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[Batata Quente 3 - parte 2] - As Crônicas de San Atório - Capítulo dois: Encontros e Caminhos

Posted by Marcinha on 11 de setembro de 2013 06:00 in , ,

Olá, retalhenses e leitores!
Cá estou, com algum atraso, me desculpem por isso.
Estou postando hoje a continuação do nosso terceiro Batata Quente, As Crônicas de San Atório. Para quem quiser conferir a primeira parte dessa história, é só acessar o link:
Batata Quente na Área!!! Crônicas de San Atório!

Aqui está a continuação... vamos à segunda parte! Quero dedicar esse capítulo à Denize, nossa Olhos Celestes, que recentemente deixou o blog por motivos pessoais.
Denize, te adoro, garota!

As Crônicas de San Atório - Capítulo dois: Encontros e Caminhos


- Me chamo Martha, conhecida como a Guerreira Sombria. - adiantou-se a guerreira, ainda sob efeito do álcool, estendendo a mão para a loira de capuz. - Já o nome da trapaceira aqui não faço a mínima...
- Quem está chamando de trapaceira, sua bêbada? - retorquiu a taverneira.
- Uma certa ruiva que batizou minha cerva com uma pinga de quinta categoria... ou coisa pior! - grunhiu, com a voz arrastada.
- Pois essa ruiva esperta tem nome; me chamo Santhara. Além do mais, mulheres metidas a brincar de guerreiro bem merecem um corretivo de vez em quando.
- Ora sua... - avançou a guerreira, ainda bastante trôpega, pousando as mão agressivas no pescoço da ruiva.
- Ei, o que é isso?! Parem! - gritou Deziree, tentando decidir se intervia ou não na cena.
Numa fração de segundo, Petrika e  Nardanna se entreolharam, e a primeira deu uma piscadela para a amiga. Fez um gesto sutil e imperceptível com uma das mãos, e Martha parou no mesmo instante.
Estupefata, a guerreira olhava boquiaberta para o cordão no pescoço da ruiva. Nunca havia visto jóia tão bem trabalhada: uma caveira demoníaca com chifres em arco, tendo dois rubis encrustados nos olhos, tão brilhantes que pareciam acesos.
- Onde conseguiu essa jóia? - inquiriu a guerreira, encantada com o objeto - Já procurei em todas as vilas por onde passei, e nunca encontrei uma crânio de dêmônio tão perfeitamente entalhado.
Santhara encarava a guerreira atônita. Lançou um olhar incrédulo para o próprio colo, onde brilhava a diminuta coruja de prata que lhe pendia do cordão. Olhou novamente para a guerreira, indagando:
- Você não está nada bem, não é?
- Ficarei bem se me vender este colar! Eu sempre quis uma caveira como essa sua...
- Está bem, está bem! - interrompeu a ruiva, enquanto retirava a delicada corrente de coruja do pescoço e a pasava às mãos da guerreira. - É sua! Isso já está ficando muito bizarro.
Enquanto a guerreira colocava o colar no próprio pescoço, sustenando um sorriso de completa satisfação, Nardanna encarou sua parceira com um tom repreensivo.
- Peeeeeet!
- O quê? - retorquiu a maga, ostentando um sorriso travesso - A briga sessou, não foi?
Deziree riu, levando a mão a testa, divertida. Como lhe seria útil, em sua vida de salteadora, possuir uma ínfima parte dos dons mágicos e ilusórios de Pethrika.
Enquanto ria da situação, viu passar ao longe um pequeno vulto branco. Ficou alerta, enquanto tentava disfarçar para não alertar as outras sobre o que vira. Entretanto, o vulto já havia desaparecido.
Tentando desfazer o mal estar que ainda sentia pela atitude de Martha, Santhara engrenou:
- Bem, parece que meu emprego se foi. Aquele bode velho jamais vai me perdoar pela garrafada que acertei nele. Preciso arranjar outro ganha-pão.
- Nem olhe pra nós. A sociedade está fechada. - protestou Nardanna - Eu e Pethrika damos conta perfeitamente do nosso empreendimento.
- E a Deziree? - retorqui Santhara, maneando a cabeça para apontar a encapuzada.
- Free-lancer. - respondeu a loira por si mesma, sem desviar o olhar da adaga com que limpava agora as pontas das unhas.
A ruiva de um muxoxo e correu os olhos até a guerreira.
- Bem, eu estou precisando de uma escudeira. - afirmou prontamente Martha, sentindo-se um pouco menos bêbada com seu amuleto de caveira para lhe proteger.
- Pode esquecer! - retrucou a ruiva - Meu primo Sancho é escudeiro e já me contou histórias cabeludas demais. Muito obrigada.
A guerreira apenas deu de ombros.
- Está bem. - suspirou a ruiva - Vou tentar a sorte no torneio de bardos então. Pode ser que eu consiga algo lá. Alguém me acompanha?
- Bardos? - repetiu a guerreira com certo desdém - Alaúdes nada tem a ver comigo mas... lhe farei companhia, se quiser. Estou em dívida com você e, em agradecimento pelo colar, pretendo segui-la até que eu possa retribuir o favor.
