11
Desafio de Aniversário do Blog - Patydeuner
O desafio de aniversário do blog consiste em escrever um texto baseado em um livro que gostamos muito. Então escolhi o livro “As Crônicas de Gelo e Fogo – A Guerra dos Tronos” de George R. R. Martin.
Acordou tão vazia quanto às florestas geladas do norte. Avaliou a escuridão ao seu redor e supôs que dormira o suficiente para que a noite caísse. Há um tempo atrás percorreu aqueles corredores durante uma caçada ao gato de uma orelha só. Era dia e a escuridão não era tão densa. Não que houvessem janelas ou algo parecido, mas seus olhos podiam perceber, assim como seu coração. Sentiu o vento rodopiar a sua volta e teve certeza do lugar onde estava. No topo do grande poço negro que parecia mergulhar nas profundezas da terra. Era um poço muito largo, e em suas paredes haviam laminas de pedras que sobressaíam como degraus. Fora ali que ouvira dois homens conspirarem a morte de seu pai enquanto escalavam as pardes do poço.
“- Se uma Mão pode morrer, por que não uma segunda?”
Estremeceu lembrando-se das palavras que ouvira naquele dia e que agora faziam parte da sua dolorosa realidade.
O rei Joffrei Baratheon coroado após a morte de seu pai Robert Baratheon era um bastardo sem direito ao trono, mas sua mãe Cersei conseguiu subjugar a todos numa conspiração mais do que odiosa. Quando seu pai pronunciou a verdade do relacionamento incestuoso da rainha Cersei , ela declarou-o um traidor da coroa. Lord Eddard Stark morreu honrando sua casa e seus princípios, mas essa honra não o traria de volta. Ela tinha que vingar-se por ele.
Suspirou várias vezes recobrando a determinação e, firmando o agarre de sua mão sobre Agulha, continuou sua caminhada pelo corredor sem janelas, afastando-se daquele poço profundo e de suas lembranças.
Quando encontrou a pesada porta de carvalho com ferragens gastas e ruídas, seu coração se acelerou e o suor nervoso escorreu por sua nuca. Essa era a entrada. Quando forçou o ombro sobre ela ouviu um ruído seco vindo do outro lado e estagnou, não ousando nem respirar. “Silenciosa como uma sombra, disse a si mesma, leve como uma pena”. Os ensinamentos de Syrio Forel, seu instrutor, vinham o tempo todo em sua mente, e eram muito mais do que úteis agora. Eram fundamentais. Parecia que uma porta havia sido aberta e logo vozes inquietas tornaram-se nítidas aos seus ouvidos.
- Achem a garota seus inúteis! Arya é uma Stark e igualmente uma traidora.
- A viram perto do rosal ao entardecer e depois não se teve mais notícias.
- Bom, não quero saber. Quero-a até o raiar do dia.
A resposta dos homens foi quase um resmungo e portanto indecifrável. Logo os passos dos cavaleiros foram vindo em sua direção e o medo rasgou sua mente como navalha. “O medo golpeia mais profundamente que as espadas”. Se viu recitando e concentrando sua atenção em Agulha que agora estava firmemente empunhada esperando que a porta fosse aberta. Mas não aconteceu. Passaram direto e muito tempo depois os passos e as vozes desapareceram.
Esperou o que pareceu ser uma eternidade para tentar abrir a porta novamente, e quando o fez o ruído foi tão alto que parecia poder acordar a Fortaleza inteira. Escorregou para dentro e encontrou-se no grande átrio principal. Era um salão sombrio mas luxuosamente decorado com tapeçarias que mostravam vívidas cenas de caça e peças de aço que outrora foram usados em batalhas. Poucos archotes estavam acesos naquela hora e as sombras projetadas lhe causavam arrepios. Foi atravessando o salão em passadas curtas e atentas. A sombra de um enorme manequim de cavaleiro atravessou seu caminho, e num giro rápido postou-se em ataque com o agarre firme em Agulha. “Rápida como uma corsa”. Mas era só um manequim , e tentou recompor-se do susto. “Calma como águas paradas”. Agora já estava perto, muito perto de sua vingança, e nem mesmo o medo iria desviá-la do seu objetivo. Quando chegou diante da pesada porta dos aposentos de Cersei suspirou medindo suas chances do ataque ser bem sucedido. O elemento surpresa ela já tinha, agora precisava ser rápida e forte. Girou a aldabra devagar e entrou.
A morte de Eddard Stark, a Mão do Rei, me deixou tão irada quando li o livro que resolvi escrever uma estória que vingasse a morte dele.
