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RESENHAS: Desafio Literário 2013 - Mês Maio: O Amor nos tempos do Cólera - Gabriel Garcia Marquez

Maio: Livros citados em filmes (Citado em Escrito nas Estrelas)


Gabriel Garcia Marquez. Só este nome, me causa certo temor. Afinal, ele é ganhador do Nobel de Literatura e todos os três livros que eu tinha lido dele, eram geniais (Cem anos de solidão, Crônica de uma morte anunciada e Memória de minhas putas tristes). Mesmo assim, dos três, ironicamente o que mais gostei nem é unanimidade! Então já peguei o livro com uma expectativa absurda.

Mesmo assim, eu não estava preparada. Não estava preparada para uma história de amor. Não uma história de amor adolescente, de paixão ardente, mas a verdadeira história de amor entre duas pessoas. 

Só tenho uma pergunta que faço a você, querido leitor... Você mesmo, que sempre sonhou em ter um amor para a vida toda. QUANTO TEMPO VOCÊ ESPERARIA SEU AMOR?

1 dia? 1 semana? 1 mês? 1 ano??? E se eu lhe dissesse que a espera foi de 51 anos, 9 meses e 4 dias? 

Naturalmente a história começa de trás para frente... Os primeiros capítulos, mostram o relacionamento de Fermina com Juvenal, seu marido. Como um amor cotidiano pode ser doce e como uma pessoa pode aprender a amar outra depois de tanta convivência... E quando Juvenal morre de uma maneira tão boba, completamente banal, apesar da idade avançada de ambos, Fermina perde seu chão. E então, a primeira pessoa que vê no funeral de seu marido, é Florentino. Aquele que foi seu primeiro amor na mais tenra idade. 

Florentino esperou... Não se envolveu com ninguém seriamente, pois sempre quis estar disponível para quando Fermina ficasse viúva. É romântico e ao mesmo tempo um pouco assustador. 

Florentino apaixonou-se por Fermina. Mas na época, que chance teria um simples funcionário dos Correios, telegrafista, perante a uma jovem rica? Ainda assim, ele se fazia presente. Algumas vezes, chegava a ser bizarro. Atualmente o chamaríamos de "stalker". Ele sabia os horários e os locais por onde ela passava, então, se ela passava às 15h em frente à pracinha, lá estava ele sentado lendo um jornal. Encostado numa árvore à saída da escola... Obviamente, acompanhada de sua tia, ela notou o rapaz. 

Sua tia lhe disse que um dia este rapaz lhe entregaria uma carta... De fato, todos os dias, Florentino escrevia para Fermina, porém nunca tinha coragem de enviar a carta. Em um momento ele fala da carta como um calhamaço de folhas e eu imaginava praticamente um livro! Ainda bem que a mãe de Florentino era mais coerente e mandou que ele reduzisse um pouco para não assustar a pretendente.

Um dia... finalmente ele teve coragem de entregar apenas uma folha. E assim, a partir desta folha, tudo começou. Trocaram mensagens por cartas e telégrafo por dois anos até que o pai de Fermina descobriu e a mandou para um convento. 

Após uma série de problemas, eles se separam totalmente, Fermina conhece e se casa com Juvenal, um médico que lutava contra as epidemias de cólera e esquece Florentino.

Rapaz, confesso, que o livro tem uma leitura poética, linda, porém os capítulos são muito longos e a eterna dor e sofrimento do Florentino, até me comovem, mas é tudo muito exagerado, muito servil, muito submisso. Florentino aceitava tudo e era tão grudento, que eu, que sempre fui uma mulher independente e quis espaço, entendia perfeitamente a posição de Fermina e por fim, seu afastamento.  

Ficava me perguntando se realmente existiria algum homem que amasse desse jeito! O livro é lindo, embora cansativo em muitos momentos. No começo eu detestava Florentino! Só gostei dele no fim de sua vida! Quando estava mais maduro ao encontrar Fermina que pôde ter uma vida inteira (e feliz) ao lado de Juvenal Urbino! Vai entender? Eu não torci para o mocinho, porque na verdade, ele sempre me pareceu fraco demais. Apagado demais. Então eu nem mesmo o julgava digno dela!

Tem zilhões de citações que eu poderia usar, mas só algumas, as mais tocantes, citarei aqui:

“... nunca teve pretensões a amar e ser amada, embora sempre nutrisse a esperança de encontrar algo que fosse como o amor, mas sem os problemas do amor.”

“O desejo de esquecê-lo era o mais forte estímulo para se lembrar dele.”

"Chegou a reconhecê-la no tumulto através das lágrimas da dor que jamais se repetiria de morrer sem ela, e a olhou pela última vez para todo o sempre com os mais luminosos, mais tristes e mais agradecidos olhos que ela jamais vira no rosto dele em meio século de vida em comum, e ainda conseguiu dizer-lhe com o último alento:

- Só Deus sabe o quanto amei você." 

"- E até quando acredita o senhor que podemos continuar neste ir e vir do caralho? - perguntou.
Florentino Ariza tinha a resposta preparada havia cinqüenta e três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites.
- Toda a vida - disse."

Em resumo, apesar das expressões e de ter demorado tanto para ler o livro (é um livro muito denso e psicológico, pede atenção total e exclusiva, e como estava num período muito dispersivo, tive que reler vários trechos), ele é de uma beleza incomparável, extremamente romântico e que nos faz pensar que um dia, quem sabe... a gente possa encontrar alguém assim... que nos ame para sempre...

Tempo: Quase um mês!
Finalidade:Sonhar....
Restrição: Sem restrições!
Princípios ativos: Amor, Tempo, Triângulo Amoroso


Título:O amor nos tempos do Cólera
Autor(a):Gabriel Garcia Marquez
Editora: Record
Número de Págs.:432 páginas

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7 comentários:

  1. Nossa! O.O
    A resenha está ótima como sempre, Sammy, parabéns!
    O livro me parece sim beeem denso, por que é sua história tem base em um sentimento. Tudo acontece a partir da necessidade que Florentino tem de Fermina. Achei interessante a tenacidade de Florentino. Só me assustou o numero de paginas no ritmo arrastado que vc comentou. Estou em dúvida se gostaria de ler esse, rss...

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    1. Não é arrastado o tempo todo, mas é um livro exclusivista. Você tem que dar atenção total a ele. Como eu teimava em não dar, demorei demais para ler. Mas não tira o mérito e nem a beleza do texto. Se tiver tempo para lê-lo SEM perturbação, cai dentro. Senão, você vai perder seu tempo.

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  2. Realmente a história parece ser boa, mas, vamos analisar friamente:

    Eles se gostavam, ela rica, ele pobre, o pai manda ela pro convento, ela casa com um médico, esquece o grudento, vive feliz com o marido até que ele morre, mais de 50 anos depois. Ele reencontra o grudento mais maduro, redescobre o sentimento por ele, eles ficam juntos. Fim.

    Em algumas linhas, transmiti todo o livro, sem ter que gastar um mês numa leitura arrastada e maçante. Hum... com certeza não é um livro que eu vou ler, mas agradeço sua resenha, assim posso falar com conhecimento de causa quando me perguntarem o que acho desse livro, kkkk. :p

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  3. Não é bem assim, Nanda. A leitura é densa sim, mas é extremamente bonita e poética. Acho que levei tanto tempo por uma série de motivos, mas o principal deles era não ter um lugar que eu pudesse ler em paz. As frases, a história, os parágrafos... São bonitos de se ler. É aquulo que eu chamo de 'leitura-arte'. Para quem quer só enlatados chick-lit, realmente não vai conseguir ler o livro todo, mas você não leu o Conde e Jane Austen e gostou? Só porque falta agilidade, não significa que não possa ter qualidade!

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  4. é... pode até ser...
    masssssss
    tô fora. rs.

    realmente leitura-arte não é comigo. o conde tem reviravoltas e reviravoltas. é instigante.

    orgulho e preconceito os protagonistas sao inteligentes, os dialogos dinamicos e espirituosos.

    não gosto de leitura arrastada, páginas repletas de sofrimentos e analise de sentimentos... :( sorry.

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    1. Caramba! Bocê foi rápida! Enquanto eu respondia à Marcinha, você já respondeu aqui... Tá certa! Mas as resenhas são para isso mesmo, nos dar uma visão sobre um livro. Eu te falei durante a leitura que em alguns momentos eu cansei e quase desisti, mas o maior motivo foi justamente por eu não ter dado a atenção exclusiva que ele me pediu... Só o que me fez prosseguir, foi a beleza do texto ;-)

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  5. Não tem nenhuma leitura arrastada. O livro tem ritmo e densidade. Descreve um processo extremamente romântico pelo qual um ser humano pode ser capaz de passar. E como em toda literatura latino-americana desse período, tem uma pitada de fantástico e inverossímel. Apenas, neste caso, sem formigas e chuvas...rs rs rs Nada óbvio.
    Não tem diálogos entediantes e acontece muita coisa. Lê-se sem nenhum esforço, pq o ritmo da escrita te leva numa boa. Ele não pega "no tranco". Ele, apenas, te leva para dentro dele como todo livro deveria fazer.
    E o que sobra são todas as fases e possibilidades de experiência que podem ser vividas com esse estranho e complexo sentimento chamado amor. Tudo isso (pq não é pouco!)com humor e inteligência.
    Estória bem contada é assim. Se pensarmos que uma estória deve ser cheia de acontecimentos instigantes, ninguém leria um mísero conto do Rubem Braga. Afinal quem quer saber do que sente um cara na janela, vendo outro nadar todo dia? Ou o que sente um barqueiro durante uma travessia de barco com uma mulher?
    E só para terminar, ja´que ela foi citada: Jane Austen fala de sentimentos O TEMPO TODO.
    Ela sempre colocou em seus livros toda hipocrisia e formalidade da sociedade inglesa. Tudo disfarçadinho de estórias de sentimentos bem variados. Tudo com direito a honras manchadas e reparadas, órfãs sofredoras e redimidas no final enfim, choradeiras e alegrias entre homens e mulheres.

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