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Resposta ao desafio da Nanda
Nanda querida! Eis meu texto com as palavras que você me deu.
tartaruga - tesoura - agenda - celular - potinho
Ninguém merece!
-Moooh...
-Hummm...
-Vem assistir o jogo comigo. O timão ta arrebentando!
Levantei os olhos do livro e encarei atônita. Meu marido me olhava com a cara toda animada.
- Estou lendo meu bem. Você sabe que gosto de ler domingo à tarde. Durante a semana não tenho muito tempo.
- Tudo bem...quem sabe o segundo tempo?
Encarei de novo, e ele saiu emburrado. Olhei o relógio. Quatro e meia. Tinha que buscar minha filha as sete na casa da colega. Teria tempo de sobra pra terminar meu livro fodástico. O finalzinho é sempre o melhor, e a ansiedade me dominava
Seus pés nus afundavam na lama enquanto corria descontrolada na direção oposta ao monstro. O suor das mãos dificultava a firmeza do punhal, mas de maneira nenhuma podia deixá-la cair. Sua vida podia depender dela.
-Gol...gol...goooooooooooooooooooooooooool!
O grito na sala me fez tremer, me tirando a concentração.
- Zeeeeero! Zeeeeeeeero!
“Ninguém merece!” Pensei desolada ao ver que não avançara nem duas páginas do livro.
Ela agarrou-se às fendas do muro enegrecido de lodo enquanto o monstro se aproximava rapidamente.
- Mooh, você viu a tesoura? Preciso cortar a unha. Tá feia a coisa. Parecem garras.
“Garras.”
O monstro afundara suas garras nas costas dela, e sangue escorria pelos seus quadris...
- E então?
- Então o que?
- A tesoura moh! Cadê a tesoura?
- Ah, ta no potinho de esmalte dentro do armário.
Respondi sem tirar os olhos do livro.
...enquanto esforçava-se para ganhar altura pelo muro nodoso.
- Será que dá pra fazer uma pipoca?
Olhei pra ele perplexa.
- Você não sabe fazer pipoca?
- Sei, mas a sua fica muito mais gostosa!
Resignada, deixei o livro de lado e fui me arrastando, a passos de tartaruga pra cozinha.
Enquanto a pipoca estourava, ele me abraçou sussurrando em meu pescoço.
- Vai assistir o segundo tempo comigo? Comendo uma pipoquinha?
- Meu bem, olha, eu realmente, mas realmente mesmo, quero terminar meu livro. E você sabe que eu não gosto de assistir futebol, então...
- Tá bem, tá bem. Você sempre me troca pelos livros mesmo. Não sei por que ainda imploro pela sua companhia!
Chantagem emocional. Ele era ótimo nisso! Mesmo assim larguei o sentimentalismo de lado e corri para a leitura.
Mesmo sem forças, conseguiu acertar o punhal de prata no estômago do monstro, fazendo-o vacilar por um momento. Enquanto ele retorcia-se esperando que se curasse, ela continuou sua escalada com os dedos pegajosos de sangue...
Dei um salto assustado na cama quando o celular tocou, vibrando na cabeceira.
- Alô?
-Mãe? Dá pra me buscar agora. Aqui ta muito ruim. Não quero ficar.
- Mas filha, são cinco e meia. Nós não marcamos as sete?
- Eu sei, mas eu estou com fome, e não ofereceram nada pra comer ainda, acredita?
- Tudo bem. Estou indo.
Já sem esperanças de concluir minha leitura, peguei a bolsa e a agenda. Antes mesmo de ligar o carro, meu marido grita pela janela.
- Moh! Dá pra trazer algumas latinhas de cerveja pra mim? Tá acabando as minhas.
"Humpf!!! O que na face da terra essa família acha que eu sou?"
O telefone toca de novo e atendo nervosa.
-ALÔ!
- Nossa mãe! Que grossa!
- O que é agora?
- A mãe da Ju vai servir bolo de chocolate! Não quero mais ir embora mãe. Posso ficar?
“PQP!” Contei até dez antes de responder.
- Filha, eu já estou dentro do carro e...
- Ahhh mãe por favor, eu adoro bolo de chocolate!
- Tudo bem, as sete então!
Meu coração de mãe desligou o telefone na cara dela e bateu a porta do carro.
- Ué, você não ia buscar a Isabela?
- Não vou mais.
- E a minha cerveja?
- TÁ NA GELADEIRA DO SUPERMERCADO!
Bati a porta do quarto já sem vontade nenhuma de ler qualquer coisa que seja, quando ouvi meu marido resmungar.
- Nossa. O que será que deu nela hoje?
tartaruga - tesoura - agenda - celular - potinho
Ninguém merece!
-Moooh...
-Hummm...
-Vem assistir o jogo comigo. O timão ta arrebentando!
Levantei os olhos do livro e encarei atônita. Meu marido me olhava com a cara toda animada.
- Estou lendo meu bem. Você sabe que gosto de ler domingo à tarde. Durante a semana não tenho muito tempo.
- Tudo bem...quem sabe o segundo tempo?
Encarei de novo, e ele saiu emburrado. Olhei o relógio. Quatro e meia. Tinha que buscar minha filha as sete na casa da colega. Teria tempo de sobra pra terminar meu livro fodástico. O finalzinho é sempre o melhor, e a ansiedade me dominava
Seus pés nus afundavam na lama enquanto corria descontrolada na direção oposta ao monstro. O suor das mãos dificultava a firmeza do punhal, mas de maneira nenhuma podia deixá-la cair. Sua vida podia depender dela.
-Gol...gol...goooooooooooooooooooooooooool!
O grito na sala me fez tremer, me tirando a concentração.
- Zeeeeero! Zeeeeeeeero!
“Ninguém merece!” Pensei desolada ao ver que não avançara nem duas páginas do livro.
Ela agarrou-se às fendas do muro enegrecido de lodo enquanto o monstro se aproximava rapidamente.
- Mooh, você viu a tesoura? Preciso cortar a unha. Tá feia a coisa. Parecem garras.
“Garras.”
O monstro afundara suas garras nas costas dela, e sangue escorria pelos seus quadris...
- E então?
- Então o que?
- A tesoura moh! Cadê a tesoura?
- Ah, ta no potinho de esmalte dentro do armário.
Respondi sem tirar os olhos do livro.
...enquanto esforçava-se para ganhar altura pelo muro nodoso.
- Será que dá pra fazer uma pipoca?
Olhei pra ele perplexa.
- Você não sabe fazer pipoca?
- Sei, mas a sua fica muito mais gostosa!
Resignada, deixei o livro de lado e fui me arrastando, a passos de tartaruga pra cozinha.
Enquanto a pipoca estourava, ele me abraçou sussurrando em meu pescoço.
- Vai assistir o segundo tempo comigo? Comendo uma pipoquinha?
- Meu bem, olha, eu realmente, mas realmente mesmo, quero terminar meu livro. E você sabe que eu não gosto de assistir futebol, então...
- Tá bem, tá bem. Você sempre me troca pelos livros mesmo. Não sei por que ainda imploro pela sua companhia!
Chantagem emocional. Ele era ótimo nisso! Mesmo assim larguei o sentimentalismo de lado e corri para a leitura.
Mesmo sem forças, conseguiu acertar o punhal de prata no estômago do monstro, fazendo-o vacilar por um momento. Enquanto ele retorcia-se esperando que se curasse, ela continuou sua escalada com os dedos pegajosos de sangue...
Dei um salto assustado na cama quando o celular tocou, vibrando na cabeceira.
- Alô?
-Mãe? Dá pra me buscar agora. Aqui ta muito ruim. Não quero ficar.
- Mas filha, são cinco e meia. Nós não marcamos as sete?
- Eu sei, mas eu estou com fome, e não ofereceram nada pra comer ainda, acredita?
- Tudo bem. Estou indo.
Já sem esperanças de concluir minha leitura, peguei a bolsa e a agenda. Antes mesmo de ligar o carro, meu marido grita pela janela.
- Moh! Dá pra trazer algumas latinhas de cerveja pra mim? Tá acabando as minhas.
"Humpf!!! O que na face da terra essa família acha que eu sou?"
O telefone toca de novo e atendo nervosa.
-ALÔ!
- Nossa mãe! Que grossa!
- O que é agora?
- A mãe da Ju vai servir bolo de chocolate! Não quero mais ir embora mãe. Posso ficar?
“PQP!” Contei até dez antes de responder.
- Filha, eu já estou dentro do carro e...
- Ahhh mãe por favor, eu adoro bolo de chocolate!
- Tudo bem, as sete então!
Meu coração de mãe desligou o telefone na cara dela e bateu a porta do carro.
- Ué, você não ia buscar a Isabela?
- Não vou mais.
- E a minha cerveja?
- TÁ NA GELADEIRA DO SUPERMERCADO!
Bati a porta do quarto já sem vontade nenhuma de ler qualquer coisa que seja, quando ouvi meu marido resmungar.
- Nossa. O que será que deu nela hoje?
6 comentários:
Caramba ein! Ninguém merece! kkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirGraças a Deusa meu maridão (lindoooo, estamos fazendo um ano hojeeee) é demais, deusmelivre se ele gostasse de futebol, kkkkkkk
Nossa, essa foi ótima, será que é o Léo? KKKKKKKKKKKKK Muito bom Pat, adorei.
ResponderExcluirhuahuahuahuahuahuhauhauhauha
ResponderExcluirMA-RA-VI-LHO-SA!!!!
Eu amei esse conto leve, cotidiano e extremamente bem escrito.
Identificação é a palavra que melhor descreve essa delicinha de leitura pra mim.
Paty, você é um SUPRE SUMO!
MA-RA-VI-LHO-SAAAAAAAAA!
"Sei, mas a sua fica muito mais gostosa!" - Kbeça SEMPRE faz isso!
ResponderExcluir"- TÁ NA GELADEIRA DO SUPERMERCADO!" ótima resposta! kkkk
Como eu gosto do Kbeça não gostar de futebol!!! :-D
esqueci de comentar: ótimo texto, Paty, divertido, leve... adorei! ;-)
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkk Nanda, esses homens são sempre assim mesmo quando querem atenção ou estão com preguiça de fazer as coisas!!!
ResponderExcluirE sim Lívia, me inspirei no Léo. No findi ele nunca me deixa ler direito! Mas graças a Deus não é por causa de futebol, ele só quer atenção mesmo. Fico fula da vida mas sempre me aconchego nos seus braços. ^^
Telma querida, obrigado pelos elogios!!!
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