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Fragmento

Posted by PatyDeuner on 19 de setembro de 2011 16:21 in ,

Tinha um medo doentio da morte. Aquilo da gente apodrecer debaixo da terra, ser comido pelos tapurus, me parecia incompreensível. Todo o mundo tinha que morrer. As negras diziam que alguns ficavam para semente. Eu me desejava entre estes felizardos. Por que não podia ficar para semente? Dentro de um navio, enquanto o mundo todo se acabasse. E nesse barco eu me via cercado de tudo que era bicho, e a minha tia Maria, a negra Generosa, a vovó Galdina, o meu avô, tudo que me amava estaria comigo. Esta horrível preocupação da morte tomava conta da minha imaginação.


José Lins do Rego em "Menino de Engenho"

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4 comentários:

  1. Lembrei do Monteiro Lobato, não sei porque. :(

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  2. Eu e Kbeça estávamos conversando ontem sobre "morte", cara, eu sinceramente, não tenho nenhum. Gosto muito de estar aqui, de zuar com os amigos, curtir a família e o maridão, brincar com meus cachorros, comer uma pizza, ler um bom livro. Mas acho que lá em cima as coisas boas vão permanecer, mas de um outro jeito.
    Enfim, como fiz aquele ditado: pra tudo na vida tem jeito, menos pra morte ;-)

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  3. Viajando um pouco na poesia do texto, se a morte for um navio onde "tudo o que me ama estará comigo" em algum momento, tá valendo, rss... a morte é um evento que assusta um pouco, quando vemos outros morrerem... mas, quando passado esse impacto inicial, nos lembramos do que se foram, a morte pra mim se torna sinônimo de "reencontro".

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  4. A morte me assusta quando penso nas pessoas que vão ficar,porque eu sei dói muito. Mas por mim acho que a libertação da alma.

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