4

Desafio de Natal by Patydeuner

Posted by PatyDeuner on 26 de dezembro de 2012 08:00

Minhas frases do desafio de natal:

- Espere e verá! 
- Tudo saiu como o planejado? 
- Ele já está morto, mamãe... 
Corri, corri, corri, mas não cheguei a tempo... 
- Já é hora da ceia crianças.

                      
Trabalharia até as 18:00 horas. Pegaria um táxi até o shopping para chegar mais rápido. O trânsito estaria um caos é claro, e levaria um bom tempo para chegar lá. E o táxi parado no trânsito ficaria uma pequena fortuna...pensando bem podia ir de ônibus mesmo. Provavelmente levaria o mesmo tempo, e economizaria o dinheiro. Ele foi burro o suficiente pra deixar a compra do presente de natal dela para o último dia, então pagaria o preço.

O escritório estava um burburinho só nessa véspera de natal. Todos praticamente fingiam trabalhar esperando a hora de sair. O maldito chefe não liberou ninguém mais cedo, e o resultado era esse, nada de produtivo saia dali.
Da sua ilha de trabalho podia ouvir as várias conversas afiadas e nada profissionais. Ao seu lado Mônica dizia descontente.
- Ele já está morto, mamãe...pare de chorar.
Ela uma vez havia confidenciado a ele que todo ano era assim. Sua mãe lamentava a ausência de seu pai na noite de natal, e isso já persistia há 20 anos. Pobre garota.
- E então Mônica. Quer que eu seja o seu “papai Noel” essa noite?
Ouviu Fred, seu colega de trabalho mais mulherengo e chato tentar pela quinquagésima vez sair com ela. Pobre garota.

17:45 e todos já estavam a postos para uma retirada rápida. Como se fosse uma corrida para alcançar um prêmio. As mulheres retocavam o batom já com as bolsas penduradas nos ombros e os homens apenas batiam o pé, ansiosos com a espera.
- E a Melissa, João?
Assustou-se com 
Fred mostrando seu carão por cima de seu Box de trabalho.. 
- O que tem ela?
- Ora, é o primeiro natal de vocês dois juntos. Vai dar algo especial pra ela?
- Claro. Vou comprar agora.
- Posso ir com você. Também preciso comprar algo pra minha mãe e...
- Não mesmo Fred. Estou com muita pressa. Preciso estar na casa dela às 21:00.
Ele fez uma cara de decepcionado. Mas também, quem mandou ser tão chato? Não era de se admirar que sempre era dispensado dos encontros.

18:00
A correria foi de impressionar. E claro que o elevador lotou e teve que esperar o próximo. Mas não se inquietou. Daria tempo.

Depois de quase uma hora dentro do ônibus chegou finalmente ao seu destino. O shopping estava lotado e observou que praticamente 80% dos clientes que passavam por ali eram homens. Somente homens deixam os presentes para a última hora. Incluindo ele. Pensou frustrado.
Queria dar a ela uma joia. Surpreendê-la era seu objetivo. Tinha conhecido-a há pouco mais de três meses, mas sabia que era o amor de sua vida. Com a joia pediria sua mão hoje. Melissa era tudo o que tinha sonhado e a queria para sempre.
Rindo com o pensamento entrou na loja decidido. Daria um anel de brilhante a ela. Mesmo que levasse a vida toda para pagar.
A jovem moça veio até ele toda sorrisos enquanto ele observava a maravilhosa peça exposta na vitrine. Um anel rebuscado como uma peça antiga, meio medieval. Uma imensa pedra brilhava em seu centro. Um diamante. A vendedora viu o ávido interesse dele e foi logo jogando toda a sua qualidade de vendedora.
- É maravilhoso não é?
- Sim! Ele disse meio distraído imaginando os longos dedos de Melissa com o anel.
- E ela é uma garota especial não é?
- Sim!
- Então vai levá-lo. Ela ficará radiante com esse maravilhoso presente!
- Sim...não! Quer dizer...quanto custa?
Saiu daquele transe idiota e olhou pra vendedora que ainda exibia um sorriso tentador.
- Ah! Isso não importa muito. Venha. Vamos olhá-lo de perto.
Ela colocou a bandeja de veludo negro na sua frente com o anel brilhando sobre ele.
- É realmente lindo!
-Sua mulher ficará encantada ao receber um presente assim. Essa joia pode ser dela agora mesmo por apenas R$ 18.000,00.
- O que?
- Pode dividir de 24 vezes senhor! Ela merece não e?
- Sim mas...
Começou a suar frio com a menção do preço exorbitante.
- Preciso de algo mais módico..você sabe...ela tem os dedos finos e pequenos. Talvez uma pedra um pouco menor....
-Sim. Eu entendo senhor.
A vendedora fez aquela cara de decepção e fechou a caixa preta na cara dele. Abriu uma nova caixa com vários outros modelos insignificantes perto da primeira joia mostrada.
- Aqui está. Talvez um desses modelos sirva.
Ele sentiu o desgosto na voz da mulher mas não se importou. Pousou os olhos pelos anéis, achando todos um pouco sem graça depois do modelo que cobiçara.
- Todos esses modelos variam de R$ 5.000,00 à R$ 10.000,00 senhor.
Olhou para a vendedora com os olhos um pouco arregalados demais diante da revelação dos preços.
Ela levantou suas sobrancelhas e com a cara mais entediada ainda fechou a caixa de supetão, quase prendendo seus dedos nela, e puxou uma terceira caixa com apenas um modelo dentro dela.
-Aqui está. Esse é o modelo que o senhor estava procurando. Tenho certeza.
Ela disse meio bufando já.
Ele olhou para peça miúda no interior. O aro era tão fino que sumia dentro do veludo. E a pedra parecia...bem...teve que chegar bem perto, quase roçando o nariz no veludo da caixa.
-Quer uma lupa senhor?
- Não, não...e quanto é esse?
- R$ 2.400,00 senhor.
Ela disse com aquele ar de desinteresse olhando para as unhas. Parecia querer lixá-las enquanto fazia a venda.
- Perfeito! É mesmo lindo não é? Um brilhante!
- Claro que sim senhor.

Saiu do shopping desesperado com a hora. Depois de mais 40 minutos para negociar e fazer o maldito cartão de crédito aceitar dividir de 24 vezes sua compra, tinha apenas 20 minutos para chegar a casa dela. Agora teria que pegar um táxi. “Droga! Não vai dar tempo!”
Já dentro do táxi, resolveu ligar para avisar que chegaria logo.
-Alô?
- Oi Melissa, sou eu.
- Está chegando? Minha mãe gosta que tudo seja pontual.
Ela disse meio sussurrando para que ninguém ouvisse.
- Bem...tenho uma surpresa pra você.
- O que é?
- Espere e verá!
Pelo telefone ouviu a sogra gritar ao fundo.
- Já é hora da ceia crianças! Melissa! Saia desse telefone! Aquele irresponsável está atrasado sabia?
- Sinto muito Melissa...ainda devo demorar um pouco pra chegar.
- Tudo bem. Vamos sobreviver a isso.
O tom dela era conciliador mas definitivamente triste. Ele iria reverter isso quando chegasse.

Quem abriu a porta foi a sogra, com uma carranca descontente.
- Está atrasado João. Já estamos ceando.
-Ah...hummm...corri, corri, corri, mas não cheguei a tempo minha sogra, mas....
-Minha sogra?
Entrou rápido antes que ela continuasse o interrogatório e parou na frente de sua amada. Respirou fundo tirando a pequena caixa do bolso e oferecendo a ela.
- Melissa...eu amo você. Você é a pessoa mais importante da minha vida. Quer se casar comigo?

O que transcorreu em seguida é melhor nem mencionar. A sogra fez um show é claro. E os irmãos da Melissa romperam em palmas e gritos. Mas o mais importante foi a emoção que viu nos olhos dela.
- Tudo saiu como planejado? Com certeza não. Pensou frustrado.
Mas o sim emocionado dela com olhos marejados ele guardaria para sempre. E o anel...bem...
- É o mais lindo que já vi na vida!
Ela disse sorrindo e beijando-o profundamente, como se mais ninguém estivesse ali.

|
Gostou?

4 comentários:

  1. "E o táxi parado no trânsito ficaria uma pequena fortuna...pensando bem podia ir de ônibus mesmo. Provavelmente levaria o mesmo tempo, e economizaria essa pequena fortuna." - 2 vezes muito próximo a palavra fortuna.

    "Ao seu lado Mônica dizia desconte." - descontente?

    "- E a Melissa João? ", acho que tem virgula antes de João. É um vocativo, se bem me lembro, rs.

    "Tinha conhecido-a a pouco mais de três meses mas sabia que era o amor de sua vida." - ha do verbo haver tem h.

    "Já dentro do táxi, resolver ligar para avisar que chegaria logo. " - resolveu?

    Quanto ao texto: Ah, finais felizes! Adoroooo!
    Ainda bem que ela não viu o primeiro anel, assim ela gostou muito do que ele comprou e ele não comprometeu o orçamento da festa de casamento, rs.
    Muito bem escrito Paty, com muitos detalhes. Gostei bastante.

    ResponderExcluir
  2. CRUZES! Quantos erros cometi!
    Consertando rapidinho aqui, antes que mais alguém leia! rsrsrs

    ResponderExcluir
  3. Affe... ando muito emotiva... chorei no finalzinho, rsss.

    Eu ia fazer alguns comentários semelhantes ao da Nanda, mas ela já colocou bem.

    A única coisa que eu talvez mexeria (mas aí fica a seu critério, não é necessariamente um erro)...

    "O shopping estava lotado e observou que praticamente 80% dos clientes desesperados que corriam por ele eram homens. Somente homens deixam os presentes para a última hora. Como ele. Pensou frustrado."

    Na verdade eu precisei ler duas vezes para perceber que os clientes corriam pelo shopping. Talvez ao invés de colocar 'corriam por ele', você poderia colocar "passavam por ele", "passavam/corriam pelos corredores"

    E este trecho "Somente homens, como ele, deixam os presentes para última hora" (acho que porque tinha muito 'ele' na frase de cima, não sei bem o que me chamou a atenção.

    Mas adorei o texto! (O pior é que é verdade, esses anéis são um horror de caros!!! Ainda mais em lojas de shopping!)

    ResponderExcluir
  4. Obrigado pelas dicas Sammy. Realmente eu tenho um problema de sintonia com os acontecimentos. Quero descrever várias coisas e emoções ao mesmo tempo e fica meio embolado, e mesmo que eu releia várias vezes não consigo achar o problema, porque simplesmente pra mim é compreensível, mas para o outro que lê pode não ser. Esse é o respaldo que queremos aqui no blog, porque nos aperfeiçoamos com as dicas e observações.
    Já fiz uma pequena alteração.
    Valeu!

    ResponderExcluir

Comenta aê!

Copyright © 2009 Retalhos Assimétricos All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive.