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Desafio de Natal by Nanda Cris

Posted by Nanda Cris on 24 de dezembro de 2012 08:00 in , ,


- Mãe, seja sincera, ok? Papai Noel existe mesmo?
- Você quer a verdade, minha filha?
- Sim, mamãe, já sou crescida!
- Está bem, meu amor. Não, ele não existe.
- Mas todo ano ele vem à nossa casa, mamãe.
- Não espere que papai-noel venha... Não o de verdade pelo menos, minha filha! Aquele é o seu pai, que se veste como se fosse o bom velhinho, apenas para manter a magia do Natal.
Eu olhava para minha mãe incrédula. Como assim Papai Noel era mentira? Todos aqueles anos... flashes pipocavam, e então tudo ficou claro em minha mente: realmente eu já havia notado uma grande semelhança entre o Noel e meu pai.
Fui para meu quarto e me tranquei lá. Minha irmãzinha veio bater à porta, perguntando se podia ajudar. Não, aquela dor era só minha. Ela ainda podia acreditar, porque não tinha sido estúpida o suficiente para indagar quando não queria saber a resposta.
Suspirei, chorei e me lamentei. Mas a verdade não podia ser apagada da memória. E eu tinha que enfrentá-la. Mas como ver meu pai hoje à noite, vestido de Papai Noel e fingir entusiasmo? Controlar o choro?

Aquele final de tarde passou arrastado, minha irmãzinha toda feliz e eu cabisbaixa. Todos comendo e eu sem apetite. E os ponteiros iam cada vez chegando mais perto da meia noite. Logo seria a pior parte, sentar no colo do meu pai, fingindo que estava tudo certo enquanto ele perguntava se eu tinha sido uma boa menina, e ia soltando hohohos esporádicos. Estava me afundando em autopiedade, quando o relógio badalou os doze toques da meia-noite. Minha irmãzinha estava na janela e saiu gritando em direção à porta:
- Corram, ele está vindo!
Corri, o que mais poderia fazer? Eu e meus primos disparamos lá para fora.  Ao vê-lo, fiquei estática. Aquilo eram renas? E um trenó? Papai havia se superado aquele ano! Gostaria de ainda poder acreditar naquilo tudo. Mas agora, parecia apenas ridículo.
Senti alguém puxando minha saia, e lá estava minha irmãzinha, com os olhos brilhando.
- Vamos ajudá-lo? - olhando para aquele rosto inocente, não pude negar.
- Vamos, mana, vamos sim. Eu pego o saco, e você pega a bengala, está bem?
- Certo!
E lá fomos nós, de mãos dadas. O entusiasmo daquela pequena era contagiante. Me peguei sorrindo.

Sentamos todos na sala, as crianças amontoadas em volta do Papai Noel e eu mais afastada, encostada numa parede, ao lado da minha mãe. Encarava tudo com desinteresse até que a ouvi falar:
- Ué?
Mirei para onde ela estava olhando e vi meu pai parado no batente da porta de entrada, com uma roupa de Papai Noel meio enxovalhada e uma expressão de espanto no rosto. Gaguejei diante da situação.
- Ma... mas mãe, se aquele ali é o papai, quem é aquele no meio da sala distribuindo presentes?
- Aquele só pode ser... o Papai Noel de verdade!
- Mas você falou...
- Minha filha, regra número um: os adultos também se enganam!




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2 comentários:

  1. Adorei Nanda! Tive uma descoberta frustrante de que papai noel não existia. Acho que fiquei igual essa garotinha. Mas acho que papai noel está em todas as coisas...na esperança, na alegria, no espírito de natal. Adoro acreditar na existência dele e acho que tenho ele dentro de mim, porque é muito bom!

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  2. Amei... E vamos combinar né? É sempre tão difícil lidar com essa primeira grande decepção das crianças...

    Eu acreditei em papai noel até uns 12 anos. Nem me lembro como descobri, provavelmente algum deslize da minha mãe, já que meu pai morreu muito cedo...

    Amei esta construção: "Papai havia se superado aquele ano! Gostaria de poder acreditar naquilo tudo, mas agora, parecia apenas ridículo"

    E sim, muito factível a parte 'me peguei sorrindo'. Criança sempre se esquece muito rápido, porém tem um errinho aqui.

    Não se começa frase com pronome oblíquo átono (como me, te, se, o, lhe, nos,vos, os, lhes).

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