- Eu acho um ótimo programa! - exclamou Deziree - Torneios lotados de trouxas... ãhhh... de viajantes... sempre podem render bons negócios para mim. E além do mais... - ela estancou de repente, deixando a frase incompleta.
Havia visto novamente. O vulto branco passara correndo por entre as moitas a alguma distância, não deixando dúvida do que se tratava. Era o coelho branco mais incomum que já vira. O pequeno animal parou, tirando um relógio de corrente do bolso do colete. Verificou as horas e saiu apressado em seguida. Deziree o seguia com os olhos arregalados, extremamente interessada. Era o mesmo coelho que tantas vezes aparecera em seus sonhos.
- Nós estamos fora dessa; não é mesmo, Pet? - afirmou Nardanna - Eu e minha parceira somos uma dupla com foco em um só objetivo. Então certamente...
- Vocês poderão ganhar muito ouro lá. - interrompeu a feiticeira ruiva - Estive em todos os torneios anteriores e conheço as pessoas certas. Com a minha ajuda, vocês se darão muito bem naquele lugar.
- Então certamente nós podemos abrir uma excessão! - adiantou-se Pethrika, com um sorriso largo e entusiasmado - Nardanna também concorda em que devemos abrir nossos horizontes... não é, Danna? - indagou, cutucando a outra.
- Completamente! - concordou a arqueira, com entusiasmo dissimulado. Toda a arrogância havia desaparecido.
- Excelente. - comemorou Santhara, divertindo-se com a cena.
- E quanto a você, Deziree? - indagou Pethrika - Vai conosco? Você ia dizendo que...
- Que não posso. Não vou com vocês. - afirmou a salteadora, lançando olhares esquivos e disfarçados em direção ao coelho.
- Deixa eu ver se eu entendi... - adiantou-se Nardanna, visivelmente indignada - Você foi contratada para manter a nossa segurança e, agora que iremos a um torneio movimentadíssimo, você quer cair fora?
- Nosso contrato acabou, senhoras. Tenho uma busca pessoal a empreender. - respondeu a loira, fazendo uma mesura - C'est la vie, mademoiselles.
Deziree olhou uma vez mais por sobre o ombro, verificando a posição do coelho branco. O pequeno animal consultava o relógio mais uma vez e, apertando mais o passo, desapareceu em meio a folhagem.
- Preciso ir!  - exclamou Deziree, e desatou a correr na direção que o coelho tomara.
- Pet! Faça algo! - exigiu a arqueira, postando as mãos à cintura, após apontar a loira que se distanciava cada vez mais.
- Não posso fazer isso, Danna. Seria antiético. - afirmou a maga, balançando a cabeça em negação. - Deixe-a ir.
- Perfeito! - expirou Nardanna, sentindo-se exausta - Duas caçadoras de encrenca sem guarda-costas. Brilhante.
- Bem... dadas as circunstâncias... - foi se chegando a ruiva - posso emprestar minha leoa de chácara para fazer a segurança de vocês. Acertamos alguns detalhes e pronto! - propôs Santhara, batendo pestanas forçadamente enquanto um sorriso cínico lhe coroava o rosto.
- Sua leoa do quê? - indagou a guerreira, incrédula.
- Você não disse que quer me retribuir um favor? - retorquiu a feiticeira ruiva - Então, é sua chance! Fique quietinha e me deixe negociar. -  e, voltando-se para Nardanna e Pethrika, inquiriu - Então... temos um acordo?
- Um acordo em que termos? -  indagou Nardanna, bastante desconfiada.
- Precisamos saber o que vai querer em troca. - endossou Pethrika.
- Ah, gurias, pequenos detalhes! Acertamos isso no caminho. - afirmou Santhara, com uma expressão tranquilizadora - Melhor começarmos a caminhada. Venham. O torneio dos bardos é para lá.


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3 comentários:

  1. Marcinha, adorei a continuação! Gostei muito da saída que você criou para a Deziree. A história do coelho, não só remete a Alice, como também lembra o conto de páscoa dela!
    Li no ônibus num ritmo ótimo! Vou comentar com calma depois que eu chegar em casa hoje.

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  2. Finalmente consegui ler a continuação!
    Caramba, esse conto está muito bom. Não vejo a hora de ver a continuação.
    As caracterizações estão muito boas também. Petrika evitando as brigas, Nardanna irritadiça criando algumas, Santhara bolando planos mirabolantes, Deziree escorregadia e Martha meio ogra, meio alheia. Gostei bastante.

    Bota essa batata pra assar, Paty Maria!

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  3. Consegui ler! Uhhuuu!!!
    Ficou fantástico Marcinha! Nem sei se consigo ser cômica e sarcástica como vocês andam conseguindo nesses textos. Creio eu que a intenção dessa estória é ser divertida e leve não é? Então vamo que vamo nessa continuação!

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