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Somente aos teus Olhos

Posted by Kbeça on 25 de junho de 2012 12:24 in , , , ,
Muito bem senhorita Telma. Dar-lhe-ei minhas boas vindas aceitando e cumprindo o meu desafio.


A resposta ao desafio é esta:

Somente aos teus Olhos



Bem vindos. Bem vindos. Aproximem-se. Este humilde bardo lhes entreterá por algumas Dracmas, bebida, ou companhia.
Vou contar-lhes uma parte da história que os outros bardos e poetas não contam. Seja por remorso, por vergonha, ou porque mancharia a alva aura do herói. Uma história de amor e lágrimas.
Outrora tão linda que até mesmo os deuses a desejavam, seja por punição a um delito, ou por inveja, ela foi transformada e amaldiçoada. Mesmo assim, não deixara de sentir, de amar, de desejar.
Enquanto, em sua forma anterior, despertava o amor e o desejo, agora, nesta forma, era temida e odiada. Apesar de sua vulnerabilidade mortal, sua maldição estendia sua vida além dos demais. Então, aqueles que a conheciam em sua forma bela, pereceram com o tempo e somente os deuses guardavam registro de sua aparência.
Não precisava comer ou beber. Tão pouco dormia. A única coisa que lhe aquecia o coração e a fazia feliz era o seu tesouro. Seu precioso tesouro. Que, de alguma forma, sua existência tornou-se pública, mas ninguém sabia dizer o que era, ou a sua dimensão.
Quase todos os dias aventureiros batiam à sua porta clamando a glória de abatê-la. Seja, buscando a graça dos deuses, ou a simples fama mundana, ou em busca do seu tesouro. E, dia após dia, eles fracassavam, para tormento d´aquela alma já torturada.
Certo dia, um guerreiro que buscava derrota-la, mas não pela glória, ou fama, ou riqueza, e sim por amor, adentrou seu covil. Mais uma vez, ela se preparou para o combate. Antes de ir de encontro a ele, parou próxima a uma pilastra e, com seus olhos vazios, admirou mais uma vez o seu tesouro. Sem saber que esta seria a ultima vez que ela o veria/teria.
O guerreiro era diferente de todos os outros e ele não estava sozinho. Além de sua habilidade, contava com a proteção divina e astúcia. Cansada e acostumada demais com a vitória fácil, deixou-se cair em um truque simples demais e foi derrotada. O guerreiro, não caindo no poder de sua maldição, decepou-lhe a cabeça. Talvez pela maldição, talvez por obra de sua missão, o corpo caiu morto ao chão, mas a cabeça continuava viva. Ele a pegou, a embrulhou num tecido especial que trazia consigo, e a guardou em sua bolsa.
Instigado pela curiosidade e pelos rumores, vasculhou o covil atrás do tão famoso tesouro. Sua curiosidade aumentava conforme caminhava pelos salões e via espalhados pelo chão, peças de ouro, pedras preciosas, joias, como se fossem meros pedaços de lixo, ou poeira.
Chegou a uma sala fechada. Era aqui. Tinha de ser. Usou de força e arrombou a porta. Lá dentro um velho tentava se esconder, sem sucesso, em um canto da sala. Estava visivelmente assustado. Chamou baixinho:
- Mamãe?
"Mamãe", pensou Perseu. Era esse o tesouro do monstro. Mas, como? Como o velho não foi transformado como todos os outros? Como? Quando ele se abaixou para olha-lo mais de perto, percebeu que ele era totalmente cego. Perseu, ouviu uma gargalhada vinda de algum lugar do tártaro, ao mesmo tempo em que ouvia um choro vindo de sua bolsa.
- Sinto muito. - balbuciou Perseu. - Sinto muito mesmo.
Ele não sabia se estava se desculpando para o velho, ou para o "monstro". Mas, não podia deixar de cumprir sua missão, de salvar o seu amor.
Pegou o velho nos braços e o levou até a cidade próxima. Deixou-o no templo de Atena e seguiu com sua missão de salvar Andrômeda.
Quem pode entender os caprichos dos deuses? Após o ocorrido, Atena apiedou-se e decidiu dar o descanso final a ela e a seu filho, e removeu a maldição dela e curar a visão de seu filho.
Juntos, mãe e filho, entraram nos Campos Elíseos. Ela formosa novamente e, pela primeira vez, ele viu o rosto de sua amada mãe. E lá permanecem por toda a eternidade.
Espero que tenham gostado. Este velho bardo beberá um pouco de vinho e se retirará agora.
Até uma próxima aventura.



Telma, a imagem que eu escolhi no seu álbum foi esta:


No próximo episódio de Desafiando o Kbeça: o que fazer com doce, cachorro, maça, fone, revistinha?Não sabe? Então não perca o próximo episódio de... Desafiando o Kbeça!!



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5 comentários:

  1. Ainda bem que eu tive uma tecla SAP pra me explicar a lenda de Perseu, porque eu viajei aí.

    Rsrsrsrs. Que falta de cultura, sô!

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  2. Muito bacana mesmo. A mitologia é fascinante e envolvente. Adorei mesmo Kbeça.

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  3. Caramba, Kbeça!!!!
    Além de amar a imagem que você escolheu, esse é um dos mitos que mais me salta aos olhos. Há um vínculo muito forte, psicológico, com relação a olhar os olhos pra ver a alma, que reflete-se em nossa própria retina, que tem tudo a ver com o mito, a imagem e que foi extreamente bem, escrito por você!!!
    Obrigada por super valorizar a imagem com esse texto MARA!!!!

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