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BORBOLETA
Respondendo ao desafio da Olhos com essa imagem inspiradora!
- Olha mamãe!
- Que foi Clarinha? Aproveite o parque porque não temos muito
tempo!
Ela gritou pra sua filha sem tirar os olhos das mãos que
trabalhavam com destreza no bordado monocromático.
De tempos em tempos consultava as horas para não se atrasar.
Seu marido chegava às 18:00h, e ainda tinha que passar na padaria e fazer o
lanche. À noite preparava tudo para o dia seguinte. O uniforme da escola, a
merendeira, o terno do marido e a lista dos afazeres matinais, organizados por
ordem de prioridades. Graças a Deus sempre conseguia sentar um pouco para
assistir a última novela do dia. Tinha todas as suas tarefas sincronizadas para
que lhe sobrasse esse tempo. Às vezes tinha a sensação que o tempo nunca era
suficiente.
- Mamãe você tem que ver isso!
- Só um minuto filha! Daqui a pouco já estamos indo embora!
Quase perdeu o último ponto na tentativa de olhar o que a
Clarinha queria com ela. Mas conseguiu recuperá-lo a tempo.
“Tempo” Por um minuto parou seu bordado fixando os olhos no
horizonte e pensou na profundidade daquela palavra. Tudo se determinava com o
tempo. Ou era o tempo que determinava? A vida seria dominada pelo tempo ou
teríamos alguma chance de manipulá-la ao nosso favor?
Ficou ali um tempão pensando sobre aquilo, e aos poucos foi
se dando conta de onde estava, de como estava. Os sons do parque preencheram
seus ouvidos, a brisa leve acariciou seu rosto e sentiu o toque suave do sol em
suas mãos. Girou seu rosto para ver a filha a poucos metros dela com um sorriso
imenso nos lábios e a mão estendida na sua direção. Na ponta do dedo pousava
uma linda borboleta colorida, que parecia sorrir também. Era a borboleta mais
linda que já vira. Se é que algum dia realmente tinha reparado em alguma. Na
verdade sentia que jamais havia reparado em muita coisa na sua rotina. Largou
seu bordado no banco e foi de encontro à filha. A borboleta voou, lenta e
cautelosa enquanto ambas, mãe e filha acompanhavam seus movimentos. Deram-se as
mãos e passearam todo o resto da tarde pelo parque. Cada pedrinha, cada folha
caída no chão, era motivo para um mundo interior de conversas e brincadeiras.
Nesse dia chegaram em casa muito depois das 18:00h.
Esquecera-se do tempo. E sentia-se muito mais leve e feliz.
3 comentários:
Paty, que texto fofo! Realmente, a rotina nos prende de tal forma, que a gente acaba esquecendo de se divertir.
ResponderExcluirAdorei! Ótimo para uma reflexão do que vale a pena ou não na vida. Tenho pensado muito nisso ultimamente. A vida é tão curta, hoje estamos aqui, amanhã podemos não estar mais... ou estar de uma forma que não poderemos apreciar as coisas que gostamos. Será que vale a pena perder tanta energia fazendo o que não queremos e protelando as coisas que realmente queremos?
Nesse eu achei umas coisinhas, nada demais, vê o que vc acha:
"- Que foi Clarinha!" - Aqui não tinha que ser ponto de interrogação?
"Á noite preparava" - não é com crase não?
"Se é que algum dia realmente tenha reparado em alguma." - Não é "tinha" não?
Beijo, linda.
O brigado pelos elogios Nanda.
ResponderExcluirVocê estava certa nas suas observações. Já corrigi tudo. ^^
adorei paty! um texto simples e q diz muito, parabens!
ResponderExcluirComenta aê!