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Inimigos Noturnos - Parte 5
Paty me deu as seguintes palavras para continuar a saga dos Inimigos Noturnos:
- salmonela
- incoerência
- contraponto
- ametista
- purificação
E eu, claro, matei no peito e chutei pro gol.
Quem está chegando agora, pode ler as outras partes aqui: http://goo.gl/CphhQ
Ray olhou em volta sem saber direito o que fazer. A primeira coisa era cobrir Anna, mas como? Os gemidos de Brad não estavam ajudando em nada para que ele conseguisse se concentrar. O coração disparado, a boca seca, podia identificar o pânico chegando depois da descarga forte de adrenalina que sentiu, momentos atrás. Respirou fundo, enquanto Anna tremia de encontro ao seu peito. Não era hora para se descontrolar, a fuga dependia exclusivamente dele. Afastou-a um pouco e tirou sua própria camisa, passando-a para que ela a vestisse. Serviria como um vestido improvisado.
Agachou-se ao lado de Brad, encostando a faca no seu pescoço.
- E aí garanhão? Tá doendo muito?
- Vai se ferrar.
- Tsk, tsk, tsk, resposta errada. - E com isso, Ray apertou ainda mais a faca no pescoço de Brad, fazendo um filete de sangue escorrer - vamos começar de novo: como eu saio desse lugar?
- Como mais? Andando, seu idiota. - Brad tentou esboçar um sorriso que saiu meio torto devido a dor.
- Ok, acho que não estou sendo claro o suficiente. - Ray já estava ficando irritado com aquele verme, então resolveu ser mais incisivo, enfiando a faca em sua coxa direita.
- Seu filho da...
- Você tem duas opções - Ray cortou-o secamente - ou me fala onde é a maldita saída, ou eu vou rodar essa faca até você ter um buraco na perna.
- Tá legal, tá legal! Saia pela porta que entrou, vire à direita e siga em frente até chegar numa tenda verde, do lado direito. Entre nela, a porta de saída está escondida dentro dela.
- Olha aqui imbecil, se você estiver me mandando pra fogueira, eu vou te caçar até no inferno e você vai morrer sangrando bem devagar, perdendo pedacinho por pedacinho, estamos entendidos? - e para comprovar, Ray rodou levemente a faca. Brad soltou um grito e desmaiou.
Levantando-se de um salto, pegou Anna pela mão e a arrastou para a saída da barraca, estacando na entrada, ainda meio escondido. Espiou os arredores e viu uma movimentação vinda pela esquerda, o que era ótimo. Sem perder tempo, virou para a direita e saiu em disparado, procurando a tal tenda verde. Enquanto olhava para trás para ver se estava sendo seguido, esbarrou em alguém e quase foi ao chão, equilibrando-se no último segundo e escondendo Anna atrás de si, tudo ao mesmo tempo.
- Você não desiste, hã?
- Como essa salmonela ainda está viva, posso dizer que você também não, forasteiro. - respondeu a mulher de vestido de seda creme.
- Ela tem nome. - Ray rosnou, por entre os dentes.
- Para mim, ela é menos que uma bactéria. É um ser que precisa ser exterminado, antes de propagar a doença para o meu povo.
- Bem, temos aí um contraponto interessante de idéias. – e, dizendo isso, Ray atacou, investindo no coração da mulher. Ela desviou no último momento, e a faca apenas raspou em seu braço, abrindo um pequeno rasgo.
A mulher contra atacou, enquanto reclamava - O sangue mancha a seda, seu imbecil. – E com uma força desproporcional ao seu porte físico, desceu o machado na direção do braço esquerdo de Ray, que conseguiu escapar do golpe por um triz. Os dois então ficaram se medindo, tentando achar alguma fraqueza para reiniciar a luta. O tempo era crucial, e Ray sabia disso. Logo toda a comunidade estaria atrás dele.
- Você é de uma incoerência extremamente peculiar. – Ray puxou papo apenas para tentar distraí-la.
- É mesmo? Não me diga? – ela retorquiu, com desdém. Neste momento, Ray percebeu que a mulher não focava nele e sim em algo atrás dele. Pelo canto esquerdo, viu uma movimentação. Não havia tempo para virar e ver se era um amigo ou um inimigo que estava se aproximando. Resolveu pôr todas as fichas na mesa, e apostar alto. Pulou para frente, a faca em riste. Mas chegou tarde. Ouviu um tiro e viu, com surpresa, o corpo da mulher tombar no chão. Olhou na direção do disparo e viu a idosa que o havia ajudado antes, ainda com a arma apontada para o local onde estava a mulher momentos antes. Suas mãos tremiam. Ela olhou-o e abaixou a arma, enquanto murmurava:
- Eu nunca gostei da Ametista.
Ray não sabia direito o que fazer, então apenas agradeceu, emocionado – Obrigado senhora. Não sei nem como agradecer.
