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Desafio duplo: imagem + tema!
Recebi um desafio duplo da colaboradora Sammy, e aqui está a resposta.
Tema: Lendas Urbanas - Muito mais perto do que você imagina!
A Jovem dos Raios
Essa história começa quando Carmem
ainda era jovem e morava com os pais na cidade de Londrina, Paraná.
Ela estava no auge de seus 16
anos, e como a maioria das meninas da sua idade, ela adorava sair para
festinhas noturnas, a maioria dadas por seus colegas de escola, e nas quais ela
ia escondida de seus pais.
As formas que arranjava para sair
de casa a noite eram as mais variadas, desde mentiras bobas sobre ir dormir na
casa de alguma colega, até sair escondida no meio da madrugada pela janela,
deixando a porta do quarto trancada, e voltando para casa antes dos pais
acordarem.
Carmem sabia que fazer aquilo era
errado, pois seus pais assim diziam, mas ela não entendia porque os pais nunca
a deixavam ir àquelas festas. Claro que muitas das pessoas que iam acabavam
bêbadas ou usando drogas ilícitas, e ela sabia que em algumas festas também
rolava sexo, mas não com ela, ela não se metia nessas coisas. Mas não adiantava
usar esse argumento com os pais, eles nunca a deixavam ir.
Mas a presença de Carmem era
indispensável nas festinhas, ela era a menina mais bonita da escola, tinha
1,75m, não era magra como as modelos, nem gorda, mas tinha um físico forte, o
que a fazia ficar mais linda, seus cabelos longos eram loiros e os olhos verde
claro. Ela era muito popular na escola não só por sua aparência, mas por estar
sempre usando roupas da moda, por isso seu nome estava sempre no topo da lista
de convidados dessas festas.
Sair sozinha à noite sempre lhe
dava alguns tremores, um frio na espinha, mas ela sempre achava que nada de
ruim poderia acontecer a uma menina tão bela e popular. Porém seu medo começou
a aumentar quando ela encontrou pela primeira vez uma senhora, na esquina de
sua casa.
A senhora de pele muito enrugada,
olhos pequenos e roupas esfarrapadas, estava parada no meio da rua como se
olhasse para o nada, e quando Carmem passava por ela, a velha a fitou e disse:
— Moças bonitas não devem
desobedecer seus pais. Deus castiga.
Carmem sentiu o corpo todo tremer
com aquele aviso, mas ao invés de voltar para a casa, correu o mais rápido que
pôde para o local da festa, chegando lá ficou tão entretida com a companhia do
colegas, que esqueceu do acontecido.
Duas semanas mais tarde, outro
colega daria uma festa em sua casa, e mais uma vez Carmem saiu escondida no meio
da noite. Dessa vez encontrou a velha sentada num banco no meio da praça por
onde ela precisava passar. Carmem tentou passar o mais longe possível da velha,
mas ainda assim a velha lhe gritou um aviso:
— Ninguém deve desobedecer seus
pais, os pais são sábios, Deus lhes dá a sabedoria.
Dias mais tarde, outra festa,
outro encontro com a velha, e ela lhe disse:
— Estou te avisando garota,
porque quero o seu bem. Deus vai lhe castigar se não parar com isso!
Carmem passou a encontrar a velha
todas as vezes que saía de casa escondida, e depois de cinco vezes já não
sentia mais medo da velha, mas sim raiva. Pensava que, se a velha queria mesmo
que ela parasse de fazer o que fazia, que então fosse até sua casa e contasse
logo aos seus pais, e não que ficasse lhe azucrinando toda vez que ia sair.
Mas na sexta vez em que Carmem
encontrou a velha, ela nada lhe disse, apenas ficou encarando, e naquele dia
Carmem percebeu que seus olhos eram inteiramente brancos, como se a senhora
fosse cega, mas ainda assim aquelas orbitas brancas a encaravam.
Estavam ambas no meio da rua,
quando um raio desceu do céu sem aviso nenhum e atingiu Carmem na cabeça. A
velha soltou um grito agudo que acordou todos nas redondezas, e desapareceu.
