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Desafio do Dia das Crianças
FÉRIAS NA FAZENDA
Costumava brincar na fazenda dos meus avós, lá pras bandas do interior gaúcho. Esperava sempre ansiosa pelas férias, lembrando do cheirinho doce de biscoitos amanteigados, do barulho acolhedor do arroio que passava nos fundos da casa, do quentinho cobertor de penas....
Não sei precisar ao certo que idade tinha porque foram muitos anos seguidos curtindo a fazenda do vovô com minha irmã mais nova e minha tia.
Lembro-me disso acontecer desde os meus 5 anos até os 10 aproximadamente. Mas o causo que quero contar é referente à brincadeira que mais gostava nessa época, que acontecia sempre no curral e precisamente todos os dias!
No curral, as baias ficavam enfileiradas ladeando um grande corredor. Eu, minha irmã e minha tia, passávamos quase todas as manhãs junto com as vacas confinadas. Elas nem se assustavam mais. Pastavam tranquilamente olhando de uma pra outra com ar de ceticismo e descrença (pelo menos essa é a impressão que tenho agora quando me lembro disso), enquanto ruminavam aquela gosma verde. Com um caderno, uma caneta e um giz na mão, rabiscávamos as aulas de português e matemática nas tábuas de madeira que cercavam o corredor das baias.
- Preste atenção Mimosa! Se não parar de conversar vai ficar sem recreio!
Eu gritava abanando as mãos freneticamente, enquanto os mugidos ficavam ainda mais altos.
- Esse é o para casa que vocês têm que trazer pronto amanhã. Senão vão ganhar zero!
Minha tia gritava do outro lado.
- Estrela! Deixe eu ver o que você já fez.
Minha irmãzinha menor falava em tom bem menos estridente, passando a mão pela testa branquinha da sua vaca predileta. Por vezes a Estrela dava aquelas cuspidas espalhadas que as vacas costumam dar, bem na cara dela! Ela apenas ria e continuava a alisar sua testa. Eu e minha tia sempre fazíamos uma cara de nojo verbalizando um “Eca!” cada vez que isso acontecia.
A malhada era a mais agitada e era a minha vaca (cada uma tinha a sua aluna particular). Sempre me aproximava dela soletrando uma conta matemática e ela respondia com um sonoro “muuuuu”.
Certa vez apontei a caneta perto do seu focinho como que repreendendo sua suposta atitude, quando rápido demais ela abocanhou a caneta me dando um susto danado que me deixou de bunda no chão. Sentada ali de olhos arregalados, fiquei sem saber o que fazer enquanto a Malhada mascava avidamente a caneta. Era muito divertido! Sentia-me uma verdadeira professora!
Lá pelas tantas da manhã, meu avô vinha de longe gritando e já entrando na brincadeira.
- Hora do recreio!
E nós já sabíamos o que estava por vir.
Feliz da vida eu sentava do lado do vovô para tirar leite da Malhada.
Nunca fui muito chegada a leite, mas vovô sempre trazia junto uma garrafa de café para misturar no meu leitinho.
Eram tempos doces e felizes. Muita saudade desse tempo!
Costumava brincar na fazenda dos meus avós, lá pras bandas do interior gaúcho. Esperava sempre ansiosa pelas férias, lembrando do cheirinho doce de biscoitos amanteigados, do barulho acolhedor do arroio que passava nos fundos da casa, do quentinho cobertor de penas....
Não sei precisar ao certo que idade tinha porque foram muitos anos seguidos curtindo a fazenda do vovô com minha irmã mais nova e minha tia.
Lembro-me disso acontecer desde os meus 5 anos até os 10 aproximadamente. Mas o causo que quero contar é referente à brincadeira que mais gostava nessa época, que acontecia sempre no curral e precisamente todos os dias!
No curral, as baias ficavam enfileiradas ladeando um grande corredor. Eu, minha irmã e minha tia, passávamos quase todas as manhãs junto com as vacas confinadas. Elas nem se assustavam mais. Pastavam tranquilamente olhando de uma pra outra com ar de ceticismo e descrença (pelo menos essa é a impressão que tenho agora quando me lembro disso), enquanto ruminavam aquela gosma verde. Com um caderno, uma caneta e um giz na mão, rabiscávamos as aulas de português e matemática nas tábuas de madeira que cercavam o corredor das baias.
- Preste atenção Mimosa! Se não parar de conversar vai ficar sem recreio!
Eu gritava abanando as mãos freneticamente, enquanto os mugidos ficavam ainda mais altos.
- Esse é o para casa que vocês têm que trazer pronto amanhã. Senão vão ganhar zero!
Minha tia gritava do outro lado.
- Estrela! Deixe eu ver o que você já fez.
Minha irmãzinha menor falava em tom bem menos estridente, passando a mão pela testa branquinha da sua vaca predileta. Por vezes a Estrela dava aquelas cuspidas espalhadas que as vacas costumam dar, bem na cara dela! Ela apenas ria e continuava a alisar sua testa. Eu e minha tia sempre fazíamos uma cara de nojo verbalizando um “Eca!” cada vez que isso acontecia.
A malhada era a mais agitada e era a minha vaca (cada uma tinha a sua aluna particular). Sempre me aproximava dela soletrando uma conta matemática e ela respondia com um sonoro “muuuuu”.
Certa vez apontei a caneta perto do seu focinho como que repreendendo sua suposta atitude, quando rápido demais ela abocanhou a caneta me dando um susto danado que me deixou de bunda no chão. Sentada ali de olhos arregalados, fiquei sem saber o que fazer enquanto a Malhada mascava avidamente a caneta. Era muito divertido! Sentia-me uma verdadeira professora!
Lá pelas tantas da manhã, meu avô vinha de longe gritando e já entrando na brincadeira.
- Hora do recreio!
E nós já sabíamos o que estava por vir.
Feliz da vida eu sentava do lado do vovô para tirar leite da Malhada.
Nunca fui muito chegada a leite, mas vovô sempre trazia junto uma garrafa de café para misturar no meu leitinho.
Eram tempos doces e felizes. Muita saudade desse tempo!
Um comentário:
Que show!
ResponderExcluirTambém brincava de colégio lá o meu condomínio, mas como sou criança de apartamento criada por vó, daquelas que joga bolinha de gude no carpete, não tinha vacas para serem alunas, infelizmente. Eu normalmente era a professora e as outras meninas eram as alunas. Só porque eu era a mais velha e a mais forte, sabe como é? kkkk.
Muito bom o texto Paty, fiquei me imaginando vivendo aquilo tudo pequenininha e foi tão bom! :-)
Comenta aê!