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Resenha "A culpa é das estrelas" - Janeiro - Desafio Literário 2013




Eu sou uma pessoa sensível e portanto, a coisa mais fácil, é me ver chorando em livros. Chorei lendo "O meu pé de laranja lima" em cada uma das vezes que o Zezé apanhava. Chorei lendo "O caçador de pipas", quando Amir volta pelo filho de Hassan, chorei quando Dobby morreu em HP, chorei quando Prim se foi em "A Esperança". E mais ainda... chorei por cada pessoa que ficou e o sofrimento que a acompanhou. Devo dizer que chorei muito em "A culpa é das estrelas". E não fui a única. Todo mundo que conheço e leu e compartilhou das minhas alegrias e dores. Não houve uma pessoa sequer que tenha lido e dito: "Não chorei."

Hazel tem razão. Quem morre, é uma granada. Ela estilhaça de dor cada uma das pessoas que ficam. Mas, ao contrário de uma granada que só causa destruição, cada pessoa é única no mundo. E mesmo que pense que sua vida não valeu de nada, acredite, talvez apenas um gesto, uma palavra sua, pode ter feito a diferença na vida de alguém.

O livro tem uma narrativa viciante e extremamente envolvente. Tem tudo para se tornar algo clichê: o amor entre uma garota com câncer e um cara charmoso. Porém, John consegue surpreender a cada página com diálogos profundos e frases que iremos levar para o resto de nossas vidas.

Não espere uma história com um final “felizes para sempre”, mas não espere também algo usual. Prepare o seu coração e embarque nas aventuras de um jovem casal que, apesar de não terem a certeza de um futuro, irão fazer de tudo para encontrar o amor.

"A culpa é das estrelas" não é só "mais" um romance. É uma vírgula na história de Hazel, que é uma paciente terminal de câncer e que passa a frequentar um grupo de apoio por imposição da mãe. Sua mãe acha que ela deve ter mais vida social. Mas Hazel não é uma doente moribunda, perdida numa cama em lamentações sobre como sua vida é ruim e injusta. 

Ao contrário, e este é um dos pontos fortes no livro: os personagens não são retratados como dignos de nossa mais sincera piedade. São pessoas, que mesmo gravemente doentes, não fazem de sua vida uma espera pela morte. 

Lá, ela conhece Augustus, o rapaz que vai mudar sua vida. Um rapaz cheio de filosofias e uma excelente pessoa. Em todos os sentidos. Sempre perdia no videogame, porque mesmo sabendo das armadilhas dos jogos, insistia em voltar para salvar inocentes. E na vida `real`, ele não salvou apenas vidas inocentes. Ele salvou Hazel. Ele salvou Isaac. Ele salvou Peter. Ele salvou a mim. E a você. E cada um de nós que leu o livro.

Augustus se apaixona por Hazel, que a conquista com seu jeito doce, sua alegria e suas metáforas. Os dois são inteligentes e engraçados e tem algumas das conversas mais profundas que já vi em um livro para jovens desde "O mundo de Sofia" e "A menina que roubava livros".

Hazel Grace e o Augustus Waters são adolescentes com problemas maiores do que eles deveriam ter, que passam por muita dor e sofrimento, e ainda assim, eles são adolescentes irônicos, inteligentes, divertidos... 


E eles tem aqueles momentos que às vezes eu também tenho. E até ouso dizer que nós todos temos. Aquele momento de olhar para o nada e refletir sobre coisas sobre as quais talvez nunca tenhamos certeza. Nesses momentos eu me sentia naquela mesma dimensão paralela em que eles ficavam quando falavam no telefone dividindo sonhos, objetivos e filosofias de vida...

Se houvesse Oscars para os livros, eu diria que Augustus arrebatou o de melhor protagonista. Ele `roubou` a história de Hazel e me fez querer um Gus na minha vida.

Se você não quiser spoilers, sugiro parar de ler a resenha aqui. Mas... se quiser uma pequena dose, por sua própria conta e risco, continue lendo após a próxima imagem...

E John Green... eu gostaria muito de ler sua lista de compras!




Quando li o livro para o Desafio Literário e para o tema do Clube do livro, foi-nos pedido escrever um elogio fúnebre para Gus. No dia do encontro, eu fui a única que levei o elogio. Então, eu o compartilho aqui com vocês:

"Eu não tinha a menor intenção de conhecer Augusto Walkers. Mas Gus, parecia não querer saber disso. Ele não se importou se eu queria ou não estar com ele. Se eu queria ou não participar de sua vida com Hazel Grace. Ele entrou em minha vida, de uma maneira inimaginável. 

Não tem com saber o que eles passaram ou sentiram. Por maior que seja a proximidade de sentimentos, a afinidade e a amizade, é impossível... Mas mesmo assim, eu senti suas dores, seus medos, suas frustrações e suas inseguranças. Mas também senti suas alegrias, suas vitórias e esperanças. 

Depois de um tempo (curto, muito curto, diga-se de passagem... Gus sabe ser irresistível...), eu fui completamente conquistada por Augustus. Hazel que me perdoe, mas eu tive inveja dela. Com todas as suas limitações e dificuldades, ela teve a oportunidade de ter alguém que fosse a diferença em sua vida.

Sabe... me faltam palavras para dizer tudo que gostaria... mas digo apenas uma coisa, Gus: Quando você disse a Hazel que o esquecimento é inevitável, eu peço gentilmente a abertura de um parêntese e digo a você: Pode ser realmente inevitável para alguns, Gus. Mas você? Você foi INESQUECÍVEL para mim."


A Culpa é das Estrelas, de John Green (The Fault in our Stars, 2012 – Tradução de Renata Pettengill, 2012) 288 páginas, ISBN 9788580572261, Editora Intrínseca


Post com o Desafio Literário de Janeiro


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8 comentários:

  1. Sammy...não li a parte dos spoilers porque EU QUERO MUITO ESSE LIVRO!
    Você me deixou salivando de ansiedade! E sou igual a vc...choro litros em todos os livros emocionantes.
    Uma ótima resenha Sammy. Você é boa nisso também!
    Leiam retalhenses, leiam!!!!


    mas não também não espere algo clichê.

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  2. ah! Esqueci de falar. Essa frase aqui tem que tirar um "não".

    "...mas não também não espere algo clichê. "

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  3. Nossa, show, dei vontade de ler mesmoooo! ^^

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  4. Fiz algumas correções e ajeitei umas partes que não tinha gostado, acho que ficou menos pior agora.
    Quando ler o livro, volte e olhe os spoilers. Você vai se surpreender, Paty ;-)

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  5. Esse livro me surpreendeu positivamente.
    Eu sou adepta dos desafios literários porque eles nos fazem ler livros que nós nunca leríamos por nossa própria vontade.
    Este livro foi um deles. li a sinopse pensei: cara, isso vai ser ruim. E me surpreendi! O livro é muito, muito, muito bom. Não dá vontade de parar de ler, o final é show, os protagonistas tem profundidade, tem várias metáforas interessantes... para quem não leu, recomendo fortemente.

    Agora, quando à resenha...
    "Hazel tem razão. Quem morre, é uma granada." - na verdade, todos nós somos uma granada. Começamos a morrer a partir do dia em que somos concebidos. Infelizmente, ninguém é imortal... Viver é um triste exercício de se acostumar à perda. (frase se minha autoria, com a ajuda do caboblo poeta, rs)
    Resumindo, Sammy, vc arrasou. Me deixou com vergonha das pseudo-resenhas que já escrevi ao longo da vida. Vou tentar me inspirar na sua para escrever a minha, mas não acho que eu vá conseguir algo tão bom!
    Parabéns.

    O que eu achei no texto:

    Chorei lendo "O meu pé de laranja lima cada uma das vezes que o Zezé apanhava". - não tinha que ser Chorei lendo "O meu pé de laranja lima" cada uma das vezes que o Zezé apanhava. ??

    "Todo mundo que conheço e leu e compartilho das minhas alegrias e dores." - "e leu, compartilhou das minhas..." não seria isso?

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  6. Tks a lot!!! Corrigindo, tia Nanda!
    Putz, gostei tantooooo da sua frase, deixa eu incluir na resenha??? Deixa, tia???

    "na verdade, todos nós somos uma granada. Começamos a morrer a partir do dia em que somos concebidos. Infelizmente, ninguém é imortal... Viver é um triste exercício de se acostumar à perda." - PERFEITO!!!!!

    Fiquei meio assim, porque é a primeira resenha de livros q eu escrevo. Sempre comento, mas nunca tinha colocado no papel. Já escrevi resenhas para filmes, peças de teatro e até para músicas, mas livros... nunca tinha me achado capaz. Sempre entregava a estória, com spoilers involuntários...

    Fico feliz que tenham gostado e quem puder, LEIA ESSE LIVRO. É uma porrada fenomenal...

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  7. Claro. 10% dos ganhos para meu empresário, rs.

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  8. Nossa, só de ler o seu texto eu já me arrepiei, o livro passa um sentimento que eu acho que nunca senti lendo nada. Quando eu passei a tarde lendo e saí do quarto com a cara inchada de tanto chorar minha mãe chegou se assustar. O livro é muito diferente de tudo que eu já li e acho que vai ficar para sempre marcado na minha adolescência.

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