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Encontro - Resposta ao desafio da Pat

Posted by Lívia Marques on 27 de junho de 2012 11:06 in , , ,


Encontraram-se na fila do supermercado. Ela ia fingir que não o viu, mas ele logo a reconheceu e a chamou pelo nome:
-Marta! Sou eu! Há quanto tempo? 20 anos?
-É, respondeu ela, deve fazer mais ou menos isso que não nos vemos. Como você está?
Meu Deus, a última coisa que ela queria saber era como ele estava. Ela ainda se lembrava da decepção que sofrera anos atrás. Estavam na faculdade, ele fazia Engenharia e ela Belas Artes. Se apaixonaram de forma louca e não se desgrudavam apesar de serem completamente diferentes. Ele gostava de sertanejo e ela de rock progressivo. Ele não entendia nada de artes, ela constantemente ia a galerias e museus. Ele gostava de beber, ela ficava só no suco de laranja. Ele praticava esporte, ela passava o tempo todo lendo. Mesmo assim o namoro foi durando.
Ele foi seu primeiro amor, daqueles que deixa a gente boba, sem noção do ridículo. POr ele, ela fazia de tudo. Até namorar exposta dentro do carro e ser pega pela polícia do bairro, ela de saia levantada, ele de calça arriada. Foi a maior vergonha que ela já passou, ainda bem que estava escuro demais para os policiais verem seu rosto direito.
Saíam todos os dias com a turma da faculdade e ela sempre dirigia pois ele estava sempre bêbado demais. Passavam o fim de semana na casa dele porque tinha mais espaço e ela dividia o apartamento com mais duas amigas que não davam folga. Viajavam pelas cidades históricas e acampavam na Serra do Cipó. Conheceram os pais dela na Páscoa e os pais dele em Corpus Christi. Eram inseparáveis.
Por isso ela não acreditou quando ele engravidou aquela caloura da Arquitetura. Como isso era possível? Eles eram grudados um no outro. A que horas isso aconteceu que ela não viu? Devia haver algum engano. E a sua história? E o seu amor? Mas ele assumiu tudo e se dispôs a casar com a moça, como se não houvesse compromisso nenhum com ela. E assim acabou um caso de amor. Mal resolvido por sinal.
Agora lá estavam os dois naquela fila, contemplando os estragos do tempo. Ela 15kg mais gorda e ele grisalho e barrigudo. Por fim ele respondeu:
- Vou levando. A vida de casado é muito corrida, você não acha?
- Não sei, não me casei. Tive um filho mas não me casei. Disse ela.
- Ah, você está solteira até hoje? Perguntou ele com ironia na voz.
- Bem, solteira não digo. Tenho um relacionamento que já dura 5 anos mas não moramos juntos. Ele é 10 anos mais novo do que eu.
- Ele fingiu que acreditou, enquanto a vez dela no caixa chegava. Ela dedicou sua atenção a esvaziar o carrinho do supermercado e se despediu dele.
E o pior, é que, pensou ela, apesar de toda história juntos ela nem se lembrava o nome dele.



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6 comentários:

  1. Adorei a história! Embora estava esperando um final mais tórrido, tipo os dois acabarem no porta malas do carro dela rsrsrs.
    O interessante de seus contos Lívia é que são curtos e mesmo assim vc consegue passar tudo o que precisa para encantar o leitor.

    P.s.1 faça uma revisão no texto que tem alguns erros de pontuação. Se quiser te mando por email o que achei. =]

    P.s.2 não se importe com a observação, pois combinei com a Nanda (e agora com vc) que vamos fazer observações e críticas aqui mesmo nos comentários, para que todos nós possamos aprender juntos. =]

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  2. q resposta rapida ein! rsrsrsrsr
    pois é, tambem estava esperando outro final, rsrsrs, mas adorei!!

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  3. Muito bom o seu texto Lívia.
    Pequeno, enxuto, cheio de história e significado.
    Eu esperava um final mais romântico, que o cara havia assumido sem ser o pai para proteger a menina, ou coisa do tipo. Mas, acho eu, que o legal é ser pego de surpresa.
    Tirando o que a Paty falou, acho só que faltou situar o leitor. Onde é a serra do Cipó, Minas?
    E, em alguma parte do texto, achei meio corrido, mas nada que atrapalhe. De forma geral, e por ser um desafio da imagem, foi bem legal. Você tem melhorado muito e muito rápido.
    Outra coisa: tente não mudar o contexto da imagem (no texto era noite, quando na imagem é dia). Não por nada, mas para forçar a criar o cenário como ele é.

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  4. Estou adorando essa nova forma de comentar os desafios. Mais sinceridade só trás mais conhecimento e críticas construtivas que ajudam não só o autor da história como também dá boas dicas para os outros.
    Muito bom Kbeça ;)

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  5. Nossa Kbça, não é que eu nem tinha percebido a diferença entre o texto e a imagem? Obrigada. Mas é que o fato aconteceu de verdade! E era noite, daí eu me inspirei. kkkkkkkkkkk
    Pat, pode criticar à vontade. Depois me mostra onde estão os erros.

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  6. Eu adorei o texto e fiquei tão envolvida nele que, confesso, não vi os erros de pontuação e nem me toquei que para estar escuro no carro, realmente deveria ser de noite, o que não bate com a imagem, como o Kbeça disse. Que péssima revisora eu sou, Pai Eterno.
    Enfim, meu cérebro engasgou quando eu li "em Corpus Christi", é "em" mesmo nesse caso? Tô pelo cel e com preguiça de perguntar ao tio Google. Alguém mata esta charada?
    Outra coisa, eu realmente gostei da estoria e a achei bem contada, mas eu acho que o texto nao casou bem com a imagem. Esquecendo a parada de dia e noite. O texto da a entender um namoro dentro do carro e nao no porta malas... tem horas que a metafora é inevitável, como a minha imagem que tinha uma mulher com uma sombra felina... isso é huumanamente impossivel, entao, ao meu entender, a metafora esta liberada. Agora, no seu caso, poderia ser um caso de sequestro de uma namorada psicotica, ou entao um casal tao ansioso por se beijar, que caiu dentro do porta malas no meio do amasso, porque ele estava aberto e eles nem perceberam... o desafio eh tentar casar o mais perfeitamente texto e imagem. Pelo menos, na minha opinião.
    Bem, eh isso. Escrevi pracarai, rsrs.

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