5

Desafio da Imagem - Por Giulia Rizzuto

Posted by Giulia Rizzuto on 9 de fevereiro de 2013 11:26 in , , , , ,
Por um milagre eu finalmente não escrevi uma história com personagens sobrenaturais, rebeldes, nem nada no tipo. Mas não tem problema. Quem disse que uma simples história de amor já não é boa o bastante?


Essa pode parecer apenas mais uma história de amor proibido. Em partes, realmente é. Mas é minha história: a história de uma garota que se apaixona perdidamente por alguém pelo qual ela nunca poderia se apaixonar. Nem ela por ele, nem ele por ela. Bom, então vamos á história:

Thainá era uma típica adolescente de 18 anos: ouvia música, saía pra baladas, tirava fotos, estudava. Sua matéria favorita era Filosofia. Seu professor também. Embora namorasse, Thainá tinha uma certa quedinha (pra não dizer um abismo!) por seu professor. Ele era alto, esbelto, inteligente, lia muito e tinha um ótimo gosto musical. Mas além de seu namorado – o qual ela adorava – outras duas coisas se posicionavam em seu caminho: Fábio, seu professor, tinha 32 anos, e ele era seu professor! Nunca que ela poderia se envolver com um professor. Bom, pelo menos era isso o que ela achava.
Todas as aulas, Thainá prestava uma irrepreensível atenção á aula. Sempre suspirando á cada passo que Fábio dava, enquanto explicava a matéria. Até que, um belo dia, seu namorado Henrique disse que iria a Brasília passar uns meses, pois sua mãe estava doente e ficaria lá para tratamento.
-Mas Brasília é muito longe de Curitiba, e eu não tenho dinheiro para pagar o avião! – contestou a garota.
Mas não, ele foi do mesmo jeito, deixando nela um vazio imenso.
Nisso, Thainá e Fábio se aproximaram muito, construíram uma amizade verdadeira. Ela desabafava as coisas que a afligiam e ele a escutava, e vice-versa. Um dia, Fábio convidou Thainá pra ir tomar um Milk Shake com ele. “Por que não ir?” Pensou a garota.
E lá foi Thainá. Riram, conversaram, até que na hora de se despedir, Fábio a beijou. Era um beijo doce, mas ao mesmo tempo com um gostinho proibido de “vamos repetir”. Ao entrar em casa, a menina foi direto para seu quarto, onde ficou com a cabeça girando em meio ao beijo e ao “isso é errado”. E a relação respeitosa professor-aluno? Mas o problema era que ela gostou. Ela adorou, na verdade. Ela queria beijá-lo de novo, mesmo que não o pudesse.
No dia seguinte, segunda feira, sua primeira aula era com ele. “Com que cara vou olhar para ele agora, meu Deus?”. Nervosa, Thainá entrou na sala e se sentou no lugar habitual, a primeira carteira. O professor começou a aula tratando-a normalmente, e disse para a classe que iria produzir um teatro com eles, a peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Ele seria o Romeu.
E, adivinhem só, quem ele escolheu pra Julieta? É claro, ele escolheu Thainá!
E em cada ensaio, o modo com o qual ele a pegava nos braços era tão gracioso e seguro, seu olhar era tão amoroso e transmitia tanta paz que a fez se apaixonar por ele. Uma paixão mesmo, mais forte do a que pelo seu “namorado”. Por que as aspas? Bom, ela deixara de considerar um namoro a partir do momento que ele parou de ligar, de mandar SMS, de dar um “oi” no Facebook. Ele a exclui, aliás. Pra ela, Henrique era passado. Seu presente, confuso. E seu futuro? Bom, ele era inimaginável.
Chegou o grande dia, o dia da apresentação. Thainá estava linda: seus longos e lisos cabelos louros estavam ligeiramente presos, com algumas madeixas soltas que lhe caíam sobre o rosto. O vestido era alaranjado com detalhes em dourado nas mangas – que iam até os cotovelos – e na gola. Os arabescos prateados na borda do vestido, iluminados á luz do palco, refletiam em seu rosto e faziam-na transparecer um ar angelical.
Fábio estava igualmente lindo: deixara a barba crescer, com um provocante aspecto de “esqueci-de-me-barbear”. Os trajes eram roxos, com as mangas, gola e borda em fita prateada. A calça era num roxo mais escuro, mas que combinada perfeitamente.
A peça correu super bem, e na cena final, todos deram as mãos e agradeceram, sendo aplaudidos em pé. O espetáculo foi perfeito!
Thainá esperava do lado de trás do anfiteatro do colégio, ainda nas roupas da apresentação, contemplando o céu. O pôr-do-sol agraciava sua visão, fazendo-a pensar mais e mais em tudo o que lhe acontecia. Sentiu um braço familiarmente forte lhe envolver a cintura e puxá-la pra perto.
“Fomos espetaculares”, sussurrou Fábio, ao ouvido de Thainá.
“Concordo”, disse ela, com o rosto queimando em um misto de vergonha e felicidade.
Fábio a virou pra si e lhe contemplou os olhos com um ardor novo. Ele nunca a olhara daquele jeito. Ali mesmo, ele a beijou. Mas não como o outro beijo, muito pelo contrário. Foi um beijo mais carregado de paixão. Um beijo que a convidava a um amor sem limites, um amor verdadeiro. Ali, á sombra da árvore da escola, a luz alaranjada do pôr do sol os iluminava de um modo que os dois pareciam perfeitos um para o outro. Com uma linda vista abaixo e os trajes da apresentação realçando o amor dos dois, Fábio a afasta um poucos centímetros e profere a frase:
“Daria-me a honra de namorar comigo, Julieta?”
“Com toda a certeza, ó Romeu!”
E assim, a vida seguiu seu curso, com duas novas pessoas felizes. A idade não valia de nada. Eles se amavam, e era isso o que importava.



