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Desafio da Imagem
A imagem que a Paty me deu foi esta aqui:
Segue o texto inspirado na imagem:
- Bem vindos à Aeronave XFSQ54. - o alto falante ia dizendo, enquanto os visitantes iam se aproximando - Esta será a nossa 5498º viagem.
Neste momento um burburinho excitado surgiu entre as pessoas. O alto falante continuou seu monólogo, sem se abalar.
- Por favor, dividam-se em gêneros, fazendo uma fila em frente a cada uma das portas da aeronave. Fêmeas, encaminhem-se para a entrada do lado direito. Machos, para o esquerdo. Coloquem sua íris no leitor. Ao completar o exame, aparecerá na tela acima do aparelho o número de sua cabine. Um auxiliar os encaminhará para o local correto.
Todos enfileiraram-se rapidamente, como se houvessem treinado aquilo por muito tempo. A população de Xeón era extremamente cordata, assim, foi fácil todos se organizarem sem nenhum tipo de divergência.
A fila avançava rapidamente. Zimbia mal podia conter sua felicidade. Finalmente conheceria seu par, com quem compartilharia aquela existência. Os governantes sempre pareavam os mais adequados, evitando conflitos, doenças ou qualquer outro problema relacionado a um envolvimento não regulamentado.
- Quem será? - Ela pensava enquanto torcia as mãos suadas. Sua vez estava a cada momento mais próxima. Tinha que se manter calma. Devaneava quando a última menina entre ela e o leitor foi encaminhada para a aeronave. Sentiu os joelhos bambearem, mas manteve-se firme. Não podia recuar agora, finalmente o grande dia chegara!
Encaminhou-se com passos decididos para o aparelho e apresentou sua íris para inspeção. Logo piscou na tela o número 256. Seguiu para o interior da aeronave, sem esperar um convite. Lá dentro um robô-recepcionista a aguardava.
- Olá, senhor Robô. - Zimbia cumprimentou, tentando ser simpática.
- Meu nome é C3PO, Fêmea 256. Siga-me.
Aparentemente este amontoado de peças não era dotado de trato social, então ela não ia insistir. Estava a cada momento mais perto de saber como seria o seu futuro, então, não ia perder tempo e saliva com aquela ferrugem ambulante mal-programada.
Tentou ajeitar os cabelos o mais discretamente que conseguia. Nunca era possível saber se os Avaliadores estavam observando-a pelas câmeras, não queria passar uma imagem de fútil. Mas também não queria aparecer desgrenhada na frente do seu par. Repuxou um pouco a saia mais para baixo. Conferiu o hálito. Estava tão entretida que quase trombou no C3PO que estacou abruptamente na sua frente.
- Cabine 256. - Ele disse enquanto apertava um botão que fez a porta deslizar silenciosamente revelando uma cabine lindamente ornamentada para uma lauta refeição... opa, espera aí. Algo estava errado. Só havia um conjunto para refeição... não deveriam ser dois?!
- C3PO, algo não está certo...
- Nada nunca está errado na Aeronave XFSQ54, fêmea 256. Entre.
Ela entrou sem nem reclamar, de tão acostumada que estava a seguir ordens. O robô então fechou a porta e ela ficou ali, sem saber o que fazer. Encaminhou-se para um sofazinho lateral e sentou-se. Mas logo levantou novamente, não queria amarrotar a saia!
Encarou a porta pelo que pareceu ser um longo tempo. A cada som no corredor, um sobressalto. Mas em todas as ocasiões, não era seu par. Gostaria tanto de saber se essa demora era normal! Aproximou-se da porta. Nenhum botão. Estava presa ali! Sentou-se novamente no sofá, seus pés já estavam doendo. Sentiu um leve tremor. Olhou pela janela.
- Eles estão decolando??? Sem o meu par???
Encaminhou-se para a porta sem se preocupar com os Avaliadores, com C3PO, com os Governantes, com ninguém. Queria uma resposta e queria agora! Começou a esmurrar a porta, chamando:
- Oooooiiiii!!! Tem alguém aííí???
Já sentia os pulsos anestesiados de tanto que os bateu e estava rouca de tanto gritar quando a porta finalmente se abriu e um Avaliador apareceu. Recuou instintivamente, murmurando desculpas incompreensíveis.
