarto e aplicou uma injeção para sedá-la totalmente.
“Eu preciso... eu preciso... jurei proteger aquele cetro com a minha vida, agora ele está nas mãos de Thomas e a culpa é minha... eu não posso ficar aqui... quem vai detê-lo agora... quem vai salvar...” Foi só o que Joana conseguiu pensar antes que a inconsciência chegasse.

7ª PARTE - Nanda

Rita viu o furgão sair do barracão escondida atrás de um caminhão estacionado do outro lado da rua. Seu sexto sentido a dizia que agora seria fácil se aproximar e, como ele nunca falhava, resolveu se arriscar.
Pé ante pé foi se aproximando da porta por onde saiu o carro. Lá dentro era pouco iluminado, mas forçando a vista pôde ver alguém preso em uma viga central. Aproximou-se ainda um pouco receosa. Quando avistou os cabelos cor de fogo de sua mãe deixou o bom senso de lado e correu o mais rápido que suas pernas nada atléticas permitiam. Ao aproximar-se, percebeu que ela estava desacordada. Bateu levemente em sua face e, ao vê-la despertar, falou:
- Mamãe, o que houve?
- Rita, minha filha, fuja!
- Não mamãe, vou soltá-la. Só vou embora com a senhora. Quem fez isso?
- Thomas, aquele monstro.
- Sempre desconfiei daquele calhorda. Droga, essas cordas estão muito apertadas. Preciso de uma faca. - e dizendo isto, saiu à procura de algo que pudesse cortar as cordas que prendiam sua mãe.

Thomas encolheu novamente, não queria chamar atenção, ainda não era o momento. Entrou no furgão e dirigiu-se ao galpão. Primeiro arrancaria cada pedaço de Marta, com ela ainda viva. Quem sabe embalaria algumas partes e mandaria para Joana, na desventura de ela estar viva? Sim, sim, isso seria muito interessante! Colocaria as partes numa caixa muito bonita e vistosa. E não podia esquecer do cartão! Podia até já pensar nos dizeres: "Para minha querida irmãzinha, um presente para você nunca se esquecer o quanto eu acho família importante. Com amor, Thomas". Esse pensamento o fez rir descontroladamente. Não conseguia parar. Seria simplesmente lindo.

- Mamãe, achei uma faca meio cega. Vai ter que servir.
Ao se aproximar, Rita percebeu que Marta tinha desmaiado novamente. Suspirou. Como iam fugir dali com a mãe tão debilitada?
- Calma, Rita - ela pensou, tentando se acalmar - um passo de cada vez. Primeiro: desamarrar.
Começou a passar a faca sempre num mesmo ponto, concentrada ao extremo. Depois do que pareceu ser uma eternidade, os pulsos de sua mãe se soltaram e ela tombou para a frente fazendo um baque alto no chão.
- Droga. - Rita resmungou e aproximou-se rapidamente da mãe. Sacudiu-a levemente e ela olhou-a, a dor e a confusão estampada nos olhos.
- Rita, me deixe aqui e vá até o Mausoléu do seu avô. O cedro está lá, se o Thomas ainda não o pegou, faça-o e fuja o mais rápido que você puder.
Rita arregalou os olhos enquanto falava:
- Mamãe, eu não sou a filha corajosa, não posso fazer isso, preciso de você.
- Não minha filha. Eu que preciso de você neste momento. Não posso fazer isto sozinha e preciso que você me ajude.
- Ok, certo. Mas não vou deixar você aqui exposta. Me acompanhe até meu carro. Você fica nele enquanto vou até o mausoléu.
- Certo, mas vamos rápido, o cemitério é perto daqui, Thomas estará de volta a qualquer momento.
E, dizendo isto, as duas foram para o carro de Rita, abraçadas, o mais rápido que o corpo debilitado de Marta permitia.