Carmem ficou hospitalizada por
três semanas devido as queimaduras internas provocadas pelo raio, e
estranhamente seus cabelos e olhos ficaram negros, mas não queimados, apenas
mudaram de cor. Evento que os médicos não souberam explicar. Sua pele também
ficou um pouco enrugada, como se tivesse murchado.
Quando a menina se olhou no
espelho pela primeira vez depois daquele acontecido, já em casa e recuperada,
ficou em estado de choque. Ela se achou horrível, ficou alarmada porque naquele
estado jamais voltaria a ser a garota mais popular da escola. Olhos e cabelos
negros eram comuns demais, e aquela pele era assustadora.
A mãe, mesmo ainda com raiva por
ter descoberto que a filha sempre saia escondido para as festas, deu palavras
de apoio para a filha, dizendo que podiam fazem um tratamento para sua pele, e que
cabelos e olhos negros eram lindos. Mas palavra nenhuma adiantou, Carmem não
queria mais viver daquele jeito.
Tudo que ela fez nos três anos
que se passaram foi tentar se matar.
Tomou produtos de limpeza
misturados com remédios controlados, ficou hospitalizada mais algum tempo,
voltou para casa. Tentou de novo cortando os pulsos, não adiantou. Um dia se
jogou na frente de um caminhão, teve diversas fraturas, ficou mais um longo
tempo hospitalizada, mas aquilo só serviu para deixa-la mais deformada, passou
longe de tirar sua vida.
Com o tempo a consciência começou
a cair sobre Carmem, e ela começou a perceber que seus pais só ficavam cada vez
mais deprimidos com suas longas estadias nos hospitais, e não demorou muito
para tomar a decisão de fugir de casa.
Carmem fugiu e então começou uma
busca pela velha que falara antes com ela. Carmem não comia nem bebia, seu
corpo murchou ainda mais e ela ficou mais baixa, como se fosse uma velha, mas
não morria, nem mesmo de sede ou de fome.
Ela sentia o corpo debilitado, mas
sabia que nada poderia matá-la, então apenas continuava a busca pela velha, até
que um dia a encontrou em uma praça do outro lado da cidade. A velha estava
dando os mesmo conselhos que um dia lhe dera, para um garoto que passava.
Quando a velha viu Carmem se
aproximar, sorriu e lhe disse:
— Esses jovens nunca aprendem.
Veja esse menino, sai escondido para beber com os amigos.
— Quem é você e o que fez comigo?
— Carmem falou, sua voz saiu rouca e assustadora.
— Eu não fiz nada com você, foi
você mesma que fez. Não ouviu seus pais, os pais são sempre sábios... Eu também
não seria assim se tivesse ouvido os meus. — A velha soltou um gemido de
lamento.
— Isso é o que, uma maldição?
— Não sei direito... — a velha
ficou pensativa — tudo o que tenho a dizer é que, assim como vocês, eu também
desobedeci muito meus pais, e acabei assim. Agora sei tudo sobre todos vocês, e
a minha vida é passar a eternidade avisando-lhes, tentando fazer com que me
ouçam já que não ouvem mais os pais.
— E depois nos lança uma
maldição! — Disse Carmem irada.
— Não, eu não tenho nada a ver
com o que acontece a cada um de vocês depois de meus cinco avisos, simplesmente
acontece. Deve ser a vontade de Deus.
— E o que eu
faço pra que isso acabe? Eu não aguento mais essa vida, eu quero morrer!
— Ah, isso eu
sei. Só o que pode lhe matar, jovem Carmem, é outro raio. Você idolatrava sua
aparência muito mais do que o amor de seus pais, e acabou fadada a viver para sempre
numa aparência horrível. Para sempre, minha jovem velha, pois um raio não cai
duas vezes no mesmo lugar! — Dizendo isso a velha começou a gargalhar, uma
gargalhada alta e assustadora, e desapareceu.
Dizem que se
caminhar à noite pelas estradas ao redor da cidade, você tem grandes chances de
encontrar Carmem, que vive em sua aparência moribunda vagando atrás dos raios,
implorando-os que caiam sobre ela.
11 comentários:
Caramba, no começo achei essa Carmem meio fútil. Mas no final até fiquei com pena dela!
ResponderExcluirGostei muito da ideia do texto, muito bom o argumento. Do meio pra lá o texto pegou uma velocidade e o final foi muito bom, uma história típica do Stephen King (mestre do terror).
Arrasou, Dê.
Nossa, muito legal!
ResponderExcluirConcordo com a Nanda, muito bom o argumento, e muito bom o mistério. Afinal, por que diabos isso tudo acontece? É totalmente anti natural e bem com cara de maldição mesmo... amei a explicação "Deve ser a vontade de Deus." Esse pensamento é muito comum, e afasta as pessoas da divindade, quando deveria afastá-las apenas da religião, que é a verdadeira vilã desse pensamento.
Mas voltando ao texto, que saia justa ela precisar ser atingida por um raio... isso torna a tarefa suicida dela bem complicada.
Se eu vir um silhueta vagando em uma noite de tempestade, me lembrarei deste conto imediatamente!
Muito bom, Denize!
Denize,
ResponderExcluirResolvi nem ler o comentário das outras meninas para não me influenciar no meu...
Guria, eu fiquei totalmente arrepiada... Sabe... vou confessar uma coisa... Eu não assisto filmes de terror. Dificilmente até leio literatura de terror. Porque eu sou a maior medrosa mesmo!
E sua história deu o maior medão! (cumpriu perfeitamente o desafio proposto!)
Achei o texto bem escrito, só não entendi o lance do cabelo dela ter ficado negro e olhos castanhos. Talvez, se tivessem ficados brancos, teria feito um pouco mais de sentido. Mas o restante, foi super bem colocado.
Vai rolar um medinho se eu viajar à noite nessas estradas desertas, rsss
Parabéns!
Boa tarde, quase noite, amadas, gostaria de propor um desafio imagem, para quem quiser fazê-lo de bom grado.
ResponderExcluirA imagem é a seguinte: http://goo.gl/VrmuN
Acredito que ela sirva de inspiração pra textos diversos...
Espero que aceitem minha sugestão.
Abraços calorosos (nesse Dia do Abraço) e espero ansiosa.
Bianca Santana
Feliz dia do Abraço, Bianca!
ResponderExcluirEu topo o desafio!!!
Será que mais alguma das meninas vai topar também??? Será que teremos várias versões para a mesma imagem???
Não perca as cenas do próximo capítulo!
Bianca, obrigada pela visita e pelo desafio, a imagem é inspiradora. Olhei e senti minhas engrenagens do cérebro rodando, rs.
ResponderExcluirEu topo!
Eba, feliz por terem aceitado o desafio e ansiosa pelo resultado disso!
ResponderExcluirAguardando as cenas do próximo capítulo, rs.
Beijos
Adorei a história! Samantha, acho que os cabelos e olhos pretos foram para torná-la mais "normal", já que adorava ser loira com olhos claros e para ela foi a morte ter perdido esses elementos.
ResponderExcluirCARAMBA DENIZE!
ResponderExcluirA Lenda ficou muito, muito boa! Pertinente e com ótimo argumento como disse as meninas. Acho que vou mostrar esse texto pras minhas filhas! kkkkkkk (e olha que elas são loiras de olhos claros!)
Isso ai Paty, assusta elas, pra elas não ficarem saindo escondido! rsrs
ResponderExcluirPois é, tipo aquilo dos olhos e cabelos negros foi o começo, como uma lição pra ela, ela se transformou numa menina "normal", sem o atrativo que ela tanto gostava. Com o tempo ela vai piorando, pois ela nunca morre, então talvez hoje o cabelo dela ja seja branco. rsrsrs
Me arrepiei aqui :S... Essa história foi muito boa :)
ResponderExcluirNão saio mais na chuva ;)
Não sozinho pelo menos...
Comenta aê!