- Fêmea 256, primeiramente gostaria de pedir desculpas por esta situação, seu convite foi expedido erroneamente.
- Erronea...?
- Não me interrompa. Você é diferente das outras fêmeas, você tem o dom da visão. As videntes tem um papel muito importante na nossa sociedade, evitando guerras, fome, pestes. Mas isso tudo você já sabe das suas aulas de história da humanidade.
- Sim senhor. Mas eu não sou uma...
O Avaliador levantou a mão, em sinal de protesto, enquanto falava:
- O que eu disse sobre não me interromper? - ele a interrompeu, irritado - Seus genes dizem que você é, e nós nunca erramos um mapeamento. Pois bem, assim que retornarmos você será encaminhada para o campo de concentração GRT672 e lá permanecerá pelo resto de sua vida, trabalhando para nós.
- Mas...
- Sem mas. Isso não é um convite, Fêmea 256. É uma ordem. Recrutamentos não são recusáveis. O Macho 256 nunca existiu. Você está destinada a um futuro maior que procriação.
Ela sentiu as pernas falsearem e quase caiu, mas agarrou-se num último momento na mesa.
- Ce... certo, senhor.
- Aguarde novas instruções após o pouso. - E dizendo isto, o Avaliador saiu, a deixando sozinha novamente.
- Vamos ver se eu sou vidente mesmo - ela falou para si mesma, enquanto se sentava no chão, na posição de lótus. Precisava vislumbrar no futuro um modo de sair daquela armadilha voadora.
Segue o texto inspirado na imagem:
- Bem vindos à Aeronave XFSQ54. - o alto falante ia dizendo, enquanto os visitantes iam se aproximando - Esta será a nossa 5498º viagem.
Neste momento um burburinho excitado surgiu entre as pessoas. O alto falante continuou seu monólogo, sem se abalar.
- Por favor, dividam-se em gêneros, fazendo uma fila em frente a cada uma das portas da aeronave. Fêmeas, encaminhem-se para a entrada do lado direito. Machos, para o esquerdo. Coloquem sua íris no leitor. Ao completar o exame, aparecerá na tela acima do aparelho o número de sua cabine. Um auxiliar os encaminhará para o local correto.
Todos enfileiraram-se rapidamente, como se houvessem treinado aquilo por muito tempo. A população de Xeón era extremamente cordata, assim, foi fácil todos se organizarem sem nenhum tipo de divergência.
A fila avançava rapidamente. Zimbia mal podia conter sua felicidade. Finalmente conheceria seu par, com quem compartilharia aquela existência. Os governantes sempre pareavam os mais adequados, evitando conflitos, doenças ou qualquer outro problema relacionado a um envolvimento não regulamentado.
- Quem será? - Ela pensava enquanto torcia as mãos suadas. Sua vez estava a cada momento mais próxima. Tinha que se manter calma. Devaneava quando a última menina entre ela e o leitor foi encaminhada para a aeronave. Sentiu os joelhos bambearem, mas manteve-se firme. Não podia recuar agora, finalmente o grande dia chegara!
Encaminhou-se com passos decididos para o aparelho e apresentou sua íris para inspeção. Logo piscou na tela o número 256. Seguiu para o interior da aeronave, sem esperar um convite. Lá dentro um robô-recepcionista a aguardava.
- Olá, senhor Robô. - Zimbia cumprimentou, tentando ser simpática.
- Meu nome é C3PO, Fêmea 256. Siga-me.
Aparentemente este amontoado de peças não era dotado de trato social, então ela não ia insistir. Estava a cada momento mais perto de saber como seria o seu futuro, então, não ia perder tempo e saliva com aquela ferrugem ambulante mal-programada.
Tentou ajeitar os cabelos o mais discretamente que conseguia. Nunca era possível saber se os Avaliadores estavam observando-a pelas câmeras, não queria passar uma imagem de fútil. Mas também não queria aparecer desgrenhada na frente do seu par. Repuxou um pouco a saia mais para baixo. Conferiu o hálito. Estava tão entretida que quase trombou no C3PO que estacou abruptamente na sua frente.
- Cabine 256. - Ele disse enquanto apertava um botão que fez a porta deslizar silenciosamente revelando uma cabine lindamente ornamentada para uma lauta refeição... opa, espera aí. Algo estava errado. Só havia um conjunto para refeição... não deveriam ser dois?!