Thomas assobiava ao se aproximar do galpão. Um carro passou por ele cantando pneu, mas ele não tomou nem conhecimento. Seus pensamentos estavam voltados para Marta.
-Que parte arrancar primeiro? A orelha? Ou um dedo? Podia começar pelo mindinho e ir arrancando um por um. - o pensamento o fazia sorrir, feliz. - O importante era prolongar o sofrimento.
Bateu o cedro na coxa direita, ao compasso de sua música preferida. Parecia noite de Natal. Estava tão contente!
Ao entrar no galpão, já foi logo falando:
- Marta, minha querida, que saudades!
Mas a ironia escapou de sua voz enquanto ele olhava atordoado para a corda cortada no chão. A estúpida havia fugido! Começou a bufar como um touro enlouquecido.
- Vadia! Agora você me irritou!

Ao chegarem ao cemitério, Rita tentou chegar o mais próximo possível que seu carro conseguia do mausoléu do avô, o que ainda era consideravelmente distante. Correu o trecho que faltava, sentindo a perna arder e o pulmão queimando. Ela realmente precisava se exercitar mais!
Quando chegou ao destino, sentiu seu coração falhar uma batida. O mausoléu estava profanado. Com certeza o cedro não estava mais ali. Afastou o nojo e debruçou-se sobre o túmulo, olhando detidamente. Nada.
Saiu e olhou em volta, nem sabia como dar essa notícia para a mãe. Olhava para o nada quando notou um movimento, aproximou-se cautelosa, até que perdebeu o que era aquela forma:
- Meu Deus, Joana!
A irmã estava respirando com dificuldade, parecia muito machucada. Pegou o celular e ligou para a emergência. Deu as coordenadas necessárias para encontrarem a irmã e saiu, se desculpando, mesmo que ela não conseguisse ouvi-la:
- Perdoe-me mana, mas não posso ficar. Preciso perguntar para mamãe o que fazer agora. A ambulância está a caminho.

- Para onde aquela idiota foi? Com certeza não fugiu sozinha. Como ela cortaria as cordas?
Batendo o cedro na mão esquerda espalmada, andava de um lado para o outro. Precisava pensar no seu próximo passo. Parou com um movimento brusco. Será que o cedro ajudaria numa situação dessa? Não custava tentar.
- Cedro, me mostre onde a Marta está!
Uma estranha fumaça começou a sair do centro do objeto e criou uma espécie de tela em frente ao rosto de Thomas, onde era possível ver Marta desmaiada no banco do carona, olhou em volta e avistou Rita se aproximando correndo do carro.
- Como essa gorda estúpida conseguiu salvar a mãe?
Socou com raiva a fumaça e a imagem se desfez. Queria que fosse tão simples aplacar o ódio que sentia no peito.
- Aquelas. Vacas. Vão. Pagar. Ah, se vão!

- Mamãe. Mamãe, por favor, acorde! - Rita disse, dando tapinhas em Marta.
- Joana? - Marta murmurou, os olhos embaçados.
- Não, mãe, Rita. Preciso de um conselho! Acorda mãe!
Marta piscou mais um pouco e tentou se ajeitar melhor no assento, mas a dor foi tão insuportável que ela desistiu.
- O que houve Rita, onde está o cedro?
- Acho que está com o Thomas, mãe. O Mausoléu estava aberto e a Joana estava caida na frente dele.
- Joana?! Caída?!
- Calma, mãe, sem exaltações. Já chamei a ambulância, eles estão a caminho.
- Certo, deixe-me pensar... Uma vez seu pai me contou uma história sobre uma outra família que detinha um cedro como o nosso. A idéia de ter 2 cedros, com os mesmos poderes, em famílias diferentes era para evitar uma desgraça como a que estamos vivendo.
- Tá, mãe, encurta a estória que o tempo está escasso. Onde está esta família?
- Morta. Todos morreram.
- Então...
- O cedro deve estar no Mausoléu deles, Rita! Não é obvio?
- Mamãe, desculpe a minha burrice. Na faculdade não tinha nenhuma cadeira sobre salvar o mundo, eu sou meio nova nisso,ok?
- Mocinha, sem ironias comigo.
- Sem sermão mamãe, onde é esse mausoléu?

Thomas conseguiu se acalmar o suficiente para pensar novamente.
- Cedro, mostre-me Joana.
E o cedro, mais uma vez, criou uma tela de fumaça em frente ao seu rosto. Hospital Panamericano.
- Que maravilha, você está tão perto maninha! Acho que vou ter que te pegar de isca para que as 2 antas apareçam.
Soltou uma gargalhada sinistra. Já sentia a vitória nas mãos.
- Cedro, me transforme na Marta.
Mais uma vez o objeto reluzente não o decepcionou. Ele era uma cópia fiel de uma Marta sadia.

Ao retornar ao carro, Rita estava arfante e suada, mas com um sorriso feliz no rosto, havia encontrado o cedro! Colocou-o no colo de sua mãe que parecia estar um pouco melhor, pois não tinha perdido a consciência no espaço de tempo que esteve fora.
- Para onde agora, mamãe?
- Bom, o hospital mais perto daqui é o Panamericano. Enquanto você estava fora, ouvi um sirene que devia ser da ambulância que veio resgatar sua irmã. Ela deve estar nesse hospital. Vamos para lá, aposto como Thomas está indo para lá também.

Ao entrar pelas portas, Thomas parou uma enfermeira e se identificou como a mãe de Joana. Prontamente foi levado até o quarto onde lhe explicaram que a paciente estava sedada pois tinha ficado muito agitada. Ele sorriu compassivo, enquanto comentava:
- Esta é minha filhinha. Ela odeia hospitais.
A enfermeira deu um sorriso cumplice e se afastou, deixando-o com Joana.
- Que coisa mais sem graça, você aí sedada. Quem eu vou aterrorizar enquanto as imbecis não chegam?
Thomas andava de um lado para o outro do quarto, entediado.
- Cedro, acorde Joana.
Mal havia completado a frase e Joana já estava de olhos abertos, fitando-o feliz.
- Mamãe, como a senhora conseguiu escapar? E o cedro? Como a senhora recuperou?
- Não se exalte, minha filha. Logo logo responderei suas perguntas, estamos esperando algumas visitas.
- Quem, mãe?
Neste momento, o destino se encarregou de responder à pergunta de Joana. Marta e Rita entraram no quarto e estacaram na porta, sem saber como proceder. Thomas não podia perder aquele momento de indecisão das duas, e exclamou com o tom mais indignado que conseguiu fingir:
- Quem é você, impostora?

8ª PARTE - Patydeuner    
                         "FINALE"

- Quem é você? Rita exclamou aturdida.
- Ora, ora, ora...não reconhece mais a mamãe? –Dizendo isso, Thomas evocou novamente o poder do cedro que explodiu um campo de força sobre Rita e a mãe, lançando-as contra a parede do outro lado do quarto.
Joana soltou um grito agudo enquanto assistia, tentando se desvencilhar dos tubos conectados a seu braço.
- Fique quieta ai maninha. Thomas, agora em sua forma original, dirigiu o cedro na direção de Joana, fazendo-a ficar paralisada.
- Primeiro vou cuidar das duas cadelas e depois podemos conversar.
Joana não conseguia se mexer mas ainda raciocinava. Como enfrentar essa coisa que destruiu toda a sua família? Tinha que pegar o cedro dele...mas como? Seus olhos se moveram para a irmã caída de bruços totalmente inconsciente depois do baque que levara, enquanto Thomas falava em tom macio com sua mãe que estava encolhida no canto tentando respirar. Um brilho dourado de algo saindo do bolso de Rita chamou sua atenção. Poderia ser uma arma?
- Então Marta. Você não me parece tão confiante agora não é? Sempre foi tão prepotente e ansiosa pra me afastar do meu precioso pai...quer dizer suas últimas palavras?
- Vai...se fuder! Marta gritou com todas as forças que ainda lhe restavam.
- Sua cadela! Thomas xingou, e com o cedro, lançou um jato púrpuro em sua direção. Era um ataque mortal.
Nessa mesma hora Joana saiu de seu estado imóvel e sentiu seus membros livres. Ao que parecia o cedro mantinha o seu poder em um único foco por vez, e isso deu a ela a chance de um contra ataque. Pulou da cama e se jogou sobre Rita tentando alcançar o conteúdo de seu bolso, mas assim que pegou sentiu uma punhalada nas costas que a fez soltar o objeto, que rolou pra debaixo de um pequeno sofá. A porta do quarto se abriu e uma nervosa enfermeira começou a gritar ao ver a cena. Thomas se distraiu e Joana conseguiu se arrastar para debaixo do sofá e sentiu o toque frio do metal em sua palma. Poder a inundou imediatamente fazendo cócegas em suas entranhas. Girou deparando-se com uma enfermeira apagada em frente à porta do quarto e um Thomas aturdido e confuso. Aos poucos uma nova cor ressaltou aos seus olhos e sentiu uma força incrível espalhar por todo o seu corpo. Quando olhou para sua mão envolta naquele estranho objeto ela arfou.
- Um cedro!
- Não pode ser! Aquele idiota nunca me disse que havia dois cedros!
Joana saltou sob seus pés e num movimento rápido do cedro jogou sobre Thomas um intenso raio verde. No mesmo instante Thomas também fez seu movimento, e os raios se chocaram no ar. Um clarão intenso seguiu ao choque e Rita não viu mais nada. Sentiu apenas um formigamento nos pés e um puxão em seu ventre, que lhe deu a sensação de deslocar-se para frente. E tudo escureceu.
...
Acordou enjoada, com um frio intenso latejando em sua bochecha esquerda. Deu-se conta de estar deitada sobre algo duro e muito frio. Levantando-se devagar, rastreou à sua volta. Não estava mais no quarto do hospital. Sua mãe e sua irmã não estavam mais á vista, e Thomas parecia ter sumido também. A névoa espessa que a rodeava foi sendo soprada por um vento gélido, e pode ver o lugar onde se encontrava. Estava sobre um túmulo, no cemitério onde havia sido atacada pela primeira vez. O jazigo era de mármore negro, que brilhava sob ela. O nome apareceu logo depois, quando o vento soprou mais uma porção da névoa. Era o túmulo do seu pai. As lágrimas brotaram em seus olhos sem se dar conta, mas resistiu ao sentimento e agarrou o cedro que estava jogado na grama ao lado do jazigo. Fez uma oração silenciosa ao pai.
- Pai, ajuda-me a acabar com esse tormento. O que tenho que fazer?
O cedro brilhou em sua mão, tão quente que temeu queimar-se. Foi então que teve a idéia. Apontou o objeto em direção ao túmulo do pai. A névoa rodopiou em volta do túmulo e ela se afastou. Parecia um tornado, levantando folhas e galhos, que giravam formando um longo túnel  indo de encontro ao céu. Escutou ao longe um grito furioso, e soube então que Thomas também estava ali. Aos poucos o vendaval foi se acalmado e a nuvem opaca cedeu lugar a imagem de um homem. Mal conseguiu respirar ao ver que seu pai estava ali, diante dela, sorrindo. Mas seu semblante era duro e tenso.
-Pai!
Ela moveu-se para abraçá-lo, mas ele a interrompeu com um movimento de suas mãos e disse.
- Joana minha querida. Não pode aproximar-se. Minha forma é etérea e não durará muito tempo. Se encostar em mim, sumirei sem poder falar-te.
- Mas eu pedi para que voltasse pra mim...para nossa família!
- O cedro tem o poder de devolver uma única vida. Se me trouxer perderá sua mãe. Ela não está mais entre os vivos, e você precisa trazê-la de volta.
- Mas...
- Escute bem querida. Eu sempre lutei por trazer Thomas de volta da escuridão. Dei minha vida por ele, mas foi em vão. Agora vejo que a única solução é tirar a vida dele. Tenha força minha filha e acabe com essa maldição. Quando acabar com Thomas, destrua os dois cedros. Só assim o mundo estará a salvo de novo. Fui um tolo arrogante achando que eles eram uma jóia a ser preservada, e por mim. Mas antes de destruí-los faça seu pedido de renascimento. E por favor, não peça por mim.
Thomas surgiu bem atrás dela no instante em que seu pai desaparecia, como fumaça levada pelo vento. Girou e encarou o monstro que havia destruído sua família.
- Chegou sua hora bastardo maldito!
A ira dela era tanta que Thomas mal teve tempo de levantar o cedro. O raio púrpuro bateu no peito dele com tamanha intensidade que seu corpo voou longe, caindo como um trapo sobre o chão úmido. Ela esperou um tempo para assegurar-se do tinha acontecido, e como mais nada se movia além da névoa branca, começou a andar em direção ao corpo de Thomas. Quando chegou perto, suspirou aliviada. Ele realmente estava morto. Sua pele estava negra e enrugada, e o cedro em sua mão brilhava intensamente. Pegou o outro cedro e observou-os ali, lado a lado. Quando aproximava as duas peças elas pareciam arder ainda mais. Então entendeu. Se as juntasse, elas se fundiriam e o calor intenso as destruiria. E foi o que fez, logo depois de pensar o nome da pessoa que queria ter de novo ao seu lado.
...
Era domingo e nos reunimos para uma caminhada na praia. Era o passeio predileto do meu pai, e desde o final da maldição dos cedros, esse encontro era sagrado. Era um passeio silencioso, eu, Rita e mamãe. Cada qual agradecendo da forma que podia todo o carinho e proteção que aquele homem maravilhoso dedicou à família. Mas estávamos felizes, e sabíamos que ele, seja lá onde estivesse, também estava feliz.




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4 comentários:

  1. Não posso falar muito sobre a história aqui nos comentários, porque ninguém comentou ainda, então não quero gerar spoiler sem querer, rs.
    Mas posso dizer que: gostei do final, achei que vc conseguiu um fim muito bom para uma história muito louca, rs.
    Depois que o pessoal comentar, comento novamente!

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  2. Pela primeira vez eu leio um conto coletivo e adorei!

    E o final a la Harry Potter, foi MUITO legal!

    Parabéns a todas que participaram do projeto! Também não vou entrar em detalhes nos comentários até as outras comentarem também para evitar spoiler!

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  3. Você achou o final meio a la HP Sammy? Sabe que eu nem pensei nisso? Devem ser meus instintos mágicos!rsrsrs

    Na verdade, para uma história que começou fadada ao fracasso, até que ficou bem boa. Ninguém estava muito interessado, mas espetei, espetei e consegui que todos participassem (meio que na marra né? rsrs)

    Eu gosto muito de escrever histórias coletivas e por isso propus o Batata Quente, mas agora eu não vou mais começar nenhuma história. Se alguém ai tiver interesse em lançar uma nova ideia para esse desafio fique à vontade. Acho que não sou muito boa para lançar inícios de histórias. :(

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  4. Estou com tantos desafios pendentes (4 se não me engano) que enquanto não der conta deles, eu me recuso a pegar mais um.

    Vou aproveitar o feriadão para colocar tudo em dia.

    Não vou mesmo sugerir nenhuma correção, porque a história está legal. Tem algumas pontas soltas (poucas), mas era coisa a ter sido vista com o tempo e provavelmente quem deixou a ponta solta, esperava que o próximo, ao escrever, explicasse aquilo. Isso é comum em histórias coletivas, mas não acho que isso atrapalhe o desenrolar da história (só me deixou meio curiosa, rs)... Aliás, vou sugerir uma correção só.

    Em alguns momentos falam: "septo", em outras "cedro" e em outras "cetro"
    Septo é um pedaço de osso que tem dentro do nariz, cedro é um tipo de madeira/árvore e cetro sim parece ser a palavar adequada...

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