4

Resenha "O Conde de Monte Cristo, vol 1" - Janeiro - Desafio Literário 2013

Posted by Nanda Cris on 27 de janeiro de 2013 06:00 in , ,
Janeiro é um mês livre no Desafio Literário 2013, e como eu já estava querendo ler "O Conde de Monte Cristo" para um Café Literário do grupo Leitores Vorazes que também ocorreu este mês, resolvi unir o útil ao agradável e utilizar este livro no meu DL de janeiro.

Como sou completamente avessa à clássicos, sempre os evitei. Mas já que seria obrigada a ler um, resolvi fazê-lo em grande estilo. Comprei a versão da Martin Claret que contém o texto integral. Devido à dificuldade da leitura, resolvi resenhar apenas o primeiro volume, pois não será possível ler o segundo (mais 600 páginas) em apenas 4 dias que me restam no mês.



Sem mais delongas, vamos à resenha!


O livro retrata a transformação do personagem principal, Edmund Dantès, que deixa de ser um inocente imediato de um navio, que sempre tenta ver o lado bom das pessoas, e passa a ser um homem que busca uma vingança implacável contra aqueles que destruíram sua vida.

Dantès mal podia acreditar em sua sorte: era amado por Mercédès e já estavam com as bodas marcadas, o Sr. Morrel havia acabado de nomeá-lo capitão de um imponente navio, seu pai, o Sr. Louis Dantès, encontrava-se bem de saúde e teria uma vida melhor com o aumento de salário do então capitão do Faraó. Tudo corria a contento e Edmund apenas agradecia a Deus.

Mas então, a inveja de 2 homens e o medo de outros 2, transformaram toda a sua vida, e fizeram-no ser jogado à prisão, sem direito a julgamento, acusado de ser um bonapartista por ter em seu poder uma carta que o antigo capitão do Faraó o havia incumbido de entregar na Ilha de Elba.

  • Danglars - Queria ser o capitão do navio, posição alcançada por Edmund.
  • Fernand - Cobiçava Mercédès, a noiva de Dantès.
  • Gaspard Caderousse - Ouviu todo o plano de Danglars e Fernand e julgou ser apenas um sonho pois estava bêbado demais para distinguir realidade e delírio. Quando a prisão se desenrolou, teve medo de intervir e se absteve.
  • Gérard Villefort - Filho do destinatário da carta que Dantès tinha em seu poder. Para preservar sua posição no reino de Luís XVIII jogou-o na prisão sem direito a defesa.
Após ser preso, apenas seu antigo patrão, seu pai e sua noiva lutaram por sua liberdade. Mas até mesmo um influente comerciante como o Sr. Morrel estava com as mãos e os pés atados. O que poderiam fazer um velho sem recursos e uma catalã pobre?
Na prisão, quando estava quase enlouquecendo, Edmund conheceu Faria, um abade que todos consideravam louco por sempre falar de uma grande fortuna que o esperava fora das muralhas do Castelo de If. Mas de insano ele não tinha nada. Surgiu então uma forte amizade entre eles. Dantés aprendeu muitas coisas com Faria, e é graças à riqueza e ao conhecimento do abade, que surgiu o Conde de Monte Cristo.

Mais, não posso contar, senão estragaria a surpresa. Dei apenas uma pincelada no início da estória, fazendo um resumo bem sucinto das primeiras 136 páginas. Perdoem essa que digita essas mal traçadas linhas. Não sei como resenhar sem colocar um belo pano de fundo por trás. Você ainda terá outras 490 páginas para se deliciar com a fuga cinematográfica de Dantes da prisão, o modo como ele parabeniza quem lhe estendeu a mão e, a melhor parte, que é cheia de reviravoltas: seu intrincado plano de vingança.

O que mais me interessou em toda essa estória até o momento (não podemos esquecer que ainda não li o volume 2!) é o modo como é escrita. Primeiro que não é o português mais descontraído que encontramos nos livros de hoje. Olhe esta frase, que me arrepiou toda quando eu li, vale ressaltar, e me diga se este é o nível da leitura a que estamos acostumados ultimamente?!

"- Muito bem - disse o desconhecido - adeus bondade, humanidade, gratidão!... Tomei o lugar da Providência para premiar os bons... agora me ceda Deus Vingador o seu lugar para castigar os maus!"

E olha que esta frase é até light em comparação com o resto do livro. É o tipo de literatura que se sua atenção se desviar por meio segundo para pensar na novela de ontem e seus olhos continuarem correndo o texto sem ver, quando você volta, está mais perdido que cego em tiroteio.
Outro efeito colateral da dificuldade da escrita: quando retomamos a leitura depois de um longo tempo, tipo dias, demoramos um pouco para entrar no ritmo. Eu sempre pensava assim: "Deus, como eu estava conseguindo entender isso?", mas nada que a persistência não resolva.

Mais uma coisa muito interessante: tudo nessa estória tem um porquê. Se o autor falou que uma borboleta veio e pousou na mão do protagonista no décimo segundo dia de janeiro, com a lua em virgem, pode contar que este fato vai ser usado mais para frente e terá uma explicação de ter sido narrado. Não há pontas soltas, todos os personagens e fatos se encaixam e a magia disso é absurdamente deslumbrante. Como o próprio Conde falou:

- Ah! aí é que está a arte: para ser um grande químico, no Oriente, é preciso encaminhar o acaso, e isso se consegue.

E, seguindo esta premissa, Monte Cristo, com uma frequência assustadora, molda o destino ao seu querer. Todos os envolvidos achavam que o conheciam e que haviam ficado seus amigos por acaso, mas sempre havia um plano intrincado por trás que apenas alguém que aguardou durante 13 anos poderia tecer.

Este livro me fez ansiar pelo segundo volume de 600 páginas e me fez perder o preconceito contra clássicos. O único risco que corro é achar os livros contemporâneos mais rasos que uma poça de chuva. Mas isto fevereiro me dirá, pois o próximo livro do DL2013 é um "livro que nos faça rir" e para esta tarefa escolhi "Samantha Sweet, Executiva do Lar". :-)



|
Gostou?

4 comentários:

  1. Li a resenha e embora conhecesse a estória e tivesse quase certeza que sabia todos os detalhes, as descrições da Nanda, me fizeram querer ler a versão integral, com direito a dois volumes.

    Gostei especialmente de: 'Se o autor falou que uma borboleta veio e pousou na mão do protagonista no décimo segundo dia de janeiro, com a lua em virgem, pode contar que este fato vai ser usado mais para frente e terá uma explicação de ter sido narrado.'

    e

    'O único risco que corro é achar os livros contemporâneos mais rasos que uma poça de chuva.'

    Parabéns por conseguir se resolver com o Conde ;-)

    ResponderExcluir
  2. Muitas palmas pra você Nanda! Não precisa se achar tão fraca para resenhas, porque você foi estupenda!
    Fazer uma leitora de estórias atuais e sobrenaturais querer ler ansiosamente um clássico, não é tarefa fácil. Parece que o Conde realmente te pegou!
    Parabéns pela resenha.

    ResponderExcluir
  3. Nossa, parabéns pela resenha, Nanda, muuuito boa! Eu que nunca em toda a minha vida cogitei ler o Conde, agora estou realmente com vontade! Conseguiu me deixar curiosa!

    ResponderExcluir
  4. Hahahaha! Olha! Esse tipo de literatura realmente você tem que separar um dia para ler! Mandar todos os seus familiares passearem. Desligar o telefone, televisão, TUDO! Senão, como você falou : "...quando você volta, está mais perdido que cego em tiroteio." E é deste jeito mesmo! rs


    Eu apenas assisti ao filme baseado nesta obra e me apaixonei e sofri e vinguei junto com o personagem! Passei raiva demais! E sorri ao final! Acho que a leitura deve ser assim também, mesmo que com linguagem rebuscada! :)

    Beijão

    Gláucia - booklover.com.br

    ResponderExcluir

Comenta aê!

Copyright © 2009 Retalhos Assimétricos All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive.