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Desafio de 28/05/2012 - cadeira, inseticida, dedos, base, aliança
Ele estava extremamente ansioso, olhava ao redor daquele
quarto simples, procurando pistas do que o aguardava. Do lado direito do lugar,
iluminado apenas com velas, uma cadeira vazia e mais nada. O quarto era rústico,
e ele pensava no contraste existente entre a simplicidade do local e a prata dos castiçais
que seguravam as velas. Intrigante.
Certificou-se de que tudo estava como ela havia mandado: ele
estava nu, ajoelhado, olhos vendados, de costas para a porta. Suas roupas
haviam sido deixadas na antessala e ele havia trancado a porta e lançado a
chave por baixo da mesma, para que não pudesse sair, caso resolvesse voltar
atrás... para que até sua saída do local, dependesse dela. Essa era uma de suas
muitas condições para estarem juntos e ele, ainda sem saber ao certo o porquê,
aceitou a cada um dos termos sem discutir.
Seus joelhos ardiam com o atrito do chão rústico do local.
Estava já naquela posição há quanto tempo? 2 horas? 3? Talvez mais... havia
perdido a noção do tempo, imaginando os porquês da sua concessão em passar por aquilo
tudo. Principalmente pensando porque obedecia mesmo diante da ausência dela.
O som de passos, em salto alto, assustou-o, embaralhando sua
linha de pensamento.
Ela chegara!
Ouviu o rangido da porta se abrindo e seu corpo pôs-se a
tremer, independente do quanto se esforçasse para fazê-lo parar.
O som de um perfume almiscarado, suave e constante invadiu o
quarto, misturando-se ao cheiro de inseticida que havia ali, pouco antes.
- Está confortável? – disse ela com voz suave.
Ele hesitou. Queria falar, mas sua voz saía esquisita, esganiçada,
gaguejada...
Ela sorriu, achando graça daquilo tudo e os sons dos passos
se aproximaram.
Ela abaixou-se, seus lábios roçando de leve sua orelha e
repetiu lentamente, como quem fala com uma criança confusa:
- Está confortável, meu bem?
Ele assentiu, percebendo ao mesmo tempo, que não mentira. Seus
joelhos estavam à beira da carne viva, suas costas doíam, tinha mil dúvidas,
mas a presença dela confortava-o. A possibilidade de aborrecê-la e ela ir-se,
essa sim, era desconfortável.
Ouviu um “click” e o som de Devil’s Dance, do Metallica
encheu o ar. Ela aproximou-se lentamente...
Ele sentiu uma de suas mãos, delicada e pequena, pousar em sua nuca,
um de seus dedos deslizando lentamente, da nuca até metade das costas,
provocando arrepios por toda a espinha.
“Yeah
I feel you too
Feel those things you do”
I feel you too
Feel those things you do”
- Está tremendo, meu bem? - E seu sorriso, quase infantil
afagou sua orelha.
Ele novamente assentiu, ainda com medo de que o som de sua
resposta dissipasse o momento.
“In your eyes I see a fire that burns to free
the you
That's wanting through
Deep inside you know, seeds I plant will grow”
That's wanting through
Deep inside you know, seeds I plant will grow”
Seus dedos agora, arranhando a base da nuca, numa carícia
que deixava marcas suaves.
“One day you will see
And dare to come down to me…”
And dare to come down to me…”
Ela deu a volta por ele, segurou suas mãos e levou-as até seu
quadril. Ele sentiu a maciez do couro da minissaia que ela usava. Ou seria um
vestido? Não tinha certeza. Sentia seu corpo ondular, ao movimento da música.
Ele desejava puxá-la pra perto, mas não tinha coragem. Sua virilidade
denunciava esse desejo e ele tinha certeza de que ela notara. Ela chegou mais
perto até que ele encostasse seu rosto em meio a seus quadris. Um gemido
escapou-lhe e ela afastou-se. Ele sabia que ela estava sorrindo, mesmo sem
vê-la.
Ela sentou-se na única mobília do quarto e chamou-o.
- Venha até aqui, meu bem.
Ele sempre havia odiado as mulheres que tratavam os
namorados de “meu bem”, mas vindo dela era diferente. Soava com sarcasmo e
carinho. Ele não era um namorado mas, a frase o fazia sentir-se quase um – o que
ele muito desejava. Ele passou a sentir–se
aquecido ao som daquelas palavras que, em tempos atrás, odiava.
“Yeah, c'mon, c'mon, now take the chance
That's right
Let's dance”
That's right
Let's dance”
Ele seguiu o caminho que a voz dela apontara e, tateando no
escuro, chegou até ela. Parou quando sentiu a ponta de seu calçado.
Ela guiou suas mãos, sem pressa, desde a ponta de suas botas,
até a parte onde o couro não mais cobria sua pele, fazendo-o sentir a maciez de
suas coxas. Segurou-se para não soltar novo gemido.
Deixou que suas mãos a acariciassem naquele pedaço de carne
que, ela sabia, ele considerava divino. Ele sentiu a maciez da pele, os pelinhos
finos que a cobriam e, sua ereção, já evidente, tornou-se mais dolorida do que
os joelhos arranhados do solo, mas não emitiu som.
“Snake
I am the snake
Tempting
That bite you take”
I am the snake
Tempting
That bite you take”
- Meu bem, quero você tanto quando sei que me quer, mas você
sabe o que é preciso pra isso. Depende só de você ficarmos juntos. Você me
quer? – falava ao mesmo passo que levava as mãos dele até seu quadril,
fazendo-o notar que não vestia nada debaixo da minissaia.
Ele novamente fez que sim e fechou os olhos, ainda que a
venda lhe tirasse qualquer visão.
- E então? Vai fazer o que mandei?
Ele hesitou por um momento, mas novamente assentiu.
Ela sorrindo, aproximou suas bocas, até que ele pôde sentir
seu hálito quente. Aquela proximidade era torturante...
“Let me make your mind
Leave yourself behind
...Be not afraid
I got what you need, hunger I will feed”
Leave yourself behind
...Be not afraid
I got what you need, hunger I will feed”
Ela esticou a língua e lambeu-lhe os lábios....Roçou
suavemente seus lábios nos dele e ficou assim por um tempo, cantando a música
em sua boca. Ele não aguentou mais e colou sua boca num beijo. Para sua
surpresa, ela não se afastou desta vez. Correspondeu. A língua fazendo movimentos libidinosos,
prometendo, instigando e assim, tão subitamente como começou, o beijo cessou.
Ela colocou um anel em sua mão direita, que ele bem sabia o
que significava, enquanto dizia:
- As instruções estarão na cadeira, junto com a chave e tudo
o mais que você precisará. Retire a venda apenas quando eu tiver saído.
Ele novamente assentiu. Ela afastou-o do abraço e ele
sentiu-se nu, desamparado. Ele faria! Ele faria o que fosse necessário para
agradá-la.
Logo que a porta bateu ele retirou a venda, contemplou sua
aliança, olhou cuidadosamente os símbolos ali contidos e sorriu. A sensação de
pertencer era tão boa... ele devia isso à ela.
Seus olhos passearam pela cadeira, onde viu suas roupas cuidadosamente
dobradas, a chave do quarto e um bilhete.
O mais rápido que pode, pegou suas roupas e notou algo metálico
caindo no chão.
Mesmo à luz de velas ele reconheceu o objeto. Pegou-o. Um punhal de prata. Hesitou apenas um
instante. Terminou de vestir-se, contemplou novamente sua aliança, escondeu o
punhal em seu pulôver e saiu.
No quarto, a música acabava no exato momento em que seus pés
tocaram a antessala, e ele, enlouquecido que estava por ela, tomou isso como um
sinal, viu no final da música o começo de uma vida de amor.
7 comentários:
MEU DEUS TELMA! O que ele tem que fazer pra ficar com ela? Que pacto é esse? Isso não é justo! Terminar um conto arrepiante desses sem qualquer dica de nada! O que ela é? O que quer dele? Fiquei frustrada agora...
ResponderExcluirMuito bom texto Telma, envolvente mesmo. Parabéns!
E ai, vai continuar ele ou não?
uh-huuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
ResponderExcluirVocê é extremamente motivadora, Paty!
Muito obrigada pelo comentário!
Me dá gás!...rs
Continuação? hmmmmm... não sei, não....rs
beijos grandes em você!
Não! Você disse NÃO!
ResponderExcluirPutz...agora é que frustrei mesmo. Ela deixou pra ele um punhal! Sabe o que isso significa? Tem muuuita história pra ser contada. Ela pode ser o que...uma espiã, uma louca fanática...ou até um ser sobrenatural e que ele desconheça completamente!!!! Não é empolgante?
ah!!! tem muita história mesmo, Paty!... eu não disse "Não". eu só disse "hmmmmmmmmm... não sei, não....".
ResponderExcluirQuem ela é está aqui na minha cabeça. Ela pode sim, ser muita, mas muuuuuuuuita coisa.
Adoro sua empolgação!
adoooooooooooooro!
Caraaaaca! eu ando lendo pouco... e seu texto me deu um certo ânimo pra pegar um bom livro e me enfiar de cara numa história empolgante! Telma, que mistério magnífico, me envolveu bastante e agora estou louca pra saber o que vem por aí! é o tipo de história que adoro... Continuação! Continuação! Continuação!
ResponderExcluirFaço coro às minhas colegas : continuação já! Você não pode nos deixar no vácuo desse jeito. A história e cheia de suspense, adrenalina, mistério e até um pouquinho de terror, por que não?, e qa gente fica assim sem ter continuação? Não é justo! Vamos fazer um abaixo assinado para a continuação do texto
ResponderExcluirTo na fila pra assinar esse abaixo assinado aê! Rsrs.
ResponderExcluirMeu voto eh que ela eh uma sucubo! :-)
Texto bom por demais da conta, realmente envolvente e instigante. Nota mil!
Comenta aê!