Desafio... Coisas da Vida

Pois é genteeeee... ando sumida, e enferrujaaaaaada! Queria ter escrito algo mais empolgante, mas com as palavras e o estado de espírito que me encontro (super amorosa e esperando a chegada da minha filha a qualquer momento) não consegui escrever nada diferente... quem sabe nos próximos desafios? ;)

Bom, ai está a resposta ao Desafio feito pela Nanda (sapo, teclado, colher, feijão, lembrança)

Coisas da Vida

Meu dia começou muito comum, o despertador tocou, desliguei-o sem olhar, espreguicei-me, mas ainda com toda a preguiça do mundo me levantei. Daí pra frente, tudo do mesmo jeito monótono de cada dia, a não ser por um sentimento estranho que me tomava... mas não dei importância, dia de dona de casa, embora muitos achem que é moleza, é muito cheia de compromissos, eu não tinha tempo pra dar atenção a um sentimento banal... não devia ser nada.

Ah, mas no que me transformei? Me arrependo de não ter dado importância já quando acordei, teria perdido menos tempo! Antigamente eu costumava acreditar no meu sexto sentido, mas essa rotina desgastante me deixou entorpecida...

Logo depois que tomei meu café e arrumei a cama, fui colocar o feijão para cozinhar, aquele sentimento ficou um pouquinho mais forte, como um pulsar dolorido no meu peito, bebi um copo de água (costume de achar que água vai fazer passar tudo), e continuei o serviço... alguns minutos depois, com uma colher mexendo o conteúdo da panela, a cabeça em outro lugar, pensando nas roupas que estavam no cesto para lavar, percebi que minha mão tremia, e tremia muito, e de novo aquele pulsar dolorido no meu peito...

Comecei a me sentir vazia, aquele aperto no peito me castigando ali, e eu sem entender nada... maas... não podia parar pra ficar me preocupando com isso, tinha que trabalhar, tinha que trabalhar! Lavar a louça ainda do dia anterior... e nisso fiquei me perguntando por que eu não havia lavado aquela louça antes? O que eu estava fazendo no dia anterior que deixei a louça acumular? Não era meu tipo deixar serviço pra depois, com uma casa tão grande e tanta coisa pra fazer... Mas logo aquele pensamento foi interrompido por outro: eu tinha que limpar as janelas, é verdade, já era hora de lavá-las de novo... mas isso eu podia fazer no final da tarde.

Hora do almoço, fiz meu prato, como de costume, e sentei-me na frente do notebook, eu não tinha mais vida social, nem mesmo pela internet, mas sempre lia as noticias on-line. Era mais fácil do que assistir ao jornal, mais rápido, pela internet eu selecionava só as noticias que me interessavam para ler... não tinha tempo para assistir TV. Mas algo me instigou, percebi uma mancha no teclado, parecia... sorvete? O que sorvete estaria fazendo no teclado do notebook, quem teria derramado ele ali? Aquilo me deixou surpresa, eu jamais deixaria algo assim sem limpar! Limpei, intrigadíssima, principalmente porque aquilo me deixou quase sem ar, aquela palpitação no peito piorara...

Segui com meus afazeres, ah, sim, o cesto de roupas... peguei-o e fui até o tanque, lá tive outra surpresa: de dentro do tanque pulou um sapo, verdinho, gorducho, saudável até o bichinho, mas meu coração pelo jeito não estava nem um pouco saudável... Aquela palpitação cresceu, o susto fora grande demais, dor, dor... ar! Começou a ficar difícil respirar, e conforme a dor no peito aumentava eu sentia meus pulmões mais vazios, necessitados. Tentava puxar o ar mas ele parecia se recusar a me satisfazer... Eu estava pagando algum pecado, tive certeza.

O que veio a seguir foi mais aterrorizante ainda... pois me veio uma lembrança em meio a todo o sofrimento, um marido e uma filha! Eu tinha um marido super amoroso, eu tinha uma filha linda de poucos meses de idade, e eu havia me esquecido deles?

Sufocando... sufocando... Dor...

Mas onde eles estavam? Eu estava ainda mais assustada pois desde que levantei não os vi, e só agora me lembrei deles, onde eles estavam??? A dor piorou... achei que não poderia piorar, mas piorou... comecei a ver pontos coloridos e outros escuros, me cegando. Não, eu não podia ir sem falar com eles! Me arrependi demais, quis me dar uma surra, mas já sentia meu corpo querendo desfalecer, estava tão irritada! Me preocupei tanto o dia todo com afazeres, afazeres, afazeres, e os meus amores? E toda a minha vida? Me preocupei tanto com coisas banais que acabei perdendo minha própria vida... e tudo se foi... escureceu... a dor passou...

O coração estava batendo em disparada, soltei um gemido muito alto, imitando um grito, e sentei-me. Meu marido acordou, sentou-se ao meu lado:

- Tudo bem meu amor?

Olhei para ele demoradamente, analisando cada centímetro de sua face. Olhei para o outro lado, nossa filhinha no berço, dormindo calmamente, um anjinho, também demorei-me um pouco ali, e lágrimas começaram a escorrer.

- Amor...? – Meu marido insistiu.

Abracei-o forte.

- Prometo nunca esquecer da minha vida por coisas banais, vocês são minha vida e não há NADA mais importante do que isso!

Ele provavelmente não entendeu o motivo de eu ter dito isso no meio da noite, mas não importava, minha família era tudo pra mim e ele sabia disso. Aquele pesadelo provavelmente fora só um reflexo do cansaço do dia a dia, mas eu jamais deixaria que acontecesse de verdade. Todos os meus afazeres eram importantes, mas nunca seriam mais importantes do que amar quem me ama! Sorri para ele e voltamos a dormir, eu aliviada.

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