|
Gostou?

5 comentários:

  1. Giulia, eu achei a história simples, mas bonita. Realmente idade não importa quando duas pessoas se gostam de verdade.

    Agora, eu tenho uma dúvida... vc falou em luz da lua, cabelos negros trançados... o que isso tudo tem a ver com a imagem que eu te dei? Na imagem é dia, a menina é loira e está com o cabelo meio preso, meio solto.. a ideia era a imagem ser uma ilustração para o texto, mas a menina da imagem não aparece em nenhum momento na sua historia.. aparece?

    ResponderExcluir
  2. Nanda, você tem razão D: Eu tinha me lembrado apenas de como era o vestido. Bom, fui lá e arrumei, e ficou até mais poético sendo de dia, HAHA' E esse Fábio, ah esse Fábio, é inspirado em um professor meu :O Pois é, ele existe, HAHAHAHA'

    ResponderExcluir
  3. Giulia,

    Bonita história, mas algumas coisas não me convenceram nela.

    Não é nenhuma novidade essa relação professor-aluno, mas em geral, eles procuram esconder por uma série de motivos. Existe um código de ética e o professor, normalmente assina esse código quando começa a trabalhar em qualquer escola.

    Sendo assim, o amor deles, apesar de bonito, ficou explícito de tal maneira que não era possível que outras pessoas não tivessem percebido. E ele deveria ter perdido o emprego por isso. (ou pelo menos uma advertência). Sugiro, você verificar esse tipo de pontas soltas sempre que for criar uma história.

    A outra coisa é que você falou "adolescente de 18 anos" - Acredito que tenha colocado esta idade por uma questão ética e não ser considerado pedofilia, mas aí, o "adolescente" se faz desnecessário. Porque a adolescência vai até os 17...

    E por último, a questão da Nanda foi bem coerente. Quando escrevemos um desafio, a inspiração deve acompanhar a imagem ou as frases, ou as palavras. Senão, você poderia ter postado como um texto seu, compreende, pequena gafanhota? rss

    Cara, uma coisa que me fez meio virar a cara para sua personagem foi a falta de compreensão com a mãe doente do namorado Henrique! Ela só pensou nela!

    Ainda assim, a história é bonita, com final feliz.

    Gostei especialmente desses trechos:

    "Para ela, Henrique era passado. Seu presente, confuso. E seu futuro? Bom, ele era inimaginável."

    "Os arabescos prateados na borda do vestido, iluminados à luz do palco, refletiam em seu rosto e faziam-na transparecer um ar angelical."

    ResponderExcluir
  4. Deixou-me extasiada, ó Guilia!
    Adorei sua história que, embora servindo-se de personagens do dia a dia, ganhou uma bela aura de magia com a representação de Romeu e Julieta. Amei a ambientação, a maneira como vc descreveu as vestimentas, as falas no final do texto... foi poético. Muito bem colocada a questão do romance proibido, tanto pelo fator diferença de idade como pelas posições ocupadas. Mas, como bem diz um amigo meu, quando há química, não existem diferenças. Linda história, que nos faz suspirar com um final feliz. Algumas vezes, é só por essa simplicidade que ansiamos. Parabéns.

    ResponderExcluir
  5. Eu também gostei muito da história, ó Giulia!
    Adoro um romance revestido de magia como é o caso dessa representação de Romeu e Julieta. Quanto aos detalhes técnicos, nossas amigas Nanda e Sammy já expuseram o que deveria ser dito, mas lembre-se que apesar dos detalhes seu texto ficou muito lindo.
    PARABÉNS!

    ResponderExcluir

Comenta aê!

Copyright © 2009 Retalhos Assimétricos All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive.