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Resposta ao Desafio de Páscoa

Posted by Unknown on 1 de abril de 2013 06:00 in , ,
Frases:

* Ei, ei, ei, Sr. Coelho!
* Mas qual o significado das cores?
* Ei, aquilo é um dromedário???
* Seu celular está tocando.
* No final do túnel acharemos o que estamos procurando.



Uma Páscoa muito louca

Se me contassem uma história como essa, eu não acreditaria, mas fui eu que vivi essa história, então vou contar-lhes, mas se não quiserem acreditar, não os culpo...

Era domingo de Páscoa, estávamos reunidos na igreja para a famosa caça aos ovos de Páscoa. Eu e mais vinte e duas crianças, entre cinco e quatorze anos, esperávamos ansiosos o momento em que as portas se abririam para corrermos pelo pátio em busca dos ovos.
Mas antes das portas se abrirem, o responsável pela organização da caça, um velhinho barrigudo de longos cabelos brancos, informou que tinha um comunicado a fazer:
                - Crianças, este ano teremos uma caçada diferente. Os ovos foram pintados de azul, branco, amarelo, vermelho e preto... e haverá uma contagem de pontos... sendo assim, não ganhará quem juntar mais ovos... mas quem tiver mais pontos...
                - Mas qual o significado das cores? Desembucha logo! – Quem interrompeu for Jorge, o garoto de quatorze anos, e foi um alivio, porque aquele velho falava como se estivesse dormindo!
                - Bem... – o velho se enrolou mais um pouco. – os pretos representam a maldade... não valem nenhum ponto. Os amarelos são a ganância, também não valem pontos... mas pelo menos tem doces dentro, como os demais. Os azuis... são a serenidade, valem dois pontos. Os vermelhos representam o amor... valem quatro pontos. E os brancos... simbolizam a paz, e valem seis pontos. Isso é para que vocês aprendam a dar valor às coisas certas...
                Graças aos céus, nessa hora duas senhoras abriram as portas da igreja, e corremos para o pátio, deixando o velho para trás falando sozinho. Eu já estava zonzo com todo aquele falatório enrolado!
                Minha primeira visão do pátio foi estranha, em meio ao verde das árvores e da grama, haviam muitos pontos pretos. Estavam mesmo querendo nos fazer pegar aqueles ovos que não valiam nada.
                Eu queria muito ganhar aquela caçada, o premio dessa vez, além de todo o doce dos ovos achados, seria um videogame portátil novinho. UM VIDEOGAME PORTÁTIL! O que mais um garoto de dez anos como eu poderia querer?
                Concentrei minha ótima visão em procurar coisas brancas. Se eu pegasse todos os ovos brancos com certeza ganharia! Vi o primeiro atrás da roseira e corri para pegar, estava quase lá quando o panaca do Jorge me empurrou.
                - Saia da frente, Dante lerdão!
                Ele pegou o ovo antes de mim, e eu cai nos espinhos. Maldito lugar para se esconder um ovo! Fiquei com as mão esfoladas, espetadas, alguns pontos com gotículas de sangue querendo sair.
                Quis começar a chorar, mas de repente vi, um pouco mais a frente, no meio de uma moita, um ovo branco maior que os outros.
                - Oba, deve valer mais... – disse baixinho para mim mesmo e corri para agarrá-lo.
                Quando peguei, era uma coisa macia.
                - Ei, isso é meu! – gritou um coelho de paletó e cartola, saindo da moita. Eu havia agarrado o rabo dele!
                - Me... desculpe... – gaguejei, esfregando os olhos.
                - Tá me olhando com cara de bobo porquê? – ele me perguntou.
                - Você... é o coelho da Alice?
                - Não... sou o coelhinho da Páscoa! Ora garoto, está me vendo botar algum ovo? Sou sim, o AMIGO da Alice, não seu coelhinho.
                - E o que faz aqui? – me atrevi a perguntar.
                - Procurando...
                - Procurando... o que?
                - A Alice, ora. O que mais seria?
                - Ah... – me senti um pouco bobo. O que mais o Sr, Coelho estaria fazendo ali não é?
                - E então?
                Percebi que ele ainda me encarava.
                - Então o que?
                - Você a viu? Sabe onde a encontrar? Ou vai ficar ai parado com cara de imbecil e não vai ajudar em nada?
                - Bem... eu...
                Fui interrompido pelo som de um telefone tocando, confuso olhei para os lados, não havia mais ninguém ali, além de mim e do Coelho, que ainda me encarava.
                - Acho que... seu celular está tocando. – eu disse.
                Ele pareceu acordar de algum transe, e retirou do bolso do paletó um telefone celular, e atendeu-o.
                - Ei, ei, ei, Sr. Coelho! – pude ouvir a voz do outro lado da linha dizer. – Já encontrou nossa pequena Alice? Já está na hora do chá!
                - Não, ainda não... mas vou encontrar.
                - Rápido então... – e ouviu-se um som de coisas quebrando do outro lado da linha.
                Tu... tu... tu... a ligação caiu e o Sr. Coelho deu um suspiro, voltando a me encarar.
                - Então garoto, estamos muito atrasados! Onde está Alice?
                Nesse momento uma ideia me veio à cabeça.
                - Acho que sei onde encontrar Alice! – falei, muito orgulhoso de mim mesmo.
                - Então ande logo garoto, me diga logo! Estamos atrasados, vamos, vamos!
                Pedi a ele que me seguisse. Eu lembrava que, certo dia, brincando de esconde-esconde no pátio da igreja, havia encontrado um buraco, como um túnel, que começava atrás de uma árvore bem grande e ia para no quintal da casa vizinha. Era um buraco estreito, mas eu cabia nele.
                Corremos até lá e entramos, eu me arrastando e o Sr. Coelho saltitando logo atrás de mim.
                - Para onde está me levando, garoto?
                - No final do túnel acharemos o que estamos procurando. – falei, ainda orgulhosos.
                - Do que está falando? Não tenho tempo para brincadeiras.
                - A Alice, na história... ela cai em um buraco... este túnel termina em um buraco, no quintal de uma casa. Ela deve estar lá! – Me enrolei um pouco ao explicar, mas fiquei aliviado ao ver uma luz logo a frente. Aquele túnel estava parecendo maior do que eu me lembrava.
                - Veja! – exclamei. – é a saída!
                Consegui ficar em pé e colocar a cabeça para fora do grande buraco. Sr. Coelho pulou para fora também, mas o que vimos nos espantou.
                - Ei, aquilo é um dromedário??? – Sr. Coelho falou, estupefato.
                Estávamos em um lugar desértico, e um dromedário solitário caminhava pela areia a nossa frente. Eu podia sentir o sol queimando meu rosto.
                - Você nos trouxe para o lugar errado!
                O Coelho me deu um tapinha na cabeça. Era pra ser um belo tapa, mas com aquela patinha minúscula, quase nem senti.
                - Eu só estava tentando ajudar... – resmunguei.
                Voltamos ao túnel e seguimos em frente, calados, por um bom tempo, ate avistarmos outro sinal de luz. Receoso, coloquei a cabeça para fora do buraco. Dessa vez estávamos em um jardim muito florido, e ao pé de uma árvore dormia uma menina de vestido azul e longos cabelos loiros.
                Respirei aliviado. O Sr. Coelho passou por mim apressado e correu até a menina, cutucando-a para acordar.

                - Dante... Dante? – ouvi um sussurro e senti algo me cutucando. Abri os olhos e estava na igreja.
                - ...Os vermelhos representam o amor... e valem quatro pontos... – o velhinho falava lentamente.
                Olhei para o lado e Mariana, uma garota que estuda comigo, estava rindo baixinho.
                Então eu havia sonhado...? olhei para minhas mãos, os arranhões de quando eu caí na roseira ainda estavam lá. De repente as portas se abriram e todas as crianças correram para fora.
                Eu corri direto para o buraco secreto, fui até o final, que deu na casa vizinha, num quintal já conhecido, e não no jardim da Alice. Na volta encontrei no túnel doze ovos brancos e nove vermelhos, já de cara!
                Preciso dizer que ganhei a caça aos ovos?
                Como tudo isso foi acontecer comigo eu realmente não sei, só sei que foi real! E foi a melhor Páscoa da minha vida!
                O Sr. Coelho pode não botar ovos, mas ajuda a encontra-los.
                Agora vou voltar ao meu jogo no meu videogame portátil novinho. Até a próxima!



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5 comentários:

  1. Caracoles!
    MUITO MANEIRA a história, Denize!
    Super bem escrita, as frases bem encaixadas.
    Adorei as referências à cultura pop e Alice!


    Errinhos bobos:
    "a famosa caça aos olhos de Páscoa"
    Não seria caça aos OVOS?

    "foram pintados em azul"
    Pintados pede a preposição DE - Quem pinta, pinta de alguma cor...


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  2. Caramba, que viagem, Denize! *-*
    Amei, amei, ameeeei!
    Adorei a história, totalmente non sense, rss... gostei principalmente do tom de duvida, nos deixa pensando o que realmente terá acontecido. Seria previsível se o menino tivesse dado uma chochilada, e seria até uma boa saída, mas não! Caraca, ele estava mesmo com as mão marcadas. O que houve então? O tempo voltou? Ele saiu do corpo? Abriu-se uma fenda temporal? Vai saber!!! Foi uma viagem e tanto!
    Adorei a maneira como vc conduzia a história, e como a cortou no finalzinho, com o menino indo jogar videogame. Foi muito maneiro mesmo. Parabéns, Deni. Vc tem andado bem criativa, garota! *-*

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  3. Quem interrompeu for Jorge - foi?

    ia para no quintal da casa vizinha. - parar?

    - No final do túnel acharemos o que estamos procurando. – falei, ainda orgulhosos. - orgulhoso?


    hahahahahahaha, muito legal!
    o fato dele ter as marcas da roseira deixa a gente encafifado.. será verdade?
    muito legal o coelho da Alice ter entrado na historia da páscoa. Inusitado!

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  4. Que delícia de história Olhos! Amei!
    Sem muitos comentários...simplesmente fantástico!!!
    (agora estou realmente com medo de fazer o meu desfio de páscoa...nunca conseguirei tanta criatividade.:( )

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