- Você pode me agradecer salvando sua Anna. Não deixe que ela seja dominada pela doença como meu filho foi. Há uma cura, já ouvi murmúrios que apontam para a floresta a oeste daqui. Lá existe um cientista que está desenvolvendo uma fórmula de purificação. Eu contei isto à Ametista, mas ela disse que era tarde para o meu Steven. – Neste momento a pobre idosa se desfez em lágrimas. Ray não sabia bem como agir e foi Anna que tomou a frente da situação, pousando sua mão gentilmente no ombro da senhora enquanto dizia:
- Obrigada.
A senhora pousou sua mão na de Anna e deu 2 tapinhas gentis, dizendo:
- Vão! Vocês estão perdendo tempo. Sigam por aqui, existe uma tenda verde um pouco mais à frente. Ao chegar lá, vocês encontrarão uma porta onde estará meu outro filho, Loren. Só ele pode abri-la e, para isso, vocês precisam da senha. Diga a ele “Dura Lex, Sed Lex” e ele os deixará sair. Caso ele estranhe o estado de Anna, diga apenas que foi Manuela que os mandou, se ainda assim ele não acreditar, cite Steven. Ele então acreditará.
- Obrigado senhora, obrigado de todo meu coração.
- Vão!
Ray mais uma vez puxou Anna em direção à tenda verde. Ainda não era possível vê-la, mas agora tinha certeza de que ela existia e de que estavam na direção correta. Correram pelo que pareceu ser uma eternidade, mas não foram importunados por ninguém. Ao chegarem na tenda, fizeram como Manuela orientou e Loren não causou nenhum transtorno, abrindo a saída sem pensar duas vezes.
Ao ouvir a fechadura sendo travada novamente, olhou para trás com curiosidade. Um grande muro que não parecia ter fim cercava os dois lados da porta. Quem teria construído aquela fortaleza? Estava perdido em divagações, quando sentiu Anna puxar levemente sua mão. Encarou-a. Ela então falou, de uma forma um pouco arrastada:
- Vamos?
- Vamos. – E mais uma vez saíram em disparada, rumo ao oeste.
4 comentários:
Que adrenalina Nanda! Adorando essa estória! A sequência está precisa e a cadência ótima. Tive a impressão que essa Ametista é algo sobrenatural com essa força toda...ou não?
ResponderExcluirAposto que custou a achar um lugar pra essa "salmonela"!kkkkkkkkkk
E o que significa
“Dura Lex, Sed Lex”? Ou vc inventou isso?
Só um errinho de digitação em mão:
" ...pousando sua mãe gentilmente no ombro da senhora enquanto dizia:..."
E agora Nanda...eu mesmo posso dar um novo desafio pra continuar a estória? Estou louca pra saber esse final!
Dura Lex Sed Lex, é latim... Significa "A lei é dura, mas é a lei."
ResponderExcluirA "salmonella" foi uma jogada de mestre! Jamais iria imaginar usar dessa maneira!
Agora a estória é bastante intrigante, gostei muito dessa parte que eu li. Você já leu "A torre negra" do Stephen King? Tem bem esse estilo meio bruto, de Velho Oeste...
Essa estória começa aqui ou tem capítulos anteriores?
Vamos lá, meninas.
ResponderExcluirPaty, olha, não pensei na Ametista como algo sobrenatural não. Eu só tinha que justificar como ela conseguia empunhar um machado pesado pacas, por isso disse que ela não aparentava a força que tinha ;-)
Essa salmonela realmente foi um tormento, mas acho que saída que eu dei foi boa, rs. Mas é isso mesmo, desafio é para ser difícil!
“Dura Lex, Sed Lex” A Sammy já explicou o que é. Eu achei que seria uma ironia boa colocar essa como sendo a chave para sair do forte, uma frase bem a cara da Ametista que parece ser uma das manda-chuvas do lugr ;-)
O erro de digitação eu já já vou ver. Obrigada pela dica!
Desafio??? Sim, manda vê!
Sammy,
Não duvide do seu potencial gatona, pelos textos que eu já li, vc conseguiria uma boa saída pra Salmonela da Paty, com certeza! Rs.
Não li a torre negra do SK, tenho alguns problemas com ele: toda vez que eu leio os livros dele, minha vida começa a dar tudo errado, além disso eu acho que ele escreve MUITO BEM, mas o final... normalmente é uma bunda. Rs.
Essa estória tem capítulos anteriores. Neste capítulo, coloquei o link para o texto 4, que tem o link pro texto 3, que tem o link para os textos 2 e 1. Ficaria honrada se vc pudesse ler os textos e me dar a sua opinião, aceito elogios, criticas, estamos sempre trabalhando para melhor atendê-los, rsrs.
Beijos as 2.
Escritores, gonna comentar! kkkk
Achei muito maneiro. Mais maneiro ainda, quando você achou uma utilidade para todos os personagens e ainda conseguiu resgatar uma situação do passado.
ResponderExcluirE também achei que a Esmeralda era alguma coisa sobrenatural, como a Paty.
Comenta aê!