- C3PO, algo não está certo...
- Nada nunca está errado na Aeronave XFSQ54, fêmea 256. Entre.
Ela entrou sem nem reclamar, de tão acostumada que estava a seguir ordens. O robô então fechou a porta e ela ficou ali, sem saber o que fazer. Encaminhou-se para um sofazinho lateral e sentou-se. Mas logo levantou novamente, não queria amarrotar a saia!
Encarou a porta pelo que pareceu ser um longo tempo. A cada som no corredor, um sobressalto. Mas em todas as ocasiões, não era seu par. Gostaria tanto de saber se essa demora era normal! Aproximou-se da porta. Nenhum botão. Estava presa ali! Sentou-se novamente no sofá, seus pés já estavam doendo. Sentiu um leve tremor. Olhou pela janela.
- Eles estão decolando??? Sem o meu par???
Encaminhou-se para a porta sem se preocupar com os Avaliadores, com C3PO, com os Governantes, com ninguém. Queria uma resposta e queria agora! Começou a esmurrar a porta, chamando:
- Oooooiiiii!!! Tem alguém aííí???
Já sentia os pulsos anestesiados de tanto que os bateu e estava rouca de tanto gritar quando a porta finalmente se abriu e um Avaliador apareceu. Recuou instintivamente, murmurando desculpas incompreensíveis.
- Fêmea 256, primeiramente gostaria de pedir desculpas por esta situação, seu convite foi expedido erroneamente.
- Erronea...?
- Não me interrompa. Você é diferente das outras fêmeas, você tem o dom da visão. As videntes tem um papel muito importante na nossa sociedade, evitando guerras, fome, pestes. Mas isso tudo você já sabe das suas aulas de história da humanidade.
- Sim senhor. Mas eu não sou uma...
O Avaliador levantou a mão, em sinal de protesto, enquanto falava:
- O que eu disse sobre não me interromper? - ele a interrompeu, irritado - Seus genes dizem que você é, e nós nunca erramos um mapeamento. Pois bem, assim que retornarmos você será encaminhada para o campo de concentração GRT672 e lá permanecerá pelo resto de sua vida, trabalhando para nós.
- Mas...
- Sem mas. Isso não é um convite, Fêmea 256. É uma ordem. Recrutamentos não são recusáveis. O Macho 256 nunca existiu. Você está destinada a um futuro maior que procriação.
Ela sentiu as pernas falsearem e quase caiu, mas agarrou-se num último momento na mesa.
- Ce... certo, senhor.
- Aguarde novas instruções após o pouso. - E dizendo isto, o Avaliador saiu, a deixando sozinha novamente.
- Vamos ver se eu sou vidente mesmo - ela falou para si mesma, enquanto se sentava no chão, na posição de lótus. Precisava vislumbrar no futuro um modo de sair daquela armadilha voadora.
5 comentários:
Uau... precisei eu apertar o meu cinto, que viagem turbulenta! No final do texto eu não sabia se recolocava meu queixo no lugar ou se chorava... quando sentenciaram a pobre por toda a eternidade, depois dela ter esperado, se preparado, se ajeitado... eu "tomei um soco" junto com ela ( ah, não, não, tudo menos solidão! ) Mas, onde eu me rendi, ela não se rendeu... e reação dela foi brilhante e encorajadora (ainda mais para um cordata habitante de Xeón). Parabéns, Nanda, o que eu considerei uma imegem "difícil" no dia em que vc foi desafiada, rendeu um belo e inesperado texto, coroado pelo seu talento. Em tempo, adorei o "C3PO", um bela homenagem aos clássicos que sempre nos inspiram!
ResponderExcluirQue graça Nanda! Você é sempre tão criativa! Quando crescer quero ser igual A VOCÊ!^^
ResponderExcluirPobre Zimbia...louca pra desfrutar de um gostosão e tolheram suas asas. Engraçado...eu lembrei na hora de "A Hospedeira" embora não tenha nada a ver. Acho que por causa da iris...não sei.
Adorei Nanda! Seu caboclo tá retado!
Ca-ra-ca, realmente a imagem não me dizia q eu leria um texto desses, me surpreendeu Nanda, adorei mesmo! Mas, vai ter continuação né? Por favor, quero saber o que vai acontecer com a pobre mulher nessa sociedade tão... estranha? ruim? Tadinha, ela quer um amor, vc vai dar isso pra ela? Serio, faz uma continuação vai, diz q sim vai, diiiiz...?
ResponderExcluirMuito bom, Nanda!
ResponderExcluirAchei super você falar do futuro! Mudar um pouco a temática, afinal, escrevemos sobre o passado, sobre o presente, sobrenatural, mas futuro? Achei fantástica sua idéia.
A história está super bem casada, sem pontas soltas.
Só vi um errinho de digitação:
...ela não ia insitir - insistir?
Amei o 'ferrugem ambulante mal programada'! É a versão do futuro para mal amada, rs
Os termos que você usou são sempre bem colocados, queria destacar:
"apertava um botão que fez a porta deslizar silenciosamente revelando uma cabine lindamente ornamentada para uma lauta refeição"
lauta é uma palavra que dificilmente usamos por livre e espontânea vontade, e você a colocou lindamente no texto! (e olha que nem era desafio!)
"Já sentia os pulsos anestesiados de tanto que os bateu e estava rouca de tanto gritar quando a porta"
O desespero faz isso. E você descreveu bem sem exageros!
Comentário adicional: Sociedades do futuro são sempre utópicas. Recomendo a você ler "Admirável Mundo Novo (eu até tenho, mas sua lista de pendências desse ano está sinistra!)
Parabéns novamente e continue nos presenteando.
Ps. C3P0 <3 (embora eu sempre gostei muito mais do R2D2!
Oi meninas!
ResponderExcluirVamos aos meus comentários sobre os comentários, rs.
Marcinha,
Toda a população é cordata mesmo, mas acho que a Zimbia estava em choque. A vida toda, só prevendo? Presa num campo de concentração? Maluco, não tem como ficar calma!
Eu queria colocar um robô conhecido, aí me lembrei do C3PO, pô, não tinha melhor, né? Só faltou os seguranças da aeronave terem sabres de luz, rsrsrsrsr.
Paty,
Eu fiz esse texto baseado num livro que li chamado "Destino". No futuro deste livro existia esse esquema de pares. Quando vi a imagem, pensei em algo futurista. Eu vou ser sincera, quando começo a escrever, não faço IDEIA do que vai sair, por isso que eu zouo falando do caboblo. Comecei a escrever sobre a viagem... aí me lembrei do "Destino" e pensei... taí, essa aeronave podia ser onde os casais se conhecem... e fui escrevendo... mas aí eu pensei: se ela conhecer o cara e eles forem felizes para sempre vai ficar caído (não que em "Destino" seja assim, leiam, é interessante), aí resolvi botar uma pitada de sobrenatural e pensei: videntes! ia ser legal ter algumas para prever as merdas que daria no futuro, assim os governantes poderiam evitar! E foi assim que surgiu o texto. Louco eu sei, mas geminianos médiuns são loucos msm. kkk.
Denize,
Pode até ter continuação, mas não posso te dizer o que vai sair, porque meu caboclo só me diz conforme eu vou escrevendo. Já tentei pensar antes num texto, mas não tenho sucesso. O inimigos Noturnos, por exemplo, penso nele todo dia, mas as explicações não vem. Só quando eu sento, olhando para aquele bloco de notas em branco, com o cursor piscando na minha frente é que eu consigo psicografar algo que nem eu sei de onde vem, rs.
Sammy,
Obrigada por me chamar a atenção pro erro, já corrigi.
Minha mãe usa lauta com frequência, então é meio que corriqueiro para mim usar esta palavra, rs.
Eu tenho para ler no desafio mais que desafiante este livro aqui que foi lançado no ano do meu nascimento. - Os Robôs do Amanhecer, Isaac Asimov. Tõ levando muita fé. Eu ainda não o tenho, mas vou comprar! :-)
Eu acho o R2D2 mais bonitinho que o C3PO, mas não sei porque, achei que o robô deste conto tinha que ser meio humanóide. Então... escolhi o C3PO porcausa disso! :-)
Obrigada pelos comentários, meninas! Isto fica feliz em ser útil.
Comenta aê!