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Armadilha
Resposta ao desafio da Nanda...
(Não adianta, nunca respondo na ordem certa meus desafios :S, sempre escrevo o que vem de inspiração primeiro na cabeça ^^)
Panorama: O frio era tanto que não havia nenhum animal em léguas e léguas. Toda a água estava congelada. O sol não se dignava a aparecer há muitos e muitos meses. Todo o entorno era de um branco cegante. Até onde os olhos podiam alcançar, o vazio dominava, quebrado apenas por rajadas de vento e neve esporádicas.
Armadilha
Jared caminhava apressado naquele
cenário desolador, estava a procura de quem o chamava, e devia ser por algo
muito importante e confidencial para ser tratado ali, no meio daquele nada de
gelo e névoa. Sabia que a dama que o chamava estava com pressa, e ele atenderia
sem relutar, só não entendia por que ele estava sendo chamado, já que não era o
mais forte que ela conhecia.
Impossível acreditar que fosse um
humano nessas condições, caminhando por aquela imensidão congelada com um
simples jeans e uma jaqueta de imitação de couro, mas não precisava se
esconder, como o sol estava fazendo há meses naquele lugar, nenhum humano de verdade
passava por ali a tanto tempo quanto o sol se fora, e se algum aparecesse,
ótimo, pois estava morrendo de fome. Tratou de tirar logo o pensamento da
cabeça, precisava chegar logo e descobrir o que Felícia queria, o chamado
estava mais forte e ele resolveu correr.
Porém enquanto corria Jared não pôde deixar de
pensar no que Felícia estaria fazendo ali, se bem sabia a menos de dois dias
ela estava no verão da Inglaterra, muito perto de onde ele mesmo estava. Porque
fora para lá tão depressa? E o que era tão importante para chamá-lo as pressas?
Aquele branco o estava cansando, parecia nunca ter fim,
toda aquela neve estava confundindo os seus sentidos, e o vento não ajudava em
nada. Tentou ouvir algo mais para se guiar, Felícia deveria estar perto de
algo, água, floresta, qualquer coisa, não poderia estar no meio do nada propriamente
dito. Tentou em vão aguçar seus sentidos, não haviam animais há quilômetros, a
água congelada não fazia barulho, não havia nada mesmo para seguir, apenas o
chamado que ficava fraco a medida que ele entrava mais e mais naquele mar
branco que confundia até a sua visão perfeita.
Um uivo mais forte do vento e ele
por um segundo pensou que o chamado estava vindo de outro lado, aquela voz
suave que sussurrava no seu ouvido, mudou de direção, depois confundiu-se de
novo, estava quase entrando em desespero, o que seria possível se tivesse ainda
sentimentos e emoções.
Ah, por que era tão fraco? Tantos
vampiros já haviam aprendido a voar com bastante prática, era só uma questão de
se mover tão leve e rápido e pairar no ar, mas ele não, sempre fora tão imbecil
para conseguir aprender tais coisas...
Agora se lastimava, o que o
atrapalhava eram justamente seus sentimentos, sim, ele os tinha ainda, por
algum erro do destino ele herdara seus sentimentos da sua terrível vida humana,
não dividia isso com nenhum outro vampiro, tinha medo que soubessem que ele era
diferente, e sabia que era por causa de suas emoções que era tão lerdo, tinha
medo de aprender coisas novas, tinha medo de tudo. E tinha medo dessa imensidão
branca, e da sede que só aumentava, e do chamado que não conseguia seguir
direito, se ainda tivesse lágrimas choraria.
Ela o estava chamando, não era
qualquer um, embora devesse responder ao chamado de qualquer um do clã que
precisasse de ajuda, ela era a mais especial de todos, não por que era vice-líder
do clã, mas por que era a sua paixão secreta. Ah, fora ela que o transformara,
apaixonara-se por ela ainda como humano, sem saber que era apenas uma presa
sua, um brinquedo na verdade. Quando descobriu o desespero foi tão grande que
ele implorou para ser transformado, e ela cedeu.
Jared balançou a cabeça, jogando
para longe as lembranças, precisava se concentrar! De repente sentiu que alguém
o seguia. Alguém? Ali? Só podia ser outro vampiro, e com certeza não era
Felícia, sentia algo diferente quando ela estava por perto. Virou-se, não viu
nada, seus sentidos disseram que o seguidor estava do outro lado, virou-se,
nada além do branco sem fim. Começou a ficar angustiado, sentia três deles agora,
mas onde?
De repente um baque, algo
atingiu-lhe na cabeça e o fez parar. Fora apenas o susto que o fez paralisar
pois nada o feriu, mas isso bastou para que três vampiros bem mais fortes que
ele o agarrassem, e então ele sentiu o coração apertar, não pelo medo ou pelo
susto, mas por que de repente ele sentiu ela se aproximando. Não estava
entendendo nada, afinal, o que estava acontecendo? Viu sua amada chegar voando
e pousar graciosamente a sua frente, seus cabelos negros e vestido escuro
contrastando lindamente com a neve, ela trazia em mãos uma lança, o que fez
Jared tremer.
- Olá, Jared... – Ela disse,
aquela voz tão doce derreteu-o. – Deve estar se perguntando por que o chamei aqui,
bem, - Ela acariciou a lança. – você sabe que é uma aberração entre nós, e eu
fiz questão de vir pessoalmente fazer o trabalho. – Deu-lhe um sorriso cínico mostrando
os caninos. – Quais são suas ultimas palavras?
Jared de repente entendeu tudo,
era uma armadilha. Achou que conseguia esconder de todos os seus sentimentos,
mas ela os conhecia, e justo ela o trouxe para a armadilha, e agora era de fato
o fim de sua vida de sofrimentos. Sentiu-se na verdade muito aliviado por isso.
- Eu sempre vou te amar. – Foi só
o que disse, e então Felícia transpassou seu coração de pedra com a lança
imaculada, a única arma capaz de matar um vampiro.
4 comentários:
Olhos, primeiro: parabéns pela inspiração. Depois que eu escrevi o panorama, pensei: cara, peguei pesado com ela.
ResponderExcluirMas eu tinha certeza do seu potencial e não me arrependi, ótima saída para um deserto de gelo ;-)
Segundo, vamos ao que eu notei no texto:
- A passagem do primeiro pro segundo parágrafo foi meio repentina. A gente estava seguindo uma cadência de idéias de repente, entrou outro fluxo de idéias que me deixou perdida. Mas logo deu para me recuperar e voltar a entender tudo. Só achei que perdeu um pouco de ritmo nessa hora.
- Essa frase aqui: "como o sol estava fazendo há meses naquele lugar" ficou meio confusa, não entendi direito.
- "passava por ali a tanto tempo quanto o sol se fora" há do verbo haver tem h. O mesmo aqui: "se bem sabia a menos de dois dias ela estava no verão da Inglaterra" :-)
- Primeiro vc diz isso: "estava quase entrando em desespero, o que seria possível se tivesse ainda sentimentos e emoções." Depois vc diz isso: " o que o atrapalhava eram justamente seus sentimentos, sim, ele os tinha ainda, por algum erro do destino ele herdara seus sentimentos da sua terrível vida humana". Ele tem ou não tem sentimentos?
De resto... matou a pau! Show de bola! :-D
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluireu realmente não revisei o texto antes de postar, mal tenho tempo para escrever ^^ ai escrever e revisar no mesmo dia nao da mesmo...
ResponderExcluirmas quanto a ultima observação, bom, eu queria q os leitores pensassem q ele nao tinha mesmo sentimentos, devido ao q eh nem poderia ter mesmo, depois expliquei q ele os tinha mas escondia, como se na citação anterior q diz q ele nao tem ele estivesse escondendo ate de quem lesse, mesmo q nao seja ele contando a historia.
to axando muito boa essa idea de criticas nos comentarios por q assim da pra saber exatamente o q o texto causa nos leitores, q nem sempre é o q o escritor axa!
Muito bom texto Olhos!
ResponderExcluirA Nanda já disse tudo que precisava sobre o seu texto, então eu só tenho que te parabenizar, porque o tema foi muito bom e vc desenvolveu a cena perfeitamente como foi proposto. Me deu vontade de escrever sobre vampiros tbm! ^^
Comenta aê!