Palavras que devem ser usadas no texto:
Beija-flor - manequim - rosal - destelhadas - afogou-se
Palavras que devem ser usadas no texto:
Beija-flor - manequim - rosal - destelhadas - afogou-se
Os personagens principais do meu texto
CERSEI LANNISTER
EDDARD STARK
Arya recostou-se na parede de pedra vermelha tentando recuperar o fôlego. Resolveu esperar ali alguns instantes para clarear a cabeça que latejava de dor e cansaço. Após presenciar a decapitação de seu pai, a nova Mão do rei, ela fugiu no meio da multidão atordoada e enlouquecida. Duas vezes sentiu uma pesada mão agarrar-lhe o braço para contê-la, mas conseguiu se desvencilhar do agarre correndo o máximo que podia. “Escorregadia como uma enguia”. Pensou. Serpenteou por toda a vila rodeada pelos altos muros da Fortaleza Vermelha procurando um abrigo onde pudesse sentar e chorar sua dor, mas o risco era grande demais para ficar parada. Algumas casas estavam abandonadas, mas totalmente destelhadas, então não serviam de muita ajuda como esconderijo. Foi quando um beija-flor passou rasante sobre sua cabeça e entrou por uma das seteiras baixas que davam para os porões do castelo que teve a ideia. Não entendeu o que um pássaro desses podia querer ali, mas lembrou-se dos labirintos de pedra subterrâneos. Então se arrastou como uma cobra pela abertura e caiu de costas no chão duro e úmido batendo a cabeça tão forte que por um momento pensou que ia desmaiar. Teve que se arrastar mais um pouco antes de por-se de pé novamente devido à pancada na cabeça, mas não se deteve nem um segundo. A escuridão foi aumentando à medida que se embrenhava pelos corredores, atravessava longos salões sombrios e subia inúmeras escadas em espiral, até que se sentiu segura o suficiente para parar. Escorregou as costas pela parede fria até encontrar-se agachada segurando fortemente os joelhos de encontro ao peito e afogou-se em seu choro até secar-se por dentro sentindo sua própria vida desaparecer.
...Acordou tão vazia quanto às florestas geladas do norte. Avaliou a escuridão ao seu redor e supôs que dormira o suficiente para que a noite caísse. Há um tempo atrás percorreu aqueles corredores durante uma caçada ao gato de uma orelha só. Era dia e a escuridão não era tão densa. Não que houvessem janelas ou algo parecido, mas seus olhos podiam perceber, assim como seu coração. Sentiu o vento rodopiar a sua volta e teve certeza do lugar onde estava. No topo do grande poço negro que parecia mergulhar nas profundezas da terra. Era um poço muito largo, e em suas paredes haviam laminas de pedras que sobressaíam como degraus. Fora ali que ouvira dois homens conspirarem a morte de seu pai enquanto escalavam as pardes do poço.
“- Se uma Mão pode morrer, por que não uma segunda?”
Estremeceu lembrando-se das palavras que ouvira naquele dia e que agora faziam parte da sua dolorosa realidade.
O rei Joffrei Baratheon coroado após a morte de seu pai Robert Baratheon era um bastardo sem direito ao trono, mas sua mãe Cersei conseguiu subjugar a todos numa conspiração mais do que odiosa. Quando seu pai pronunciou a verdade do relacionamento incestuoso da rainha Cersei , ela declarou-o um traidor da coroa. Lord Eddard Stark morreu honrando sua casa e seus princípios, mas essa honra não o traria de volta. Ela tinha que vingar-se por ele.
Suspirou várias vezes recobrando a determinação e, firmando o agarre de sua mão sobre Agulha, continuou sua caminhada pelo corredor sem janelas, afastando-se daquele poço profundo e de suas lembranças.
Quando encontrou a pesada porta de carvalho com ferragens gastas e ruídas, seu coração se acelerou e o suor nervoso escorreu por sua nuca. Essa era a entrada. Quando forçou o ombro sobre ela ouviu um ruído seco vindo do outro lado e estagnou, não ousando nem respirar. “Silenciosa como uma sombra, disse a si mesma, leve como uma pena”. Os ensinamentos de Syrio Forel, seu instrutor, vinham o tempo todo em sua mente, e eram muito mais do que úteis agora. Eram fundamentais. Parecia que uma porta havia sido aberta e logo vozes inquietas tornaram-se nítidas aos seus ouvidos.
- Achem a garota seus inúteis! Arya é uma Stark e igualmente uma traidora.
- A viram perto do rosal ao entardecer e depois não se teve mais notícias.
- Bom, não quero saber. Quero-a até o raiar do dia.
A resposta dos homens foi quase um resmungo e portanto indecifrável. Logo os passos dos cavaleiros foram vindo em sua direção e o medo rasgou sua mente como navalha. “O medo golpeia mais profundamente que as espadas”. Se viu recitando e concentrando sua atenção em Agulha que agora estava firmemente empunhada esperando que a porta fosse aberta. Mas não aconteceu. Passaram direto e muito tempo depois os passos e as vozes desapareceram.
Esperou o que pareceu ser uma eternidade para tentar abrir a porta novamente, e quando o fez o ruído foi tão alto que parecia poder acordar a Fortaleza inteira. Escorregou para dentro e encontrou-se no grande átrio principal. Era um salão sombrio mas luxuosamente decorado com tapeçarias que mostravam vívidas cenas de caça e peças de aço que outrora foram usados em batalhas. Poucos archotes estavam acesos naquela hora e as sombras projetadas lhe causavam arrepios. Foi atravessando o salão em passadas curtas e atentas. A sombra de um enorme manequim de cavaleiro atravessou seu caminho, e num giro rápido postou-se em ataque com o agarre firme em Agulha. “Rápida como uma corsa”. Mas era só um manequim , e tentou recompor-se do susto. “Calma como águas paradas”. Agora já estava perto, muito perto de sua vingança, e nem mesmo o medo iria desviá-la do seu objetivo. Quando chegou diante da pesada porta dos aposentos de Cersei suspirou medindo suas chances do ataque ser bem sucedido. O elemento surpresa ela já tinha, agora precisava ser rápida e forte. Girou a aldabra devagar e entrou.
Cersei estava apoiada no parapeito da janela olhando para a escuridão lá fora totalmente abstraída do que estava por acontecer. Arya aproximou-se determinada e confiante, com a raiva rasgando seu coração já em pedaços e se anunciou.
- Rainha Cersei, com a sua licença. Vim trazer uma mensagem com os cumprimentos de meu pai.
Cersei girou deparando-se com ela, e um sorriso torto de desagrado surgiu em sua face. Antes mesmo que conseguisse pronunciar o que beirava em seus lábios, Arya atacou afundando o aço valiriano em seu peito com a força de um cavaleiro de batalha.
Os olhos de Cersei esbugalharam de incredulidade diante da espada cravada em seu peito, e numa última torção do aço, Arya finalizou dizendo.
- Ele manda dizer que a espera no inferno.
- Rainha Cersei, com a sua licença. Vim trazer uma mensagem com os cumprimentos de meu pai.
Cersei girou deparando-se com ela, e um sorriso torto de desagrado surgiu em sua face. Antes mesmo que conseguisse pronunciar o que beirava em seus lábios, Arya atacou afundando o aço valiriano em seu peito com a força de um cavaleiro de batalha.
Os olhos de Cersei esbugalharam de incredulidade diante da espada cravada em seu peito, e numa última torção do aço, Arya finalizou dizendo.
- Ele manda dizer que a espera no inferno.
Ps.: Alguns significados:
- Seteira = Abertura estreita nos muros das fortificações por onde se disparam setas, ou, no meu caso, frestas para dar luz e ar a um aposento.
- Agulha = É o nome que Arya escolheu para a espada que Jon Snow (seu irmão bastardo) lhe deu. É uma espada fina e leve, forjada em aço valiriano especialmente para ela.
- Aldabra = Peça de ferro normalmente em forma oval colocada em portas e/ou janelas.
- Aço Valiriano = É um metal mágico inventado na Valíria e é usado para fazer armas de incomparável qualidade. As laminas de Aço Valiriano são mais leves, mais fortes e mais afiadas que as melhores armas de aço normal. Faz parte somente do mundo criado por George R. R. Martin. nas Crônicas de Gelo e Fogo.
11 comentários:
Pombas! Mandou muito, muito, muito bem! Bem que o George podia ter tido a mesma idéia que vc, ia ser booommmm demais! Adorei muitooo!
ResponderExcluirCaraca, acho que seu falar mil vezes que tá muito bom, ainda assim vou achar que não passei o que eu achei sobre o texto direito.
Sem palavras!
Agora que eu parei de babar... mentira, parei nada. Mas preciso ser prática, foco, foco.
Não entendi essa parte:
"Teve que se arrastar mais um pouco antes de por-se de pé novamente devido à pancada na cabeça, mas não se deteve nem um segundo"
Bateu a cabeça? Quando foi isso, meu Deus?
"Fora ali que ouvira dois homens conspirarem a morte de seu pai enquanto escalavam as pardes do poço." - Paredes?
Obrigado Nanda!!!
ResponderExcluirMe dediquei muito a esse texto pq realmente queria que tivesse uma entonação parecida com a do autor. Não sei se consegui, mas eu particularmente gostei do resultado. Realmente esses dois pontos que vc marcou ficaram obscuros pq estavam na minha cabeça e não deixei claro no texto. Ela passou pela seteira e caiu no chão de pedra batendo a cabeça...mas não escrevi isso rsrsrs. E esse poço, segundo o texto do Martin, é largo, profundo e pedras sobressaem nas suas laterais fazendo possível que as pessoas subam por ele...e isso tbm não escrevi :(
Vou consertar. Obrigado :)
Oi Paty!
ResponderExcluirParabéns! Que desafio tentar escrever como George R. R. Martin! Eu nem me atrevo! Apesar de eu achar que não vai ser pela mão da Arya que a Cersei via morrer, seria bem legal isso, não?
Olha, também sou apaixonada por essa série, tanto de livros como de TV, e queria convidar vocês três para visitarem o meu blog, natrilhadoslivros.blogspot.com. Eu tenho um monte de coisas sobre ela publicadas, mas a maioria minhas teorias ou resenhas dos livros e episódios, não tenho coragem de tentar um texto assim ;)
Quem me indicou foi a Nanda aí em cima.
Beijos!
Fernanda
Paty, eu ainda não li o livro. Mas, achei o seu texto muito bom mesmo.
ResponderExcluirApenas uma coisa:
Nesta parte " A sombra de um enorme manequim de cavaleiro atravessou seu caminho, e num giro rápido postou-se em ataque com o agarre firme em Agulha. “Rápida como uma corsa”. Mas era só um manequim , e tentou recompor-se do susto." Acho que seria melhor retirar o primeiro manequim, pois traia um resultado melhor.
Fora isso, realmente o texto é muito bom. Me surpreendeu com o uso da "Seteira" e me instruiu com a "Aldabra".
Parabéns, Paty. ;)
Obrigado Kbeça! Muito honrada estou seu com o seu elogio!
ResponderExcluirO seu toque na frase do manequim faz sentido...vou ver o que fazer.
Obrigado a você também Feranda! Vou visitar seu blog.
bjks
Parabéns Paty, o texto está incrível! E, nossa, eu adorei essa menina, afinal, ela é um crinaça... mas é "determinada como os ventos de um tempestade".
ResponderExcluirAh Marcinha...que bom que tirou um tempinho pra ler meu texto. Fiquei tão feliz!!!!
ResponderExcluirObrigado a todos!
Paty,
ResponderExcluirEu sou mesmo muitoooo lesada! Estou sempre apanhando para encontrar no blog, o local onde a gente coloca nossos comentários sobre os textos, então, fico ansiosamente esperando alguém comentar, para eu receber o link dos comentários por email, rsss
Mas, lesadices, à parte... Eu não conheço a série, embora seja apaixonada pelo tema. Infelizmente não tenho HBO2 e ainda não encontrei tempo para ler o livro, embora tenha os dois primeiros. Assim, não conheço o estilo do George RR Martin.
Mesmo assim, não pude deixar de perceber a maestria como você guiou uma personagem numa época medieval. Não sei se os personagens estão verossímeis em relação ao livro em si, mas para mim, eles me pareceram tão reais, tão humanos, tão... perfeitamente imperfeitos pelas suas mãos, que senti muito mais vontade de pegar o livro para ler.
Obrigada por me trazer esse universo. Adorei seu texto. Está perfeito para mim.
Obrigado Sammy!
ResponderExcluirAqui...eu tenho gravado as duas temporadas da série no meu pc, e se vc quiser posso até te enviar...só preciso saber como pq são muito pesados. Tem um site que sempre que quero baixar uma série vou lá. Só que tem que ter uma paciência de jó se quiser baixar free. Levei 3 dias pra baixar a segunda temporada mas valeu a pena. Agora vou assistindo no meu pc mesmo sempre que tenho um tempinho. Vai lá e vê se consegue baixar tbm:
http://www.seriesempire.com/2012/04/game-of-thrones-2-temporada-legendado.html
bjks
Sammy,
ResponderExcluirA série de TV é muito semelhante ao livro, muito bem adaptada, então vale a pena.
Outra coisa é o seguinte: para comentar num texto, tem o título dele, certo? Do lado dele tem uma folha amarelada com uma tachinha vermelha. É ali que vc clica para abrir os comentários. É só clicar ali, abre uma tela e vc comenta. Mole mole, fácil fácil.
=]
Paty,
ResponderExcluirGostaria de dizer que reli seu texto hoje, depois de ter assistido à primeira temporada da série e a cena da morte de Lord Eddard Stark.
Se antes, eu tinha lido sem compreensão do contexto e mesmo assim, havia achado seu texto excelente, agora... Gosto dele mais ainda...
Amei a vingança de Arya, uma de minhas personagens favoritas! (espero que ela não morra!!!!)
Quando li suas descrições, revi a cena e os lugares por onde ela havia passado no decorrer dos primeiros episódios.
Você se superou, Patricia Maria! Parabéns!
Comenta aê!